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Offline Adriano

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A educação movimenta a economia
« Online: 28 de Setembro de 2011, 11:38:22 »
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A educação movimenta a economia

Estudo de pesquisadores do Ipea mostra que, por gerarem muitos empregos num determinado estrato social, os investimentos em educação dão grande incremento à economia e à renda das famílias
 
Investir em educação é bom não só para aumentar o capital cultural da sociedade e dos cidadãos, mas também para fazer a roda da economia girar. É o que atesta o estudo "Gastos com a Política Social: Alavanca para o crescimento com distribuição de renda", coordenado pelos pesquisadores Jorge Abrahão, Joana Mostafá e Pedro Herculano, do Departamento de Estudos e Políticas Sociais, do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea).

Os pesquisadores analisaram o impacto dos gastos sociais realizados no ano de 2006 e definiram valores multiplicadores para os valores aplicados, ou seja, o quanto o incremento de 1% do PIB aumenta o próprio PIB e o quanto eleva a renda das famílias. E compararam esse impacto àquele gerado por outras atividades econômicas.

Cruzando dados econômicos do Sistema de Contas Nacionais do IBGE, da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) e da Pesquisa de Orçamentos Familiares (POF), os economistas chegaram à conclusão de que os gastos em educação e saúde têm retorno superior ao de outras atividades. O multiplicador do PIB para a educação foi 1,85%, enquanto o da saúde foi de 1,70%, o da construção civil foi de 1,54% e o de exportações de commodities agrícolas, de 1,4%. No caso do multiplicador na renda das famílias, o da educação foi de 1,67%, o da saúde de 1,44%, construção civil, 1,14%, commodities, 1,04%.

Os fatores que contribuem para isso são a alta geração de empregos da educação em comparação, por exemplo, com o setor agrícola, altamente mecanizado, e as compras que movimentam a indústria nacional geradas por cada setor. Leia, a seguir, a entrevista concedida por Jorge Abrahão, diretor do Ipea e coordenador da pesquisa, ao editor Rubem Barros.

O que representa esse índice para situar a educação como fenômeno econômico no Brasil de hoje?
Esse índice é uma primeira experiência brasileira, nunca havia sido calculado para o caso do nosso país. É a aplicação de uma metodologia já antiga, uma matriz de portabilidade social realizada há mais de 30 anos no mundo. Por que não havia no Brasil? Era muito difícil apropriar isso a áreas específicas. Até então, uma parcela das informações necessárias para chegar a mais detalhes não estava disponível. As últimas pesquisas domiciliares que o IBGE tem conduzido, como a Pesquisa de Orçamentos Familiares (POF), e a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad), dentro de um conjunto mais amplo de levantamentos, é que nos possibilitaram chegar a esses dados. Com isso, construímos uma matriz e, dentro dela, pudemos observar as contas sociais e separá-las por áreas específicas - saúde, educação etc. A partir daí, levantamos os multiplicadores. Já era esperado que alguns tipos de despesas públicas tivessem efeitos multiplicadores maiores do que outros.

Como se explica isso?
O gasto em educação, por exemplo tem um efeito de multiplicação maior. Primeiro, porque não é pequeno, representa de 4% a 5% do PIB. O Ministério fala em 5%, o que inclui a merenda, que não incluímos. Colocamos merenda em outra categoria - assistência alimentar à criança, e não como gasto educacional, apesar de ter um efeito educacional. Então, o nosso número é um pouco diferente do número do MEC. A educação deve hoje ser uma das maiores empregadoras do Brasil e é um dos melhores empregos, no conjunto. É um emprego de carteira assinada, acima do salário mínimo, em alguns lugares há planos de carreira. Quando olhamos para o Brasil todo, com 1,8 milhão de professores e mais outros tantos profissionais da educação, trata-se de um grande sistema, que paga muitos salários. Os salários, em grande parte não são muito elevados, mas constroem o que chamamos de as classes médias brasileiras. Essas classes médias brasileiras consomem quase tudo que ganham.

Os ganhos de longo prazo não estão computados, é isso?
Não, consideramos o gasto como elemento de consumo da economia hoje. Não estamos considerando o que ele produz. Para fazer esse outro cálculo, seria o custo-oportunidade, ou seja: calcular, no futuro, o valor presente do conhecimento ofertado hoje. Com certeza, esse é o grande diferencial, mas não estamos calculando isso. Estamos dizendo o seguinte: sem considerar isso, a educação já é um bom investimento, é um elemento importante para a economia brasileira, para o mercado interno. Porque grande parte dos professores, dos técnicos, dos servidores da educação em geral consome produtos nacionais, ajudando a circular dinheiro na economia. Esse circuito é que foi medido. Esse é um multiplicador do PIB muito maior que a maioria. São dois milhões de pessoas exercendo o poder de consumo. Ao fazer isso, há um estímulo à economia local, regional e nacional.

O multiplicador brasileiro para a educação está dentro dos padrões internacionais?
Num país de renda mais homogênea, como a França ou a Dinamarca, por exemplo, esse grupo é fundamental para a economia. Nos países europeus, em alguns casos, cerca de 40% da economia é movida pelo gasto social. Ou seja, salários dos prestadores de bens e serviços, educação, saúde, mais as transferências governamentais, como aposentadoria, seguro desemprego etc. Grande parte disso é o que segura a economia.

Em países com pior distribuição de renda e nível médio de escolarização mais baixo, o investimento tende a ter efeito maior?
Não tenho elementos para afirmar isso. Diria o seguinte: colocar na mão do conjunto da população uma renda permanente, justamente para os segmentos que poupam pouco, que gastam pouco no exterior ou com produtos importados, movimenta mais a economia. Em outros países, o professor não ganha tão mal como no Brasil. Na Europa, um professor, um médico, um advogado ganham valores muito próximos. Isso faz o diferencial da qualidade, profissionais com o mesmo grau de valorização. Para a economia, essas coisas são importantes. Quem tem uma renda permanente pode ir ao mercado fazer a roda girar.

O que gera crescimento?
Em parte é a demanda por bens e serviços produzidos no país. A taxa de crescimento da saúde, por exemplo, é menor que a da educação. Por quê? Na saúde há uma série de compras de materiais e de instrumentos do exterior. Então, você está transferindo o desenvolvimento para fora. Por isso é menor. Mas é expressivo também. No caso brasileiro, aplicar hoje em educação é um bom negócio para a economia. Esse investimento não envolve só emprego, mas sim toda  compra de bens e serviços.

Se aumentássemos o porcentual, o retorno seria exponencializado?
Talvez o multiplicador não se alterasse, ou até caísse um pouco. Vamos supor que você dobre, amplie muito a renda do professor. É possível que ele aumente seus gastos supérfluos ou poupe mais. Isso pode mudar o multiplicador, que tem sentido para o que está aí. Se eu crescer 1% hoje, vai dar 1,8. Você não consegue colocar 2% dentro do sistema de uma hora para outra. Mas a economia agradece. Você imagina uma pequena cidade onde se dobra o salário do professor...

Os gastos em saúde também têm alta taxa de retorno. O investimento em saúde pode melhorar o retorno do investimento em educação?
O bem-estar é multivariado. Se eu só fizesse ações de educação, não resolveria a questão. Colocar uma superescola no meio de uma estrutura em que faltam luz, água e esgoto não resolve as questões necessárias. Para gerar mais educação, a dose é uma escola bem estruturada, com um entorno social e econômico variável. É preciso ter infraestrutura social razoável e acesso à saúde para a família. No comunicado do Ipea, especificamos que o Brasil estruturou um sistema de políticas sociais e avançou em diversos níveis. Fizemos as contas por área, mas também há a conta geral: aplicar em política social faz bem para o país. Uma variável potencializa a outra. 

O que é mais socialmente rentável em termos de retorno do investimento social: alocar verbas no Bolsa Família ou diretamente no orçamento da educação?
Para a renda da família, o melhor é ter renda. Para a economia, o melhor é a educação. O Bolsa Família é muito pequeno perto da educação, tem um impacto reduzido em relação ao gasto com educação, que é onze vezes maior. Acho difícil ter um sistema de transferência de renda para pobreza maior do que o que está aí.

No campo da educação, estamos entrando num momento em que há uma janela de oportunidades em termos demográficos. Como aproveitá-la?
O mundo que estamos construindo é um mundo de aprendizagem permanente. Não existe um estoque dado de educação fixo. Sou doutor, tenho 12 anos de doutorado e preciso me qualificar sempre. A busca por educação vai transcender as faixas que já estão aí. Construímos pouca coisa em educação infantil. Haverá um processo de desaceleração da demanda. Em 2000, a faixa etária de 0 a 4 anos representava algo em torno de 9% da população brasileira. Em 2040, essa faixa estará reduzida a algo em torno de 3%. A faixa de 5 a 9 anos quase por aí também. Esse conjunto (0 a 4, 5 a 9 e 10 a 14 anos) será reduzido. Haverá uma pressão de demanda muito reduzida no futuro. O que não foi feito ainda para educação infantil e ensino fundamental terá de ser feito. No ensino fundamental, já foi universalizado, haverá diminuição de demanda. Pode ser que sobre dinheiro para melhorar a qualidade. Mas é preciso melhorá-la hoje, não dá para esperar a demografia ajudar.

Mas não será necessário investir na população mais idosa?
Sim. Não é só a aposentadoria. É serviço, saúde, assistência, cuidado. O Brasil vai ter de se preparar. Serão necessários mais geriatras. Em 2040, teremos algo em torno de 7% da população de 210 milhões de pessoas com mais de 80 anos, ou seja, 15 milhões de idosos. Hoje temos apenas 3 milhões. Tudo isso tem a ver com a mudança da família. As famílias do futuro serão pequenas e mais uniparentais, com mães que trabalham. A educação também vai ficar muito dependente da oferta pública desse serviço. Uma grande parte das crianças de hoje ainda está na família, e não sob os cuidados do Estado.

Há intenção de transformar esse estudo em uma série histórica?
Pelo nível de dificuldade de informações que o trabalho exige, calculamos produzir esse trabalho de três em três anos. Assim, conseguiremos enxergar uma evolução. Há uma ideia disseminada de que gastar no social é jogar dinheiro fora. Nosso objetivo era mostrar que o social compõe uma economia, dando um caráter avançado a ela. Fora o que ele gera de conhecimento. O que nós estamos dizendo é que não gera só crescimento, mas também distribuição de renda. Isso é o sinônimo de desenvolvimento. O conjunto da sociedade está melhorando.

http://revistaeducacao.uol.com.br/textos.asp?codigo=13087
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Re:A educação movimenta a economia
« Resposta #1 Online: 03 de Outubro de 2011, 01:29:53 »
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Economia da educação

A economia da educação é o estudo de assuntos econômicos relacionados à educação, incluindo a demanda por educação e o financiamento e oferta de educação.

Demanda por educação

O modelo dominante de demanda por educação é baseado na teoria do capital humano. A idéia central é de que o consumo de educação é um investimento na aquisição de habilidades e conhecimento que irá aumentar seus rendimentos, ou fornecer benefícios de longo prazo tais como uma apreciação pela literatura (algumas vezes chamado de capital cultural).[1] Um aumento no capital humano pode acompanhar o progresso tecnológico na medida em que os empregados com conhecimentos são demandados devido à necessidade por suas habilidades, seja na compreensão do processo de produção, seja na operação de máquinas. Estudos de 1958 tentaram calcular os retornos vindos de anos a mais na escola (o aumento percentual na renda de um ano adicional de escolaridade). Resultados posteriores tentaram permitir retornos diferentes de acordo com a pessoa ou o nível de educação.[2]
As estatísticas mostraram que países com altas taxas de pessoas com formação universitária se desenvolveram mais rápido que os países com taxas menores. Os Estados Unidos tem sido o líder mundial em avanços educacionais, começando com o high school movement (1910–1950). Também parece existir uma correlação entre diferenças de sexo na educação e o nível de crescimento. É observado mais desenvolvimento em países que possuem uma distribuição mais igual da porcentagem de mulheres e homens formados no ensino médio. Quando se trat de correlações entre os dados, a educação parece gerar crescimento econômico; no entanto, pode ser um caso de relação de causalidade ao contrário. Por exemplo, se a educação é vista como um bem de luxo, pode ocorrer que as famílias mais ricas estejam procurando um nível educacional maior como um símbolo de status, ao invés de uma relação de educação levando à riqueza.
O avanço educacional não é a única variável que afeta o crescimento econômico, embora ele explica apenas cerca de 14% do aumento médio anual na produtividade do trabalho durante o período 1915-2005. Devido a ausência de uma correlação mais significativa entre aquisição de educação formal e crescimento da produtividade, alguns economistas preferem acreditar que no mundo atual muitas habilidades e capacidades se desenvolvem a partir do aprendizado fora da educação tradicional, ou fora da escola.[3]
Um modelo alternatvio de demanda por educação, normalmente chamado de screening (rastreio), é baseado na teoria econômica da sinalização. A idéia central é que a aquisição de educação é um sinal de habilidade.[4]

Oferta de educação

Financiamento e oferecimento

Na maioria dos países, a educação escolar é predominantemente financiada e oferecida pelos governos. O financiamento e o oferecimento público também exerce um papel importante no ensino superior. Embora haja um amplo consenso quanto ao princípio de que a educação, ao menos ao nível da escola, deveria ser financiada principalmente pelos governos, há um considerável debate sobre a extensão desejável da oferta pública de educação. Defensores do ensino público argumentam que a oferta pública universal promove a igualdade de oportunidades e coesão social. Oponentes ao oferecimento público defendem alternativas tais como bolsas.[5][6][7]

Função de produção da educação

Uma função de produção da educação é uma aplicação do conceito econômico de uma função produção para campo da educação. Ela relaciona várias variáveis que afetam o aprendizado de um estudante (escolas, famílias, colegas, vizinhos etc.) para medir os resultados, incluindo o posterior sucesso no mercado de trabalho, presença na faculdade, taxa de formatura e, mais frequentemente, pontuações em um teste padronizado. O estudo original que iniciou o interesse na idéia de funções de produção da educação foi feito por um sociólogo, James S. Coleman. O Relatório Coleman, publicado em 1966, concluiu que o efeito marginal de várias variáveis escolares no desempenho do aluno era pequeno em comparação com o impacto das famílias e amigos.[8]
O relatório iniciou um grande número de estudos que obtiveram sucesso, aumentando o número de economistas envolvidos, fornecendo resultados inconsistentes acerca do impacto dos recursos escolares no desempenho do aluno.[9][10] A interpretação dos vários estudos tem sido controversa, em parte porque as descobertas têm sido diretamente debatidas no meio político. Duas linhas separadas de estudo têm sido amplamente debatidas. A questão geral se o aumento de fundos para as escolas produzirá um desempenho melhor (o debate do "dinheiro não importa") entrou nos debates legislativos e nas considerações jurídicas sobre os sistemas de financiamento escolar.[11][12][13] Além disso, discussões políticas sobre a redução dos tamanhos das classes ampliou os estudos acadêmicos sobre a relação entre o tamanho de uma classe e seu desempenho.[14][15]

Crítica marxista da educação no capitalismo

Embora Marx e Engels não tenham escrito abertamente sobre a educação, seus conceitos e métodos são teorizados e criticados pela influência de Marx com a educação sendo usada na reprodução das sociedades capitalistas. Marx e Engels abordaram a escolaridade como a "escolaridade revolucionária", onde a educação deveria servir como uma propaganda para a luta da classe operária.[16] O paradigma clássico marxista observa que a educação serve aos interesses do capital, enquanto procura modos alternativos de educação que preparariam os estudantes e cidadãos para um modo socialista mais progressivo de organizações sociais. Marx e Engels entendiam a educação e o tempo livre como essenciais para o desenvolvimento de indivíduos livres e a criação de seres humanos multifacetados, assim, para eles, a educação deveria ocupar um papel mais essencial na vida das pessoas, ao contrário da sociedade capitalista, que é organizada principalmente ao redor do trabalho e da produção de commodities.
http://pt.wikipedia.org/wiki/Economia_da_educa%C3%A7%C3%A3o

 Este conteúdo da Wikipédia lusófona é idêntico ao da Wikipédia anglófona e traz informações que complementam a notícia sobre a pesquisa do Ipea relacionando o interessante tema de educação e economia :)
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