Autor Tópico: MEC emite recomendação para que professores peguem leve nos anos iniciais  (Lida 1520 vezes)

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Offline Donatello

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MEC emite recomendação para que professores peguem leve nos anos iniciais
« Online: 14 de Fevereiro de 2011, 08:40:19 »
O Globo

No apagar das luzes do governo Lula, o ministro da Educação, Fernando Haddad, homologou a recomendação do Conselho Nacional de Educação (CNE) que acaba com a reprovação nos três primeiros anos do ensino fundamental e cria o Ciclo de Alfabetização e Letramento.

Já a partir deste semestre, gestores de todas as escolas do Brasil podem decidir se continuam com o sistema seriado, mantendo a possibilidade de reprovação, ou se adotam a recomendação.

A medida foi tomada, segundo a secretária de Educação Básica do Ministério da Educação (MEC), Maria do Pilar Lacerda, a partir da constatação de que muitas crianças são reprovadas no primeiro ano:

— Tivemos um índice de aprovação de 94,9%, em 2009, o que nos mostra que, de cada cem crianças, cinco ainda são reprovadas logo que ingressam na escola. Pesquisas apontam que, se o aluno é reprovado, dificilmente terá sucesso. A recomendação, que não é lei, é para garantir que todas as crianças estejam alfabetizadas até os oito anos.

O Brasil tem, de acordo com o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (Inep), 31 milhões de alunos no ensino fundamental. Desses, quase dez milhões estão nos três primeiros anos. No entanto, pouco mais de dois milhões têm mais de cinco horas de aula por dia.

Polêmica, a aprovação automática divide educadores. Professor da USP, Ocimar Alavarsi, que já foi coordenador pedagógico da rede municipal de São Paulo, de 1995 a 2008, acredita que a "reprovação no ensino fundamental devia ser zero":

— Mais de 70 mil foram reprovados no primeiro ano em 2008, e isso não tem paralelo com outro país. A evasão escolar também é alta. Então, a recomendação é um avanço. Crianças devem ficar nove anos na escola, e o desafio é descobrir o que devemos fazer para que elas aprendam. Mesmo incompleta, já que o CNE não diz como as crianças devem ser acompanhadas, a recomendação abre o debate.

Offline Titoff

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Re: MEC emite recomendação para que professores peguem leve nos anos iniciais
« Resposta #1 Online: 14 de Fevereiro de 2011, 08:45:57 »
Um problema é que a idéia do sistema por ciclos é distorcida por todos...


Offline Donatello

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Re: MEC emite recomendação para que professores peguem leve nos anos iniciais
« Resposta #2 Online: 14 de Fevereiro de 2011, 08:58:00 »
A gente sacaneia as pobres universidades particulares: inventamos de chamar uma de Detestácio de Sá ou brincar com o fato de a outra já dizer a que veio no nome (Univercidade). Mas coitadas, o que podem fazer com uma massa de gente que não acumulou ao longo da vida escolar bagagem intelectual para passar nem em pedagogia nas públicas e que se apresenta serelepe com 500inhos na mão doida pra ganhar um diploma e tirar onda de doutor? Recusar matrícula à oxigenadinha de vestidinho rosa só porque ela tem dificuldade em preencher o formulário de inscrição? E deixar de ganhar 500inhos por mês?

É de um raciocínio estúpido como esse do Haddad e do PhD da USP compartilhado com uma imensa massa de professores preguiçosos, pais imbecis e alunos que a gente chega a ter advogados que não conseguem formular uma petição (quer dizer, advogados nem tanto porque a bendita e salvadora prova da OAB limita um pouco o acesso de analfabetos à profissão), graduados em Literatura que não conseguem relacionar Dom Casmurro à pessoa de Machado de Assis, graduados em Física que não dividem por números fracionários e por aí vai.

É  a professora da 2ª série aprovando porque "tadinho, ele é esforçado", a da 4ª dizendo "vou dar um trabalhinho de casa valendo 6 pontos na média final", o da 5ª aplicando o velho jargão "eu finjo que ensino que vocês fingem que aprendem", a mãe retardada fazendo barraco na porta da escola no ano seguinte "porque meu filho sempre foi inteligente, nunca foi reprovado, é este filho da puta deste professor de História que tem perseguição contra ele, era só ele ter passado um trabalho em grupo valendo nota, todo mundo faz assim", é o moleque do segundo ano questionando "por que eu preciso aprender genética? eu não vou ser biólogo". E o resultado acumulado a gente já conhece bem.

Neste caso a proposta é referente apenas aos 3 primeiros anos, mas num país onde a cultura (pelo menos nas escolas públicas não de elite, que educam a grande maioria de nós) já é de aprovação automática (oficializada ou não) ao longo de todo o ciclo, nada melhor do que uma recomendação oficial que reforce a filosofia do esforço menor já no começo da corrida.

Deveria ser tão simples de entender como um jogo de video-game: você só passa pra fase do monstro vermelho quando aprende o macete para matar o monstro verde.
« Última modificação: 14 de Fevereiro de 2011, 09:21:52 por Donatello van Dijck »

Offline Adriano

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Re: MEC emite recomendação para que professores peguem leve nos anos iniciais
« Resposta #3 Online: 14 de Fevereiro de 2011, 09:30:03 »
Um problema é que a idéia do sistema por ciclos é distorcida por todos...


Sem dúvida alguma.
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Offline Dbohr

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Re: MEC emite recomendação para que professores peguem leve nos anos iniciais
« Resposta #4 Online: 14 de Fevereiro de 2011, 09:55:28 »
Educação seriada, em ciclos, home schooling -- é tudo detalhe. Não importa o modelo de educação e sim como o conteúdo é apresentado e cobrado. Ensino em Ciclos nas coxas ou ensino Seriado nas coxas dá na mesma tragédia mais tarde.

Offline Erictex

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Re: MEC emite recomendação para que professores peguem leve nos anos iniciais
« Resposta #5 Online: 14 de Fevereiro de 2011, 15:32:34 »
Sou professor no SENAI, e tenho muitos amigos que dão aulas no Município e no Estado.

Atitudes com essa não resolvem em absolutamente nada os problema da educação. Tenho alunos que já terminaram o segundo grau mas não sabem regra de três simples, em outros locais onde dou aulas para cursos técnicos de eletrônica e eletrotécnica, alunos não sabem calcular percentagem.

O discurso de que aprender genética não serve para nada é verdadeiro, as escolas deveriam ensinar coisas que são úteis para o dia a dia de quem vai trabalhar, e não tentar massificar conteúdo de vestibular nas pessoas, imaginando que todas elas vão entrar para uma universidade. Seja ela pública ou privada.

O ensino de quem deseja prestar vestibular deveria ser diferenciado e direcionado. Minha namorada é uma Historiadora pós graduada, no segundo grau massificaram a cabeça dela de que se ela não entrasse para uma pública seria uma derrota, que o ensino particular é inferior, esse tipo de lavagem cerebral, ela foi obrigada a aprender Logaritmos Neperianos por exemplo, e nunca na vida usou este conhecimento que custou tanto tempo para ela e acabou gerando uma antipatia por matemática.

No final das contas, ela não conseguiu entrar para uma pública, teve uma crise nervosa  com 19 anos devido ao stress, e foi estudar em uma particular. O ensino foi ótimo, se formou, e pós graduou na UFF não perdeu em qualidade para nenhuma pública.

Então eu voto para um ensino básico eficiente, sem aprovação automática em nenhuma das etapas. Se nós em nossa época conseguimos passar de ano e aprender de verdade, por que isso não funciona agora?

Ainda sobre faculdades particulares, eu sou aluno de Engenharia da UERJ, vou ter que trancar ou cancelar minha matricula pois não tenho condições de trabalhar 8 horas por dia e cursar uma faculdade onde os horários são de acordo com a boa vontade dos professores.
Ja houve semestre de eu tentar pegar 5 matérias, e não conseguir vaga em 4 delas, detalhe que o número mínimo de matérias é de 3 por semestre, neste semestre eu tive que pegar duas matérias em horários impossíveis de comparecer e a única que deu a noite.

Fica bem evidente que a universidade pública não é para quem precisa trabalhar para viver e pagar contas, se voce não tiver familia para te manter, uma companheira para segurar as pontas durante um tempo ou não vive de renda de investimentos herdados, lá não é seu lugar.

Fala-se tanto em reformas no Brasil, eu acho que a mais importante delas deveria ser uma reforma de todo o sistema de educação. Mas não essas baboseiras pedagógicas que se praticam hoje em dia.

Em uma aula de pedagogia, a professora disse que o bom professor consegue envolver até mesmo um aluno que não tenha o que comer em casa.

Esta pedagoga estudou e mora na Austria. Será que ela faz alguma idéia do que está falando?
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Offline Barata Tenno

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Re: MEC emite recomendação para que professores peguem leve nos anos iniciais
« Resposta #6 Online: 14 de Fevereiro de 2011, 15:42:41 »
Sou professor no SENAI, e tenho muitos amigos que dão aulas no Município e no Estado.

Atitudes com essa não resolvem em absolutamente nada os problema da educação. Tenho alunos que já terminaram o segundo grau mas não sabem regra de três simples, em outros locais onde dou aulas para cursos técnicos de eletrônica e eletrotécnica, alunos não sabem calcular percentagem.

O discurso de que aprender genética não serve para nada é verdadeiro, as escolas deveriam ensinar coisas que são úteis para o dia a dia de quem vai trabalhar, e não tentar massificar conteúdo de vestibular nas pessoas, imaginando que todas elas vão entrar para uma universidade. Seja ela pública ou privada.

O ensino de quem deseja prestar vestibular deveria ser diferenciado e direcionado. Minha namorada é uma Historiadora pós graduada, no segundo grau massificaram a cabeça dela de que se ela não entrasse para uma pública seria uma derrota, que o ensino particular é inferior, esse tipo de lavagem cerebral, ela foi obrigada a aprender Logaritmos Neperianos por exemplo, e nunca na vida usou este conhecimento que custou tanto tempo para ela e acabou gerando uma antipatia por matemática.




Sobre esse trecho, quem vai decidir que cursos a criança deve fazer, o direcionado para o vestibular ou o direcionado para "arrumar um emprego"? E se mudar de ideia no meio do caminho? Quem vai definir quais materias são ou não importantes?
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Offline Donatello

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Re: MEC emite recomendação para que professores peguem leve nos anos iniciais
« Resposta #7 Online: 14 de Fevereiro de 2011, 16:04:03 »
Sobre esse trecho, quem vai decidir que cursos a criança deve fazer, o direcionado para o vestibular ou o direcionado para "arrumar um emprego"? E se mudar de ideia no meio do caminho? Quem vai definir quais materias são ou não importantes?

Estas eram também as primeiras perguntas que eu iria fazer: a partir de quando e de que critérios se definiria quais crianças querem ou não prestar vestibular? Como se define esta opção para uma vida toda? Quem decidiria? O pai e a mãe? Só a mãe? A criança? E se alguém (sobretudo a criança tendo crescido) mudasse de idéia? E se a menina que sonhava em ser médica aos 4 anos e que por isso tinha sido matriculada em um curso com ênfase particular em biológicas descobrisse que não tem o sangue frio suficiente para exercer a profissão e agora, aos 14 anos, decidisse que ia ser mesmo engenheira de produção?

Quanto a associação de aprender genética (ou função, ou matriz, ou estilística, ou pós-modernismo, ou cubismo, ou inglês, ou... ) com a carreira acadêmica/profissional que se vá escolher; bem, aí está o erro, independente ou não da resposta às primeiras perguntas (é possível, viável ou desejável determinar com tal antecendência se um aluno do fundamental vai ou não cursar ensino superior ou não e em qual área?).

O ensino básico (fundamental/médio) não tem a função de encaminhar profissionalmente ninguém, ele tem a função de dar aos adultos em formação a bagagem intelectual mínima para viverem bem, para executarem qualquer função profissional. Não faz o menor sentido dizer "não quero ser biólogo, portanto não preciso saber os princípios elementares de genética, vou ser jornalista mesmo" porque como jornalista você se verá em situações em que precisará(ria) de conhecimentos elementares de biologia para construir uma pauta sobre, por exemplo, os impactos possíveis das pesquisas com células tronco. Do mesmo modo que não faz sentido dizer "não preciso de estilística e sintaxe, meu sonho é ser bióloga e não jornalista" porque para ser bióloga você terá que fazer com que compreendam suas propostas/aulas/teses e os meios excelentes de fazer-se compreender são falar e escrever (duas práticas para as quais conhecimentos de sintaxe e estilística são necessários).

E mesmo que não se vá conseguir cursar / concluir o curso superior, o dia a dia está cheio de situações que demandam os conhecimentos que se deveria aprender e que nem sempre se aprende no ensino fundamental: por exemplo, os conhecimentos elementares de genética passados pela tia Maricota podem não ser o suficientes para te transformar num cientista famoso, mas reduzem a probabilidade de você assumir um filho que não é seu. Aprender a calcular juros compostos pode não ser o bastante para te transformar num administrador profissional, mas te reduz o risco de tomar uma volta da financeira.

É para isto (e para evitar que aqueles que possam "optar" pela formação superior tenham que começar a faculdade do zero) que os programas curriculares interdiciplinares do ensino fundamental existem e deviam ser respeitados.
« Última modificação: 14 de Fevereiro de 2011, 16:10:35 por Donatello van Dijck »

Offline Erictex

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Re: MEC emite recomendação para que professores peguem leve nos anos iniciais
« Resposta #8 Online: 14 de Fevereiro de 2011, 16:32:34 »
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Sobre esse trecho, quem vai decidir que cursos a criança deve fazer, o direcionado para o vestibular ou o direcionado para "arrumar um emprego"? E se mudar de ideia no meio do caminho? Quem vai definir quais materias são ou não importantes?


Se o modelo fosse diferente, quando chegasse no tempo certo eles saberiam o que querem cursar, as matérias com que tem maior ou menor afinidade.

E dentro dos ciclos básicos eles seriam apresentados as profissões, de maneira que eles possam entender o que elas são.

Aqui na UERJ por exemplo temos o curso de Engenharia Cartográfica, e boa parte dos vestibulandos dessa cadeira não fazem idéia do que se trata, e quando chega lá pelo 6º período, pedem transferência para Eng de Produção.

No segundo grau ao invés de martelar Log, Matrizes, Números irracionais etc... deveriam ensinar mais sobre o que é a matemática, mostrar que ela está presente na sua vida cotidiana, transforma-la em uma ferramenta, e consequentemente mostrar que existe uma carreira acadêmica científica ou o caminho da docência.

Deveriam ensinar mais interpretação de textos e concordância ao invés de ficar ensinando regência verbal, ou orações subordinadas, e mostrar que se for desejo do aluno ser um literário ou jornalista ele poderá se aprofundar mais nos assuntos.

Ao invés de ensinar reações químicas com elementos que só podem ser manipulados em laboratórios e que não tem a menor aplicação no dia a dia, deveriam ensinar o que acontece quando misturamos produtos de limpeza, os riscos que pode trazer a saúde, o que a ingestão de certas substâncias provocam no organismo.

Biologia por exemplo, de que serve saber combinações de cromossomos, se eles nem recebem uma educação sexual decente, deveriam mostrar os estágios das doenças mais comuns, como elas atuam no nosso organismo,  como prevenir doenças, a importância dos bons hábitos de higiene e alimentação.

Enfim, se pegarmos todas as matérias que são dadas no ciclo básico veremos que são importantes no nosso dia a dia, e que é possível ensinar e tornar útil o conhecimento adquirido lá.

E caso o aluno queira prestar vestibular, ele poderá cursar um pré vestibular em outro turno ou após o término do ensino médio ter um quarto ano somente para pré vestibular.
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Nikola Tesla

Offline Barata Tenno

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Re: MEC emite recomendação para que professores peguem leve nos anos iniciais
« Resposta #9 Online: 14 de Fevereiro de 2011, 17:50:22 »
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Sobre esse trecho, quem vai decidir que cursos a criança deve fazer, o direcionado para o vestibular ou o direcionado para "arrumar um emprego"? E se mudar de ideia no meio do caminho? Quem vai definir quais materias são ou não importantes?


Se o modelo fosse diferente, quando chegasse no tempo certo eles saberiam o que querem cursar, as matérias com que tem maior ou menor afinidade.
E quando é o tempo certo? Porque o que eu mais vejo é gente de 25 que ainda não decidiu o que fazer da vida. E ai? Volta pro ensino médio?

E dentro dos ciclos básicos eles seriam apresentados as profissões, de maneira que eles possam entender o que elas são.

Aqui na UERJ por exemplo temos o curso de Engenharia Cartográfica, e boa parte dos vestibulandos dessa cadeira não fazem idéia do que se trata, e quando chega lá pelo 6º período, pedem transferência para Eng de Produção.
Ótima idéia, e para colocar ela em pratica não é necessario retitar nada do curriculum.
No segundo grau ao invés de martelar Log, Matrizes, Números irracionais etc... deveriam ensinar mais sobre o que é a matemática, mostrar que ela está presente na sua vida cotidiana, transforma-la em uma ferramenta, e consequentemente mostrar que existe uma carreira acadêmica científica ou o caminho da docência.
E para muitas pessoas, Log, Matrizes e numeros irracionais fazem parte do cotidiano, e por causa do colegio eles tiveram material suficiente para saber se gostariam de seguir esse caminho ou não.
Deveriam ensinar mais interpretação de textos e concordância ao invés de ficar ensinando regência verbal, ou orações subordinadas, e mostrar que se for desejo do aluno ser um literário ou jornalista ele poderá se aprofundar mais nos assuntos.
Porque tem que serem excludentes?Porque não ensinar ambas as coiasa?
Ao invés de ensinar reações químicas com elementos que só podem ser manipulados em laboratórios e que não tem a menor aplicação no dia a dia, deveriam ensinar o que acontece quando misturamos produtos de limpeza, os riscos que pode trazer a saúde, o que a ingestão de certas substâncias provocam no organismo.
Vide acima
Biologia por exemplo, de que serve saber combinações de cromossomos, se eles nem recebem uma educação sexual decente, deveriam mostrar os estágios das doenças mais comuns, como elas atuam no nosso organismo,  como prevenir doenças, a importância dos bons hábitos de higiene e alimentação.
E porque a educação sexual é falha então devemos parar de ensinar outras coisas, é isso?Não seria melhor melhorar a educação sexual e continuar ensinando biologia?

Enfim, se pegarmos todas as matérias que são dadas no ciclo básico veremos que são importantes no nosso dia a dia, e que é possível ensinar e tornar útil o conhecimento adquirido lá.

E caso o aluno queira prestar vestibular, ele poderá cursar um pré vestibular em outro turno ou após o término do ensino médio ter um quarto ano somente para pré vestibular.

Voce tem uma idéia estranha sobre como o conhecimento pode ser útil. Então vamos ensinar profissoes apenas, tipo, pedreiro, marceneiro, encanador.... Se alguem quiser estudar outra coisa, que escolha por si mesmo.
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Offline Zeichner

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Re: MEC emite recomendação para que professores peguem leve nos anos iniciais
« Resposta #10 Online: 14 de Fevereiro de 2011, 19:38:33 »
Vou dar minha visão como professor de Escola Pública.

Simplesmente a ideia de currículo no ensino fundamental ainda é um mito. Na prática os professores ensinam o que dão na telha, quando ensinam. No máximo seguem os livros didáticos.

Pouquíssimos professores tem noção de processo, do que devem ensinar para preparar os alunos para o que virá depois.

Dificilmente professores tentam dar objetivos claros ao que estão ensinando. E isto é o mínimo.

No caso da matemática. Ensina-se fração num país que adotou o sistema decimal. Não é problema em ensinar isso, mas não pode-se dar a quantidade de aulas para ensinar frações, sendo que os alunos dependem deentender bem a porcentagem para o dia-a-dia. Mas porcentagem pouco ou nada é ensinado.

Neste ponto de vista, nas séries iniciais o aluno deveria sair sabendo as 4 operações e regra de três. Pergunte quantos conseguem isso no ensino médio. Não quero defender aqui aquele conceito bocó que se deve mostrar apenas o que vai usar, porque ninguém tem como ter esta noção de como será o futuro. Se eu defendesse isso, jamais seria professor de Arte.

O problema não é se o conhecimento é útil ou inútil. Nenhum conhecimento é inútil. O que acontece é que os professores ensinam apenas o que lhes é mais conveniente, não havendo controles externos. Assim, se um professor de matemática gosta de logarítmos, da-lhe conta disso anos a fio.

Porém falar de algum tipo de controle do que é ensinado é motivo de quebra-pau nas escolas. Professores estão todos os dias avaliando alunos mas jamais admitem qualquer tipo de avaliação. Principalmente porque sabem da baixa qualidade do que é ensinado.

A melhoria da educação passa por definição clara de conteúdos ( e não aquela pseudo-cientificismo dos PCN ) para cada ano/ciclo da educação e a cobrança dos mesmos em avaliações independentes. Professores com melhores resultados conseguiram mais salários e benefícios, e seriam estimulados a pegar as séries com os piores desempenhos.

Mas isso é um sonho.

Offline Buckaroo Banzai

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Re: MEC emite recomendação para que professores peguem leve nos anos iniciais
« Resposta #11 Online: 14 de Fevereiro de 2011, 19:49:30 »
Educação seriada, em ciclos, home schooling -- é tudo detalhe. Não importa o modelo de educação e sim como o conteúdo é apresentado e cobrado. Ensino em Ciclos nas coxas ou ensino Seriado nas coxas dá na mesma tragédia mais tarde.

Nenhum dá resultados ideiais/desejáveis, mas repetência tradicional pode sim ter resultados piores.

Talvez o ideal/algo bem eficaz fosse uma espécie de método kumon onde ao concluir o equivalente a um ano letivo ou uma fração menor (ou ainda maior, embora ache que dê mais certo começar com frações menores de tempo e ir aumentando, para treinar a paciência/senso de aguardar pelo resultado de um esforço prolongado) o aluno ganhasse uma "conta" com parte da grana pública economizada ao não-repetir/não precisar de reforços, ou até por assimilar mais rapidamente o "bloco" de conteúdo.


O problema seria bolar um mecanismo para não haver o incentivo oposto pelos professores, em atrasar a conclusão do curso para ganharem mais, e nem em "passar de qualquer jeito", também. Esses deveriam ser avaliados/bonificados pela assimilação que conseguem dos alunos (talvez com "correções" para populações já com miores dificuldades, como os mais pobres, para não haver uma "fuga" dessas vagas de professor).

 

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