http://www1.folha.uol.com.br/ciencia/976834-aguas-vivas-estao-substituindo-peixes-no-mar-diz-estudo.shtmlElas são lerdas, gelatinosas, desengonçadas e usam um sistema de caça considerado primitivo. Ainda assim, as águas-vivas estão conseguindo substituir sardinhas, anchovas e outros peixes no domínio dos mares. 
 A mudança acontece principalmente nas regiões onde a pesca predatória dizimou as espécies dominantes. 
 Muitos cientistas apostavam que a supremacia desses gigantes gelatinosos seria apenas temporária. 
 Afinal, criaturas lentas, normalmente cegas e com uma estratégia de caça que exige contato direto com a presa não conseguiriam competir com peixes rápidos e de boa visão, certo? 
 Um grupo de pesquisadores acaba de mostrar que não é bem assim. Surpreendentemente, os invertebrados são excelentes predadores. 
 Em uma compilação de vários trabalhos, os cientistas -liderados por José Luiz Acuña, da Universidade de Oviedo, na Espanha- compararam dados como velocidade, padrão de deslocamento e potencial de caça das águas-vivas e de certos peixes comedores de plâncton (organismos minúsculos, como algas e larvas de animais, que boiam no mar). 
 Eles perceberam que, descontando as diferenças da composição química entre os bichos, águas-vivas e peixes como sardinhas têm taxas de crescimento e reprodução que são muito semelhantes. 
 "A habilidade competitiva de um predador depende não apenas da captura de presas e das taxas de ingestão mas também de quão eficiente a energia obtida se traduz no crescimento do corpo e aumento da população", diz o estudo publicado na revista especializada "Science". 
 Embora o corpão da água-viva desfavoreça seu deslocamento, ele aumenta as chances de contato com as presas, garantindo mais comida. 
 A estratégia de flutuar, em vez de perseguir vigorosamente a caça, também não é má ideia. Desse jeito, elas economizam muita energia. E vão, lentamente, transformando os oceanos.
