Bem, já tinha postado algo sobre, lá no tópico de filmes mas, pelo tema em questão, pereceu-me adequado abrir um tópico exclusivo, aqui.
É um dos raros filmes abertamente anti-religiosos (e por isso mesmo dificilmente será bem conhecido), mais do que eu achava que seria! Mesmo sabendo quem é o escritor e diretor:
Matthew Chapman é tata-tataraneto de Charles Darwin!O filme é praticamente um romance, mas não se enganem, é mais que isso. É um enredo explicitamente anti-religioso, que conta a história de um ex-professor (Charlie Hunnam) que está prestes a se matar (daí o nome do filme), pela bagunça em que se meteu ao se apaixonar pela mulher (Liv Tyler) de um religioso fundamentalista (Patrick Wilson). O filme contém muitos diálogos a respeito dos efeitos e da coerência da crença, e seu final (sem spoilers: vejam, já está em um torrent perto de vocês, e as legendas em português já estão no legendas.tv!) é muito enfático a respeito da posição pretendida.
http://www.youtube.com/v/yezosLR6zLUClaro, rapidinho surgiram críticas à temática. Um texto do próprio escritor e diretor do filme, Chapman:
"Em uma crítica finamente velada a meu filme, The Ledge, Bill Donohue orgulhosamente se gaba que sua organização, a Liga Católica, boicota com sucesso filmes que considera antirreligiosos, e depois continua conclamando que é “o caráter Judaico-Cristão da América o responsável pelos níveis sem precedentes de justiça e liberdade dos quais gozam os descrentes”.
Se Bill viajasse um pouco mais, ele saberia que há muitos países onde tentativas de censurar a crítica à religião são devidamente consideradas arcaicas e repulsivas, e é onde ateus também desfrutam de menor preconceito do que na América. Quanto à alegação de que ateus deveriam ser gratos ao “caráter Judaico-Cristão” pela justiça e liberdade da qual desfrutam (que especial!), ela é hilária. A América foi fundada por homens de muitos tipos diferentes de fé ou de virtualmente nenhuma fé, usando ideias políticas e filosóficas dos franceses, gregos, etc. Apesar de seus melhores esforços para conter a religião, católicos foram perseguidos por judeu-cristãos (protestantes) desde os primórdios até a eleição de John F. Kennedy. Kennedy, como Bill deve saber, teve de explicitamente declarar que ele não se permitiria receber ordens de Roma a fim de ter uma mínima chance de ganhar as eleições.
O que é verdade é que todos os fundadores da nação estavam tentando escapar do tipo de ameaça religiosa caracterizada pelos “Bills Donohues” e “Pats Robertsons” de nossos tempos. Que estes valentões, dos quais sua fé é tão dominante neste país, queiram também choramingar sobre estarem sendo perseguidos, faz com que este ateu que vos escreve, um membro de uma minoria genuína (4%), queira vomitar. Eu cortei algumas linhas do diálogo de The Ledge sobre a devastação causada por éditos católicos que são contra o uso de camisinha numa África infestada pela AIDS. Nota mental: tenho que botar isto de volta nos extras do DVD.
Aí então há esta ideia de que Hollywood açoita os crentes. Isto também é o oposto da realidade. Quando foi a última vez em que você ouviu o herói de um filme clamar alto “Você tem que ouvir a razão!”? Não, é sempre o “Você tem que ter fé”. Em termos de filmes, The Ledge é efetivamente ímpar em sua notória crítica à fé. É por isto que, apesar de ser em grande parte somente outro thriller de entretenimento, ele tem despertado tanto debate. Na CNN.com, por exemplo, um único pequeno artigo engendrou 5 mil comentários passionais de todo tipo de religiosidade.
Bill termina sua peça usando uma citação de meu tata-tataravô (fora de contexto), castigando um ateu excessivamente agressivo. Tem-se que observar alguma vez Bill vociferando as pessoas para a submissão, sempre que escapa de sua coleira e vem à TV, para notar o qual risível é. Eu debateria com Bill a qualquer hora, em qualquer lugar – e deixaria o público decidir de quem é a agressividade mais razoável".
Fonte: http://bulevoador.haaan.com/2011/07/24994/Em certo momento do filme, o personagem que representa o cético, ao ser perguntado "Por que é sempre tão racional?", diz: "Por que é errado ser racional?". Pelo jeito, os descendentes de Darwin herdaram algo mais que a simples posição genealógica.