- No Brasil, há quem defenda algo como o Earned Income Tax Credit?
- Em qualquer lugar do mundo, haveria quem defendesse algo como "contas de banco" que seriam gradual ou subidamente dadas às pessoas de um dado grupo de acordo com uma dada contrapartida? Eu imaginei especificamente alunos pobres de escolas públicas ganharem progressivamente mais (e ter que aguardar períodos progressivamente mais longos para isso) de acordo com o desempenho escolar (que talvez pudesse até ter sua extensão encurtada se fosse feito pelo método kumon, mas isso é quase secundário) e meninas que recebessem ao concluir o ensino médio sem engraviar.
Penso que estratégias como essa são livres das falhas das coisas análogas que já vi para os mesmos problemas, como bolsa-família (ou mesmo bolsa-escola), pagar alunos para frequentar as aulas, ou talvez ajuda financeira para mães adolescentes (não me lembro de já ter ouvido sobre tal programa, mas devem haver coisas do gênero). Não só são aparentemente livres dos mesmos problemas, como parecem criar benefícios adicionais, como cultivar essa mentalidade de pensamento de longo prazo, de forma progressiva, as crianças gradualmente aprendem a adiar a gratificação, o que é algo bastante influente no sucesso acadêmico e estabilidade financeira.
A falha dessas estratégias é que, ao tentar apenas remediar a situação, acidentalmente incentivam o comportamento que coloca as pessoas na situação indesejada. Acomodação e safadeza com análogos a bolsa-família acontece até em países que são colocados como exemplo de elevados padrões culturais e dessas políticas, como a Suécia, onde, apesar de terem os melhores números de saúde da Europa, estranhamente adoecem mais no trabalho, e coincidentemente pedem mais licença médica, na qual podem ganhar até 90% do que ganhariam se fossem trabalhar.
O Earned Income Tax Credit me parece solucionar um problema que é comum tanto à políticas como bolsa-família quanto a alternativa de não se ter nada. O filósofo Charles Karelis faz a analogia uma analogia entre a condição sócio-econômica e a disposição em trabalhar e picadas de abelha. Se você tiver levado uma só picada de abelha -- não for pobre, não tiver muitos problemas, sua disposição em tratar apenas uma picada de abelha é alta. Já se você têm multiplos problemas/picadas de abelha, e só pode tratar uma, fazer isso não vai melhorar significativamente a sua vida, e você não se vê motivado para tal. Eu penso que talvez bolsa-família seja meio como só uma "pomadinha" que dá um pouquinho de alívio, e a pessoa vai levando, enquanto que sem isso, a pessoa também vai levando. Pior mas vai. Já se beneficiando de algo como o EITC o progresso que a pessoa pode fazer é bem mais rápido, mais motivador.