Estou levantando este tópico, pois recentemente vi uma reportagem no Discovery. Esta reportagem falava que tinha sido detectada uma "rápida" movimentação da crosta terrestre. Isto teria sido possível, através da análise das impressões do campo magnético da terra em rochas que se formaram na ocasião.
De fato, a taxa de acreção (crescimento) e a idade do assoalho oceânico podem ser calculadas pela análise da intensidade e variação do campo magnético nos minerais férricos do basalto MORB.
As partes mais antigas do assoalho oceânico situam-se principalmente ao longo da costa nordeste da América do Norte (oceano Atlântico) e ao largo da costa leste da Ásia (noroeste do oceano Pacífico), com cerca de duzentos milhões de anos. Na figura abaixo, o assoalho oceânico mais antigo tem a coloração azul.

Quanto à “rápida” movimentação há que se perguntar primeiro o que ela significa, pois é um termo claramente subjetivo. Considerando que a taxa média de expansão hoje é de 6 cm/ano, eu poderia chamar de “rápida” uma taxa de 10 cm/ano. E o que isto significa em um intervalo de 1 milhão de anos? Somente um deslocamento superior em apenas 40 km!
Com isso, determinaram que em um período de, aproximadamente, 1 milhão de anos, houve um grande deslocamento da crosta. Nada tão rápido assim.
Bem. Para poder avaliar se houve ou não um “grande deslocamento” eu teria de saber a taxa de acreção e qual foi a distância efetivamente percorrida desta parte da crosta.
Bom, e o mamute? Lembro, tb, de ter visto no Discovery (acho q foi la), uma reportagem sobre um mamute que tinha sido encontrado congelado na Antartida.
Procurei no Google e em
sites especializados (USGS, por exemplo) e não encontrei nenhuma notícia sobre um mamute descoberto na Antártida. Voce poderia passar a referência?
Outra dúvida. Sobre qual espécie de mamute você está se referindo, visto que há várias descritas (pelo menos 6), conforme a
lista abaixo:
Mammuthus primigenius (Blumenbach, 1799);
Mammuthus meridionalis (Nesti, 1825);
Mammuthus imperator (Leidy, 1858);
Mammuthus planifrons (Pomel, 1879) - Atualmente rebatizado de Elephas planifrons;
Mammuthus lamarmorae (Major, 1883);
Mammuthus trogontherii (Pohlig, 1888);
Mammuthus jeffersoni (Pomel, 1895) - Anteriormente classificado como subespécie de M. imperator;
Mammuthus creticus (Bate, 1907) - Atualmente rebatizado como Elephas creticus;
Mammuthus columbi (Merriam, 1910);
Mammuthus armeniacus (Falconer,1910) - Atualmente considerado sinônimo de M. trogontherii;
Mammuthus jacksoni (Falconer,1910 ) - Atualmente considerado sinônimo de M. imperator;
Mammuthus roosevelti (Falconer,1910 ) - Atualmente considerado sinônimo de M. imperator;
Mammuthus floridanus (Falconer,1910 ) - Atualmente considerado sinônimo de M. imperator;
Mammuthus intermedius (Osborn, 1918) - Atualmente considerado sinônimo de M. primigenius;
Mammuthus subplanifrons (Osborn, 1928) - Atualmente considerado sinônimo de Elephas. planifrons;
Mammuthus haroldcooki (Osborn, 1928 )- Atualmente considerado sinônimo de M. columbi;
Mammuthus hayi (Osborn, 1928 ) - Atualmente considerado sinônimo de M. columbi;
Mammuthus gromovi (Osborn, 1928 ) - Atualmente considerado sinônimo de M. columbi;
Mammuthus africanavus (Arambourg, 1952) - Atualmente considerado sinônimo de M. meridionalis;
Mammuthus fraasi (Fraasi, 1961) - Atualmente considerado sinônimo de M. primigenius;
Mammuthus exilis (Maglio, 1970) - Anteriormente classificado como subespécie de M. columbi.
A espécie mais popular é a
Mammuthus primigenius, também conhecida como mamute lanoso.
Segundo a reportagem, o interessante era que, devido a sua preservação, chegou-se a conclusão que o mesmo tinha sofrido um congelamento rápido, e que os restos de alimento em seu tubo digestivo, indicavam que tinha se alimentado em uma região de clima tropical (ou subtropical, não lembro).
Eu não conheço o caso, mas eu acho que o espécimen foi encontrado na Sibéria e não na Antártida. Um rápido congelamento não é nada de excepcional, dadas as condições climáticas do local e da época.
Quanto ao alimento preservado em seu trato digestivo, o animal teria que ter perecido pouco após se alimentar. Talvez ele já estivesse agonizando. Um aspecto importante a ser explicado é a (suposta) origem em clima tropical ou temperado do alimento.
Uma das explicações era a movimentação catastrófica da crosta terrestre (algo como no filme 2012).
Eis onde a hipótese do mamute austral encontra a sua principal oposição.
A Antártida está separada da América do Sul e da África desde o final do período Cretáceo (cerca de 65 milhões de anos AP) e da Austrália desde a porção média da época do Oligoceno (cerca de 30 milhões de anos AP).
A
megafauna setentrional, na qual o mamute se insere, surgiu há menos de 4 milhões de anos (início da época do Plioceno), ou seja, muito, mas muito tempo depois da completa separação entre a Antártida e os demais continentes.
Então, para sustentar aquela hipótese, restam duas alternativas.
A primeira é que os ancestrais da
megafauna setentrional surgiram muito antes do que se estimava. E alguns exemplares migraram para o Sul. Acho pouco provável, pois não existe nenhum exemplar conhecido daquela
megafauna no Hemisfério Sul, pelo menos não ao sul da Costa Rica, embora em 2010 tenha sido
achado em Rondônia, um dente molar de um animal que poderia ser parente do mamute.
A segunda é que a taxa de afastamento da Antártida tenha sido muitíssima mais elevada que a atual. De fato, teria que ser maior em pelo menos 45 vezes. Se tal taxa tivesse ocorrido, teria deixado indícios geológicos marcantes, como vulcanismo intenso, por exemplo. Mas não há nenhuma evidência deste “ultra rápido afastamento”.
Alguém sabe alguma coisa a respeito ? Este caso do Mamute é verídico, ou não ? Se sim, alguma outra explicação possível ?
Como já escrevi anteriormente, eu nada soube sobre este caso.
Abs
Felipe
Um abraço.
Geotecton