Autor Tópico: O genial que existe em nós  (Lida 4235 vezes)

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Offline -Huxley-

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O genial que existe em nós
« Online: 31 de Maio de 2011, 22:28:33 »
Acredito que muitas pessoas já devem ter ouvido informações sobre a relação entre genialidade, genes e QI. Muitos jornalistas e leigos parecem não entender a mudança paradigmática que sofreu a chamada “ciência do alto desempenho” ao longo do século XX e início do século XXI devido às descobertas científicas mais recentes. Isso é constatado porque é possível apontar muitas citações de mitos sobre genialidade disseminados por grandes periódicos não-científicos e filmes. É isso o que diz David Shenk, escritor americano e colaborador dos periódicos National Geographic, Gourmet, Harper’s, Slate e The New Yorker. No seu livro O Gênio em Todos Nós (Editora Jorge Zahar, 2010), ele combate o determinismo genético e traz algumas notícias e esclarecimentos valiosos para aqueles que querem ter sucesso – absoluto ou relativo – em qualquer área. Algumas conclusões interessantes de sua obra:
     
•   Ninguém é geneticamente destinado à grandeza, quem dirá à genialidade.
•   Poucos são biologicamente incapazes de alcançar a grandeza.
•   Há evidências da existência de um grande potencial irrealizado na maioria das pessoas.
•   O talento parece ser mais disseminado do que filmes, leigos e muitos jornalistas supõe.
•   O ambiente e a sorte têm, conjuntamente, mais controle sobre os indivíduos do que as pessoas geralmente reconhecem.

Eu extrai algumas informações e ideias que considero fundamentais no livro:

•   Não há justificativa biológica para afirmar que os fatores genéticos e os ambientais agem de forma aditiva. Muitos jornalistas e leigos têm a ideia errada de que os genes criam o molde e a influência ambiental – treino, nutrição, cultura, emoções, etc. – apenas adiciona um fator de desempenho complementar a ele. Na verdade, o ambiente, os genes e as proteínas se afetam mutuamente ANTES que uma característica esteja consolidada. Portanto, a relação gene-ambiente é interativa, não aditiva. Certas expressões genéticas só acontecem com certos estímulos ambientais. Além disso, a neurociência diz que a experiência influi não só nas conexões interneurais, mas também na criação de novos neurônios e transformação de regiões cerebrais como lóbulos frontais, amígdala e hipocampo, todos eles relacionados com os mais diversos tipos de inteligência.

•   Experimentos de Cooper-Zubek em 1958 com grupos genéticos de ratos com desempenho testado em labirintos ao longo de gerações mostraram como seus descendentes se saíram ao serem criados em diferentes ambientes. Antes que se testasse o número de erros que cometeriam ao caminhar nos labirintos, ratos descendentes dos grupos genéticos bons e maus – com diferença média de 40% em termos de erros entre os dois grupos – foram submetidos a esses ambientes:

Enriquecido – Casinha com paredes pintadas com cores fortes e vivas. Havia rampas, balanços, escorregos, espelhos e sinos.

Normal – Casinha com parede sem cores vivas. Poucos exercícios e brinquedos para estimular os sentidos.

Limitado – Basicamente um “barraco de rato”.

E o resultado chocante... A única circunstância em que os ratos tiveram desempenho significamente discrepante foi no caso em que foram criados em ambientes normais. Ratos ruins de labirinto tiveram um número de erros apenas 10% superior aos bons de labirinto na comparação da criação em ambientes enriquecidos. Por fim, ratos bons e maus de labirintos tiveram desempenho idêntico quando criados em ambientes limitados (eles foram igualmente burros!). 

•   Pesquisadores da ciência do alto desempenho conseguiram medir o tempo necessário de treino para alguém se destacar internacionalmente em alguma área: 10 mil horas. A regra das 10 mil horas não diz que você será gênio se passar esse tempo praticando, mas que, baseado na observação das atividades das mais diversas áreas, alega-se que existe um pré-requisito de horas mínimas para se tornar um grande talento de renome internacional. Beethoven e Mozart são apenas alguns dos exemplos históricos que se encaixam nessa regra.
 
•   Cientistas também alegam que treinar duro não é suficiente para alcançar um patamar de extraordinária habilidade. Eis o que diz a regra do estilo da prática, que juntamente com a regra das 10 mil horas, formam as duas regras universais do alto desempenho. É necessário aperfeiçoar aspectos específicos e refinar mecanismos mediadores, assim como exercer um aperfeiçoamento sucessivo com feedback constante. Em outras palavras, isso se refere ao autodesenvolvimento que está relacionado ao fracasso constante e a resolução de novos problemas.

•   A inteligência é um processo, não algo em si mesmo. Como já disse Alfred Binet, a inteligência medida pelo QI não é geneticamente predeterminada, pode ser aumentada ao longo do tempo e algumas pessoas não chegam sequer perto de seu verdadeiro potencial intelectual. Essa última informação é importante porque os dados sobre as diferenças de inteligência efetiva só mostram a variação detectável, logo nada dizem a respeito das diferenças de potencial.

•   O efeito Flynn é notável. O QI mundial aumenta rapidamente a cada geração, sem que haja explicações suficientes de evoluções darwinianas. E se verificássemos o QI das pessoas de 1900, utilizando a média de 100 para os testados no fim do século XX, teríamos que chegar a conclusão absurda de que as pessoas de 1900 eram retardadas, uma vez que o escore daquela época equivale a 60. Em vez disso, Flynn considera que o raciocínio abstrato evoluiu graças à “transição [cultural] de um pensamento operacional pré-científico para um pós-científico”.

•   Muitos leigos entendem mal quando leem que uma pesquisa indica que 60% da inteligência é hereditária ao achar que “a inteligência humana é determinada, em 60%, pelos genes e, em 30%, pelas condições ambientais”. Para entender melhor porque isso é absurdo, basta entender que quando se diz que 90% da altura de uma população é hereditária, isso não quer dizer que 90% dos centímetros venham dos genes e o restante do ambiente. Significa que 90% da variação detectável da altura entre indivíduos numa amostragem específica  é atribuída em 90% aos genes e 10% as influências ambientais. Não existe o conceito de herdabilidade para a altura individual, logo o que é válido para um grupo não é válido para prever o que ocorrerá com um indivíduo.

•   Alguns estudos apontam mais do que os 60% da pesquisa citada anteriormente, outros menos. Além disso, um estudo do psicólogo Eric Turkheimer, utilizando apenas famílias pobres, mostra que a variação causada pela hereditariedade não é de 40% ou 20%, mas de praticamente 0%. Isso demonstra definitivamente que não existe porcentagem fixa para a influência genética. Não é correto aplicar uma estimativa da herdabilidade a partir de uma dada população para toda a espécie. Estimativa de hereditariedade aplica-se apenas a uma população e ambiente particulares.

•   Lewis Terman, defensor do conceito de “inteligência inata”, selecionou um grupo de 1500 crianças californianas classificadas como excepcionalmente dotadas. Acontece que à medida que o tempo foi passando, ficou constatado que poucas delas havia se tornados adultos geniais ou insuperáveis. Na verdade, não apareceu nenhum prêmio Nobel – duas crianças que foram excluídas desse grupo conseguiram tal feito quando adultos. Ademais, não apareceu nenhum músico de renome internacional – outras duas pessoas que realizaram o feito foram excluídas desse grupo. Na realidade, o teste de Terman virou para ele o “teste da decepção”.

•   Um experimento de Anders Ericsson selecionou uma cobaia cujos testes demonstravam que esta tinha uma memória de curto prazo comum. Um treinamento intensivo foi capaz de fazer com que sua memória de curto prazo passasse do armazenamento de um número de sete dígitos para um número com mais de oitenta dígitos.

•   Taxistas de Londres enfrentam uma das arquiteturas rodoviárias mais complexas e caóticas do mundo. Uma investigação pôs em destaque que as regiões cerebrais responsáveis pela orientação especial dos taxistas se viam claramente fortalecidas nos primeiros meses de condução pelas ruas de Londres. Esse estudo mostrou que uma parte do hipocampo é maior nos taxistas que no público em geral, e que os motoristas mais experientes tinham um hipocampo mais volumoso.

•   Observações feitas por cientistas mostraram que empacotadores de encomendas (com pouca instrução) fazem cálculos de encaixamento de encomendas em caixas numa velocidade que não é possível para seus superiores (executivos) mais bem instruídos. Mais uma evidência do efeito da experiência e do treino acumulados.

•   Os estudos com gêmeos univitelinos tendem a exagerar a evidência disponível para a contribuição da hereditariedade para as diferenças de aptidão. Eles frequentemente omitem informações sobre as diferenças e parecem omitir o impacto que tem as semelhanças ambientais e culturais sobre os quais os gêmeos são submetidos (idade, sexo, criação, educação, localização). Segundo pesquisas, semelhanças surpreendentes nos traços psicológicos são encontradas em pares de pessoas que compartilham esses mesmos aspectos de pares de gêmeos tipicamente pesquisados.

•   Estudos de laboratório com grupos genéticos de ratos em ambientes separados e rigorosamente semelhante mostraram que existem diferenças surpreendentes não explicadas pelo genoma e pelo ambiente. Se isso é verificável em ratos, quem dirá em seres humanos, cuja interação gene-ambiente é muito mais complexa. Isso mostra que os efeitos dos genes no fenótipo são probabilísticos e não determinísticos.

•   Um experimento muito famoso mostra a importância do autocontrole (autodisciplina e capacidade de adiar a satisfação) para o sucesso. Pegando o trecho de outro texto para resumir a informação dada por Shenk: “O teste do marshmallow, feito na Universidade Stanford na década de 1960, é o melhor exemplo que se tem sobre a ocorrência de autocontrole. Psicólogos ofereciam a crianças um grande marshmallow e davam a elas a opção de comê-lo imediatamente ou esperar um tempinho enquanto os psicólogos saíssem da sala. Se as crianças esperassem, ganhariam de recompensa um segundo marshmallow. Apenas um terço das crianças aguentava esperar, o resto comia o doce afoitamente. Depois, os pesquisadores acompanharam o desempenho dessas crianças nas décadas seguintes. Aquelas que haviam esperado pelo segundo doce tinham tirado notas mais altas no vestibular e tinham mais amigos. Depois de anos estudando esse grupo de voluntários, concluiu-se que a capacidade de manter o autocontrole previa com muito mais precisão a ocorrência de sucesso e ajustamento - era mais eficiente do que QI ou condição social, por exemplo.”: http://super.abril.com.br/ciencia/sucesso-584272.shtml

•   A observação de garotos-prodígio mostra que crianças extraordinárias não necessariamente se transformam em adultos extraordinários. Por outro lado, sabe-se que o talento de certos ícones da genialidade não apareceu tão precocemente.

•   A genialidade frequentemente é bem específica. Pessoas que decoram uma enorme seqüência de posições de xadrez não necessariamente têm memórias fantásticas para outros aspectos da vida cotidiana.

•   A Síndrome de Savant, que surge em um a cada 10 autistas, ilustra bem o que um cérebro comum é capaz de fazer. Ela ocorre quando um dano no hemisfério esquerdo do cérebro convida o hemisfério direito (relacionados a habilidades da arte e da música) a realizar determinadas tarefas. Isso confere surpreendentes habilidades específicas aos seus portadores. A síndrome não cria a habilidade, mas gera a oportunidade para ela se concretizar, o que se alia a obsessão pelo padrão repetitivo dos autistas. Isso evidencia a plasticidade do cérebro e a capacidade do mesmo de recrutar áreas diferentes para realizar novas tarefas. Ao se retirar o significado e a compreensão é possível melhorar os detalhes na construção de certas obras. A desativação dos lobos frontotemporais de cobaias com impulsos magnéticos já produziram efeitos similares ao da síndrome de Savant. Desempenhos extraordinários também são possíveis com alterações na percepção e nas respostas encefalográficas. Em respostas ao efeito de anfetaminas, uma cobaia de pesquisa conseguiu construir quadros com precisão fotográfica. Assim, Darold Treffert, talvez o maior especialista do mundo em savants, já admitiu que “talvez exista um pequeno Rain Man em cada um de nós”. 

•   Ao contrário do que as pessoas geralmente pensam, características adquiridas pelos pais podem ser transmitidas aos descendentes. As histonas são proteínas que não apenas protegem o DNA, mas são mediadoras da expressão genética, dizendo se os genes devem ser ativados ou desativados. Sabe-se há muito tempo que o ambiente pode provocar mudanças no epigenoma. Porém, a partir de 1999, descobriram-se vários casos em que as alterações no epigenoma foram passadas para os descendentes (ver o último capítulo). Um estudo publicado no Journal of Neuroscience é especialmente interessante. Ele relata que ambiente estimulante aprimorou memória de um grupo de camundongos que tinham um defeito genético que afetava a memorização, e essa mudança foi transmitida para as crias. Isso sugere que os efeitos do estilo de vida paterno bem antes da gestação podem influenciar o destino de seus descendentes.
 
Baseado nas informações acima e no seu estudo sobre biografias, David Shenk montou seu próprio sistema de aconselhamento aos aspirantes ao sucesso em qualquer área:

Descubra a sua motivação:

Existe uma grande variação de motivações por trás dos mais diversos tipos de alto desempenho. De qualquer forma, ela tem que fazer você se comprometer a ponto de nunca desistir, mesmo que isso implique por em jogo seu tempo, dinheiro, sono, amizades e até mesmo a reputação. Você não apenas deve destemer o fracasso, mas também deve desejá-lo porque ele gera aprendizado e feedback.

Um estudo mostra que a motivação pode estar associada a um arrependimento futuro. Estudo com pessoas idosas mostram que grande parte diz que se arrependeu pelo que não fez e que imaginam que deviam ter trabalho mais e se arriscado mais ao longo da vida.

Auto-crítica severa

Avaliar seus próprios atos, considerando principalmente os erros que eventualmente tenha cometido e suas perspectivas de correção e aprimoramento está por trás do sucesso de várias das grandes obras de arte. O extraordionário muitas vezes se inicia de um péssimo rascunho que foi criticado repetidas vezes pelo próprio autor.

Cuidado com a amargura e a culpa

Quando o fracasso aparece, tanto a amargura, quanto a culpa podem afetar drasticamente e negativamente a tarefa de recuperação. O que há de notável na mente de muitos gênios é que eles são capazes de transformar os fracassos em oportunidades.

Portanto, se você acha que não é possível usar algum desses dois sentimentos para se motivar, você faz melhor em criar uma estratégia para superá-los imediatamente, porque certamente qualquer um deles atrapalhará a tarefa de se concentrar em melhorar constantemente seu desempenho.

Identifique suas limitações e passe a ignorá-las

Muitas vezes, ver o abismo que separa o seu estado atual e a meta distante pode obrigar uma pessoa a adotar um nível de fé que transcende os limites da lógica e da razão. Por isso, a tarefa de usar mais determinação e mais tempo de treino que os demais é o que garante o alívio necessário para continuar lutando. É nessas horas que a pessoa entende perfeitamente o significado do raciocínio “se fosse minimamente fácil, muitos já teriam conseguido”.

Os melhores escritores quando jovens frequentemente não o são quando mais velhos, e são justamente os de mais idade que tem as obras mais fantásticas. Isso evidencia que o tempo é um grande combustível da excelência.

Adie a satisfação e não se satisfaça com pouco

Como nós somos condicionados a uma cultura imediatista (“compre agora”, “clique agora”, etc.), é difícil ignorar a tentação da satisfação rápida. Para ter sucesso, é preciso não ficar pensando na tentação e focar naquilo que é realmente importante no momento. Isso é especialmente válido se o que você espera conseguir é grandioso. Pequenos passos que geram melhorias trazem motivação mais que suficiente para seguir avançando.

Tenha heróis

Ter heróis significa ver todas as histórias inspiradoras de pessoas que entraram em caminhos inexplorados e as ideias estranhas que mais tarde se revelariam geniais. Usar essa estratégia é ver com seus próprios olhos como muitas das grandes obras conseguiram surgir de sucessivos esforços contínuos, incluindo aquelas que literalmente passaram do nada ao algo.

Tenha mentores

Ter um ou mais mentores significa ter alguém para se inspirar, despertar interesse, criticar, aconselhar e ver tudo o que geralmente não é visto quando você parece desinteressado executando sozinho uma atividade.

« Última modificação: 01 de Junho de 2011, 10:46:09 por -Huxley- »

Offline Salazar

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Re: O genial que existe em nós
« Resposta #1 Online: 31 de Maio de 2011, 22:50:25 »
Assunto interessante, apesar de que pelo começo do texto eu o achei meio que com um ar de auto-ajuda.
Postarei minha opinião depois de analisa-lo melhor, pois o texto é meio grande e eu estou um pouco atarefado.

Offline Cumpadi

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Re: O genial que existe em nós
« Resposta #2 Online: 31 de Maio de 2011, 23:07:51 »
•   O ambiente e a sorte têm, conjuntamente, mais controle sobre os indivíduos do que as pessoas geralmente reconhecem.
Permita-me acrescentar: muito mais controle que as pessoas imaginam. Eu já fiz inúmeros experimentos sobre isso em mim mesmo. Esse fato é realmente lamentável.
http://tomwoods.com . Venezuela, pode ir que estamos logo atrás.

Offline Salazar

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Re: O genial que existe em nós
« Resposta #3 Online: 01 de Junho de 2011, 01:59:33 »
•   O ambiente e a sorte têm, conjuntamente, mais controle sobre os indivíduos do que as pessoas geralmente reconhecem.
Permita-me acrescentar: muito mais controle que as pessoas imaginam. Eu já fiz inúmeros experimentos sobre isso em mim mesmo. Esse fato é realmente lamentável.
Poderia nos relatar tais experimentos, por favor?

Offline Cumpadi

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Re: O genial que existe em nós
« Resposta #4 Online: 01 de Junho de 2011, 19:21:04 »
São muito ligadas à experiências acadêmicas, e não tem muito rigor "científico", por isso, não vale a pena detalhar. São coisas do tipo: estudar muito e ir mal, somente anotar as aulas e se dar bem nas provas, etc.
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Offline -Huxley-

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Re: O genial que existe em nós
« Resposta #5 Online: 17 de Julho de 2011, 16:20:33 »
Sempre que se fala em sucesso é bom lembrar seu significado. Sucesso é o êxito em alcançar os resultados esperados em qualquer uma dessas áreas: profissional, artística e pessoal. Com exceção do último caso, a renda recebida parece ser o melhor indicador objetivo para averiguar a elite de pessoas bem-sucedidas. E se pudéssemos saber o que essa elite pensa a respeito dos fatores-chave de seu sucesso? É isso o que fez Thomas Stanley, Ph.D. em Administração pela Universidade da Geórgia e que estuda há mais de 20 anos as características que levam as pessoas a alcançar a independência financeira. No seu livro A Mente Milionária (Sem Segredos), mostra-se que existe a análise das porcentagens dos fatores atribuídos como “importantes” nas respostas aos questionários respondidos por milionários:

No caso de todas as profissões, itens considerados "muito importantes"

1- Honestidade com todas as pessoas
Ser bastante disciplinado
3- Relacionar-se bem com as pessoas
4- Contar com o apoio do(a) parceiro(a) (de relacionamento amoroso)
5- Trabalhar mais que os demais
6- Amar a carreira ou o negócio
7- Ter habilidade para liderança
8- Ter espírito competitivo/personalidade
9- Ser organizado
10- Ter habilidade para vender a própria ideia/produto
Fazer bons investimentos

No caso de todas as profissões, itens considerados "importantes + muito importantes"

1- Ser bastante disciplinado
2- Relacionar-se bem com as pessoas
3- Ser honesto com todas as pessoas
4- Trabalhar mais que a maioria das pessoas
5- Amar a própria carreira/negócio
6- Ser bastante organizado
7- Ter habilidade para liderança
8- Ter habilidade para vender a própria ideia/produto
9- Contar com o apoio do(a) parceiro(a) (de relacionamento amoroso)
10- Ter espírito competitivo/personalidade

No Brasil, os milionários  provavelmente não têm o perfil americano, já que há um excesso de profissionais liberais ricos (sobretudo advogados e médicos) no caso do país norte-americano. Eu suponho que em terras tupiniquins uma parcela maior dos que tem patrimônio milionário são empreendedores. Vamos aos fatores-chave de sucesso deles segundo a pesquisa:
 
No caso dos donos de negócio, itens considerados "muito importantes"

1- Honestidade com todas as pessoas: 62% (integridade/valores morais)
2- Relacionar-se bem com as pessoas: 61% (habilidades sociais)
3- Contar com o apoio do parceiro(a): 55% (integridade/valores morais)
4- Ser bastante disciplinado: 54% (disciplina)
5- Amar a própria carreira/negócio: 51% (inteligência criativa)
6- Investir no próprio negócio: 50% (investimento no negócio próprio)
7- Trabalhar mais que os demais: 49% (disciplina)
8- Ser o próprio patrão: 45% (investimento no negócio próprio)
Ter habilidade para liderança: 45% (habilidades sociais)
Ter habilidade para vender a própria ideia/produto: 45% (habilidades sociais)

No caso dos donos de negócio, itens "importantes + muito importantes"

1- Relacionar-se bem com as pessoas: 96% (habilidades sociais)
2- Ser bastante disciplinado: 93% (disciplina)
3- Honestidade com todas as pessoas: 92% (integridade/valores morais)
3- Habilidade para vender a própria ideia/produto: 92% (habilidades sociais)
5- Assumir riscos financeiros se o retorno esperado for bom: 91% (investir no próprio negócio)
6- Encontrar um nicho lucrativo: 89% (inteligência criativa)
Trabalhar mais do que a maioria das pessoas: 89% (disciplina)
8- Ter habilidade de liderança: 88% (habilidades sociais)
Amar a própria carreira/negócio: 88% (inteligência criativa)
10- Investir no próprio negócio: 87% (investir no próprio negócio)

Ranking geral por categoria segundo a minha interpretação de dados das opiniões dos milionários

1- Habilidades sociais
2- Disciplina
3- Investir no próprio negócio
4- Inteligência criativa
5- Integridade/valores morais
6- Enfrentamento das críticas
7- Orientação intelectual

Outra observação importante. A média escolar dos milionários pesquisado era de 7 (e na graduação superior de 7,5). Isso mostra a razão que explica porque os dotes relacionados ao QI não aparecem nas primeiras posições. Parece ser muito mais importantes as habilidades sociais. Isso corresponde o que Howard Gardner chama de “inteligência interpessoal” e uma parte do que Robert Sternberg chama de  “inteligência prática”. Também aparece muito bem posicionadas as características relacionadas à inteligência intrapessoal. Tudo isso parece corroborar a tese de que existe um patamar de QI (em torno de 115-120) além do qual a presença de outras inteligências além da lógico-matemática é que faz a diferença entre os mais bem-sucedidos.
   
Enquanto alguns milionários atribuíram o sucesso financeiro ao QI elevado, outros atribuem o sucesso financeiro, em parte, a não ter um QI excepcional (eles acham que não ser muito dotado impele o desenvolvimento de outras habilidades para compensar o QI próximo da média).

Alguém pode criticar a pesquisa de Stanley alegando que senso comum (mesmo aquele entre os bem-sucedidos) não é ciência. Todavia, eu não conheço qualquer outro estudo que coloque em destaque a ordem de importância dos fatores-chaves do sucesso profissional ou artístico. Nem mesmo o livro Fora de Série de Malcolm Gladwell e nem o livro de David Shenk que citei no início do tópico vão nessa direção. Então, ter essa pesquisa em mãos melhora o esclarecimento. Alguém tem outra sugestão?
« Última modificação: 17 de Julho de 2011, 16:39:13 por -Huxley- »

Offline Cumpadi

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Re: O genial que existe em nós
« Resposta #6 Online: 17 de Julho de 2011, 17:34:01 »
Oba, minhas notas estão na média das dos milionários. :hihi:

Edit: Deveriam mostrado também a porcentagem de alunos milionários por nota na faculdade para que fosse mais fácil analisar os resultados (garanto que a porcentagem de pessoas com 7,5 é muito maior que as com 9).
« Última modificação: 17 de Julho de 2011, 17:45:15 por parcus »
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Offline -Huxley-

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Re: O genial que existe em nós
« Resposta #7 Online: 18 de Julho de 2011, 22:08:29 »
Oba, minhas notas estão na média das dos milionários. :hihi:

Edit: Deveriam mostrado também a porcentagem de alunos milionários por nota na faculdade para que fosse mais fácil analisar os resultados (garanto que a porcentagem de pessoas com 7,5 é muito maior que as com 9).

Pessoalmente, acredito que os dados apresentados bastam. Não deixa de ser curioso essa obsessão com o desempenho acadêmico dos milionários, uma vez que uma grande inteligência analítica não aparenta ser a causa principal típica da construção de um grande patrimônio. Quem ainda insiste bater nessa tecla, sugiro que veja a história de Christopher Langan - um homem de QI de 195 - no livro Fora de Série de Malcolm Gladwell. Ou se quiser ver a sua história resumida, acesse a reportagem desse link:
http://super.abril.com.br/ciencia/sucesso-584272.shtml   
« Última modificação: 18 de Julho de 2011, 22:14:37 por -Huxley- »

Offline Geotecton

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Re: O genial que existe em nós
« Resposta #8 Online: 18 de Julho de 2011, 22:55:18 »
Pessoalmente, acredito que os dados apresentados bastam. Não deixa de ser curioso essa obsessão com o desempenho acadêmico dos milionários, uma vez que uma grande inteligência analítica não aparenta ser a causa principal típica da construção de um grande patrimônio. Quem ainda insiste bater nessa tecla, sugiro que veja a história de Christopher Langan - um homem de QI de 195 - no livro Fora de Série de Malcolm Gladwell. Ou se quiser ver a sua história resumida, acesse a reportagem desse link:
http://super.abril.com.br/ciencia/sucesso-584272.shtml   

Eu conheço pelo menos dois casos de pessoas com QIs medianos e que hoje são milionários na faixa das dezenas.
Foto USGS

Offline Cumpadi

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Re: O genial que existe em nós
« Resposta #9 Online: 18 de Julho de 2011, 23:01:57 »
Ok, mas o que eu gostaria mesmo é de ver os dados. :)
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Offline Geotecton

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Re: O genial que existe em nós
« Resposta #10 Online: 18 de Julho de 2011, 23:12:47 »
Ok, mas o que eu gostaria mesmo é de ver os dados. :)

Como por exemplo?
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Offline Cumpadi

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Re: O genial que existe em nós
« Resposta #11 Online: 18 de Julho de 2011, 23:54:58 »

"Deveriam mostrado também a porcentagem de alunos milionários por nota na faculdade para que fosse mais fácil analisar os resultados (garanto que a porcentagem de pessoas com 7,5 é muito maior que as com 9)."- por mim.
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Re: O genial que existe em nós
« Resposta #12 Online: 19 de Julho de 2011, 10:49:06 »
Pessoalmente, acredito que os dados apresentados bastam. Não deixa de ser curioso essa obsessão com o desempenho acadêmico dos milionários, uma vez que uma grande inteligência analítica não aparenta ser a causa principal típica da construção de um grande patrimônio. Quem ainda insiste bater nessa tecla, sugiro que veja a história de Christopher Langan - um homem de QI de 195 - no livro Fora de Série de Malcolm Gladwell. Ou se quiser ver a sua história resumida, acesse a reportagem desse link:
http://super.abril.com.br/ciencia/sucesso-584272.shtml   

Eu conheço pelo menos dois casos de pessoas com QIs medianos e que hoje são milionários na faixa das dezenas.

Se for procurar pelos casos mais extremos e raros, coisas bem mais surpreendentes que isso aparecem. No livro Investimento Inteligentes, Gustavo Cerbasi, considerado o consultor de finanças pessoais mais influente do Brasil, afirma que existem milionários no nosso país que sequer sabem assinar o nome.
« Última modificação: 19 de Julho de 2011, 10:53:44 por -Huxley- »

Offline Geotecton

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Re: O genial que existe em nós
« Resposta #13 Online: 22 de Julho de 2011, 22:10:17 »
Eu conheço pelo menos dois casos de pessoas com QIs medianos e que hoje são milionários na faixa das dezenas.
Se for procurar pelos casos mais extremos e raros, coisas bem mais surpreendentes que isso aparecem. No livro Investimento Inteligentes, Gustavo Cerbasi, considerado o consultor de finanças pessoais mais influente do Brasil, afirma que existem milionários no nosso país que sequer sabem assinar o nome.

Exatamente por isto é que eu tenho reservas quando leio clichês e afirmações sobre "genialidade" no setor das finanças, pois são frequentes os casos onde o "sucesso" foi feito às expensas do "sangue" e da vida financeira e familiar de muitas pessoas.
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Re: O genial que existe em nós
« Resposta #14 Online: 23 de Julho de 2011, 13:28:50 »
Eu conheço pelo menos dois casos de pessoas com QIs medianos e que hoje são milionários na faixa das dezenas.
Se for procurar pelos casos mais extremos e raros, coisas bem mais surpreendentes que isso aparecem. No livro Investimento Inteligentes, Gustavo Cerbasi, considerado o consultor de finanças pessoais mais influente do Brasil, afirma que existem milionários no nosso país que sequer sabem assinar o nome.

Exatamente por isto é que eu tenho reservas quando leio clichês e afirmações sobre "genialidade" no setor das finanças, pois são frequentes os casos onde o "sucesso" foi feito às expensas do "sangue" e da vida financeira e familiar de muitas pessoas.

Não acredito que seja tão frequente a ponto de invalidar a ideia da renda recebida como o melhor indicador objetivo de sucesso profissional (com provável exceção para o caso dos esportes e da política). Se não é a renda, qual indicador seria o melhor?

Embora existam estelionatários que se tornaram milionários legalmente, não acredito que isso seja tão fácil. Se assim fosse, a maioria dos desonestos virariam maquiavélicos financeiramente bem-sucedidos. Dada a união das pessoas contra a desonestidade e o grau típico de viralidade de uma denúncia na era da informação, até para ser um maquiavélico bem-sucedido precisa ter um talento notável.

Vale lembrar que a estratégia “vencer o jogo, em vez de jogá-lo” também é usada em competições e pode ocorrer sem desonestidade. Para entender isso, basta conhecer a biografia de Timothy Ferriss e descobrir como ele ganhou um campeonato de kickboxing na China...Sem qualquer genialidade e violação de regras e com muito menos experiência que seus adversários.
« Última modificação: 23 de Julho de 2011, 16:13:02 por -Huxley- »

Offline Feliperj

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Re: O genial que existe em nós
« Resposta #15 Online: 23 de Julho de 2011, 17:36:11 »
Resumo : cada caso é um caso. :hihi:

Offline -Huxley-

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Re:O genial que existe em nós
« Resposta #16 Online: 27 de Outubro de 2011, 00:22:55 »
Pensando em outras abordagens para o tema bordado por David Shenk, li recentemente algo que me trouxe mais luz a essa pergunta intrigante:

Na ausência de empecilhos genéticos e ambientais, a presença ou ausência do sucesso pode ser uma mera questão de mérito pessoal?

Vejam um trecho da reportagem da Veja chamada Por Obra do Acaso, onde é feita a resenha do livro O Andar do Bêbado, de Leonard Mlodinow.

“A ilusão de que temos o conhecimento necessário para controlar as variáveis mais doidas do mundo cotidiano - como os números de uma roleta - provoca equívocos nas mais diversas atividades. Em todos os esportes profissionais, o técnico de um time costuma ser responsabilizado quando amarga várias derrotas sucessivas. É comum que ele seja demitido e substituído por outro. Economistas já fizeram análises rigorosas dos resultados obtidos por equipes que mudaram de técnico e chegaram a uma conclusão que surpreende torcedores e cartolas: a mudança não faz diferença, porque, com perdão do trocadilho, há muitas outras coisas em jogo. Hollywood também nutre uma crença insensata nos poderes divinatórios de seus executivos para produzir estouros de bilheteria. Mlodinow lembra o caso de Sherry Lansing, que presidiu o estúdio Paramount ao tempo em que este lançou sucessos gigantescos como Titanic e Coração Valente - mas acabou demitida em 2004, depois de uns poucos anos de maus resultados. Os filmes que Sherry deixou no forno ao sair, como Guerra dos Mundos, voltaram a dar lucro. A preferência do espectador por este ou aquele filme (ou livro, ou novela, ou candidato político) está sujeita a tantos fatores arbitrários que ninguém sabe de fato prevê-la, argumenta Mlodinow.

[...]

A recente crise evidenciou o que os economistas comportamentais já afirmavam: as tendências do passado no mercado não oferecem nenhuma base para fazer previsões sobre o futuro.[...] Os novos gurus são aqueles que consideram a força do acaso na economia, como o investidor Nassim Taleb, estudioso da probabilística.”

http://veja.abril.com.br/120809/obra-acaso-p-148.shtml

Outra resenha ainda melhor é feita no blog Não Posso Evitar:
http://www.naopossoevitar.com.br/2009/02/the-drunkards-walk-o-que-aconteceu-por-acaso.html

É claro que sucessivas tentativas podem diminuir a chance de fracasso. Como Mlodinow diz no seu livro: “se quiser ser bem-sucedido, duplique a sua taxa de fracassos”. Todavia, aquela história de que existe uma “fórmula garantida do sucesso” parece ser otimista demais, mesmo no melhor dos mundos possíveis.

De qualquer forma, eu fiquei interessado no livro do físico americano, uma obra cuja existência fiquei sabendo através de um tópico do CC.
« Última modificação: 27 de Outubro de 2011, 00:46:24 por -Huxley- »

Offline Cumpadi

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Re:O genial que existe em nós
« Resposta #17 Online: 27 de Outubro de 2011, 00:40:15 »
Só discordo do "nenhuma base para fazer previsões". Claro que há uma quantidade imensurável de variáveis, mas isso não quer dizer que uma delas não possa ter uma influência notória em um determinado evento.
http://tomwoods.com . Venezuela, pode ir que estamos logo atrás.

Offline -Huxley-

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Re:O genial que existe em nós
« Resposta #18 Online: 27 de Outubro de 2011, 12:50:54 »
Só discordo do "nenhuma base para fazer previsões". Claro que há uma quantidade imensurável de variáveis, mas isso não quer dizer que uma delas não possa ter uma influência notória em um determinado evento.

Se na economia existem previsões, elas provavelmente não são previsões científicas, que são específicas e de risco (como a previsão que a Física faz acerca da posição futura de um planeta em órbita sem apelar a uma margem de erro enorme). Muitos economistas trabalham com o conceito de incerteza não-probabilística, não de risco (que é probabilístico). Os economistas que trabalham com o conceito rejeitam o princípio da ergodicidade que, por sua vez, está relacionado a sistemas nos quais a evolução futura pode ser prevista através de cálculos probabilísticos, desde que o evento possa ser repetido.

Concluir que “uma das variáveis pode ter uma influência notória em um determinado evento” não garante que: (1) você pode isolar influências  “estranhas” à frente do tempo para agentes econômicos; (2) você pode fazer uma previsão muito além do termo curto imediato; isso incluiria, por exemplo, prever com qualquer grau razoável de acerto quais serão, nos próximos cinco anos, as receita de uma empresa, as suas margens de lucro líquida, as taxas de juros representativa da economia, etc.

Ademais, vale ressaltar que não considerei na análise acima o caso das retrodições (ou “predições para o passado”, como as que ocorrem na biologia evolutiva). Fiz isso porque estamos tratando aqui dos argumentos que tentam validar a ideia de que fracasso ou sucesso estão sujeitos a forças que nenhum sistema ou indivíduo pode controlar plenamente.
« Última modificação: 27 de Outubro de 2011, 13:19:59 por -Huxley- »

Offline Buckaroo Banzai

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Re:O genial que existe em nós
« Resposta #19 Online: 07 de Junho de 2018, 16:39:04 »
•   Um experimento muito famoso mostra a importância do autocontrole (autodisciplina e capacidade de adiar a satisfação) para o sucesso. Pegando o trecho de outro texto para resumir a informação dada por Shenk: “O teste do marshmallow, feito na Universidade Stanford na década de 1960, é o melhor exemplo que se tem sobre a ocorrência de autocontrole. Psicólogos ofereciam a crianças um grande marshmallow e davam a elas a opção de comê-lo imediatamente ou esperar um tempinho enquanto os psicólogos saíssem da sala. Se as crianças esperassem, ganhariam de recompensa um segundo marshmallow. Apenas um terço das crianças aguentava esperar, o resto comia o doce afoitamente. Depois, os pesquisadores acompanharam o desempenho dessas crianças nas décadas seguintes. Aquelas que haviam esperado pelo segundo doce tinham tirado notas mais altas no vestibular e tinham mais amigos. Depois de anos estudando esse grupo de voluntários, concluiu-se que a capacidade de manter o autocontrole previa com muito mais precisão a ocorrência de sucesso e ajustamento - era mais eficiente do que QI ou condição social, por exemplo.”: http://super.abril.com.br/ciencia/sucesso-584272.shtml

Esse experimento foi posto em questão por um mais recente, com mais de 900 sujeitos em vez de apenas 90. Segundo o texto d'The Atlantic, classe econômica é bem mais significativo do que a aparente diferença em auto-controle capturada no experimento do marshmallow.

https://www.theatlantic.com/family/archive/2018/06/marshmallow-test/56177

Citar
http://journals.sagepub.com/doi/abs/10.1177/0956797618761661

Revisiting the Marshmallow Test: A Conceptual Replication Investigating Links Between Early Delay of Gratification and Later Outcomes
Tyler W. Watts, Greg J. Duncan, Haonan Quan First Published May 25, 2018

Abstract

We replicated and extended Shoda, Mischel, and Peake’s (1990) famous marshmallow study, which showed strong bivariate correlations between a child’s ability to delay gratification just before entering school and both adolescent achievement and socioemotional behaviors. Concentrating on children whose mothers had not completed college, we found that an additional minute waited at age 4 predicted a gain of approximately one tenth of a standard deviation in achievement at age 15. But this bivariate correlation was only half the size of those reported in the original studies and was reduced by two thirds in the presence of controls for family background, early cognitive ability, and the home environment. Most of the variation in adolescent achievement came from being able to wait at least 20 s. Associations between delay time and measures of behavioral outcomes at age 15 were much smaller and rarely statistically significant.

[...]



Discussion

[...]

It surprised us that for the children of nondegreed mothers, most of the achievement boost for early delay ability was gained by waiting a mere 20 s. Shoda et al. (1990) argued that the relationship between delay of gratification and academic achievement might be driven by the ability to generate useful metacognitive strategies that will influence self-regulation throughout one’s life. Such strategies are unlikely to have played much of a role in a child’s ability to wait for only 20 s. Instead, our findings suggest that impulse control may be a key mechanism, although post hoc inclusion of an explicit measure  of  impulse  control  explained  some  but  cer-tainly not most of the delay-of-gratification effect.

These results create further questions regarding what the marshmallow test might measure and how it relates to the umbrella construct of self-control. We observed that delay of gratification was strongly correlated with concurrent measures of cognitive ability, and control-ling for a composite measure of self-control explained only about 25% of our reported effects on achievement. These  results  suggest  that  the  marshmallow  test  may  capture  something  rather  distinct  from  self-control.  Indeed, Duckworth and colleagues (2013) also investi-gated the relations among delay of gratification, self-control, and intelligence using the data employed here, and they found that both self-control and intelligence mediated the relation between early delay ability and later outcomes. Our results further suggest that simply viewing delay of gratification as a component of self-control  may  oversimplify  how  it  operates  in  young  children.

When  considering  how  our  results  might  inform  intervention development, recall that models with controls  for  concurrent  measures  of  cognitive  skills  and  behavior  reduced  the  association  between  delay  of  gratification  and  age-15  achievement  to  nearly  zero.  This implies that an intervention that altered a child’s ability to delay but failed to change more general cog-nitive and behavioral capacities would likely have lim-ited effects on later outcomes. If intervention developers hope  to  generate  program  impacts  that  replicate  the  long-term  marshmallow  test  findings,  targeting  the  broader  cognitive  and  behavioral  abilities  related  to  delay of gratification might prove more fruitful.

[...]



http://www.wbur.org/radioboston/2018/05/31/marshmallow-test-revisited

 

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