Autor Tópico: Emoção e razão na hora de investir - Psicologia econômica  (Lida 1460 vezes)

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Offline Adriano

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Emoção e razão na hora de investir - Psicologia econômica
« Online: 17 de Julho de 2011, 23:55:20 »
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Emoção e razão na hora de investir

Nesta entrevista, a psicóloga econômica Vera Rita de Mello Ferreira mostra como aprender a lidar com suas emoções para evitar perdas (ou aumentar ganhos) nos investimentos

Por Elisa Campos


Vera Rita de Mello Ferreira, pioneira no estudo de psicologia econômica no Brasil

Você, obviamente, é um ser racional. Na hora de investir, estuda as variáveis, faz projeções dos possíveis rendimentos, consulta amigos e seu gerente. Depois disso, toma uma decisão pautada pelos números e pelo melhor custo de oportunidade. Nada mais razoável, certo? Se é assim, prazer em te conhecer, você acaba de afirmar que é um robô. Faltou levar em consideração na resposta um ‘pequeno’ detalhe. Antes de ser racional, você é humano. Tão importante quanto a razão, a emoção é fundamental na tomada de decisão. De todas as decisões, inclusive as financeiras. A grande questão passa a ser então conhecer suas emoções para investir melhor.

A psicanalista e psicóloga econômica Vera Rita de Mello Ferreira vem estudando há 17 anos como a mente humana interfere nas ações econômicas. Pioneira na área no Brasil, ela acaba de lançar o livro A Cabeça do Investidor (editora Évora). Baseada em pesquisas nos campos de Psicologia Econômica, Economia Comportamental, Finanças Comportamentais e Neuroeconomia, o obra destrincha e identifica os inúmeros erros sistemáticos cometidos pela maioria das pessoas na hora de investir. Representante do Brasil na IAREP (International Association for Research in Economic Psychology), a professora de Psicologia Econômica da FIPECAFI gosta de lembrar que emoção e razão sempre andam juntas. Mas não necessariamente em equilíbrio.

Como as emoções afetam as nossas decisões de investimento?
As emoções afetam todas as decisões, de todas as pessoas, sobre todos os assuntos. Não há como escapar. Elas são responsáveis pelo nosso circuito mais primitivo de avaliação dos dados, usado para tomar decisões de curto prazo. As emoções estão presentes no momento. Elas não conseguem avaliar lá na frente, até porque a gente não sabe como vai se sentir no futuro. Aí já começa um problema em relação ao mercado financeiro. Para investir, você deve pensar no longo prazo. Isso é uma coisa difícil de fazer com base em emoções. Além disso, elas muitas vezes também entram em conflito umas com as outras. Não existe necessariamente uma coerência emocional. Você pode acordar achando que há uma bolha imobiliária no Brasil, mas hoje à noite conversar com alguém, mudar de idéia e achar que o negócio é comprar um apartamento amanhã. As emoções são transitórias e fugazes.

Mas os investidores desenvolvem uma relação emocional com suas ações?
Muitas pessoas descrevem isso em relação a seus investimentos. Que amam e odeiam determinada ação. Que ela não para de cair, mas que elas amam tanto o papel que não conseguem se desfazer dele. Isso ocorre em função dessa base emocional que está presente em todos os nossos processos psíquicos. Só que o mercado representa então um desafio, porque o seu comportamento em relação a ele deveria ser o mais cuidadoso e racional possível, além de considerar muito o longo prazo, ao contrário das emoções. Por isso é tão comum os investidores levarem tombos do mercado.

Qual o comportamento padrão quando ocorrem esses tombos?
Os investidores reagem de uma maneira que lembra uma criança que fica de mal, no estilo ‘então não brinco mais’. A pessoa compra ações e elas caem. Daí, ela vende tudo, em geral com uma margem de perda muito grande e diz nunca mais. Só que não é nunca mais. É até as ações começarem a subir outra vez. Quando o mercado começa a ficar eufórico, ela compra de novo na alta. E se os papéis começarem a cair, vende de novo, sempre comprando na alta e vendendo na baixa. As emoções estão presentes e geralmente tomando conta da pessoa. Elas são os nossos impulsos. E o impulso funciona mais ou menos assim: eu quero gratificação o tempo inteiro. Já e o tempo inteiro. Não quero frustração nunca.


Queira ou não, nunca se investe só com base na racionalidade

Quais são os truques para as pessoas não se deixarem levar pelas emoções na hora de investir?
Tem um que é matador: contrate um gestor. Se você quiser, vá acompanhando de longe, vendo se o retorno é interessante ou não. Uma outra coisa que eu também sugiro é separar uma grana para ir investindo do jeito que sua cabeça mandar. Um montante pequeno que não vai fazer falta se você perder. Depois, veja se você teve sucesso com esse portfólio experimental. Outra ideia é conversar com gente experiente e de confiança. Como o dinheiro já não é daquela pessoa, ela tem um distanciamento maior e pode dar dicas úteis. O difícil mesmo é se segurar nas horas quentes, quando os papéis estão caindo ou subindo muito, ou após uma briga em casa, por exemplo. Ou seja, se você não estiver com a cabeça serena, é melhor não operar.

Mas os gestores também não são afetados pelas emoções?
São, mas menos, porque o dinheiro não é deles. Bolha, por exemplo, todo mundo embarca, inclusive os gestores. Mas, se além do mercado em si, que já desperta todas essas paixões, a pessoa ainda estiver gerenciando suas próprias economias, a coisa fica pior ainda. O gestor pelo menos coloca um anteparo e faz um contraponto, porque questiona a pessoa.

Quais são os erros mais comuns cometidos pelos investidores?
Acho que um dos grandes perigos é não identificar as ilusões. Todo mundo sonha com dinheiro grande, fácil e rápido. Quer um dinheiro mole? Forma uma fila no ato. Por isso, todas essas fraudes e golpes de pirâmide dão certo. As ilusões tentam responder aos nossos desejos, porque eles não podem ser satisfeitos completamente e menos ainda o tempo inteiro. E quando não há uma resposta para o desejo, vem a ilusão. A pessoa está pesando 100 quilos. Vai fazer regime, exercício? Não, dá muito trabalho. Ela vai tomar um chá emagrecedor que promete que a fará perder 70 quilos em um mês. E daí não vai dar bola se isso faz mal para a sua saúde e se ela terá seqüelas depois. Você está simplesmente se deixando levar pela ilusão de que vai conseguir encontrar uma satisfação imediata e completa para os seus anseios. No mercado financeiro, acontece a mesma coisa. Às vezes, um investidor está há 40 anos no mercado, errou várias vezes, mas não consegue aprender com a própria experiência, porque na hora de pensar sobre ela ele distorce os dados inconscientemente. Quando estava se formando a bolha que estorou em 2008 e você dizia para a pessoa: Você está com todo o seu dinheiro em renda variável, não está meio arriscado, um pouco exagerado? Não. Imagina. Não tem bolha nenhuma. Depois que veio a crise, todo mundo pensou: você viu só? Perdemos todo o dinheiro. Estava na cara que era uma bolha. Quem tem esse comportamento não está mentindo. Na hora de olhar para trás, a pessoa acha que no passado já estava vendo tudo o que vê hoje. Só que falar hoje é fácil.

Quais outros comportamentos são perigosos?
Quando o investidor fica inconformado de ter errado e não quer voltar atrás, para não ter a frustração de admitir que errou. Isso é muito difícil para todos. A gente tem aversão a perda e não a risco. Quando estamos perdendo a gente topa se arriscar mais. É a falácia do apostador. O que o cara faz quando está no cassino e perdeu? Sobe e vai dormir? Não. Tem que recuperar. Essa é a justificativa que ele dá, mas na verdade ele não agüenta o sentimento de perdi, vou morrer com esse prejuízo e pronto. Ele vai perder mais, mais, mais e mais. Os perfis de bancos são muito rasos. Você é conservador, moderado ou arrojado? Que nada. A mesma pessoa tem hora que é conservadora e em outras arrojada. Depende do contexto, da situação emocional que pessoa está vivendo.

Um pesquisador de Harvard [Dan Moisand em “Using Behavioral Finance to Improve Client Communications] estudou a relação entre investidores e notícias, colocando os sujeitos em simulações de mercado. Dois grupos acompanharam uma ação relativamente estável, mas um deles não recebeu nenhuma notícia, ao passo que o outro recebia atualizações freqüentes de notícias sobre aquela ação. Em paralelo, dois grupos, divididos de acordo com o mesmo parâmetro seguiram uma aplicação mais volátil. Resultado: em ambos os casos, os dois grupos que operaram sem notícias obtiveram retornos mais elevados*

Por que informação demais atrapalha na hora de investir?
Realmente é preciso dosar a quantidade de informação. Claro que se você quiser investir sozinho e não tiver informação nenhuma, obviamente vai entrar pelo cano. Porém, se você decide apostar no mercado financeiro, vai na livraria e compra 48 livros sobre investimento, volta para casa e começa a participar de 19 fóruns, o que você vai fazer com isso tudo? Nada. Não tem como. A cabeça não processa todas essas informações. Ela tem uma limitação para processar informação. E mais do que quantidade, o que importa é a qualidade. É preciso ver qual é a fonte e se a notícia é relevante para o que você está buscando nesse momento.

Havia sinais da crise financeira muito antes do final de 2008 e nada foi feito. Por que essas situações são sustentáveis?
Porque a gente não gosta de desprazer. Estourar a bolha significava acabar com a festa. É o que o Paul Krugman falou na época. Em vez de o Greenspan [Alan Greenspan, ex-presidente do Fed], no auge da festa, esconder a bebida, ele passava e oferecia mais. É bola cantada que vai dar problema na Copa no Brasil? É. Todo mundo está comprando apartamento agora. Vai vender com 60% de lucro? Difícil. Mas vai falar isso para as pessoas que estão comprando e vendendo. Não vê o caso do Madoff? Ele não catava gente na rua para entrar na pirâmide dele. As pessoas brigavam para entrar. Ninguém achava os rendimentos suspeitos. E por quê? Porque era gostoso. Nós temos sempre essa tendência ao excesso de otimismo e autoconfiança. Com o vizinho pode acontecer, mas comigo não. Até que acontece.


Wall Street já foi tema de vários filmes. São personagens constantes a ambição, a cobiça, os nervos à flor da pele e a inveja. Não à toa

Há um documentário [Human Zoo] que mostra isso muito bem: são duas situações experimentais, em que os sujeitos estão numa sala e, em ambas, o elemento comum é a fumaça que começa a penetrar ali, vinda do cômodo contíguo, onde há a impressão de que está havendo um incêndio brabo. Na primeira situação, há apenas um indivíduo na sala; na segunda, há um grupo que foi instruído a ignorar a fumaça e um indivíduo que não recebeu essa instrução. Quando o sujeito se vê sozinho nessa situação e pensa estar havendo um incêndio, não hesita e sai correndo; mas a coisa muda de figura quando ele está em grupo: o grupo ignora a fumaça e continua realizando a tarefa passada pelo experimentador. Pois o único sujeito [aquele que não sabe da experiência] vendo que ninguém mais está tomando qualquer providência parece “raciocinar” que talvez não seja o caso de reagir mesmo [e não sai da sala!]

O que leva ao comportamento de manada no mercado financeiro?
O homem é um animal social, essa é a primeira razão. Em segundo lugar, a gente aprende desde criança por imitação. A criança não aprende português na escola. Aprende ouvindo os pais. Imitar é fundamental para o ser humano. Por isso, principalmente em momentos de incerteza, quando a pessoa não sabe bem o que está acontecendo, ela corre para o abrigo da companhia dos outros. Ela prefere errar junto do que correr o risco de acertar ou errar sozinha. No mercado financeiro, onde há uma dose de subjetividade gigantesca, são muitas dúvidas o tempo inteiro com a pressão de ter que tomar decisões rápidas. O investidor fica meio perdido. Então o que ele faz? Vai para onde todo mundo está indo. Por isso que o mercado financeiro é um grande desafio, porque ele exige comportamentos opostos ao que seria mais natural para as pessoas.

Você comenta em seu livro a seguinte citação do economista americano John Kenneth Galbraith. “Deve-se supor que a memória financeira deva durar, no máximo, não mais do que vinte anos. Esse é normalmente o tempo que leva para que a lembrança de um desastre seja apagada”. Por que esquecemos tão rápido os erros do passado?
Geralmente a gente esquece o que é ruim e lembra do que é bom. Nossa memória não só dura pouco, como ela é distorcida sempre. Ela é editada. A gente edita e não sabe que edita. É um comportamento geral. Como a gente não gosta de nada que é ruim, quer fazer de conta que não existiu. É um processo inconsciente.

Existem algumas pessoas que se destacam no mundo das finanças, como por exemplo, Warren Buffett. Que poder essas pessoas têm sobre os investidores?
É o poder da imitação, mas as pessoas acabam entrando pelo cano, porque na hora em que o Warren Buffett compra ações ele ganha dinheiro. Só que no momento em que ele está operando, o investidor comum não sabe o que ele está fazendo. Só vai saber depois. Ou seja, expirou o prazo de validade da informação.

No mercado financeiro, trabalha-se muito com boatos. O ser humano é muito suscetível a acreditar neles?
O ser humano detesta o desconhecido e a incerteza. Se ele não tem informação, ele vai se agarrar a qualquer outra coisa que tenha por perto, como por exemplo, um boato. É como se você estivesse com fome. Não tem comida ou você está com preguiça de fazer. Se tiver um saco de salgadinho na sua casa naquele dia, é aquilo que você vai comer. Se você não tem um alimento de qualidade em termos de informação, você vai consumir qualquer coisa, só para tentar baixar o desconforto interno. E se o boato casar com uma fantasia sua, daí é sopa no mel. Para se proteger disso, é preciso se manter informado sobre seu próprio funcionamento mental.

Existe diferença entre homens e mulheres na hora de investir?
As mulheres entraram no mundo do dinheiro muito recentemente, ao contrário dos homens que sempre estiveram lá. Elas ainda estão cheias de dúvidas e são inseguras, mas vão atrás de informação. Muitas vezes não são elas que tomam a decisão, mas sim um gerente do banco ou conhecido, mas elas perguntam. O homem não. Além disso, os homens têm certeza de que sabem de tudo. Por isso, muitas vezes eles ficam operando freneticamente. Até cair do cavalo. Enquanto isso, vai pagando corretagem, impostos, taxas e isso vai comendo o rendimento. Vários estudos já mostraram que no longo prazo as mulheres têm retorno maior em seus investimentos do que os homens.

A gente prefere pensar sobre o que é fácil, e não sobre o que é difícil. Um desses casos são as ações de empresas cujos nomes são de pronúncia fácil, pois se verificou que elas têm desempenho significativamente melhor do que aquelas de empresas com nomes difíceis de se pronunciar [estudo publicado na Harvard Business Review]

No livro você cita a questão da familiaridade como um facilitador para os investimentos. Por que isso ocorre?
A gente detesta tudo o que é desconhecido. Ficamos desconfortáveis, gera repulsa, medo, vontade de manter distância.

*Trechos retirados do livro A Cabeça do Investidor (2011), de Vera Rita de Mello Ferreira. Editora Évora, 240 páginas
http://epocanegocios.globo.com/Revista/Epocanegocios2/foto/0,,43236454,00.jpg
Encontrei outro tópico semelhante que tinha postado sobre neuroeconomia. Porém a abordagem psicológica me parece mais acessível  :)

Melhor unir os tópicos  :?
« Última modificação: 18 de Julho de 2011, 00:16:11 por Adriano »
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Offline Buckaroo Banzai

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Re: Emoção e razão na hora de investir - Psicologia econômica
« Resposta #1 Online: 18 de Julho de 2011, 01:55:21 »
Há alguma literatura científica sobre os homens ficarem mais burros ao verem mulheres atraentes, há algum tempo saiu algo sobre isso poder afetar algo relacionado com dinheiro, não lembro de detalhes. Acho que faziam "investimentos" mais arriscados, mas talvez lidasse só com apostas, não lembro.

Offline Liddell Heart

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Re: Emoção e razão na hora de investir - Psicologia econômica
« Resposta #2 Online: 18 de Julho de 2011, 16:06:52 »
Citação de: Elisa Campos
Mas os gestores também não são afetados pelas emoções?
São, mas menos, porque o dinheiro não é deles.

Isso pode ser tão ruim quanto bom.
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Offline Adriano

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Re: Emoção e razão na hora de investir - Psicologia econômica
« Resposta #3 Online: 19 de Julho de 2011, 02:10:12 »
Citação de: Elisa Campos
Mas os gestores também não são afetados pelas emoções?
São, mas menos, porque o dinheiro não é deles.

Isso pode ser tão ruim quanto bom.
Ela defende que tem pessoas mais propícias a lidarem bem com investimentos, justamente por serem mais racionais e ponderarem melhor todas as informações disponíveis. E gestores, como profissionais da área, devem tender este tipo de perfil.
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Re: Emoção e razão na hora de investir - Psicologia econômica
« Resposta #4 Online: 19 de Julho de 2011, 12:27:42 »
Citação de: Elisa Campos
Mas os gestores também não são afetados pelas emoções?
São, mas menos, porque o dinheiro não é deles.

Isso pode ser tão ruim quanto bom.
Ela defende que tem pessoas mais propícias a lidarem bem com investimentos, justamente por serem mais racionais e ponderarem melhor todas as informações disponíveis. E gestores, como profissionais da área, devem tender este tipo de perfil.

Um gestor pode ser menos cauteloso, pois o dinheiro não é dele, ou pode arriscar mais, pois o dinheiro não é dele.
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Re: Emoção e razão na hora de investir - Psicologia econômica
« Resposta #5 Online: 19 de Julho de 2011, 12:36:31 »
Há alguma literatura científica sobre os homens ficarem mais burros ao verem mulheres atraentes, há algum tempo saiu algo sobre isso poder afetar algo relacionado com dinheiro, não lembro de detalhes. Acho que faziam "investimentos" mais arriscados, mas talvez lidasse só com apostas, não lembro.

Coincidência: li hoje mesmo sobre isso. Foi feito um estudo que mostrou uma correlação entre ver uma mulher atraente (infelizmente, as não-atraentea não causavam a mesma resposta :lol: ) e fazer apostas mais arriscadas em um jogo de azer.
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Offline Adriano

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Re: Emoção e razão na hora de investir - Psicologia econômica
« Resposta #6 Online: 19 de Julho de 2011, 12:50:22 »
Citação de: Elisa Campos
Mas os gestores também não são afetados pelas emoções?
São, mas menos, porque o dinheiro não é deles.

Isso pode ser tão ruim quanto bom.
Ela defende que tem pessoas mais propícias a lidarem bem com investimentos, justamente por serem mais racionais e ponderarem melhor todas as informações disponíveis. E gestores, como profissionais da área, devem tender este tipo de perfil.

Um gestor pode ser menos cauteloso, pois o dinheiro não é dele, ou pode arriscar mais, pois o dinheiro não é dele.
É uma faca de dois gumes.
É neste aspecto que entra a questão emocional. Caso a diferença entre a propriedade do dinheiro venha a interferir na qualidade do investimento, ele tem que levar em consideração a psicologia econômica, principalmente pela sua responsabilidade ser maior. Já em relação ao investimento, tanto a cautela (convervador) quanto o risco (agressivo) fazem parte de perfis de investor e que são melhor analizados com o conhecimento técnico.

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Re: Emoção e razão na hora de investir - Psicologia econômica
« Resposta #7 Online: 19 de Julho de 2011, 13:00:21 »
Citação de: Elisa Campos
Mas os gestores também não são afetados pelas emoções?
São, mas menos, porque o dinheiro não é deles.

Isso pode ser tão ruim quanto bom.
Ela defende que tem pessoas mais propícias a lidarem bem com investimentos, justamente por serem mais racionais e ponderarem melhor todas as informações disponíveis. E gestores, como profissionais da área, devem tender este tipo de perfil.

Um gestor pode ser menos cauteloso, pois o dinheiro não é dele, ou pode arriscar mais, pois o dinheiro não é dele.
É uma faca de dois gumes.
É neste aspecto que entra a questão emocional. Caso a diferença entre a propriedade do dinheiro venha a interferir na qualidade do investimento, ele tem que levar em consideração a psicologia econômica, principalmente pela sua responsabilidade ser maior. Já em relação ao investimento, tanto a cautela (convervador) quanto o risco (agressivo) fazem parte de perfis de investor e que são melhor analizados com o conhecimento técnico.

Posso estar errado, mas acho que contratar um gestor é como emprestar dinheiro para um banco, você pode não perder dinheiro, mas não vai ter um grande lucro.
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Re: Emoção e razão na hora de investir - Psicologia econômica
« Resposta #8 Online: 19 de Julho de 2011, 13:42:12 »
Um gestor pode ser menos cauteloso, pois o dinheiro não é dele, ou pode arriscar mais, pois o dinheiro não é dele.
É uma faca de dois gumes.
É neste aspecto que entra a questão emocional. Caso a diferença entre a propriedade do dinheiro venha a interferir na qualidade do investimento, ele tem que levar em consideração a psicologia econômica, principalmente pela sua responsabilidade ser maior. Já em relação ao investimento, tanto a cautela (convervador) quanto o risco (agressivo) fazem parte de perfis de investor e que são melhor analizados com o conhecimento técnico.

Posso estar errado, mas acho que contratar um gestor é como emprestar dinheiro para um banco, você pode não perder dinheiro, mas não vai ter um grande lucro.
E tem outros que preferem um empreendimento econômico, visando maior lucratividade. A própria decisão de investimento diretamente no mercado de ações ou em fundos de investimentos (gestores) já é uma decisão econômica e deveria ser pautada no conhecimento intrapessoal. Tem pessoas que são péssimos investidores, assim como tem outras que vão naturalmente fazer bons investimentos.
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Offline Liddell Heart

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Re: Emoção e razão na hora de investir - Psicologia econômica
« Resposta #9 Online: 19 de Julho de 2011, 13:44:15 »
Um gestor pode ser menos cauteloso, pois o dinheiro não é dele, ou pode arriscar mais, pois o dinheiro não é dele.
É uma faca de dois gumes.
É neste aspecto que entra a questão emocional. Caso a diferença entre a propriedade do dinheiro venha a interferir na qualidade do investimento, ele tem que levar em consideração a psicologia econômica, principalmente pela sua responsabilidade ser maior. Já em relação ao investimento, tanto a cautela (convervador) quanto o risco (agressivo) fazem parte de perfis de investor e que são melhor analizados com o conhecimento técnico.

Posso estar errado, mas acho que contratar um gestor é como emprestar dinheiro para um banco, você pode não perder dinheiro, mas não vai ter um grande lucro.
E tem outros que preferem um empreendimento econômico, visando maior lucratividade. A própria decisão de investimento diretamente no mercado de ações ou em fundos de investimentos (gestores) já é uma decisão econômica e deveria ser pautada no conhecimento intrapessoal. Tem pessoas que são péssimos investidores, assim como tem outras que vão naturalmente fazer bons investimentos.

É o dilema do lucro x risco.
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Offline Adriano

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Re: Emoção e razão na hora de investir - Psicologia econômica
« Resposta #10 Online: 01 de Outubro de 2011, 03:28:47 »
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Emily Martin, Bipolar Expeditions: Mania and Depression in American Culture
by Roy Richard Grinker

Emily Martin, Bipolar Expeditions: Mania and Depression in American Culture. Princeton: Princeton University Press, 2007. 370 pp.

In her new book, Emily Martin, well known for her cultural analyses of subjects such as childbirth and immunology, addresses the popular fascination with manic behavior in the U.S. today. One of her main goals is to answer the question of how popular notions of mania are related to psychiatric conceptions of bipolar disorder (also called manic-depressive illness).

Bipolar Disorder is a serious mental illness with an estimated prevalence among adults of approximately 2.5 percent. It is characterized by dramatic and episodic mood swings ranging from mania to depression. The episodes can also involve delusions, typically more often in episodes of mania than in depression. Although bipolar disorder is treatable, it is chronic, debilitating, and can lead to suicide. As Kay Redfield Jameson explained it in her 1995 book, An Unquiet Mind,

 
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Manic-depression distorts moods and thoughts, incites dreadful
   behaviors, destroys the basis of rational thought, and too often
   erodes the desire and will to live. It is an illness that is
   biological in its origins, yet one that feels psychological in the
   experience of it; an illness that is unique in conferring advantage
   and pleasure, yet one that brings in its wake almost unendurable
   suffering and, not infrequently, suicide.
Martin notes, however, that mania has also been associated with creativity, energy, and capitalist success. Noting that the subject of mania has received less scholarly attention than depression, she aims to find out how people with mania and the professionals who study and treat it use the concept of "mania" across a range of settings: support groups, clinical presentations, and media coverage, for example. Martin pays special attention to how concepts of rationality and irrationality are fitted into the framework of mania, since mania has long been associated in the U.S. and western Europe with madness and insanity. As someone who has bipolar disorder, Martin is interested in exploring the opposition between rationality and insanity. Is she, herself, rational? "Being known as a manic-depressive person," she writes, "throws one's rationality into question," and yet increasingly in the U.S., "mania" has become associated with economic (rational) success. As a medical anthropologist, Martin is concerned with showing that mania is a cultural phenomenon and determining what role mania and associated concepts play in contemporary culture: for example, in the domains of mental health care, the pharmaceutical industry, capitalism and financial markets.

http://findarticles.com/p/articles/mi_6913/is_2_81/ai_n28526440/
Me parece ser uma boa explicação para a demência econômica do Tio Sam  :)
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