Artigo no jornal "i" de 31 de Maio de 2011
Era uma suspeita antiga, mas só este ano foi comprovada por investigadores portugueses. Uma equipa da Universidade de Coimbra associou uma erupção vulcânica no oceano Pacífico, em 2006, ao aumento da atividade biológica na região. Vasco Mantas, do Laboratório de Deteção Remota e Sistemas de Informação Geográfica, explicou ao "i" que, na zona abrangida pela erupção, as concentrações de microalgas são até cinco vezes maiores do que nas vizinhanças. O trabalho publicado este ano é destacado pela NASA como um dos artigos mais interessantes realizados na área da deteção remota tendo por base imagens de satélite da agência espacial norte-americana reunidas no sistema Giovanni.
Mantas adianta que, neste estudo, a associação entre os vulcões submarinos e o aumento da atividade biológica parece estar relacionada com a deposição de ferro nas águas, um dos materiais expelidos durante a erupção do vulcão Home Reef e essencial ao desenvolvimento das algas. "É a primeira vez que esta relação é documentada", explica o investigador, acrescentando que futuros estudos poderão explicar melhor o contributo dos vulcões submarinos para a vida marinha. "É possível que os períodos em que a Terra mais atividade vulcânica estejam ligados a mais vida". "Mas o método de deteção remota, em parte desenvolvido em Coimbra, poderá ser útil noutras áreas. Localizar manchas de atividade biológica no oceano, até aqui impercetíveis sem missões de exploração, pode ajudar a prever a quantidade de peixe disponível".