Autor Tópico: Ex-crente assume ser ateu e revela processo de autoconhecimento  (Lida 2307 vezes)

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Offline 4 Ton Mantis

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Ex-crente assume ser ateu e revela processo de autoconhecimento
« Online: 19 de Maio de 2011, 15:23:46 »
http://www1.folha.uol.com.br/livrariadafolha/916394-ex-crente-assume-ser-ateu-e-revela-processo-de-autoconhecimento.shtml




"Sou um ateu". É a conclusão que o jornalista Fábio Marton chegou. Esse tipo de depoimento ainda causa certo reboliço em algumas praças, só que no caso dele, ganha ares dramáticos quando revela sua história.

"Ímpio" é a infância, a reflexão e a consequência de sua vida. Marton, assim como outras crianças, tinha seus gostos e charmes da idade, mas não bastasse ser esperto, brincalhão ou afetuoso, ele se via obrigado a praticar sua fé para agradar e conquistar a família.

De um ponto de vista muito particular --de uma criança que torna-se um adulto--, o leitor tem a oportunidade de testemunhar a influência da religião em seu cotidiano, e como da observação e amadurecimento, o autor enfrenta medos e resolve entrar em acordo com ele mesmo, em conseguir declarar o que pensava, mesmo que despertasse o desgosto de pessoas próximas e amigas.

O jornalista faz de sua vida uma grande reportagem. Sem ser apelativo ou caricato, busca oferecer ao leitor informações vistas e vividas sobre exorcismos, pregações e testemunhos de pastores que somente por meio da fé curavam diversas enfermidades, e as razões por ter associado o termo "ímpio" à sua vida, que perpassa pelo sentido de não se dignar --e mesmo desprezar-- fanatismos religiosos e suas inconsequentes empreitadas profanas que violentam o interior de cada um.

"Ímpio" é um livro escrito por um ateu assumido. É um livro sobre fé, preconceitos, medos e coragens. É sobre autoconhecimento. E vale para qualquer um, tenha sua religião ou não.
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Offline Dbohr

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Re: Ex-crente assume ser ateu e revela processo de autoconhecimento
« Resposta #1 Online: 19 de Maio de 2011, 15:41:04 »
Parece interessante... acho que vou procurá-lo.

Offline Enio

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Re: Ex-crente assume ser ateu e revela processo de autoconhecimento
« Resposta #2 Online: 20 de Maio de 2011, 12:34:20 »
Sim, concordo plenamente em ser contra a fé quando esta nos prejudica, quando se serve como um instrumento para agradar aos outros, status social ou qualquer coisa do tipo. E sim, concordo que existem muitas inconsequências por causa do fanatismo religioso, que embota nossas mentes e nos impede o autoconhecimento.

Sou contra a religiosidade quando esta nos bitola o íntimo e nos impede de sermos nós mesmos!

Offline Contini

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Re: Ex-crente assume ser ateu e revela processo de autoconhecimento
« Resposta #3 Online: 20 de Maio de 2011, 12:51:33 »
Citar
Sou contra a religiosidade quando esta nos bitola o íntimo e nos impede de sermos nós mesmos!
Por isso sou contra qualquer religião... religião=crença.
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Offline uiliníli

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Re: Ex-crente assume ser ateu e revela processo de autoconhecimento
« Resposta #4 Online: 20 de Maio de 2011, 14:54:32 »
Parece interessante, é um Dan Barker brasileiro.

Offline Dalai Manha

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Re: Ex-crente assume ser ateu e revela processo de autoconhecimento
« Resposta #5 Online: 26 de Maio de 2011, 17:42:08 »
Muito interessante.. estava lendo sobre isso hoje mesmo. Devia entrar no lugar do kit gay, mata 2 coelhos numa cajadada.
Será que dá tempo de mudar para Marte?

Offline 4 Ton Mantis

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Re: Ex-crente assume ser ateu e revela processo de autoconhecimento
« Resposta #6 Online: 27 de Maio de 2011, 08:08:10 »
MAIS...


http://www1.folha.uol.com.br/livrariadafolha/921137-tornar-se-ateu-exige-reflexao-afirma-autor-de-impio.shtml


Livraria da Folha- Como surgiu a ideia de escrever o livro? Era algo que o incomodava e precisava compartilhar com o mundo, foi uma oportunidade, ou uma grande reportagem que, por acaso, tem você como personagem principal?

Fábio Marton - Foi mais eu perceber que tinha uma história para contar, não um trabalho "missionário" como ateu. Eu nunca tentei esconder de ninguém que sou ateu, mas não fazia o tipo militante. Entre jornalistas, aconteceu uma vez de ficarem mais ofendidos por eu não acreditar em horóscopo que por não acreditar em Deus. Eu me dou por satisfeito quando as pessoas seguem ramos mais tolerantes de sua religião, não sinto a necessidade de desconvertê-las. Enfrentar o fanatismo me parece mais urgente e mais realista que enfrentar a religião em si. Mas, a quem me perguntar, eu explico porque acho a religião uma imensa baboseira. E vou reagir quando ouvir uma baboseira maior ainda, como a que quem não tem fé é imoral, ou que criacionismo deva ser ensinado em aulas de biologia. Divulgação
 

Livraria da Folha- Seu histórico familiar tem enorme influência na sua formação até o momento em que se assume ateu. Com certeza, a afirmativa trouxe espanto. Alguém da sua família leu o livro?

Fábio Marton - Eu não disse nada a eles sobre o lançamento do livro, mas havia dito que estava escrevendo. Acabaram descobrindo mesmo assim. A última notícia é que um tio meu por lado de mãe, a parte católica da família, estava lendo, não me disseram o que achou. Um blog evangélico citou meu livro, e tive a impressão que um parente meu apareceu por lá para comentar. Disse que sou ingrato e fracassado, e gastei todo meu dinheiro com bebida e prostituição. Mentira. Eu nunca paguei por prostituição.

Livraria da Folha- O estilo de sua escrita, trazendo referências pops e nerds, pode também despertar o interesse, o debate sobre a religião e sociedade, para um público mais alienado?

Fábio Marton - Não gosto muito dessa palavra, "alienado". Costuma ser sinônimo de quem não concorda com aquele professor ultra-radical do cursinho, o que dizia que a Guerra do Paraguai foi causada pela Inglaterra. Como falei, eu tinha uma história para contar, a história de um adolescente que vivia nesse mundo de referências pop dos anos 80, mesmo sendo crente. Foi uma coisa que surgiu naturalmente, e espero que esse contraste meio bizarro, que existia de verdade em mim, tenha tornado a leitura mais divertida.
 
Livraria da Folha- Aliás, entre o "público alienado", muitos erguem a bandeira de "ateu", sem saber exatamente o que isso quer dizer, pois nunca se interessaram em ler ou discutir sobre as diferentes religiões com colegas. O que acha dessa constatação?

Fábio Marton - Não acho que exista ateu sem educação, não só científica, como também um tanto de filosofia. As crianças costumam ser místicas, enxergando fantasmas e propósitos em todo lugar - você deixa isso para trás quando aprende explicações melhores. Ou você entende as contradições entre as afirmações da fé e do conhecimento, ou é apenas um religioso em férias. Existem muitos religiosos afastados ou não-praticantes, mas tornar-se ateu exige reflexão. Os ateus não são todos eloquentes para explicar o que pensam, mas todos tiveram de pensar para chegar lá.

Livraria da Folha- O papel da família mudou nesse sentido? Ela influencia ainda hoje os jovens? Entende que está também relacionado às diferenças das classes sociais e localizações geográficas brasileiras?

Fábio Marton - Li várias matérias dizendo que é comum as pessoas ficarem em casa até muito tarde na vida hoje em dia, às vezes até os 40 anos. Eu saí de casa cedo, e isso foi importante para mim. Sinto que só comecei a ser quem eu sou hoje nesse momento. De certa forma, é fácil imaginar alguém que dependa dos pais ocultando seu ateísmo, ou mesmo evitando falhar na religião para não ofendê-los, ainda que eu mesmo tenha assumido meu ateísmo antes de sair de casa. A saída da religião não depende da família (exceto, é claro, se a família é quem for não religiosa) mas do que você aprende no mundo exterior. Nisso de classes sociais e regiões, pode ser que abandonar a fé seja mais difícil para quem não tem computador em casa para acessar discussões de ateus ou informações sobre evolução, geologia e filosofia - mas eu também não tive, e nem dinheiro para comprar livros, usava a biblioteca pública e da escola. Talvez a pressão religiosa seja maior em outras regiões do país ou outras classes sociais (minha família transitava entre a B e C e vivia no Sul e Sudeste), mas não vivi isso para dizer até que ponto, e estaria pensando em estereótipos se fosse especular sobre isso.

Livraria da Folha- A ideia das páginas negras é interessante. O que o motivou a destacar as curiosidades ali vistas? Os dados apresentados passaram pelas suas mãos em diferentes épocas de sua vida, ou são leituras mais atuais e que quis apresentar ao público sem "atrapalhar" o texto principal?

Fábio Marton - Algumas coisas que aparecem lá são dúvidas que me ocorreram ainda adolescente, de forma incipiente, que eu reconto com o que conheço hoje. Por exemplo, eu percebi a contradição entre o Pentecostes bíblico e as línguas estranhas, mas não conhecia o trabalho de linguistas na área. Outras são raciocínios completamente novos - eu não havia sido apresentado a São Tomás de Aquino, Pascal ou Leibniz naquela época, meus parentes e os pastores não eram tão sofisticados. A razão de separar essas discussões do resto do livro é que ele não é um tratado de argumentos contra religião, como Deus, um Delírio - alias, um tratado excepcional, que eu não havia lido ainda ao escrever o livro. Ímpio é uma narrativa em primeira pessoa. Não dá para comparar meu livro com o de Richard Dawkins, mas talvez dê para comparar com os de Dan Barker, ex-pastor que se tornou ateu em 1984.

Livraria da Folha- Sendo ateu, você encara a vida, e a morte, de uma forma diferente?

Fábio Marton - Certamente. Se a vida é sua única chance, você precisa fazer o melhor possível dela. E isso causa, sim, ansiedade, de não estar indo tão bem assim - mas aprendi um truque com meu avô pastor, que cito no epílogo do livro. Já a morte deve ser mais tranquila para mim que para o cristão, porque não acredito que serei julgado. Será simplesmente como aquela tarde de 31 de maio de 1399. Como foi a sua? Você sofria por não existir? Pois a tarde de 31 de maio de 2199 será igual.
« Última modificação: 27 de Maio de 2011, 08:41:10 por 4 Ton Mantis »
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Offline uiliníli

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Re: Ex-crente assume ser ateu e revela processo de autoconhecimento
« Resposta #7 Online: 27 de Maio de 2011, 11:56:26 »
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Livraria da Folha- Aliás, entre o "público alienado", muitos erguem a bandeira de "ateu", sem saber exatamente o que isso quer dizer, pois nunca se interessaram em ler ou discutir sobre as diferentes religiões com colegas. O que acha dessa constatação?

Fábio Marton - Não acho que exista ateu sem educação, não só científica, como também um tanto de filosofia. As crianças costumam ser místicas, enxergando fantasmas e propósitos em todo lugar - você deixa isso para trás quando aprende explicações melhores. Ou você entende as contradições entre as afirmações da fé e do conhecimento, ou é apenas um religioso em férias. Existem muitos religiosos afastados ou não-praticantes, mas tornar-se ateu exige reflexão. Os ateus não são todos eloquentes para explicar o que pensam, mas todos tiveram de pensar para chegar lá.

Isso pode até ser verdade para os ateus que tiveram educação religiosa. Primeira lei de Newton: se eles não se mantiveram na inércia e acabaram fazendo essa mudança filosófica radical, é porque tiveram que estudar, refletir... Mas e quanto a uma geração de ateus filhos de casais ateus?

Offline Dalai Manha

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Re: Ex-crente assume ser ateu e revela processo de autoconhecimento
« Resposta #8 Online: 02 de Junho de 2011, 20:11:39 »
Muito bom o livro, acabei de ler há minutos.

Tem muitas tiradas engraçadas até o meio do livro, quem está na faixa do 30 e viveu os anos 80 vai se identificar com muitas coisas.
Mas não vou contar.. vocês que leiam!
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Offline Contini

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Re: Ex-crente assume ser ateu e revela processo de autoconhecimento
« Resposta #9 Online: 02 de Junho de 2011, 20:26:26 »
Ele não era um crente de verdade!  ::)
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Offline Dalai Manha

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Re: Ex-crente assume ser ateu e revela processo de autoconhecimento
« Resposta #10 Online: 02 de Junho de 2011, 20:39:52 »
Acho mais que era curioso e tinha uma mente irônica.
Será que dá tempo de mudar para Marte?

Offline gilberto

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Re: Ex-crente assume ser ateu e revela processo de autoconhecimento
« Resposta #11 Online: 02 de Junho de 2011, 20:49:43 »
Isso pode até ser verdade para os ateus que tiveram educação religiosa. Primeira lei de Newton: se eles não se mantiveram na inércia e acabaram fazendo essa mudança filosófica radical, é porque tiveram que estudar, refletir... Mas e quanto a uma geração de ateus filhos de casais ateus?
Verdade, eu sempre fui ateu tb pq tenho familia atéia, mas antes do CC nunca tinha lido ou discutido sobre isso ... bom ler eu não tenho saco até hoje hehe (falha minha)

Offline uiliníli

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Re: Ex-crente assume ser ateu e revela processo de autoconhecimento
« Resposta #12 Online: 02 de Junho de 2011, 21:31:00 »
Verdade, eu sempre fui ateu tb pq tenho familia atéia, mas antes do CC nunca tinha lido ou discutido sobre isso ... bom ler eu não tenho saco até hoje hehe (falha minha)

Bom, no seu caso tudo saiu bem :)
Mas deve ser raro pessoas adultas filhas de casais ateus, tenho uma impressão de que há um crescimento recente apenas do ateísmo no Brasil.

Offline Geotecton

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Re: Ex-crente assume ser ateu e revela processo de autoconhecimento
« Resposta #13 Online: 02 de Junho de 2011, 21:40:16 »
Verdade, eu sempre fui ateu tb pq tenho familia atéia, mas antes do CC nunca tinha lido ou discutido sobre isso ... bom ler eu não tenho saco até hoje hehe (falha minha)
Bom, no seu caso tudo saiu bem :)
Mas deve ser raro pessoas adultas filhas de casais ateus, tenho uma impressão de que há um crescimento recente apenas do ateísmo no Brasil.

São muito raros estes casos e eles ocorrem mais frequentemente na fração mais culta da sociedade.
Foto USGS

Offline gilberto

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Re: Ex-crente assume ser ateu e revela processo de autoconhecimento
« Resposta #14 Online: 02 de Junho de 2011, 22:21:42 »
Mas deve ser raro pessoas adultas filhas de casais ateus ...
São muito raros estes casos ...
É ... pelo q eu vi aqui no CC a maioria dos ateus já foram de alguma forma teístas, ou cresceram em um ambiente teísta. Acho que o Demo atua por aqui ... hehe
« Última modificação: 02 de Junho de 2011, 22:23:56 por gilberto »

 

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