Olá,
Além de dificultar a eleição de representantes de minorias, o voto distrital também apresenta distorções que favorecem os partidos maiores, mesmo que não sejam mais votados.
Pra dar um exemplo vejamos as últimas eleições legislativas na Inglaterra:
Os Conservadores receberam 10,4 milhões de votos (36%), mas conseguiram 296 cadeiras (46%).
Os Trabalhistas receberam 8,4 milhões de votos (29%) e ficaram com 253 cadeiras (39%).
Já os Liberal-democratas tiveram 6,6 milhões de votos (23%) mas só conseguiram 54 cadeiras (8%).
Os Lib-Dem ganham nos distritos maiores, urbanos, que concentram mais eleitores. Mas acabam levando poucos distritos, apesar de mais pessoas votarem neles.
A proposta de "simplesmente fazer eleições majoritárias onde os mais votados são eleitos" (como disse o uiliníli) vem sendo defendida pelo Michel Temer - transforma o Estado num tipo de distritão. Talvez seja boa, mas o voto majoritário para o parlamento já existe e é usado no Senado. A idéia é que a Câmara dos Deputados tenha um sistema de votação diferente para alcançar representantes de segmentos distintos da sociedade, não apenas os majoritários. Daí o voto para a CD ser proporcional.
Acho que o voto proporcional em lista aberta é o melhor, mas com a proporcionalidade sendo calculada pelo partido e não pela coligação. Não dá pra votar nalguém do PP e eleger alguém do PCdoB (ou vice-versa) - ou votar no PPS e eleger alguém do DEM (ou vice-versa).
Se bem que, se for pra simplificar a coisa, o distritão é melhor que o voto distrital.
Infelizmente, parece que o que predominará será o voto em lista fechada, em que os caciques do partido escolhem a sequência dos candidatos e os eleitores, limitados a votar no partido, estabelecem a proporção do partido na Câmara (Federal) ou Assembléia (no caso dos Estados), cujos assentos serão ocupados pelos primeiros rankeados na lista. (essa é a proposta da Comissão sobre Reforma Política do Senado)
Se bem que a Comissão equivalente da CD ainda não se manifestou. Se por lá a opinião for divergente, ainda há possibilidade de evitarmos esse voto em lista fechada.
Claro, sem voto em lista fechada, não haverá financiamento público de campanha (única modalidade em que esse financiamento poderia ser usado). Mas isso é outra história.