Gostaria de saber a opinião dos amigos foristas sobre qual o pior livro de Chico Xavier? Vou dar meus três votos para começar a enquete:
1. Brasil, Coração do Mundo, Pátria do Evangelho: uma releitura da história do Brasil feita sob medida para agradar o governo Getulista do Estado Novo. Muito ufanismo, afirmações estapafúrdias e boatos de ingerência feita pela Federação Espírita Brasileira para que fossem incluidas menções elogiosas ao J. B. Rouistang. Segundo CX, a autoria seria do Irmão X, pseudônimo do jornalista Humberto de Campos. No entanto Humberto era um dos maiores (e ferinos) jornalistas brasileiros, trabalhava nos associados de Chatô, e tinha uma grande obra literária. O texto é indigno de um escritor como ele.
2. Nosso Lar: grande sucesso de público, no papel, no palco e agora nas telas do cinema. Mas não passa de um folhetim muito fraco, de inspiração claramente Nelson Rodrigues. Na época em que o livro foi lançado o Nelson fazia o maior sucesso nas páginas da Ultima Hora com "A vida como ela é..." De fato, as histórias piegas e moralistas do Nosso Lar fazem lembrar os temas caros à obra do Nelson Rodrigues: sexo, morte, culpa, obsessão (epa!). O Nosso Lar tem um socialismo utópico muito curioso, que mostra a ingenuidade política do CX.
3. Mecanismos da Mediunidade: um dos maiores besteiróis científicos do espiritismo. Só perde para o impagável "A Grande Síntese" (pietro Ubaldi) em número de bobagens por centímetro quadrado de texto. Uma coleção de lugares-comuns obtidos em livros de divulgação científica e adaptados na marra ao espiritismo, o Mecanismos é uma tentativa canhestra de dar um lustre científico ao mediunismo, usando conceitos de física e biologia muito mal entendidos. Tem até um site na internet (
http://obraspsicografadas.haaan.com/2007/erros-de-fsica-encontrados-no-livro-mecanismos-da-mediunidade-1960-de-chico-xavier-e-waldo-vieira/) inteiramente dedicado a dissecar os erros de física desse livro.
Sobre os melhores livros dele, tenho minhas dúvidas, mas o Parnaso de Além Túmulo é até um bom pastiche de autores clássicos, mostrando a grande versatilidade e cultura que o Chico tinha, a despeito da imagem de ignorante e ingênuo que foi construida em seu redor.