http://opiniaoenoticia.com.br/vida/educacao/cultura-do-publique-ou-pereca-gera-overdose-de-pesquisas-mediocres/?ga=dptf2A revisão por profissionais do ramo é o processo que decide se um trabalho pode ser publicado num determinado periódico acadêmico. Este já não funciona tão bem, sobretudo como resultado da enorme quantidade de estudos que estão sendo publicados (estimados 1,3 milhão de estudos em 23.750 periódicos em 2006). Simplesmente não há pessoas competentes o bastante para realizar a tarefa. O efeito do enorme (e não remunerado) esforço que é dedicado à revisão de estudos é uma manutenção da hierarquia de prestígio entre os periódicos. Qualquer estudo, contudo, pode hoje ser publicado num periódico que alega praticar a revisão por especialistas capacitados.
A culpa por essa triste situação recai sobre as pessoas que impuseram uma cultura de ‘publique ou pereça’, isto é, financiadores de pesquisas e os professores mais antigos das universidades. Ter ‘escrito’ 800 estudos é algo a se gabar ao invés de ser motivo de vergonha. Departamentos de recursos humanos das universidades encorajam afirmações exageradas e pressionam autores a fazerem o mesmo.
As únicas pessoas que se beneficiam dessa pressão intensa para publicar são aqueles no ramo editorial. É difícil passar um dia sem que um novo periódico tenha início. Eles aceitarão praticamente tudo. A US National Library of Medicine lista 39 periódicos que lidam com medicina alternativa. Todos eles são “revisados por profissionais do ramo”, mas raramente publicam algo digno de leitura. A revisão por especialistas feita num periódico de homeopatia é, presumivelmente, feita em grande parte por outros que acreditam em mágica. Não fosse este o caso, esses periódicos fechariam as portas rapidamente. De modo geral, este problema não se origina de fraudes descaradas, as quais são raras. Origina-se da pressão oficial para publicar ainda que não se tenha nada a dizer.