Autor Tópico: Meu filho, você não merece nada  (Lida 1615 vezes)

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Offline gavilan

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Meu filho, você não merece nada
« Online: 27 de Julho de 2011, 23:32:51 »
Texto retirado de http://revistaepoca.globo.com/Revista/Epoca/0,,EMI247981-15230,00.html de autoria de Eliane Brum, colunista da revista época.

Retrata as frustrações vividas por jovens da atual geração, na transição para sua indepêndencia.
Muito pertinente o que ela escreve, embora considere o desfecho exageradamente drástico.

E vc o que acham?

Segue texto na integra:



Meu filho, você não merece nada
  A crença de que a felicidade é um direito tem tornado despreparada a geração mais preparada


Ao conviver com os bem mais jovens, com aqueles que se tornaram adultos há pouco e com aqueles que estão tateando para virar gente grande, percebo que estamos diante da geração mais preparada – e, ao mesmo tempo, da mais despreparada. Preparada do ponto de vista das habilidades, despreparada porque não sabe lidar com frustrações. Preparada porque é capaz de usar as ferramentas da tecnologia, despreparada porque despreza o esforço. Preparada porque conhece o mundo em viagens protegidas, despreparada porque desconhece a fragilidade da matéria da vida. E por tudo isso sofre, sofre muito, porque foi ensinada a acreditar que nasceu com o patrimônio da felicidade. E não foi ensinada a criar a partir da dor.


Há uma geração de classe média que estudou em bons colégios, é fluente em outras línguas, viajou para o exterior e teve acesso à cultura e à tecnologia. Uma geração que teve muito mais do que seus pais. Ao mesmo tempo, cresceu com a ilusão de que a vida é fácil. Ou que já nascem prontos – bastaria apenas que o mundo reconhecesse a sua genialidade.


Tenho me deparado com jovens que esperam ter no mercado de trabalho uma continuação de suas casas – onde o chefe seria um pai ou uma mãe complacente, que tudo concede. Foram ensinados a pensar que merecem, seja lá o que for que queiram. E quando isso não acontece – porque obviamente não acontece – sentem-se traídos, revoltam-se com a “injustiça” e boa parte se emburra e desiste.


Como esses estreantes na vida adulta foram crianças e adolescentes que ganharam tudo, sem ter de lutar por quase nada de relevante, desconhecem que a vida é construção – e para conquistar um espaço no mundo é preciso ralar muito. Com ética e honestidade – e não a cotoveladas ou aos gritos. Como seus pais não conseguiram dizer, é o mundo que anuncia a eles uma nova não lá muito animadora: viver é para os insistentes.


Por que boa parte dessa nova geração é assim? Penso que este é um questionamento importante para quem está educando uma criança ou um adolescente hoje. Nossa época tem sido marcada pela ilusão de que a felicidade é uma espécie de direito. E tenho testemunhado a angústia de muitos pais para garantir que os filhos sejam “felizes”. Pais que fazem malabarismos para dar tudo aos filhos e protegê-los de todos os perrengues – sem esperar nenhuma responsabilização nem reciprocidade.

É como se os filhos nascessem e imediatamente os pais já se tornassem devedores. Para estes, frustrar os filhos é sinônimo de fracasso pessoal. Mas é possível uma vida sem frustrações? Não é importante que os filhos compreendam como parte do processo educativo duas premissas básicas do viver, a frustração e o esforço? Ou a falta e a busca, duas faces de um mesmo movimento? Existe alguém que viva sem se confrontar dia após dia com os limites tanto de sua condição humana como de suas capacidades individuais?


Nossa classe média parece desprezar o esforço. Prefere a genialidade. O valor está no dom, naquilo que já nasce pronto. Dizer que “fulano é esforçado” é quase uma ofensa. Ter de dar duro para conquistar algo parece já vir assinalado com o carimbo de perdedor. Bacana é o cara que não estudou, passou a noite na balada e foi aprovado no vestibular de Medicina. Este atesta a excelência dos genes de seus pais. Esforçar-se é, no máximo, coisa para os filhos da classe C, que ainda precisam assegurar seu lugar no país.


Da mesma forma que supostamente seria possível construir um lugar sem esforço, existe a crença não menos fantasiosa de que é possível viver sem sofrer. De que as dores inerentes a toda vida são uma anomalia e, como percebo em muitos jovens, uma espécie de traição ao futuro que deveria estar garantido. Pais e filhos têm pagado caro pela crença de que a felicidade é um direito. E a frustração um fracasso. Talvez aí esteja uma pista para compreender a geração do “eu mereço”.


Basta andar por esse mundo para testemunhar o rosto de espanto e de mágoa de jovens ao descobrir que a vida não é como os pais tinham lhes prometido. Expressão que logo muda para o emburramento. E o pior é que sofrem terrivelmente. Porque possuem muitas habilidades e ferramentas, mas não têm o menor preparo para lidar com a dor e as decepções. Nem imaginam que viver é também ter de aceitar limitações – e que ninguém, por mais brilhante que seja, consegue tudo o que quer.


A questão, como poderia formular o filósofo Garrincha, é: “Estes pais e estes filhos combinaram com a vida que seria fácil”? É no passar dos dias que a conta não fecha e o projeto construído sobre fumaça desaparece deixando nenhum chão. Ninguém descobre que viver é complicado quando cresce ou deveria crescer – este momento é apenas quando a condição humana, frágil e falha, começa a se explicitar no confronto com os muros da realidade. Desde sempre sofremos. E mais vamos sofrer se não temos espaço nem mesmo para falar da tristeza e da confusão.


Me parece que é isso que tem acontecido em muitas famílias por aí: se a felicidade é um imperativo, o item principal do pacote completo que os pais supostamente teriam de garantir aos filhos para serem considerados bem sucedidos, como falar de dor, de medo e da sensação de se sentir desencaixado? Não há espaço para nada que seja da vida, que pertença aos espasmos de crescer duvidando de seu lugar no mundo, porque isso seria um reconhecimento da falência do projeto familiar construído sobre a ilusão da felicidade e da completude.


Quando o que não pode ser dito vira sintoma – já que ninguém está disposto a escutar, porque escutar significaria rever escolhas e reconhecer equívocos – o mais fácil é calar. E não por acaso se cala com medicamentos e cada vez mais cedo o desconforto de crianças que não se comportam segundo o manual. Assim, a família pode tocar o cotidiano sem que ninguém precise olhar de verdade para ninguém dentro de casa.


Se os filhos têm o direito de ser felizes simplesmente porque existem – e aos pais caberia garantir esse direito – que tipo de relação pais e filhos podem ter? Como seria possível estabelecer um vínculo genuíno se o sofrimento, o medo e as dúvidas estão previamente fora dele? Se a relação está construída sobre uma ilusão, só é possível fingir.


Aos filhos cabe fingir felicidade – e, como não conseguem, passam a exigir cada vez mais de tudo, especialmente coisas materiais, já que estas são as mais fáceis de alcançar – e aos pais cabe fingir ter a possibilidade de garantir a felicidade, o que sabem intimamente que é uma mentira porque a sentem na própria pele dia após dia. É pelos objetos de consumo que a novela familiar tem se desenrolado, onde os pais fazem de conta que dão o que ninguém pode dar, e os filhos simulam receber o que só eles podem buscar. E por isso logo é preciso criar uma nova demanda para manter o jogo funcionando.


O resultado disso é pais e filhos angustiados, que vão conviver uma vida inteira, mas se desconhecem. E, portanto, estão perdendo uma grande chance. Todos sofrem muito nesse teatro de desencontros anunciados. E mais sofrem porque precisam fingir que existe uma vida em que se pode tudo. E acreditar que se pode tudo é o atalho mais rápido para alcançar não a frustração que move, mas aquela que paralisa.


Quando converso com esses jovens no parapeito da vida adulta, com suas imensas possibilidades e riscos tão grandiosos quanto, percebo que precisam muito de realidade. Com tudo o que a realidade é. Sim, assumir a narrativa da própria vida é para quem tem coragem. Não é complicado porque você vai ter competidores com habilidades iguais ou superiores a sua, mas porque se tornar aquilo que se é, buscar a própria voz, é escolher um percurso pontilhado de desvios e sem nenhuma certeza de chegada. É viver com dúvidas e ter de responder pelas próprias escolhas. Mas é nesse movimento que a gente vira gente grande.

 
Seria muito bacana que os pais de hoje entendessem que tão importante quanto uma boa escola ou um curso de línguas ou um Ipad é dizer de vez em quando: “Te vira, meu filho. Você sempre poderá contar comigo, mas essa briga é tua”. Assim como sentar para jantar e falar da vida como ela é: “Olha, meu dia foi difícil” ou “Estou com dúvidas, estou com medo, estou confuso” ou “Não sei o que fazer, mas estou tentando descobrir”. Porque fingir que está tudo bem e que tudo pode significa dizer ao seu filho que você não confia nele nem o respeita, já que o trata como um imbecil, incapaz de compreender a matéria da existência. É tão ruim quanto ligar a TV em volume alto o suficiente para que nada que ameace o frágil equilíbrio doméstico possa ser dito.


Agora, se os pais mentiram que a felicidade é um direito e seu filho merece tudo simplesmente por existir, paciência. De nada vai adiantar choramingar ou emburrar ao descobrir que vai ter de conquistar seu espaço no mundo sem nenhuma garantia. O melhor a fazer é ter a coragem de escolher. Seja a escolha de lutar pelo seu desejo – ou para descobri-lo –, seja a de abrir mão dele. E não culpar ninguém porque eventualmente não deu certo, porque com certeza vai dar errado muitas vezes. Ou transferir para o outro a responsabilidade pela sua desistência.


Crescer é compreender que o fato de a vida ser falta não a torna menor. Sim, a vida é insuficiente. Mas é o que temos. E é melhor não perder tempo se sentindo injustiçado porque um dia ela acaba. {/i}
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Offline Dr. Manhattan

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Re: Meu filho, você não merece nada
« Resposta #1 Online: 28 de Julho de 2011, 08:42:35 »
Já tinha visto esse texto. Muito bom. Sintetiza várias coisas sobre as quais eu havia refletido.
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Offline Dbohr

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Re: Meu filho, você não merece nada
« Resposta #2 Online: 28 de Julho de 2011, 11:02:24 »
Reflete muita coisa que eu vejo não apenas nos mais jovens. Algumas ocupações parecem gerar profissionais mais propensos a achar que "merecem" ganhar 5 ou 10 mil reais mensais logo no primeiro emprego e, quando confrontados com a dura realidade, ficam de mimimi.

Offline gavilan

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Re: Meu filho, você não merece nada
« Resposta #3 Online: 28 de Julho de 2011, 17:57:28 »
Reflete muita coisa que eu vejo não apenas nos mais jovens. Algumas ocupações parecem gerar profissionais mais propensos a achar que "merecem" ganhar 5 ou 10 mil reais mensais logo no primeiro emprego e, quando confrontados com a dura realidade, ficam de mimimi.

Quanto à esse confrontamento com a realidade, aconteceu algo muito interessante inerente a esse texto:
 Nos comentários sobre o texto, no site da revista em que foi publicado, tem um manifesto de um rapaz que "não concordou" com a autora, e publicou em seu blog pessoal uma especie de manifesto : "Pai, eu não te pedi nada". 
Ao invez de rebater a autora, o texto do rapaz só serviu para fortalecer o ponto de vista dela.. O mais puro mimimi...

se interessar : http://amoralpoetica.blogspot.com/2011/07/pai-quem-te-pediu-alguma-coisa.html
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Offline Osler

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Re: Meu filho, você não merece nada
« Resposta #4 Online: 28 de Julho de 2011, 18:04:15 »
gavilan, olha como se autodefine o missivista

Quem sou eu:

rishi    Poeta do erro, pensador da náusea, escritor por desconfiança. Marginal, só por efeito das circunstâncias.
“Como as massas são inconstantes, presas de desejos rebeldes, apaixonadas e sem temor pelas conseqüências, é preciso incutir-lhes medo para que se mantenham em ordem. Por isso, os antigos fizeram muito bem ao inventar os deuses e a crença no castigo depois da morte”. – Políbio

Offline Diegojaf

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Re: Meu filho, você não merece nada
« Resposta #5 Online: 28 de Julho de 2011, 18:20:01 »
Reflete muita coisa que eu vejo não apenas nos mais jovens. Algumas ocupações parecem gerar profissionais mais propensos a achar que "merecem" ganhar 5 ou 10 mil reais mensais logo no primeiro emprego e, quando confrontados com a dura realidade, ficam de mimimi.

Pior ainda. Sequer chegam e já acham que o chefe, que ralou por 15 anos na empresa, é um parvo incompetente que não merece estar ali e acham um absurdo que eles, recém saídos da faculdade e cheios de idéias inovadoras que irão revolucionar a empresa é que deveriam estar ali, sem demonstrar qualquer esforço ou resultado, só pelas idéias...
"De tanto ver triunfar as nulidades; de tanto ver prosperar a desonra, de tanto ver crescer a injustiça. De tanto ver agigantarem-se os poderes nas mãos dos maus, o homem chega a desanimar-se da virtude, a rir-se da honra e a ter vergonha de ser honesto." - Rui Barbosa

http://umzumbipordia.blogspot.com - Porque a natureza te odeia e a epidemia zumbi é só a cereja no topo do delicioso sundae de horror que é a vida.

Offline Südenbauer

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Re: Meu filho, você não merece nada
« Resposta #6 Online: 28 de Julho de 2011, 20:49:32 »
Muito bom. Me identifiquei bastante.

Offline _Juca_

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Re: Meu filho, você não merece nada
« Resposta #7 Online: 28 de Julho de 2011, 21:30:40 »
A parte do emburramento é perfeita. Lidamos cada vez mais com pessoas mimadas, e muitas vezes como patrão, temos que fazer a parte dos pais, que é abrir o olho dos jovens para a realidade de batalhar muito para ter um pouco.

Offline EuSouOqueSou

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Re: Meu filho, você não merece nada
« Resposta #8 Online: 28 de Julho de 2011, 23:39:44 »
Muito bom. Me identifiquei bastante.

So do I.
Qualquer sistema de pensamento pode ser racional, pois basta que as suas conclusões não contrariem as suas premissas.

Mas isto não significa que este sistema de pensamento tenha correspondência com a realidade objetiva, sendo este o motivo pelo qual o conhecimento científico ser reconhecido como a única forma do homem estudar, explicar e compreender a Natureza.

Offline Sergiomgbr

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Re: Meu filho, você não merece nada
« Resposta #9 Online: 29 de Julho de 2011, 01:08:03 »
Até onde eu sei eu não sei.

Offline Geotecton

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Re: Meu filho, você não merece nada
« Resposta #10 Online: 29 de Julho de 2011, 20:20:00 »
A parte do emburramento é perfeita. Lidamos cada vez mais com pessoas mimadas, e muitas vezes como patrão, temos que fazer a parte dos pais, que é abrir o olho dos jovens para a realidade de batalhar muito para ter um pouco.

Fato.

Eu reuni os meus três funcionários que fazem serviços externos e lhes disse contundentemente que eles voltassem a estudar para concluir o segundo grau (um deles) e cursar uma faculdade. A menos que eles queiram passar o resto da (longa) vida que eles tem em uma função que deveria ser transitória.
« Última modificação: 30 de Julho de 2011, 11:26:22 por Geotecton »
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Offline gavilan

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Re: Meu filho, você não merece nada
« Resposta #11 Online: 30 de Julho de 2011, 11:18:08 »
A parte do emburramento é perfeita. Lidamos cada vez mais com pessoas mimadas, e muitas vezes como patrão, temos que fazer a parte dos pais, que é abrir o olho dos jovens para a realidade de batalhar muito para ter um pouco.

Fato.

Eu reuni os meus três funcionários que fazem serviços externos e lhes disse contundentemente que eles voltassem a estudar para concluir o segundo grau (um deles) e cursar uma faculdade. A menos que eles queiram passar o resto da (longa) vida que ele tem em uma função que deveria ser transitória.

Terapia de choque funciona...
Quando adolescente, após um porre homérico numa sexta feira, meu pai tirou eu e meu irmao da cama cedo e nos levou pra frente da loja das casas bahias, ainda fechada.

"- Ser rico no Brasil é a coisa mais fácil do mundo. Qualquer imbecil faz uma faculdade qualquer e se dá bem na vida. Agora, se voces continuarem só festando, vao ser que nem esses coitados que tem q abrir a loja 7h da manha pra ganhar um salário"


Eu e meu irmao passamos em vestibulares dificeis em faculdades federais..

 
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Offline rizk

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Re: Meu filho, você não merece nada
« Resposta #12 Online: 30 de Julho de 2011, 20:01:12 »
Os pais da gente que impõem na gente essa necessidade de ser realizado, de ser feliz, de ser o máximo.

Outro dia recebi minha mãe e um amigo nosso aqui em casa. Aí estávamos conversando e ela resolveu se queixar de mim para ele: "a Mi (eu) precisa colocar na cabeça dela que não se sai assim da casa dos pais. Ela agora fica toda independente, não vai em casa há um mês. Não deixa eu fazer café na casa dela. Não aceita se eu quero mandar a faxineira. Ela tem que entender que não se corta os laços assim, que tem que provar pra gente que tudo vai bem".

Né, gente. Você tem vinte e sete anos, paga as próprias contas, estuda, mora num apartamento simpático. E você tem que "provar", ainda, alguma coisa. Eu nunca quis a vida fácil. Eu quis muito, PEDI muito que me dissessem "te vira, filha, essa briga é tua”. Mas cá estou AINDA com esse abacaxi nas mãos.

A gente precisa equipar os nossos filhos pra eles terem vida própria. Amor familiar não significa reduzir o outro à incapacidade.

Offline _tiago

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Re: Meu filho, você não merece nada
« Resposta #13 Online: 30 de Julho de 2011, 20:36:29 »
Eu sou o único aqui que sempre quis a vida fácil, milionária, na beira do mar, numa ilha só minha? :P

Offline _tiago

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Re: Meu filho, você não merece nada
« Resposta #14 Online: 30 de Julho de 2011, 20:37:08 »
Obviamente,
Sendo um gênio da...! Importa? :P

Offline Geotecton

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Re: Meu filho, você não merece nada
« Resposta #15 Online: 31 de Julho de 2011, 00:20:38 »
Eu sou o único aqui que sempre quis a vida fácil, milionária, na beira do mar, numa ilha só minha? :P

Eu também gostaria de poder desfrutar a vida assim. Mas...
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Offline Vito

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Re: Meu filho, você não merece nada
« Resposta #16 Online: 31 de Julho de 2011, 03:25:42 »
Percebi a diferença eu tinha apenas 18 anos. Nem contar meus irmãos erámos mimados e larguei por isso.

Vivi a barreira onde os jovens acharam fáceis passar a vida, mas, depois anos crescer eram piores que imaginaram. Apesar que eu era mais velho na turma porque eu era mais adulto (sei não é bem assim), eu sabia porque os meus colegas ficaram sempre felizes, como as fotografias sempre sorrisos e cheia a felicidade. Quem pagaram eram os pais na viagens e tudo tal. Eu ouvia minha mãe falando não tem dinheiro bancar viagem, então, não fico mimimi que quero tanto. Não vou e pronto. Festa? Não, obrigado. Show? Não, obrigado. Evento? Não, obrigado. Me chamaram eu era chato e esquisito.

Mas, o Vito era outro mundo: Reforçado o estudo, difícil cumprir compromisso, sem motivação. Assim apanha estudo, após, já consegui terminar ensino médio ano passado, note que tenho 24 anos agora.

Última vez a viagem de turma acho eu tinha uns 15 anos, não foi nada bem, eu não tinha onde quarto hóspede para dormir estava tudos lotados e sei ninguém me queria. Na manhã cedo eu tava sozinho na praia. Um belo Alone Forever conhecemos meme na internet.

Não é tarde demais estudo, reconheço os meus fracassos sou cara muito difícil motivar algo interesse que passa seu redor, reconheço minhas as fraquezas difícil compreender que estão falando e inclusive aprendizagem, e finalmente reconheço cada família tem sua problema só sabemos fingir estamos bem.

Bem, estou pouco me fodendo e o mundo fora é perigoso. Tem estar preparado, mas, a gente não se prepara, é fazer ou nunca. :biglol:

Offline Dr. Manhattan

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Re: Meu filho, você não merece nada
« Resposta #17 Online: 31 de Julho de 2011, 07:25:23 »
Outro dia recebi minha mãe e um amigo nosso aqui em casa. Aí estávamos conversando e ela resolveu se queixar de mim para ele: "a Mi (eu) precisa colocar na cabeça dela que não se sai assim da casa dos pais. Ela agora fica toda independente, não vai em casa há um mês. Não deixa eu fazer café na casa dela. Não aceita se eu quero mandar a faxineira. Ela tem que entender que não se corta os laços assim, que tem que provar pra gente que tudo vai bem".


Sua mãe parece sofrer da Síndrome da Mama Italiana. :lol:

Mas entendo a sua situação. O meu caso é um pouco parecido com o seu porque se eu tivesse querido, poderia ter vivido como um eterno adolescente. Meus pais (na verdade, só minha mãe :) ) provavelmente não teriam problema com isso. Só que eu mesmo não queria isso. Esse foi o motivo porque resolvi estudar 5 anos no exterior - sempre recusando ajuda dos pais, o que me fez amadurecer imensamente.
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Re: Meu filho, você não merece nada
« Resposta #18 Online: 01 de Agosto de 2011, 12:30:15 »
Vou generalizar...

Mas a solução que vejo para essa geração é fazer uma faculdade em outra cidade. Claro que nem sempre é possivel.
Entretanto foi o que aconteceu comigo, com 18 anos fui morar sozinho à 2h de "distância" dos meus pais, para cursar a faculdade.
Tive o conforto de poder contar com eles em casos de emergências, "paitrôcinio" e etc... Contudo a experiência veio a calhar no momento certo da minha vida para eu sair da Bolha e enfrentar o mundo.
 :ok:
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Re: Meu filho, você não merece nada
« Resposta #19 Online: 01 de Agosto de 2011, 12:46:19 »
Vou generalizar...

Mas a solução que vejo para essa geração é fazer uma faculdade em outra cidade. Claro que nem sempre é possivel.
Entretanto foi o que aconteceu comigo, com 18 anos fui morar sozinho à 2h de "distância" dos meus pais, para cursar a faculdade.
Tive o conforto de poder contar com eles em casos de emergências, "paitrôcinio" e etc... Contudo a experiência veio a calhar no momento certo da minha vida para eu sair da Bolha e enfrentar o mundo.
 :ok:
Esses testemunhos de emancipação sempre parecem argumento anedótico em relação a querer relacionar algum ganho a um indivíduo como força de exemplo a ser seguido. Muito embora haja esse modelo de conduta, na sociedade.
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Offline gavilan

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Re: Meu filho, você não merece nada
« Resposta #20 Online: 02 de Agosto de 2011, 22:58:03 »

Esses testemunhos de emancipação sempre parecem argumento anedótico em relação a querer relacionar algum ganho a um indivíduo como força de exemplo a ser seguido. Muito embora haja esse modelo de conduta, na sociedade.

O que consideraste anedóta, na verdade só é uma tentativa de trazer para a realidade algo abstrato, um exemplo. Por iniciei o posto com um "vou generalizar"
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Re: Meu filho, você não merece nada
« Resposta #21 Online: 03 de Agosto de 2011, 02:11:02 »

Esses testemunhos de emancipação sempre parecem argumento anedótico em relação a querer relacionar algum ganho a um indivíduo como força de exemplo a ser seguido. Muito embora haja esse modelo de conduta, na sociedade.

O que consideraste anedóta, na verdade só é uma tentativa de trazer para a realidade algo abstrato, um exemplo. Por iniciei o posto com um "vou generalizar"
E por isso eu teria colocado parecem... :P
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Re: Meu filho, você não merece nada
« Resposta #22 Online: 03 de Agosto de 2011, 08:55:01 »

Esses testemunhos de emancipação sempre parecem argumento anedótico em relação a querer relacionar algum ganho a um indivíduo como força de exemplo a ser seguido. Muito embora haja esse modelo de conduta, na sociedade.

O que consideraste anedóta, na verdade só é uma tentativa de trazer para a realidade algo abstrato, um exemplo. Por iniciei o posto com um "vou generalizar"
E por isso eu teria colocado parecem... :P

Aff...
Qualquer sistema de pensamento pode ser racional, pois basta que as suas conclusões não contrariem as suas premissas.

Mas isto não significa que este sistema de pensamento tenha correspondência com a realidade objetiva, sendo este o motivo pelo qual o conhecimento científico ser reconhecido como a única forma do homem estudar, explicar e compreender a Natureza.

Offline Sergiomgbr

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Re: Meu filho, você não merece nada
« Resposta #23 Online: 03 de Agosto de 2011, 14:32:22 »

Esses testemunhos de emancipação sempre parecem argumento anedótico em relação a querer relacionar algum ganho a um indivíduo como força de exemplo a ser seguido. Muito embora haja esse modelo de conduta, na sociedade.

O que consideraste anedóta, na verdade só é uma tentativa de trazer para a realidade algo abstrato, um exemplo. Por iniciei o posto com um "vou generalizar"
E por isso eu teria colocado parecem... :P

Aff...
N verdade algumas pessoas também vivem a vida inteira no seio familiar e apesar de haver um modelo sugerindo "emancipação", tem plena realização. Será que ficou claro que eu em nenhum momento considerei meramente anedota ?
Até onde eu sei eu não sei.

Offline gavilan

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Re: Meu filho, você não merece nada
« Resposta #24 Online: 04 de Agosto de 2011, 20:56:23 »
lost in translation... :)
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