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Offline Adriano

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Com amigos assim: ateus contra o novo ateísmo
« Online: 05 de Maio de 2011, 20:13:31 »
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Com amigos assim: ateus contra o novo ateísmo

Autor: Russell Blackford
Tradução: Alexandre Marcati
Editor: Pedro Almeida

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Em países ocidentais, há uma longa tradição de crítica intelectual a ensinamentos religiosos – que data da antiguidade longínqua. Essa tradição algumas vezes prevaleceu, apesar de algumas vezes ter sido reprimida. De qualquer forma, ocidentais do século XX não tinham escassez de material que refutava a existências de divindades e desafiava doutrinas religiosas populares.
Considere as décadas de 1980 e1990, porém – o passado bastante recente. Críticas de ensinamentos religiosos estavam disponíveis, mas não de maneira especialmente elegante nem muito visível.


Na maior parte, ficavam escondidas em livros e periódicos acadêmicos, em material publicado pelo que podemos pensar genericamente como o movimento racionalista, ou em monografias de editoras relativamente pequenas como a Prometheus Books.
Isso agora mudou, e podemos identificar o ano exato em que aconteceu: 2004. Foi o ano em que grandes editoras em países anglófonos começaram a publicar ataques diretos e desinibidos à veracidade de doutrinas religiosas e pretensões morais de igrejas e seitas. Desde então, alguns dos livros mais proeminentes, como “Deus, uma ilusão”, de Richard Dawkins, venderam milhões de cópias.
Em novembro de 2006, o jornalista Gary Wolf publicou uma matéria na revista Wired sob o título “A igreja dos descrentes”. Ele batizou Dawkins, Sam harris e Daniel Dennett como “os Novos Ateus” e exagerou sua hostilidade em relação a religiões, em vez de mera discordância com doutrinas religiosas.
O Novo Ateísmo então adquiriu seu rótulo, apesar de que a principal coisa que mudara fora a fome do público letrado por tal material.
Essa fome continua, e com ela há um clima de pessoas se organizando sob a bandeira do ateísmo. Por quaisquer que sejam as razões, muitos de nós parecem estar cansados da religião, e não temos medo de dize-lo.
Em parte, claro, isso foi uma reação aos eventos de 11 de setembro de 2001, e é notável que The End of Faith (“O fim da Fé”), de Sam Harris, o primeiro dos muito populares livros Neo-Ateus – enfocava em grande parte no Islamismo. Mas certamente essa não é a história toda.
Todo dia vemos evidência de que mesmo formas tradicionais de Cristianismo, que se orgulham de seu amor e compaixão, têm um lado negro. Em muitos casos, vemos Cristãos, sem dúvida bem-intencionados, querendo fazer com que governos imponham seus cânones de conduta, freqüentemente bárbaros e puritanos, em outros que podem não ser Cristãos.
Isso teve repercussão. Inevitavelmente, muitos estão agora se perguntando [LINK] se líderes religiosos e organizações realmente têm a autoridade que alegam ter, se seu Deus até mesmo existe, se seus textos sagrados são mais do que criações humanas, e se suas doutrinas merecem crédito.
Então temos o Novo Ateísmo, que é basicamente o Velho Ateísmo com um público maior, um público que procura críticas à religião de muitos pontos de vista – filosóficos, científicos, morais, históricos, e por aí vai.
Talvez inevitavelmente, isso teve suas próprias repercussões. Críticos da religião foram eles mesmos colocados sob o microscópio, e muitas contra-críticas foram produzidas. Oponentes religiosos do Novo Ateísmo os acusam de ser pouco sofisticados, irrazoáveis, extremos ou estridentes.
Isso às vezes me faz me perguntar se estamos falando das mesmas pessoas – eu, por exemplo, não reconheço o pacato e freqüentemente autocrítico Richard Dawkins nessas descrições.
Seja como for, há um fenômeno muito mais surpreendente, o de pensadores ateus que se uniram à reação contra o Neo Ateísmo, e freqüentemente empregando tons muito mais agressivos do que o dos escritos dos próprios Neo-Ateus.
Não estou falando de discordâncias com Neo-Ateus específicos sobre pontos específicos – como minhas próprias discordâncias com Sam Harris sobre certas questões em teoria moral. Estou me referindo a um espetáculo contínuo de ataques na internet por, entre outros, filósofo Michael Ruse (apesar de ele não ser necessariamente o mais ofensivo).
Uma explicação pouco caridosa para isso diria respeito a sentimentos de inveja e rancor. Uma explicação mais caridosa sugeriria que é uma mera decepção pelos Neo-Ateístas estarem “fasendo erado” – que os argumentos “errados” estão ganhando popularidade.
Bem, ótimo. Mas há agora, mais do que nunca, uma oportunidade de disseminar as análises histórica e filosófica “correta” da religião, quaisquer que sejam. Porque não tirar vantagem disso?
Quando eu recentemente levantei essas questões no meu blog [LINKS], Ruse respondeu com um artigo [LINK] no qual ele não mencionou meu nome, mas simplesmente rotulou-me como “um Neo-Ateu júnior da Austrália”. O que quer que eu deva tirar disso – e eu não acho que seja equivalente à minhas próprias reticências quanto a dar nomes quando faço um argumento geral – as razões expressas de Ruse incluíam um desagrado em relação a idéias “erradas ou simplistas ou enganosas” obtendo “grande tração com o público”.
Ele reclama que Dawkins é “simplista” ao analisar argumentos para a existência de Deus, que Dennett é “ingênuo e simplista” ao analisar as atrações e o crescimento da religião, e que Harris é “inacreditavelmente cru” em sua abordagem científica da moralidade.
Quanto a Christopher Hitchens, um Neo-Ateu ligeiramente mais novo, Ruse diz que não lê Hitchens porque ele apóia a guerra ao Iraque.
Mas não é muito estranho? Colocarei de lado a aparente prática de Ruse de não ler um autor, como Hitchens, sobre as questões A, B e C se discorda dele na questão D. Que seja. Entretanto, se Ruse tem discordâncias com pensadores específicos sobre pontos específicos, nada impede que ele adentre o diálogo civilizado ou que debata tais pontos.
Sam Harris e eu já entramos em tal debate [LINKS] nesse site [LINK], sem ofensas ou amargura – e, acontece, minha visão da teoria moral é provavelmente mais próxima da de Ruse do que da de Harris. Então qual é o problema?
No fim, Ruse menciona sua visão de que uma Suprema Corte radical-conservadora dos Estados Unidos poderia virar-se contra o ensino do da teoria darwiniana da evolução. Ele evidentemente acha que a prevalência de argumentos ateus ou anti-religiosos baseados na evolução poderia levar o tribunal a ver a própria teoria da evolução como uma filosofia anti-religiosa, caso em que não poderia ser ensinada como fato em escolas públicas.
Teria de ser mantida fora de aulas de ciências, ou ciência criacionista teria de ser oferecida como alternativa. Ou algo assim. Ruse não explica sua tese na forma de um argumento legal remotamente respeitável, mas simplesmente fala vagamente de “entrosar” evolução e ateísmo (ou ciência e religião, ou ciência e ateísmo).
Tudo isso, entretanto, é, emprestando a terminologia de Ruse, simplista, enganoso e simplesmente errado. Até Ruse admite que poderia não passar a inspeção de um erudito da Primeira Emenda, e não me admira.
Como um filósofo da ciência, Ruse depôs em um caso de tribunal (McLean v. Arkansas, 1982) em que ciência criacionista foi mantida fora de escolas públicas. Isso não significa que ele seja um especialista em direito constitucional americano. Eu certamente não o consultaria para conselhos legais nessa área.
Para Ruse, o ponto parece ser que uma linha clara deve ser traçada entre a religião e a ciência, mas isso não só é simplista, enganador e errado – apesar de ser todas essas coisas. É impossível.
O que quer que descubramos sobre o universo no qual vivemos, quer seja pela ciência como é entendida restritivamente, pelo trabalho nas humanidades (como arqueologia e estudos histórico-textuais), ou por outros meios, é potencialmente a água ao moinho de teólogos e filósofos.
Se físicos descobrem que as constantes fundamentais são precisamente as necessárias para a emergência de química complexa, e portanto de vida, certos filósofos e teólogos alegarão que isso é evidência da existência de Deus.
Se geólogos descobrem – como certamente descobriram – que nosso planeta tem de quatro a cinco bilhões de anos de idade, isso torna altamente implausível uma abordagem teológica em particular que, baseada numa abordagem literalista da Bíblia, alega que ele fora criado por Deus há cerca de seis mil anos. Teologias menos literalistas então se beneficiam. Se arqueólogos e historiadores algum dia encontrarem evidência do cativeiro egípcio, as décadas que os judeus supostamente passaram vagando por terrenos selvagens, e a conquista da terra prometida, tudo como descrito na Bíblia Hebraica, isso dará munição para teólogos que levam acontecimentos bíblicos relevantes literalmente. Se não encontrarem, ajuda teólogos menos literalistas e talvez também ajude alguns argumentos ateístas.
A teoria da evolução oferece uma explicação para diversidade intricadamente funcional da vida na Terra. Da mesma maneira, ela sabota certos argumentos da existência de Deus baseados na diversidade – não há razão para propor um projetista sobrenatural de formas de vida.
Outros argumentos teístas serão sabotados quando e se obtivermos uma teoria científica robusta de como a vida surgiu de não-vida em primeiro lugar.
Enquanto isso, alguns teólogos alegam que a teoria da evolução ajuda a livrar a cara de Deus de alguns males do mundo: estes são explicados como produtos de um processo que se desenrola, em vez de terem sido especificamente planejados por Deus.
Alguns outros teólogos, entretanto, assim como muitos filósofos ateus, acham que a evolução torna ainda pior o Problema do Mal. Ela certamente sabota qualquer explicação direta de que o sofrimento for trazido ao mundo quando Adão e Eva pecaram livremente em uma época específica da história.
O ajuste contínuo de certos sistemas teológicos para se adequarem a certas descobertas científicas pode, em si, levar a inferências teológicas (como a inferência de que a Bíblia nunca fora destinada a ser um guia quase-científico). E também pode ajudar alguns argumentos ateístas.
Eu poderia seguir com mais exemplos. Ruse pode, claro, achar que todos esses argumentos teológicos e filosóficos empiricamente baseados são ruins. Ele pode descartá-los de cara – apesar de que isso seria simplista para dizer o mínimo.
Mas o que ele não pode é legislar esse tipo de discurso à inexistência. Tampouco podem os tribunais. É bastante inevitável que teólogos e filósofos tirem conclusões baseadas em fatos empíricos obtidos por cientistas e outros.
Liberdade de expressão e liberdade de religião demandam que isso seja permitido sem interferência do estado.
Enquanto tribunais americanos não podem impedir isso, eles certamente podem impedir que escolas públicas ensinem doutrinas teológicas e filosóficas diretamente e como questões de fato. Os tribunais podem insistir que escolas públicas ensinem a ciência (ou história, ou qualquer que seja a matéria), e permitam que suas implicações teológicas ou anti-teológicas, se existirem, sejam debatidas em outro lugar.
Eles podem, ainda, assegurar que escolas públicas camuflem seus currículos de ciência de modo a apoiar um ponto de vista teológico ou anti-teológico em detrimento de outro. Logo, um sistema escolar pode ser impedido de ensinar a alunos que eles devem duvidar do essencial da evolução darwiniana, em particular, quando ela é um corpo teórico tão robusto quanto praticamente qualquer outro na ciência moderna [LINK].
O objetivo da Primeira Emenda não é evitar que o estado e suas agências digam qualquer coisa que possa ser usada para apoiar uma posição teológica ou anti-religiosa. É assegurar que o estado atue por razões seculares, e não, por exemplo, por favoritismo religioso ou com intenções persecutórias.
Quando se trata de educação científica, sistemas públicos de escolas nos EUA e em outras democracias liberais geralmente têm uma meta secular de ensinar aos alunos descobertas bem estabelecidas, aquelas que são geralmente aceitas por cientistas atuantes.
Em outras palavras, alunos são providos de conhecimento secular. Os pedaços teológicos e filosóficos que caiam onde caírem – fora da sala de aula.
A análise acima é, ela mesma, muito simples, sem dúvida, mas posso afirmar que ela fornece uma imagem mais precisa do direito americano, como um todo, e da teoria constitucional subjacente, do que qualquer coisa oferecida por Ruse.
A direção dos casos mostra que os tribunais americanos não estão interessados em evitar a disseminação estatal de conhecimento secular bem estabelecido. Estão, por outro lado, pouco impressionados pelos esforços de um estado em camuflar o que é ensinado: sabotar boa ciência para dar conforto a uma posição teológica como o literalismo bíblico.
Claro, os tribunais podem, talvez, mudar o rumo na direção temida por Ruse. Nunca se sabe. Mas a posição legal corrente está bem enraizada em precedentes. O medo de Ruse de uma meia-volta é produto de sua imaginação, não de raciocínio legal bem embasado.
Ainda assim, ele expressa “desdém” por qualquer um que não possa persuadi-lo a abandonar sua análise mal acabada. Para alguém que supostamente não gosta de idéias simplistas, isso é uma atitude extraordinária a se tomar.
De novo, eu pergunto por que os Neo-Ateus provocam tantas críticas – expressas em termos tão emotivos, com palavras como “desdém” usadas e abusadas – de alguns de seus aliados naturais.
Ao responder a esse “Neo-Ateu Júnior da Austrália”, o Professor Ruse não ofereceu nenhuma boa explicação para sua própria amargura.
Sinto em dizer, mas isso não é uma boa imagem.
 
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Russell Blackford é o editor-chefe do Journal of Evolution and Technology, e palestrante conjunto na School of Humanities and Social Science na University of Newcastle. Ele co-editou, com Udo Schuklenk, 50 Voices of Disbelief: Why We Are Atheists (“50 vozes da descrença: Por Que Somo Ateus”, Wiley-Blackwell, 2009). Seu próximo livro, com o título provisório de “Freedom of Religion and the Secular State” (“Liberdade de Religião e o Estado Secular”), será publicado ainda este ano.
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Offline gilberto

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Re: Com amigos assim: ateus contra o novo ateísmo
« Resposta #1 Online: 08 de Maio de 2011, 20:16:31 »
Adriano, eu não li tudo, mas tb acho que o "novo ateísmo" parece ter algum exagero na sua caracteristica de contestação. Eu acho que isso não dá muitos frutos não ...

Offline Geotecton

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Re: Com amigos assim: ateus contra o novo ateísmo
« Resposta #2 Online: 08 de Maio de 2011, 22:04:26 »
Adriano, eu não li tudo, mas tb acho que o "novo ateísmo" parece ter algum exagero na sua caracteristica de contestação. Eu acho que isso não dá muitos frutos não ...

O problema do "novo ateísmo" é considerar as religiões como sendo a "fonte de todo mal".

Nós sabemos que elas contribuem, mas não são as únicas e, dependendo da circunstância, nem são as mais importantes.
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Offline gilberto

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Re: Com amigos assim: ateus contra o novo ateísmo
« Resposta #3 Online: 08 de Maio de 2011, 22:40:41 »
Eu atualmente cheguei a conclusão que a psicologia humana no ambiente cultural autoritário, típico de sociedades primatas, leva a tendência de que qualquer ideologia esteja contaminada com autoritarismo, e por consequência é a "fonte de todo o mal".
E isso acontece com qualquer ideologia, a religião, a política, etc. A maior prova dessa minha tese é que até o esporte apresenta todas as características típicas das "fonte de todo o mal".

Ainda bem que a duras penas conseguimos controlar um pouco a nossa malvadeza ... mas tenho as minhas dúvidas.

Offline Mahul

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Re: Com amigos assim: ateus contra o novo ateísmo
« Resposta #4 Online: 09 de Maio de 2011, 17:53:17 »
Eu atualmente cheguei a conclusão que a psicologia humana no ambiente cultural autoritário, típico de sociedades primatas, leva a tendência de que qualquer ideologia esteja contaminada com autoritarismo, e por consequência é a "fonte de todo o mal".
E isso acontece com qualquer ideologia, a religião, a política, etc. A maior prova dessa minha tese é que até o esporte apresenta todas as características típicas das "fonte de todo o mal".

Ainda bem que a duras penas conseguimos controlar um pouco a nossa malvadeza ... mas tenho as minhas dúvidas.
De pleno acordo. :ok:
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Offline uiliníli

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Re: Com amigos assim: ateus contra o novo ateísmo
« Resposta #5 Online: 09 de Maio de 2011, 18:05:56 »
Pra mim o "novo-ateísmo" é só o velho ateísmo, mas sem vergonha e nem timidez. Porque quanto às ideias, não há nenhuma que seja realmente nova.

Offline Notlevire

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Re: Com amigos assim: ateus contra o novo ateísmo
« Resposta #6 Online: 10 de Maio de 2011, 09:29:38 »
Porque ateus passam a vida tentando contestar a existência. Será que um homem passar a vida tentando provar a existência de unicórnios ou duendes? Claro que não, porque ele sabe que elas não existem e não se incomodam. Mesmo que ele conheça outros que acreditem em unicórnios e duendes, ele não dedica sua vida na tentativa de debatar essa crença.
Isto me faz crer que ateísmo é agnóstico.
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Offline Maeve Brooks

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Re: Com amigos assim: ateus contra o novo ateísmo
« Resposta #7 Online: 10 de Maio de 2011, 12:55:56 »
Porque ateus passam a vida tentando contestar a existência. Será que um homem passar a vida tentando provar a existência de unicórnios ou duendes? Claro que não, porque ele sabe que elas não existem e não se incomodam. Mesmo que ele conheça outros que acreditem em unicórnios e duendes, ele não dedica sua vida na tentativa de debatar essa crença.
Isto me faz crer que ateísmo é agnóstico.

Engraçado, há pouco tempo também me disseram que minha posição era agnóstica e não ateísta. Pelo motivo de ser o ateísmo um posicionamento contrário, um embate e o agnosticismo mais uma forma de indiferença. Quem me disse isso foi um ex-ateu radical e hostil que agora aceita que as experiências "místicas" são pessoais e transformam a vida dos indivíduos mesmo que não exista um mundo sobrenatural. Minha posição também é essa, não tenho mais embates e não vejo a necessidade de me posicionar contrariamente.
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Offline Diegojaf

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Re: Com amigos assim: ateus contra o novo ateísmo
« Resposta #8 Online: 10 de Maio de 2011, 13:05:30 »
Só vejo a necessidade de me posicionar contra quando eles claramente tentam interferir em aspectos políticos que não têm nada a ver com a religião.

Um exemplo disse foi a interferência da CNBB nos debates sobre união de homoafetivos e sobre o aborto.
"De tanto ver triunfar as nulidades; de tanto ver prosperar a desonra, de tanto ver crescer a injustiça. De tanto ver agigantarem-se os poderes nas mãos dos maus, o homem chega a desanimar-se da virtude, a rir-se da honra e a ter vergonha de ser honesto." - Rui Barbosa

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Offline Maeve Brooks

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Re: Com amigos assim: ateus contra o novo ateísmo
« Resposta #9 Online: 10 de Maio de 2011, 13:30:24 »
Só vejo a necessidade de me posicionar contra quando eles claramente tentam interferir em aspectos políticos que não têm nada a ver com a religião.

Um exemplo disse foi a interferência da CNBB nos debates sobre união de homoafetivos e sobre o aborto.
Sim, concordo plenamente. Me assusta mais uma bancada evangélica na câmara ou no senado do que a existência de um inferno pra onde eu certamente iria.
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Offline Mahul

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Re: Com amigos assim: ateus contra o novo ateísmo
« Resposta #10 Online: 10 de Maio de 2011, 14:03:19 »
Bem, eu continuo preferindo me identificar como agnóstico. Claro que não acredito mesmo em deuses antropomórficos, zoomórficos etc. É absurdo demais pensar que tudo o que existe foi criado por um hebreu (ou árabe, dependendo do caso) barbudão que fica (onde mesmo?) bisbilhotando a vida de cada um dos 6 (ou 7?) bilhões de suas criaturas. :umm: ::) Mas como o que sabemos é infinitamente menor do que o que ignoramos, então me mantenho agnóstico. :?: E concordo com o Diego e a Maeve, basta de interferências religiosas em assuntos de Estado! :hmph: :no:
Ah, sim, Maeve, também concordo com você sobre as tais experiências místicas, tudo isso é muito pessoal. Só não dá para aceitar mesmo é o velho e chatíssimo proselitismo. :ok:
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Offline uiliníli

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Re: Com amigos assim: ateus contra o novo ateísmo
« Resposta #11 Online: 10 de Maio de 2011, 22:16:27 »
Não existe contradição em ser ateu e ser agnóstico. São duas respostas para duas perguntas diferentes, ateísmo diz respeito a acreditar, a ter fé; agnosticismo diz respeito a saber. Eu diria que no meu caso o ateísmo e o agnosticismo se complementam: não creio porque não sei, como poderia acreditar em algo sem saber se existe?

Offline Notlevire

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Re: Com amigos assim: ateus contra o novo ateísmo
« Resposta #12 Online: 10 de Maio de 2011, 22:29:14 »
O agnoticismo é o resultado de um contexto quando se abrange um duelo entre ateus e teístas. Uma questão que jamais será resolvida pois ambos não possuem provas de seus ideais. Daí vem a idéia de agnóstico entre as duas faces da discurssão. Como ateus discutem religião então é mais adaptável absorver a conclusão que atéismo tem fundamento agnóstico.
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Offline Adriano

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Re: Com amigos assim: ateus contra o novo ateísmo
« Resposta #13 Online: 10 de Maio de 2011, 23:10:45 »
Para não ter dúvida entre ateísmo e agnosticismo, existe um ótimo conceito: o antiteísmo. Este me parece ser bem adequado para distinguir um ateísmo mais radical do simples ateísmo agnóstico. É o exemplo deste antiteísta britânico no domumentário Fitas do ateísmo da BBC:

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Parte 1:
O filósofo inglês McGinn fala sobre as várias razões para não se acreditar em Deus, e algumas das razões pelas quais acreditar.
Ele fornece uma completa abordagem do argumento ontológico. Além disso, McGinn traça importante distinção entre ateísmo (ausência de crença numa divindade) e antiteísmo (oposição ativa ao teísmo); ele se classifica como ateu e antiteísta. Por fim, especula sobre uma sociedade pós-teísta.
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Offline Hugo

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Re: Com amigos assim: ateus contra o novo ateísmo
« Resposta #14 Online: 10 de Maio de 2011, 23:25:03 »
Porque ateus passam a vida tentando contestar a existência. Será que um homem passar a vida tentando provar a existência de unicórnios ou duendes? Claro que não, porque ele sabe que elas não existem e não se incomodam. Mesmo que ele conheça outros que acreditem em unicórnios e duendes, ele não dedica sua vida na tentativa de debatar essa crença.
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Engraçado, há pouco tempo também me disseram que minha posição era agnóstica e não ateísta. Pelo motivo de ser o ateísmo um posicionamento contrário, um embate e o agnosticismo mais uma forma de indiferença. Quem me disse isso foi um ex-ateu radical e hostil que agora aceita que as experiências "místicas" são pessoais e transformam a vida dos indivíduos mesmo que não exista um mundo sobrenatural. Minha posição também é essa, não tenho mais embates e não vejo a necessidade de me posicionar contrariamente.

A única coisa que me irrita hoje é quando descobrem que você é ateu e te olham diferente ou dizem: não acredito que voce seja ateu... voce é tão bonzinho.

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"O medo de coisas invisíveis é a semente natural daquilo que todo mundo, em seu íntimo, chama de religião". (Thomas Hobbes, Leviatã)

Offline uiliníli

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Re: Com amigos assim: ateus contra o novo ateísmo
« Resposta #15 Online: 11 de Maio de 2011, 09:00:50 »
Responda: "Não acredito que você seja cristão, você é tão inteligente!"


Offline Notlevire

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Re: Com amigos assim: ateus contra o novo ateísmo
« Resposta #16 Online: 11 de Maio de 2011, 09:02:11 »
O racismo contra ateus, negros, crianças pobres, pessoas menos estudadas e afins..., sempre existirão na sociedade por se caracterizada por uma natureza doentil. As pessoas precisam dobrar seus preconceitos naturais escondidos para tentar mostrar que são seres humanos racionais e inteligentes. Não existe ninguém bonzinho e até o mais alto da lei pratica corrupção.
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Offline Lakatos

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Re: Com amigos assim: ateus contra o novo ateísmo
« Resposta #17 Online: 11 de Maio de 2011, 12:34:15 »
Responda: "Não acredito que você seja cristão, você é tão inteligente!"


hehehe...  :biglol:

Anotado.

Offline Donatello

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Re: Com amigos assim: ateus contra o novo ateísmo
« Resposta #18 Online: 11 de Maio de 2011, 17:45:00 »
Responda: "Não acredito que você seja cristão, você é tão inteligente!"


hehehe...  :biglol:

Anotado.
2 (puta, não acredito que perdi esta chance tantas vezes na vida... perfeita e na lata :D )

 

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