A Nasa anunciou nesta quarta-feira (26) uma série de novos planetas descobertos pelo telescópio Kepler. Um novo método de verificação de potenciais planetas levou à descoberta de 715 novos mundos, que orbitam 305 estrelas diferentes. A missão do telescópio é encontrar estrelas semelhantes ao nosso Sol.
"Nós praticamente dobramos o número de planetas conhecidos", explicou Jack Lissauer, cientista da agência. Com a descoberta, o número total de planetas conhecidos chegou a cerca de 1.700.
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http://g1.globo.com/ciencia-e-saude/noticia/2014/02/nasa-anuncia-descoberta-de-715-novos-planetas.html
Notícias de descobertas de novos planetas orbitando estrelas e possíveis candidatos a abrigar vida extraterrestre têm sido quase rotineiras. A comunidade científica está chegando à conclusão de que planetas habitáveis e com tamanho semelhante ao da Terra são muito comuns no universo. Que bom!
Isso nos leva a fazer suposições acerca do que pode ser encontrado nesses planetas. Nesse ponto, vamos desconsiderar quase completamente os filmes de ficção científica que abordam o tema. Isso, porque invariavelmente eles distorcem completamente o cenário e deformam de maneira permanente qualquer especulação que se possa fazer sobre a existência de vida por lá. Os clichês são inúmeros, o que sempre me fazer perder totalmente o interesse pela continuação do filme. É uma coisa infantil, mas atribuo essa forma de abordagem como um artifício para se encaixar o enredo, geralmente de ação, onde os personagens se dividem inexoravelmente em bandidos e mocinhos.
Quais os clichês? A gravidade é sempre idêntica à da Terra, a atmosfera é igual à da Terra, com ar respirável, o Reino Vegetal, quando existe, é o mesmo da Terra, a estrela próxima é igual ao Sol, o céu é azul, os seres que aparecem costumam ter aparência humanoide, e o pior, falam inglês, e por aí vai.
Uma análise um pouco mais séria não trilha esse caminho. Isso é usado para conquistar audiência e inserir um enredo movimentado e atraente ao público.
Havendo mesmo um exoplaneta que abrigue em sua superfície alguma outra forma de vida, as variáveis seriam muito determinantes para moldar essa tal forma de vida extraterrestre. Para começar, a depender da gravidade existente no local, os seres que ali habitam teriam seu tamanho diretamente atrelado a esse valor. Acredito que quanto maior a gravidade exercida no planeta, menor o tamanho e massa das formas de vida que ali se desenvolvem. E o correspondente inverso, quanto menor a força da gravidade, maiores as formas de vida que encontram meio para desenvolvimento.
Aqui mesmo no Sistema Solar temos diversos planetas gasosos. Portanto, algum exoplaneta que abrigue vida teria algum tipo de atmosfera e/ou campo magnético bem diferente do da Terra, com elementos diversos dos que temos na nossa, propiciando a formação de vida também bem distinta da que se encontra por aqui. Não devemos nos prender ao fato de que todo planeta que abrigue outras formas de vida possuam atmosfera de céu azul, dia claro, manhãs ensolaradas, entardecer, pôr-do-sol e as poesias que encontramos nos filmes (os cenários de Star Wars são belíssimos, reconheço).
Agora, vamos às formas de vida propriamente ditas.
Pode haver vida microscópica em muitos e muitos planetas por aí afora. Pode ser o passado do que a Terra foi um dia, com essas novas vidas galgando o caminho da Evolução. Ou pode ser um planeta condenado a não conseguir evoluir e que suas formas de vida nunca atravessem alguns desafios que se deram por aqui de forma a cheguar a um organismo mais complexo. Restará um planeta eternamente abrigando vida microscópica.
Mas também pode ser que a vida que hoje já existe lá já se desenvolveu e atingiu estágios de organização celular mais complexa, com indivíduos diversos na árvore das espécies, tanto entre animais e vegetais, e talvez, quem sabe, um outro Reino que não conhecemos por não existir por aqui, meio que vírus, meio que psicrófilos ou termófilos. Seja como for, ainda assim, vida não inteligente.
Chegamos agora à parte mais empolgante de toda essa possibilidade: a existência de vida inteligente!
Essa parte é a que mais me entusiasma a estudar sobre o assunto. O leque que se abre para as inúmeras e interessantíssimas possibilidades é enorme. E as perguntas sobre o que se pode encontrar são incontáveis.
- Qual a forma, tamanho, aparência, constituição dos seres inteligentes?
- Qual a duração do seu ciclo de vida?
- Que tipo de alimentação é usada?
- Há respiração? Há troca de gases com o meio ambiente?
- Existe divisão sexual? Macho e fêmea também? Outro sexo?
- Como é a reprodução da espécie? Sexuada? Assexuada? Esporos brotam do corpo para gerar um novo ser?
- Possuem os mesmos sentidos que nós? Audição, visão, olfato, paladar e tato?
- Como se comunicam entre si? Com ondas sonoras na atmosfera de seu planeta, através de articulação de palavras? Ondas de rádio? Sinais luminosos?
- Extraem recursos do meio ambiente e exploram atividades "agropecuárias"? (guardando as proporções à realidade local, claro).
- E a sociedade? Eles também possuem dinheiro? Como se dá o processo de troca de bens e serviços?
- Possuem leis, códigos de ética, fiscalização, punição e policiamento?
- Política? Existem indivíduos que se dedicam a cuidar do bem comum, da proteção da sociedade, da elaboração de códigos e critérios de desenvolvimento científico e social?
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Infinitas perguntas.
Isso tudo sem ainda abordar a parte do desenvolvimento tecnológico, o nível de controle que aquela civilização já alcançou, segundo os padrões do
tipo de civilização preconizadas por Kardashev. Seria do tipo I? Quando a civilização já domina toda a energia potencial de seu planeta? Do tipo II ou III? De sua estrela ou galáxia?
Com essas notícias alvissareiras que nos chegam sobre novas descobertas de planetas com possibilidade de abrigar vida, acho que estamos chegando perto do momento de começar a fazer mais esse tipo de perguntas. Porque também são perguntas muito instigantes, cruciais para que possamos entender a cara do nosso irmão planetário, saber o que nos espera lá bem longe, mesmo que nunca nos encontremos.
É um assunto que sempre vai me fascinar. Saber que nesse mesmo instante em que debatemos aqui no fórum tem uma outra forma de vida, lá do outro lado da galáxia, também levando a sua vida, tocando a sua rotina, num ambiente com-ple-ta-men-te diferente do nosso, imerso numa realidade quase inimaginável para nós, é muito empolgante, é fascinante!
O que mais os colegas podem acrescentar às minhas ideias?
Posso ter falado muita bobagem, mas estou no papel de provocar outros pontos de vista, outros ângulos que não consegui enxergar, outras possibilidades e alternativas.