Autor Tópico: Teoria das janelas partidas  (Lida 1843 vezes)

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Offline Südenbauer

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Teoria das janelas partidas
« Online: 06 de Julho de 2011, 23:27:08 »
TEORIA DAS JANELAS PARTIDAS
Artigo baseado no livro “Broken Windows” by James Q. Wilson and George L. Kelling

Em 1969, na Universidade de Stanford (EUA), o Prof. Phillip Zimbardo realizou uma experiência de psicologia social. Deixou duas viaturas abandonadas na via pública, duas viaturas idênticas, da mesma marca, modelo e até cor. Uma deixou em Bronx, na altura de uma zona pobre e conflituosa de Nova York e a outra em Palo Alto, uma zona rica e tranquila da Califórnia. Duas viaturas idênticas abandonadas, dois bairros com populações muito diferentes e uma equipe de especialistas em Psicologia Social estudando as condutas das pessoas em cada sítio.

Resultou que a viatura abandonada em Bronx começou a ser vandalizada em poucas horas. Perdeu as rodas, o motor, os espelhos, o rádio, etc. Levaram tudo o que fosse aproveitável e aquilo que não puderam levar, destruíram. Contrariamente, a viatura abandonada em Palo Alto manteve-se intacta.

É comum atribuir à pobreza as causas de delito. Atribuição em que coincidem as posições ideológicas mais conservadoras, (da direita e esquerda). Contudo, a experiência em questão não terminou aí, quando a viatura abandonada em Bronx já estava desfeita e a de Palo Alto estava há uma semana impecável, os investigadores partiram um vidro do automóvel de Palo Alto.

O resultado foi que se desencadeou o mesmo processo que o de Bronx, e o roubo, a violência e o vandalismo reduziram o veículo ao mesmo estado que o do bairro pobre. Por que que o vidro partido na viatura abandonada num bairro supostamente seguro, é capaz de disparar todo um processo delituoso? Não se trata de pobreza. Evidentemente é algo que tem que ver com a psicologia humana e com as relações sociais.

Um vidro partido numa viatura abandonada transmite uma ideia de deterioração, de desinteresse, de despreocupação que vai quebrar os códigos de convivência, como de ausência de lei, de normas, de regras, como que vale tudo. Cada novo ataque que a viatura sofre reafirma e multiplica essa ideia, até que a escalada de atos cada vez piores, se torna incontrolável, desembocando numa violência irracional.

Em experiências posteriores (James Q. Wilson e George Kelling), desenvolveram a ‘Teoria das Janelas Partidas’, a mesma que de um ponto de vista criminalístico, conclui que o delito é maior nas zonas onde o descuido, a sujidade, a desordem e o maltrato são maiores. Se se parte um vidro de uma janela de um edifício e ninguém o repara, muito rapidamente estarão partidos todos os demais. Se uma comunidade exibe sinais de deterioração e isto parece não importar a ninguém, então ali se gerará o delito.

Se se cometem ‘pequenas faltas’ (estacionar em lugar proibido, exceder o limite de velocidade ou passar um semáforo vermelho) e as mesmas não são sancionadas, então começam as faltas maiores e logo delitos cada vez mais graves. Se se permitem atitudes violentas como algo normal no desenvolvimento das crianças, o padrão de desenvolvimento será de maior violência quando estas pessoas forem adultas.

Se os parques e outros espaços públicos deteriorados são progressivamente abandonados pela maioria das pessoas (que deixa de sair das suas casas por temor a criminalidade), estes mesmos espaços abandonados pelas pessoas são progressivamente ocupados pelos delinquentes.

A Teoria das Janelas Partidas foi aplicada pela primeira vez em meados da década de 80 no metrô de Nova York, o qual se havia convertido no ponto mais perigoso da cidade. Começou-se por combater as pequenas transgressões: graffitis deteriorando o lugar, sujidade das estacões, ebriedade entre o público, evasões ao pagamento de passagem, pequenos roubos e desordens. Os resultados foram evidentes. Começando pelo pequeno conseguiu-se fazer do metrô um lugar seguro.

Posteriormente, em 1994, Rudolph Giuliani, prefeito de Nova York, baseado na Teoria das Janelas Partidas e na experiência do metrô, impulsionou uma política de ‘Tolerância Zero’. A estratégia consistia em criar comunidades limpas e ordenadas, não permitindo transgressões à Lei e às normas de convivência urbana. O resultado prático foi uma enorme redução de todos os índices criminais da cidade de Nova York.

A expressão ‘Tolerância Zero’ soa como uma espécie de solução autoritária e repressiva, mas o seu conceito principal é muito mais a prevenção e promoção de condições sociais de segurança. Não se trata de linchar o delinquente, nem da prepotência da polícia, de fato, a respeito dos abusos de autoridade deve também aplicar-se a tolerância zero.

Não é tolerância zero em relação à pessoa que comete o delito, mas tolerância zero em relação ao próprio delito. Trata-se de criar comunidades limpas, ordenadas, respeitosas da lei e dos códigos básicos da convivência social humana.

http://www.ataliba.eti.br/content/teoria-das-janelas-partidas?utm_source=twitterfeed&utm_medium=twitter&utm_campaign=Feed%3A+AtalibaTeixeiraWebSite-Blog+%28Ataliba+Teixeira%29&utm_content=Twitter

Offline Geotecton

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Re: Teoria das janelas partidas
« Resposta #1 Online: 07 de Julho de 2011, 00:20:45 »
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TEORIA DAS JANELAS PARTIDAS
Artigo baseado no livro “Broken Windows” by James Q. Wilson and George L. Kelling
[...]
Contudo, a experiência em questão não terminou aí, quando a viatura abandonada em Bronx já estava desfeita e a de Palo Alto estava há uma semana impecável, os investigadores partiram um vidro do automóvel de Palo Alto.

O resultado foi que se desencadeou o mesmo processo que o de Bronx, e o roubo, a violência e o vandalismo reduziram o veículo ao mesmo estado que o do bairro pobre. Por que que o vidro partido na viatura abandonada num bairro supostamente seguro, é capaz de disparar todo um processo delituoso? Não se trata de pobreza. Evidentemente é algo que tem que ver com a psicologia humana e com as relações sociais.
[...]

Sem ter lido nada mais a respeito, eu pergunto:

Os veículos depredados tanto em Palo Alto como no Bronx foram vandalizados pelas respectivas populações locais?
Foto USGS

Offline rizk

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Re: Teoria das janelas partidas
« Resposta #2 Online: 09 de Julho de 2011, 22:27:07 »
A teoria das janelas quebradas é, basicamente, "quem rouba uma agulha rouba um avião" com roupagem acadêmica. 

Propõe que desordem e crime andam juntos, e que, portanto, a tolerância para com os pequenos delitos leva aos grandes crimes.

O que é problemático é o seguinte:
1) A queda da violencia nas estatísticas de NY não comprova nada. Houve uma queda na criminalidade de quase todas as grandes cidades dos EUA na década de 90. Tem gente que diz até que essa queda se relaciona com a legalização do aborto na década de 70 (menos jovens nas ruas).
2) DESORDEM E CRIME NAO ANDAM JUNTOS. A desordem pode ser temporária, como é aqui em SP em época de Virada Cultural, ou pode ser crônica, como acontece nas vizinhanças pobres. Agora, pergunta lá na favela comandada pelo tráfico, em que tem Tribunal do PCC em que eles torturam e matam quem estupra menina da comunidade, se lá existe desordem - lá existe mais ordem que aqui.

Isso de janela quebrada ou é muita ingenuidade, ou é muita má-fé. IMHO.

Offline Geotecton

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Re: Teoria das janelas partidas
« Resposta #3 Online: 09 de Julho de 2011, 23:30:29 »
A teoria das janelas quebradas é, basicamente, "quem rouba uma agulha rouba um avião" com roupagem acadêmica. 
[...]
Isso de janela quebrada ou é muita ingenuidade, ou é muita má-fé. IMHO.

Então voce não ve nenhuma relação causal entre uma ampla ação de repressão de pequenos a grandes delitos e a diminuição da criminalidade nas comunidades onde o Estado está presente?
Foto USGS

Offline _tiago

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Re: Teoria das janelas partidas
« Resposta #4 Online: 10 de Julho de 2011, 09:52:26 »
Nas favelas tomadas pelo tráfico existe um novo poder que impõem a sua ordem. É uma situação local que é desordem (se for esse um termo adequado!) se comparada com quem de direito deveria exercer o poder.
Ou seja, o tráfico mantém a ordem em decorrência da desordem do estado em cuidar daquela região.

Offline Cumpadi

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Re: Teoria das janelas partidas
« Resposta #5 Online: 10 de Julho de 2011, 12:38:53 »
Certa vez deixaram um carro embaixo do meu prédio com um pneu furado e abandonado, resultado: ninguém vandalizou o carro e ele foi levado pela polícia depois. E agora? Essa teoria só serve para janelas?
http://tomwoods.com . Venezuela, pode ir que estamos logo atrás.

Offline 3libras

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Re: Teoria das janelas partidas
« Resposta #6 Online: 10 de Julho de 2011, 13:17:24 »
2 carros em 2 bairros produziriam um experiento significativo?

penso que não.
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Offline rizk

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Re: Teoria das janelas partidas
« Resposta #7 Online: 10 de Julho de 2011, 22:44:27 »
Então voce não ve nenhuma relação causal entre uma ampla ação de repressão de pequenos a grandes delitos e a diminuição da criminalidade nas comunidades onde o Estado está presente?
Sim, entendo que existe relação causal entre ação de repressão a crimes e redução da criminalidade. Parece óbvio. Talvez nao tenha entendido direito, porque, parece-me, que isso não tem nada a ver com as janelas quebradas.

As estatísticas, como disse, indicam queda da criminalidade em várias metrópoles. E a cidade de NY utilizou várias outras medidas além da política das janelas quebradas.

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Crime in New York City was high in the 1980s during the Mayor Edward I. Koch years, as the crack epidemic hit New York City, and peaked in 1990,[2] the first year of Mayor David Dinkins' administration (1990–1994). During the administration of Mayor Rudolph Giuliani (1994–2002), there was a precipitous drop in crime in his first term, continuing at a slower rate in both his second term and under Mayor Michael Bloomberg (2002–present). Many commentators have suggested that the New York City Police Department's adoption of CompStat, broken windows policing, and other strategies during the administration of Rudolph Giuliani were responsible for the drop in crime, some studies argued that the dramatic reduction in crime was strongly correlated with the increases in the number of police officers that started under Mayor Dinkins and continued through the Giuliani administration.

Freakonomics, authors Steven Levitt and Steven Dubner attribute the drop in crime to the legalization of abortion in the seventies, as they suggest that many of the would-be neglected children and criminals were never born. On the other hand Malcolm Gladwell in his book The Tipping Point argues that crime was an epidemic and a small reduction by the police was enough to tip the balance.

http://en.wikipedia.org/wiki/Crime_in_New_York_City

Citar
While the crime rate had risen sharply in the late 1960s and early 1970s, bringing it to a constant all-time high during much of the 1980s, it has declined steeply since 1993. One hypothesis suggests a causal link between legalized abortion and the drop in crime during the 1990s.[7] Another possibility sometimes suggested is the introduction of the Three Strikes Law, which was first passed by Washington state in 1993, providing that felony offenders who committed a third offence receive life imprisonment.

Crimes violentos nos EUA: http://en.wikipedia.org/wiki/Crime_in_the_United_States

Então, veja. Isso de teoria das janelas quebradas é furada. Independentemente do lado por que se olha. Os números não indicam, de maneira alguma, que ela tenha tido qualquer impacto na redução do crime. Já quanto à relação entre desordem e crime, o Tiago G anota:

Nas favelas tomadas pelo tráfico existe um novo poder que impõem a sua ordem. É uma situação local que é desordem (se for esse um termo adequado!) se comparada com quem de direito deveria exercer o poder.
Ou seja, o tráfico mantém a ordem em decorrência da desordem do estado em cuidar daquela região.

Sem dúvida, o crime organizado ocupa um lugar que não é dele. Mas a gente tem que ser honesto e trabalhar com o que tem: há comunidades carentes em que não tem água, não tem esgoto, não tem escola, não tem PS e a polícia não aparece. O Estado lá está ausente, e era o Estado quem de direito devia exercer o poder ali.
Se não houvesse o crime organizado, seria a ANOMIA. Nao ia ter lei e ordem, ia ser a luta de todos contra todos TOTAL. Mas é, PASME, o crime organizado que traz algum tipo de civilização para aquelas comunidades. Se for pensar... afe, o traficante é tipo o suserano ali do pedaço. Até assusta falar um negócio desses. Funciona como um domínio feudal.
Isso passa LONGE de desordem e, sinceramente, não consigo nem pensar em coisa mais CRIMINOSA que um setor para-estatal usurpando o lugar do Estado.
Gente, durma-se com um barulho desses!  :susto:

Offline Buckaroo Banzai

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Re: Teoria das janelas partidas
« Resposta #8 Online: 11 de Julho de 2011, 00:12:02 »
A teoria das janelas quebradas é, basicamente, "quem rouba uma agulha rouba um avião" com roupagem acadêmica. 

Propõe que desordem e crime andam juntos, e que, portanto, a tolerância para com os pequenos delitos leva aos grandes crimes.

Olha, que eu saiba não é bem o caso descrito na primeira frase e mais gradual/indireto do que na segunda.

Quem comete os variados tipos de crimes não são necessariamente as mesmas pessoas, o que acontece principalmente é que o ambiente de impunidade em relação aos menores dá um ar de segurança para que sejam cometidos aqueles progressivamente maiores, não necessariamente pelos perpetradores dos menores, embora isso também eventualmente possa ocorrer.



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O que é problemático é o seguinte:
1) A queda da violencia nas estatísticas de NY não comprova nada. [...]

Eu não sei o quanto tem exatamente de suporte, nem realmente deposito muita confiança nessa atribuição que fazem à "tolerância zero" pelos motivos que você mesma disse. Mas por outro lado há coisas como, se não me engano, simplesmente mais iluminação pública tornar um lugar mais seguro.

O principal ponto de qualquer forma talvez seja apenas presença  ou relativa ausência do estado/polícia num local, nem tanto o zelo por crimes menores. Tendo recurso para cuidar de grande parte desses, parece lógico que não vai faltar recurso para os mais sérios, isso deve mesmo ser o mais importante. Mas também não sei se dá para descartar a percepção dos bandidos disso como indicativo de um território onde há menor chance de serem pegos. Bandidos de qualquer nível de crime, com um efeito cascata para crimes progressivamente piores, conforme não forem sendo coibidos pelas autoridades.


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2) DESORDEM E CRIME NAO ANDAM JUNTOS. A desordem pode ser temporária, como é aqui em SP em época de Virada Cultural, ou pode ser crônica, como acontece nas vizinhanças pobres. Agora, pergunta lá na favela comandada pelo tráfico, em que tem Tribunal do PCC em que eles torturam e matam quem estupra menina da comunidade, se lá existe desordem - lá existe mais ordem que aqui.

Eu não acho que o domínio de uma gangue violenta exercendo um papel análogo ao da autoridade do estado e coibindo crimes menores por não-associados é necessariamente uma refutação desse "fenômeno". Talvez possa ser visto justamente como uma aceitação intuitiva do fenômeno, sendo usado como uma demonstração de poder para intimidação de eventuais concorrentes de menor porte.

Offline rizk

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Re: Teoria das janelas partidas
« Resposta #9 Online: 11 de Julho de 2011, 17:36:21 »
A teoria das janelas quebradas é, basicamente, "quem rouba uma agulha rouba um avião" com roupagem acadêmica. 

Propõe que desordem e crime andam juntos, e que, portanto, a tolerância para com os pequenos delitos leva aos grandes crimes.

Olha, que eu saiba não é bem o caso descrito na primeira frase e mais gradual/indireto do que na segunda.

Quem comete os variados tipos de crimes não são necessariamente as mesmas pessoas, o que acontece principalmente é que o ambiente de impunidade em relação aos menores dá um ar de segurança para que sejam cometidos aqueles progressivamente maiores, não necessariamente pelos perpetradores dos menores, embora isso também eventualmente possa ocorrer.
Ui, fiz um espantalho. Mals.
E agora que você formulou desse jeito, apareceu pra mim uma TERCEIRA objeção.
Essa política das janelas quebradas serve, realmente pra reduzir criminalidade, ou pra criar uma falsa sensação de segurança na populaçao enquanto os crimes "de colarinho branco" continuam impunes?
Isso é especialmente preocupante porque, embora não seja o caso do Estado de Nova Iorque, em muitos outros vige a lei dos "Three Strikes", que, pelo que entendo, condena à prisão perpétua quem reincide duas vezes.
Aí pega o nego que cometeu três crimes menores, e afasta ele, pra todo o sempre, dos "cidadãos de bem".

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O que é problemático é o seguinte:
1) A queda da violencia nas estatísticas de NY não comprova nada. [...]

Eu não sei o quanto tem exatamente de suporte, nem realmente deposito muita confiança nessa atribuição que fazem à "tolerância zero" pelos motivos que você mesma disse. Mas por outro lado há coisas como, se não me engano, simplesmente mais iluminação pública tornar um lugar mais seguro.

O principal ponto de qualquer forma talvez seja apenas presença  ou relativa ausência do estado/polícia num local, nem tanto o zelo por crimes menores. Tendo recurso para cuidar de grande parte desses, parece lógico que não vai faltar recurso para os mais sérios, isso deve mesmo ser o mais importante. Mas também não sei se dá para descartar a percepção dos bandidos disso como indicativo de um território onde há menor chance de serem pegos. Bandidos de qualquer nível de crime, com um efeito cascata para crimes progressivamente piores, conforme não forem sendo coibidos pelas autoridades.

Com certeza! Mas não podemos atribuir isso à política das janelas quebradas, concorda? Esse efeito também se alcança com mais policiamento ostensivo, mais câmeras de segurança (mesmo as particulares), até mesmo mais POSTES DE LUZ, como você disse.


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2) DESORDEM E CRIME NAO ANDAM JUNTOS. A desordem pode ser temporária, como é aqui em SP em época de Virada Cultural, ou pode ser crônica, como acontece nas vizinhanças pobres. Agora, pergunta lá na favela comandada pelo tráfico, em que tem Tribunal do PCC em que eles torturam e matam quem estupra menina da comunidade, se lá existe desordem - lá existe mais ordem que aqui.

Eu não acho que o domínio de uma gangue violenta exercendo um papel análogo ao da autoridade do estado e coibindo crimes menores por não-associados é necessariamente uma refutação desse "fenômeno". Talvez possa ser visto justamente como uma aceitação intuitiva do fenômeno, sendo usado como uma demonstração de poder para intimidação de eventuais concorrentes de menor porte.
Pelo que a gente sabe do PCC em São Paulo, eles punem crimes cometidos também por quem é de dentro do partido. Mas é o único caso que tenho. Não sei, preciso estudar mais.

Offline DDV

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Re: Teoria das janelas partidas
« Resposta #10 Online: 11 de Julho de 2011, 19:26:00 »
A teoria das janelas quebradas é, basicamente, "quem rouba uma agulha rouba um avião" com roupagem acadêmica. 

Propõe que desordem e crime andam juntos, e que, portanto, a tolerância para com os pequenos delitos leva aos grandes crimes.

Olha, que eu saiba não é bem o caso descrito na primeira frase e mais gradual/indireto do que na segunda.

Quem comete os variados tipos de crimes não são necessariamente as mesmas pessoas, o que acontece principalmente é que o ambiente de impunidade em relação aos menores dá um ar de segurança para que sejam cometidos aqueles progressivamente maiores, não necessariamente pelos perpetradores dos menores, embora isso também eventualmente possa ocorrer.
Ui, fiz um espantalho. Mals.
E agora que você formulou desse jeito, apareceu pra mim uma TERCEIRA objeção.
Essa política das janelas quebradas serve, realmente pra reduzir criminalidade, ou pra criar uma falsa sensação de segurança na populaçao enquanto os crimes "de colarinho branco" continuam impunes?

É impressão minha ou você está sugerindo que se os crimes do colarinho branco não forem punidos corretamente, os demais também não devem?

No raciocínio da maioria das pessoas, quanto menos crimes ficarem impunes, melhor. Essa idéia de "se não punir tudo, não se deve punir nada" me é nova.


Citação de: rizk
Isso é especialmente preocupante porque, embora não seja o caso do Estado de Nova Iorque, em muitos outros vige a lei dos "Three Strikes", que, pelo que entendo, condena à prisão perpétua quem reincide duas vezes.
Aí pega o nego que cometeu três crimes menores, e afasta ele, pra todo o sempre, dos "cidadãos de bem".

Legal a medida, mas pelo o que eu vi, não é aplicada a "crimes menores"...

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Com certeza! Mas não podemos atribuir isso à política das janelas quebradas, concorda? Esse efeito também se alcança com mais policiamento ostensivo, mais câmeras de segurança (mesmo as particulares), até mesmo mais POSTES DE LUZ, como você disse.

O que adianta a polícia ser eficiente em prender e a justiça não punir? O Brasil está mais ou menos em uma situação dessa.


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Offline Diegojaf

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Re: Teoria das janelas partidas
« Resposta #11 Online: 11 de Julho de 2011, 20:59:42 »
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Three strikes laws are statutes enacted by state governments in the United States which require the state courts to hand down a mandatory and extended period of incarceration to persons who have been convicted of a serious criminal offense on three or more separate occasions. These statutes became very popular in the 1990s. Twenty four states have some form of habitual offender laws.
[...]

Violent and serious felonies are specifically listed in state laws. Violent offenses include murder, robbery of a residence in which a deadly or dangerous weapon is used, rape and other sex offenses; serious offenses include the same offenses defined as violent offenses, but also include other crimes such as burglary of a residence and assault with intent to commit a robbery or murder.
http://en.wikipedia.org/wiki/Three_strikes_law
"De tanto ver triunfar as nulidades; de tanto ver prosperar a desonra, de tanto ver crescer a injustiça. De tanto ver agigantarem-se os poderes nas mãos dos maus, o homem chega a desanimar-se da virtude, a rir-se da honra e a ter vergonha de ser honesto." - Rui Barbosa

http://umzumbipordia.blogspot.com - Porque a natureza te odeia e a epidemia zumbi é só a cereja no topo do delicioso sundae de horror que é a vida.

Offline rizk

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Re: Teoria das janelas partidas
« Resposta #12 Online: 11 de Julho de 2011, 23:24:53 »
Essa política das janelas quebradas serve, realmente pra reduzir criminalidade, ou pra criar uma falsa sensação de segurança na populaçao enquanto os crimes "de colarinho branco" continuam impunes?

É impressão minha ou você está sugerindo que se os crimes do colarinho branco não forem punidos corretamente, os demais também não devem?

No raciocínio da maioria das pessoas, quanto menos crimes ficarem impunes, melhor. Essa idéia de "se não punir tudo, não se deve punir nada" me é nova.
É impressão sua.

Estou falando de "sensação de insegurança", sabe, essas coisas que passam no programa do Datena e que deixam todas as famílias em polvorosa. Pegar os pequenos furtadores, pequenos traficantes, pequenos estelionatários, é coisa que faz a opinião pública ficar contente. É coisa que ganha voto.
Condenar sonegador de imposto, prefeito que frauda licitação, criminosos desse naipe, não ganha voto de ninguém.


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Citação de: rizk
Isso é especialmente preocupante porque, embora não seja o caso do Estado de Nova Iorque, em muitos outros vige a lei dos "Three Strikes", que, pelo que entendo, condena à prisão perpétua quem reincide duas vezes.
Aí pega o nego que cometeu três crimes menores, e afasta ele, pra todo o sempre, dos "cidadãos de bem".

Legal a medida, mas pelo o que eu vi, não é aplicada a "crimes menores"...

Estava ainda na lógica dos sonegadores de impostos. Por "menores" quis dizer "que atingem poucas pessoas": um roubo atinge o bolso de uma pessoa só; um sonegador de imposto deixa de construir uma ESCOLA, entende.
Eu não acho a medida legal, não. Parece-me que, se a pessoa já cumpriu a pena dela, a "dívida" está paga, não tem que ficar carregando pra sempre. Reincidência é muito complicado: o Estado vai e MARCA o cidadão, e essa marca sela o destino da pesso. É notória a dificuldade que os ex-presidiários têm pra se inserir na sociedade. 
Estou procurando sem sucesso um artigo sobre "labeling theory". Assim que achar eu posto. Fica a wikipedia:
http://en.wikipedia.org/wiki/Labeling_theory#The_.22criminal.22

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O que adianta a polícia ser eficiente em prender e a justiça não punir? O Brasil está mais ou menos em uma situação dessa.
É impressão minha ou você está sugerindo que o Judiciário tem que obedecer a polícia? Essa idéia de "se a polícia prende, o Judiciário tem que condenar" me é nova.   :D

De todo modo, o assunto não é Brasil né?

Offline DDV

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Re: Teoria das janelas partidas
« Resposta #13 Online: 12 de Julho de 2011, 01:10:10 »
Essa política das janelas quebradas serve, realmente pra reduzir criminalidade, ou pra criar uma falsa sensação de segurança na populaçao enquanto os crimes "de colarinho branco" continuam impunes?

É impressão minha ou você está sugerindo que se os crimes do colarinho branco não forem punidos corretamente, os demais também não devem?

No raciocínio da maioria das pessoas, quanto menos crimes ficarem impunes, melhor. Essa idéia de "se não punir tudo, não se deve punir nada" me é nova.
É impressão sua.

Estou falando de "sensação de insegurança", sabe, essas coisas que passam no programa do Datena e que deixam todas as famílias em polvorosa. Pegar os pequenos furtadores, pequenos traficantes, pequenos estelionatários, é coisa que faz a opinião pública ficar contente. É coisa que ganha voto.
Condenar sonegador de imposto, prefeito que frauda licitação, criminosos desse naipe, não ganha voto de ninguém.



Sim, e daí?


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Citação de: rizk
Isso é especialmente preocupante porque, embora não seja o caso do Estado de Nova Iorque, em muitos outros vige a lei dos "Three Strikes", que, pelo que entendo, condena à prisão perpétua quem reincide duas vezes.
Aí pega o nego que cometeu três crimes menores, e afasta ele, pra todo o sempre, dos "cidadãos de bem".

Legal a medida, mas pelo o que eu vi, não é aplicada a "crimes menores"...

Estava ainda na lógica dos sonegadores de impostos. Por "menores" quis dizer "que atingem poucas pessoas": um roubo atinge o bolso de uma pessoa só; um sonegador de imposto deixa de construir uma ESCOLA, entende.
Eu não acho a medida legal, não. Parece-me que, se a pessoa já cumpriu a pena dela, a "dívida" está paga, não tem que ficar carregando pra sempre. Reincidência é muito complicado: o Estado vai e MARCA o cidadão, e essa marca sela o destino da pesso. É notória a dificuldade que os ex-presidiários têm pra se inserir na sociedade. 
Estou procurando sem sucesso um artigo sobre "labeling theory". Assim que achar eu posto. Fica a wikipedia:
http://en.wikipedia.org/wiki/Labeling_theory#The_.22criminal.22

Onde eu li, crimes menores são crimes menores mesmo. A lei e todo mundo sabe o que são crimes menores e maiores.

E a medida faz completo sentido, pois uma pessoa que cumpre uma pena e volta a cometer crimes  está sinalizando que tem "talento" para a coisa, que é irrecuperável. Por isso penas progressivamente mais severas devem ser aplicadas.


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O que adianta a polícia ser eficiente em prender e a justiça não punir? O Brasil está mais ou menos em uma situação dessa.
É impressão minha ou você está sugerindo que o Judiciário tem que obedecer a polícia? Essa idéia de "se a polícia prende, o Judiciário tem que condenar" me é nova.   :D

De todo modo, o assunto não é Brasil né?

Na postagem anterior, você disse que deve ser investido em mais infra-estrutura de segurança pública ao mesmo tempo defendia penas mais frouxas. Daí a minha pergunta: o que adianta a polícia prender (eficiência policial, que tem a ver com a infraestrutura que você disse necessitar de mais investimentos) e a justiça não punir?

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Offline DDV

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Re: Teoria das janelas partidas
« Resposta #14 Online: 12 de Julho de 2011, 01:14:20 »
E mais: a frase abaixo é completamente falsa, ao menos no país onde eu vivo...

Citação de: rizk
Condenar sonegador de imposto, prefeito que frauda licitação, criminosos desse naipe, não ganha voto de ninguém


Os políticos não descuidam desses tipos de crimes por não darem votos, e sim por serem ELES os criminosos em questão.



Não acredite em quem lhe disser que a verdade não existe.

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Offline Buckaroo Banzai

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Re: Teoria das janelas partidas
« Resposta #15 Online: 12 de Julho de 2011, 16:14:53 »
Condenar sonegação dá para fazer propaganda boa sim, vide o caso da Daslu, e condenar fraudes ou coisas discutíveis em licitação também, vide o caso das revistas escolares e/ou a contratação do Nassif.

Offline rizk

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Re: Teoria das janelas partidas
« Resposta #16 Online: 12 de Julho de 2011, 20:01:29 »
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Estou falando de "sensação de insegurança", sabe, essas coisas que passam no programa do Datena e que deixam todas as famílias em polvorosa. Pegar os pequenos furtadores, pequenos traficantes, pequenos estelionatários, é coisa que faz a opinião pública ficar contente. É coisa que ganha voto.
Condenar sonegador de imposto, prefeito que frauda licitação, criminosos desse naipe, não ganha voto de ninguém.

Sim, e daí?
E daí você lê o que eu escrevi antes. Já te esclareci o que você perguntou. Faça a sua parte.
E vá destinar a sua grosseria para a digníssima senhora sua mãe, ou alternativamente o/a (ir)responsável que não te ensinou boas maneiras.

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A lei e todo mundo sabe o que são crimes menores e maiores.
Na lei não tem menção a crimes maiores e menores. Se alguém sabe, é você e a turma que assiste programa do Gil Gomes e do Datena.

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E a medida faz completo sentido, pois uma pessoa que cumpre uma pena e volta a cometer crimes  está sinalizando que tem "talento" para a coisa, que é irrecuperável. Por isso penas progressivamente mais severas devem ser aplicadas.
Quando se entende que o sistema penal serve pra RESSOCIALIZAR os criminosos, não faz sentido nenhum.
Se o indivíduo reincide, é porque o Estado falhou em recuperá-lo.
Por isso, deveríamos desconsiderar a reincidência. Ou aplicar penas progressivamente mais brandas.

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Na postagem anterior, você disse que deve ser investido em mais infra-estrutura de segurança pública ao mesmo tempo defendia penas mais frouxas. Daí a minha pergunta: o que adianta a polícia prender (eficiência policial, que tem a ver com a infraestrutura que você disse necessitar de mais investimentos) e a justiça não punir?
Segurança pública é uma coisa, política criminal é outra. Fica realmente complicado entender quando a gente confunde. PRESTENÇÃO. Policiamento ostensivo, iluminação pública, câmera de segurança, todas essas coisas PREVINEM o crime.
A polícia, o juiz e a cadeia vêm depois. Investimento em infraestrutura é bacana porque previne. O resto acontece DEPOIS do crime. Inclusive a eficiência da polícia em prender os criminosos.

Se o judiciário fosse condenar só porque a polícia prendeu, PRECISARÍAMOS de judiciário? Desce o cacete e executa ali o terreno baldio mesmo, né?


E as penas não têm nada a ver com isso. Eu nem lembro de ter falado sobre penas leves e não sei de onde você tirou. É a segunda vez neste tópico que você diz que eu disse o que eu não disse. Prestenção.
Mas fica aí pra próxima: dados do Ministério da Justiça mostram que a reincidência entre os que cumprem alternativas penais é de 1,6%, enquanto que a reincidência entre os que cumprem pena no cárcere é de 80%.

Offline rizk

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Re: Teoria das janelas partidas
« Resposta #17 Online: 12 de Julho de 2011, 20:17:24 »
E mais: a frase abaixo é completamente falsa, ao menos no país onde eu vivo...

Citação de: rizk
Condenar sonegador de imposto, prefeito que frauda licitação, criminosos desse naipe, não ganha voto de ninguém


Os políticos não descuidam desses tipos de crimes por não darem votos, e sim por serem ELES os criminosos em questão.
Ué. Se alardear a condenação de um corrupto desses não é interessante a um político porque poderia trazer à luz os seus próprios interesses escusos e perder popularidade junto aos eleitores, a frase não seria correta?
A não ser que você seja ingênuo e ache que magistrado não tem rabo preso com político. Aí tá bom. Ao menos no país em que eu vivo...

Condenar sonegação dá para fazer propaganda boa sim, vide o caso da Daslu, e condenar fraudes ou coisas discutíveis em licitação também, vide o caso das revistas escolares e/ou a contratação do Nassif.
Que dá, dá. Mas alguém usou a Eliana Tranchesi na campanha? "No nosso governo a lei vale para todos" ou sei lá? Se tivesse usado, você estima que teria ganhado quantos votos?

Offline Geotecton

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Re: Teoria das janelas partidas
« Resposta #18 Online: 12 de Julho de 2011, 20:35:57 »
Citação de: rizk
Estou falando de "sensação de insegurança", sabe, essas coisas que passam no programa do Datena e que deixam todas as famílias em polvorosa. Pegar os pequenos furtadores, pequenos traficantes, pequenos estelionatários, é coisa que faz a opinião pública ficar contente. É coisa que ganha voto.
Condenar sonegador de imposto, prefeito que frauda licitação, criminosos desse naipe, não ganha voto de ninguém.
Sim, e daí?
E daí você lê o que eu escrevi antes. Já te esclareci o que você perguntou. Faça a sua parte.
E vá destinar a sua grosseria para a digníssima senhora sua mãe, ou alternativamente o/a (ir)responsável que não te ensinou boas maneiras.


Cara forisa rizk.

A despeito do forista DDV ser frequentemente muito ríspido em suas colocações, chegando em algumas vezes à beira da descortesia, na colocação acima ele não o foi. Pelo contrário.

Então eu sugiro que os dois "esfriem a cabeça" antes que algo mais sério aconteça.


A lei e todo mundo sabe o que são crimes menores e maiores.
Na lei não tem menção a crimes maiores e menores. Se alguém sabe, é você e a turma que assiste programa do Gil Gomes e do Datena.

O forista DDV está correto ao afirmar que o populacho sabe reconhecer um "crime menor" (furto em um supermercado, por exemplo) de um "crime maior" (assassinato, por exemplo).


E a medida faz completo sentido, pois uma pessoa que cumpre uma pena e volta a cometer crimes  está sinalizando que tem "talento" para a coisa, que é irrecuperável. Por isso penas progressivamente mais severas devem ser aplicadas.
Quando se entende que o sistema penal serve pra RESSOCIALIZAR os criminosos, não faz sentido nenhum.
Se o indivíduo reincide, é porque o Estado falhou em recuperá-lo.
Por isso, deveríamos desconsiderar a reincidência. Ou aplicar penas progressivamente mais brandas.

Isto parece uma visão sociológica de esquerda. A criminalidade pode, e geralmente ocorre, a partir da adolescência, na qual o papel da família é primordial e onde o papel do Estado é secundário.

Esta afirmação é tão válida quanto àquela que diz que a miséria e a pobreza geram automaticamente a criminalidade e a violência.


Mas fica aí pra próxima: dados do Ministério da Justiça mostram que a reincidência entre os que cumprem alternativas penais é de 1,6%, enquanto que a reincidência entre os que cumprem pena no cárcere é de 80%.

E quais foram os delitos entre os que cumprem a pena alternativa e os que são encarcerados?

Saber isto me parece fundamental, pois, no meu entendimento, a possibilidade de recuperação social de um indivíduo que cometeu um crime famélico é muito maior do que aquele indivíduo que cometeu latrocínio.
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Offline DDV

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Re: Teoria das janelas partidas
« Resposta #19 Online: 12 de Julho de 2011, 20:50:48 »
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Estou falando de "sensação de insegurança", sabe, essas coisas que passam no programa do Datena e que deixam todas as famílias em polvorosa. Pegar os pequenos furtadores, pequenos traficantes, pequenos estelionatários, é coisa que faz a opinião pública ficar contente. É coisa que ganha voto.
Condenar sonegador de imposto, prefeito que frauda licitação, criminosos desse naipe, não ganha voto de ninguém.

Sim, e daí?
E daí você lê o que eu escrevi antes. Já te esclareci o que você perguntou. Faça a sua parte.

Vamos lá:

Você disse algo como "combater os crimes pequenos é algo que dá votos, ibope, sensação de segurança e agrada a população. Já o combate aos crimes do colarinho banco, estelionatos e sonegadores não".

Sem entrar no mérito sobre a falsidade dessa afirmação  (combater corrupção e estelionato agrada sim a população, ao menos no mundo onde eu vivo), eu não vi relevância NENHUMA disso para a discussão sobre a necessidade de combater duramente ou não esses crimes... a não ser que você ache que devemos parar de combater ou "pegar leve" com esses crimes apenas porque "aumentariam a sensação de segurança da população e dão ibope"...   :stunned:

Citação de: rizk
E vá destinar a sua grosseria para a digníssima senhora sua mãe, ou alternativamente o/a (ir)responsável que não te ensinou boas maneiras.

Grosseria?? Onde??  :o

Quanto mimimi e uiuiui, meu Deus...  :'(


Está nervosa com alguma coisa?  :hein:

 
Citação de: rizk
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A lei e todo mundo sabe o que são crimes menores e maiores.
Na lei não tem menção a crimes maiores e menores. Se alguém sabe, é você e a turma que assiste programa do Gil Gomes e do Datena.

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E a medida faz completo sentido, pois uma pessoa que cumpre uma pena e volta a cometer crimes  está sinalizando que tem "talento" para a coisa, que é irrecuperável. Por isso penas progressivamente mais severas devem ser aplicadas.
Quando se entende que o sistema penal serve pra RESSOCIALIZAR os criminosos, não faz sentido nenhum.

Ressocializar é importante sim, mas não é (ou ao menos não deveria ser) a prioridade.*

A ordem de prioridade deve ser essa:


1- Reparar o dano causado pelo crime

2- Dissuadir o cometimento de mais crimes, seja pelo criminoso punido ou por outros (ou seja, INTIMIDAR os potenciais criminosos)

3- Recuperar o criminoso para o convívio social.



Essas 3 medidas devem ser tomadas em conjunto, mas em caso de choque, essa ordem deve ser respeitada.



*Isso é defendido por vários juristas também, não estou inventando do nada, embora seja o mais lógico, correto e realista para qualquer um.

Citação de: rizk
Se o indivíduo reincide, é porque o Estado falhou em recuperá-lo.

 :histeria: :histeria: :histeria: :histeria: :histeria:


Citação de: rizk
Por isso, deveríamos desconsiderar a reincidência.


Você não sabe o que está dizendo.

É necessário mesmo explicar porque a reicidência é fator de gravidade?  :hein:
 
Citação de: rizk
Ou aplicar penas progressivamente mais brandas.


Pirou de vez....  :o  :stunned:


Citação de: rizk
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Na postagem anterior, você disse que deve ser investido em mais infra-estrutura de segurança pública ao mesmo tempo defendia penas mais frouxas. Daí a minha pergunta: o que adianta a polícia prender (eficiência policial, que tem a ver com a infraestrutura que você disse necessitar de mais investimentos) e a justiça não punir?
Segurança pública é uma coisa, política criminal é outra. Fica realmente complicado entender quando a gente confunde. PRESTENÇÃO. Policiamento ostensivo, iluminação pública, câmera de segurança, todas essas coisas PREVINEM o crime.

Com uma justiça que não pune corretamente, essas coisas aí previnem tanto o crime quanto um cachorro desdentado protege uma casa.

Citação de: rizk
A polícia, o juiz e a cadeia vêm depois. Investimento em infraestrutura é bacana porque previne.

O que previne o crime é a certeza de que vai ser punido severamente por ele, ou seja, a relação custo-benefício do crime deve ser a mais baixa possível.


Citação de: rizk
O resto acontece DEPOIS do crime. Inclusive a eficiência da polícia em prender os criminosos.


A única ação policial que ocorre "antes" do crime, até onde eu saiba, é a ameaça de prender o criminoso.

Ou seja, tudo converge para a prisão e punição.


Citação de: rizk
Se o judiciário fosse condenar só porque a polícia prendeu, PRECISARÍAMOS de judiciário? Desce o cacete e executa ali o terreno baldio mesmo, né?

Frase sem sentido por falta de argumentos.

Seria como eu dizer "se a polícia fosse evitar prender criminosos só porque o judiciário irá fatalmente soltá-los, precisaríamos de polícia? Deixe os bandidos livres para fazerem o que quiserem mesmo, né"


Citação de: rizk
E as penas não têm nada a ver com isso. Eu nem lembro de ter falado sobre penas leves e não sei de onde você tirou. É a segunda vez neste tópico que você diz que eu disse o que eu não disse. Prestenção.

Leia o tópico de novo.
 
Citação de: rizk
Mas fica aí pra próxima: dados do Ministério da Justiça mostram que a reincidência entre os que cumprem alternativas penais é de 1,6%, enquanto que a reincidência entre os que cumprem pena no cárcere é de 80%.


Penas alternativas são normalmente aplicadas em crimes leves (que dão penas não superiores a 4 anos de prisão). É óbvio que o perfil dos elementos que cometem esses crimes é COMPLETAMENTE diferente dos bandidos que pegam penas maiores, ainda mais se considerarmos que no Brasil, atualmente, está sendo necessário ter cometido um crime de proporções cósmicas para pegar penas grandes...
« Última modificação: 12 de Julho de 2011, 20:54:01 por DDV »
Não acredite em quem lhe disser que a verdade não existe.

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Re: Teoria das janelas partidas
« Resposta #20 Online: 12 de Julho de 2011, 21:24:08 »
Citação de: Geotecton
A despeito do forista DDV ser frequentemente muito ríspido em suas colocações, chegando em algumas vezes à beira da descortesia...

  :susto:

Explique-se, amigo Geotecton.  :D


Não acredite em quem lhe disser que a verdade não existe.

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Offline Geotecton

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Re: Teoria das janelas partidas
« Resposta #21 Online: 12 de Julho de 2011, 21:30:29 »
Citação de: Geotecton
A despeito do forista DDV ser frequentemente muito ríspido em suas colocações, chegando em algumas vezes à beira da descortesia...

  :susto:

Explique-se, amigo Geotecton.  :D

Não precisa. É auto-explicativo. :lol:
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Re: Teoria das janelas partidas
« Resposta #22 Online: 12 de Julho de 2011, 21:32:49 »
Citação de: Geotecton
A despeito do forista DDV ser frequentemente muito ríspido em suas colocações, chegando em algumas vezes à beira da descortesia...

  :susto:

Explique-se, amigo Geotecton.  :D

Não precisa. É auto-explicativo. :lol:

Hehehehehehehe   
Não acredite em quem lhe disser que a verdade não existe.

"O maior vício do capitalismo é a distribuição desigual das benesses. A maior virtude do socialismo é a distribuição igual da miséria." (W. Churchill)

Offline Geotecton

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Re: Teoria das janelas partidas
« Resposta #23 Online: 12 de Julho de 2011, 21:35:56 »
Citação de: Geotecton
A despeito do forista DDV ser frequentemente muito ríspido em suas colocações, chegando em algumas vezes à beira da descortesia...

  :susto:

Explique-se, amigo Geotecton.  :D

Não precisa. É auto-explicativo. :lol:

Hehehehehehehe   

Se eu bem me lembro, a risadinha acima é a única coisa que o DDV admira em mim. :biglol:

Então vou considerá-la um elogio. :biglol:
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Offline Buckaroo Banzai

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Re:Teoria das janelas partidas
« Resposta #24 Online: 14 de Julho de 2018, 23:31:42 »
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http://www.samefacts.com/2012/05/everything-else/wilson-loury-and-the-varieties-of-broken-windows/

[...] “Broken windows” is actually a family of ideas. The one that is clearly correct is that, in neighborhoods tormented by the fear of crime, residents use disorderly conditions – groups of kids hanging out on streetcorners, drinking and yelling rude things at passers-by, streetwalking, and grafitti – as an index of how dangerous the neighborhood is, and that therefore reducing the extent of disorder can make people feel safer even if it doesn’t reduce the crime rate. (That’s important, because fear imposes more costs that completed crime.) Moreover, reducing one sort of disorder can influence other sorts, as people take signals from the environment about what is, and isn’t, locally acceptable behavior.

Call that “Broken Windows (A).” It led to the squeegee crackdown in Manhattan. Not the world’s most important insight, but correct and sometimes useful.

A related idea is that, in the course of doing order-maintenance policing, police sometimes find people with illegal weapons, or people wanted on felony warrants. That’s what happened when NYPD cracked down on turnstile-jumpers in the subways. At first, a lot of them had guns. The density of guns among arrestees fell over time, along with the frequency of armed robbery in the subways, suggesting that the tactic had successfully deterred gun-carrying among offenders. Call that “Broken Windows (B).” Again, the evidence that this sometimes happens is clear, and the benefits of acting on it when conditions are right are substantial.

Now contrast that with the idea Glenn cites; call that “Broken Windows (C).” Under that theory, reducing disorderly behavior will reduce serious crime because serious offenders use disorderly conditions as an index of the extent to which an area is out of control and therefore a safe place for offending. Jim’s co-author George Kelling is a fan of that view, and it’s beloved by NY Police Commissioner Ray Kelly. But, as Glenn notes, evidence for it is slight, and the policing tactics that result from it can be tremendously oppressive. If aggressive “order maintenance” policing deters serious crime at the expense of making black teenagers afraid to play outside in their own neighborhoods, I doubt the game is worth the candle. [...]


 

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