Que ótima notícia. Eu precisava mesmo de um argumento melhor do que "eu não gosto" pra ficar puto com essa mania de tudo 3D:
O Roger Erbert, que bloga no
Chicago Sun-Times recebeu uma carta do
Walter Murch, editor de obras primas como Apocalypse Now e O Paciente Inglês, dando um argumento que ele (e eu) considera definitivo contra o cinema 3D.
Além de ser mais caro, os olhos precisam fazer separadamente duas coisas que nunca são feitas de forma desconexa, que são focalizar a visão na tela a uma distância fixa e convergir os olhos para pontos a distâncias que mudam de cena para cena.
O foco é dado pelo
cristalino, uma lente dentro de cada olho, e a convergência é o movimentos dos dois olhos para olharem para o mesmo ponto.
Normalmente, o foco e a convergência andam juntos: se tem um saleiro no parapeito da sua janela a 1m de você e você olha pro saleiro, seus olhos apontam para o saleiro (ficando ligeiramente "vesgos") e o focalizam a essa distância também. Com isso, a paisagem ao fundo fica desfocada:

Quando você muda o foco para a paisagem seus olhos convergem para um ponto bem mais distante, ficando
quase paralelos e o foco também muda:

O problema é que no cinema, o foco está sempre na tela, a uma distância fixa. Mas as imagens que passam pros óculos nos fazem ter que convergir os olhos a distâncias diferentes a cada corte, e isso dá um certo trabalho, pois é uma situação completamente antinatural. Murch compara a esfregar círculos na barriga enquanto dá tapinhas no topo da própria cabeça. Exige processamento "de software". Com isso, a edição dos filmes 3D fica mais lenta, com cenas mais longas entre os cortes, o que pode quebrar o ritmo de ação. Esse esforço também acaba cansando o espectador e causando dores de cabeça.
Além disso, como os óculos são polarizados, a intensidade de luz que atinge os olhos do espectador é menor, o que faz com que os filmes 3D sejam mais escuros.
Argumentos que faltavam para que meu preconceito contra essa moda 3D passe a ser uma crítica bem fundamentada
