Autor Tópico: Pequisa sobre a origem da visão atual dos foristas.  (Lida 925 vezes)

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Offline LaraAS

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Pequisa sobre a origem da visão atual dos foristas.
« Online: 21 de Outubro de 2011, 09:23:40 »
          Como foi o seu caminho para se tornar com a sua visão atual sobre se existe ou não existe Deus ,sobre se existe ou não existe vida após a morte ,ou sobre se possibilidades tanto de existir quanto de não existir ou Deus ou a vida após a morte.
           Primeiro eu vou dar o meu depoimento.
           Bom , primeiro eu fiz o catecismo católico em 1982 ,com 9 anos ,embora os meus pais não fossem propriamente religiosos ,mas agnosticos.
           Naquela época eu acreditei em grande parte das coisas do catolicismo ,mas com a resalva de considerar que certas coisas da Biblia eram simbolicas e alegoricas ,como o mito de Adão e Eva que eu sempre soube que é mito ,sempre soube que a verdadeira expliação é o evolucionismo.
           Naquele catecismo ,os catecistas falavam que não há inferno eterno ,que todos vão para o céu ,e que basta se arrepender que se vai para o céu. A minha sendo agnostica disse que o que ela tinha aprendido e o que ela desconfiava que ainda era a doutrina oficial da Igreja católica era que existia inferno eterno e purgatório e algumas pessoas nunca iam se arrepender.
           Mas ao mesmo tempo ,no catecismo ,nas missas e depois num grupo de encontro de jovens católicos em que eu fue por um ano e meio depois de acabar o catecismo (em 1983 e primeira metade de 1984 com 10 e 11 anos) falavam ao mesmo tempo que havia a vida após morte imediata junto com falar sobre a ressurreição só depois do juizo final ,e eu começei a achar contraditorias essas duas alegações.
           E também ,comecei a achar as histórias da biblia muito fantasiosas (eu tinha uma versão da biblia resumida para crianças a "História da Biblia para crianças" e com ilustrações  e tinha a própria biblia na parte do novo testamento ,e às vezes lia uma ou outra coisa da própria biblia no velho testamento ,numa biblia da minha casa ,é verdade que eu nunca tinha acreditado nas partes de coisas como Adão e Eva e nem isso tinha sido exigido na catecismo ,a Igreja aceita a evolução ,são só certas seitas protestantes que não aceitam ,eles até diziam.
            Mas mesmo nas partes que eu acreditava antes eu começei a achar estranho ,como por exemplo numa parte da biblia em que diziam em que diziam que na época de Abrãao e Davi Deus permitia a poligamia mas agora não. Mas as leis de Deus não são imutaveis?
            E também ,comecei a pensar:
            Por que a revelação só aconteceu em Israel e depois teve que ir só culturalmente para outros lugares ,e porque os milagres considerados cristãos ou judaicos só começavam a acontecer depois de cada população ser informada culturalmente da revelação? Deus e Jesus não deveriam ter se revelado de um modo sobrenatural para cada cultura de um modo independende da difusão cultural humana? Ainda mais que essa divisão tinha sido feita com atrocidades. Para um não-cristão e nem judeu ,não era suficiente se arrepender para continuar existindo após a morte? (A versão que me deram é que quem se arrepende vai para o céu e quem não se arrepende deixa de existir definitivamente ,não vai para o inferno ,mas também não têm vida após a morte). Se continuam existindo ,é que a Revelação é inutil e se não continuam existindo é uma discriminação.
            E eu tinha lido alguns textos com uma visão positiva dos Indios e em sua religião ,como bons ,e aí eu pensei:

Se é possível ter moralidade e regras sem o cristianismo e o judaismo ,então porque a revelação?
            Aí ,foi a minha primeira fase de descrença ,se bem que eu sempre achei que havia uma perfeição e equilibrio de regras no universo que deviam ser explicadas por alguma força maior ,alguma inteligencia maior ,que era algo de estilo Deus ,mas eu começei a pensar ,que cada povo tem a sua versão ,que os povos politeistas não são bem politeistas ,já que os seus Deuses não são criados nem têm a ver com o destino ,então eles são na verdade panteistas.
           Mas ,eu fiquei com uma questão na cabeça. E a vida após a morte ,existe ou não?
           Aí ,a minha mãe que tinha sido espírita na adolescencia e depois tinha virado agonostica ,me falou do espiritismo ,e inclusive falou que tinha visto uma levitação de copo numa sessão na sua casa na adolescencia (e não só girar ,mas girar levitando) ,e que como foi na sua casa ,não tinha como ser fraude ,do adolescente colega de classe ,meio paranormal que ajudou na sessão.
           Além disso ,eu também via no fantastico e no Globo reporter ,programas falando da verdade dos fenomenos do paranormal e também um professora de educação artistica falou para a classe na quinta série ,que os fenomenos do paranormal são verdadeiros.
           E também havia alguns programas de reportagens de televisão que falavam da reencarnçaõ e das pessoas com lembranças de outras vidas ,que às vezes eram conferidas e às vezes os dados combinavam.
           Então eu começei a pensar que os fenomenos do paranormal são verdadeiro e podem dar uma esperança de vida após a morte ,e a minha mãe comprou para nós o livro "Iniciação ao espiritismo" de Kardec onde havia as explicações com aquela aparente lógica do espiritismo.
           Mas o que eu mais gostei da hipotese de serem os fenomenos que mostram a vida após a morte ,foi seu ecumenismo ,sua tolerencia com as outras religiões. Com isso ,a revelação é universal ,os fenomenos acontecem antes de qualquer contado cultural com outros povos que já tenham recebido a revelação antes e também sempre aconteceram. Com isso ,não há justificativas para invasões com pretextos religiosos ,nem de guerra de religião.
          Depois eu li ,os outros livros de Kardec e os livros do Chico Xavier e outros livros espiritas. E de 1987 a 1994 ,dos 14 aos 21 anos ,frequentei uma mocidade espirita muito legal ,além das reuniões espiritas normais ,(essas últimas eu frequentei por mais tempo ,até uns 5 anos atráz ,até 2006 ,até os 33 anos)
          Só que mais tarde eu começei a achar ,que é errado o espiritismo se dizer cristão ,pois isso vai justamente contra esse ecumenismo que foi o que me atraiu no espiritismo e também começei a achar que a teoria do Karma justifica tudo ,inclusive essas invasões ,e que o Karma não é compativel com o livre arbitrio ,nem é possível ter tudo planejado e ao mesmo tempo que os que fazem crimes e atrocidades sejam culpados por isso.
          E além disso,achei contraditorio com o livre arbitrio e com a bondade de Deus ,a onipotencia e oniciencia que os livros de Kardec dizem que Deus tem ,ao mesmo tempo que dizem que Deus tem a soberana bondade ,e começei a achar ,que Deus ,ou é bom ,ou é oniciente e onipotente ,mas não as duas coisas ao mesmo tempo.
          E também não concordei nem gostei de certos livros espíritas brasileiros machistas e com uma visão anti-divorcista sob o pretexto do Karma (nesse ponto contradizendo Kardec) ,os que eu menos gostei foram os livros ditos psicografados pelo espírito Charles com a medium Ivonne A. Pereira ,uma das coisas mais machistas que eu já vi ,e o que é pior ,dizendo que é um revelação ,que é a realidade ,e que o mundo espiritual e os castigos espirituais também são machistas ,que essa é a lei de Deus.
          E por fim ,começei a achar que a reencarnação em si ,mesmo sem karma ,não é muito condizente com o crescimento demografico ,aí eu li numa revista que já houve 100 bilhões de habitantes humanos na Terra ,desde o surgimento do homo sapiens sapiens ,e o Chico Xavier tinha dito que que há 20 bilhões de espiritos na Terra ,então eu fiz os calculos ,e vi que precisava haver milenios de separação entre cada reencarnação no entanto estudos como os de Stevenson mostram uma diferença pequena entre as reencarnações (se bem que se pode pensar que em tempos mais recentes o tempo entre duas encarnações diminuiu ,justamente porque há mais encarnados ,mas ainda assim ,me parece que o intervalo dado por estudos como os de Stevenson ,é pequeno).
          Depois eu li na Internet sobre o racismo de Kardec ,e fue conferir e concordei em que ele era racista e tinha textos racistas (e não é que fosse inevitavel na época dele , pois Alexis de Tocquevile e Engels não eram racistas e falavam mal do racismo e inclusive Tocquevile era até mais velhos que Kardec).
           E também li na Internet ,o argumento de que com os espíritos sendo criados simples e ignorantes não dava para terem nunca uma responsabilidade moral e penal-espiritual inicial ,então não dá para uns espiritos evoluirem mais depressa que outros. E concordei com isso.
           Mas ainda há os fenomenos ,que pessoas com absoluto desinteresse material defendem como verdadeiros ,e também já houve épocas em que ,por motivos de preconceitos a maioria dos cientistas não aceitavam a hipnose e a anestesia por hipnose e em que os cientistas ocidentais que falavam que masturbação pode deixar as pessoas cegas ou loucas ,e também eu li o livro sobre a inteligencia emocional ,que fala que todos os grupos têm a mesmo inteligencia emocional ,inclusive os cientistas ,e que não há isso ,de ciencia neutra e asseptica.
           Quanto à reencarnação ,também me parece haver um outro problema ,além do demografico ,há a questão ,de que os defeitos e qualidades tem relações culturais ,economicas e biologicas ,e não me parece que a reencanação ajude tanto nisso. Então eu começei a pensar que talvez o que haja seja só um purgatório temporario e depois todos vão para o céu e que não haja reencarnação.
            E depois ,também eu li sobre coisas a testosterona relacionada à agressividade masculina ,e a oxicinina relacionada à empatia  ,sobre o sistema límbico do cerebro relacionado aos emoções ,e com o espírito materno-paterno (em repteis que não cuidam dos filhotes ,o sistema límbico praticamente não existe) e começei a pensar que isso não é diferente do instinto sexual e por tanto ,numa vida após a morte ,se esses sentimentos continuam a existir ,também tem que continuar a existir o sexo ,e isso para sempre ,não só numa fase não evoluida da vida espiritual (ao contrário do que dizem os livros espíritas ,de que ou não há sexo ,nomundo espiritual ,ou que só há sexo no mundo espiritual entre espiritos pouco evoluidos) e também li que o sexo tem um sentido fundamental para atenuar brigas e para deixar as pessoas calmas ,inclusive em alguns animais como os bonobos ,que não têm cio ,e que fazem todo tipo de prática sexual  ,toda mesmo e não têm noção de fidelidade feminina ,sendo a paternidade masculina só adotiva (mas sempre há um macho ajudando a femea a cuidar dos filhotes) , ,e são muito mais pacificos que os chipanzes que são mais conservadores no sexo ,tem noção de paternidade física masculina e têm poligamia de um macho com várias mulheres ,ciumes ,e brigas de machos. Então a visão conservadora espírita sobre o sexo e considerando-o pouco evoluido não têm nada a ver.
            Alias ,devo dizer que essas minhas leituras sobre etologia ,entogrinologia dos sentimentos e comportamento e sistema límbico ,também me fez não acreditar ,em relativismos extremistas de certas versões extremadas das chamadas ciencias sociais e que na verdade são militancias politicas irracionais (isso acontece sobretudo em certas variantes radicais de feminismo e de identidade de genero em geral).
           
         
             

Offline _Juca_

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Re:Pequisa sobre a origem da visão atual dos foristas.
« Resposta #1 Online: 21 de Outubro de 2011, 09:37:12 »
Vou resumir bastante, desde criança tenho espírito cético, mas influenciado pela doutrinação (todo aquele percalço crente igual ao que você descreve) sempre tive alguma crença, até o dia que do "nada" bateu um estalo : como pode uma pessoa pensar sem o cérebro? Não Pode. :)

Offline Sergiomgbr

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Re:Pequisa sobre a origem da visão atual dos foristas.
« Resposta #2 Online: 21 de Outubro de 2011, 10:21:42 »
O que posso dizer sobre a nescessidade de achar respostas sobre a existência começa por considerar os seres que me criaram, que são meu pai e minha mãe. Eles são os primeiros deuses! E até hoje não é muito diferente.
Até onde eu sei eu não sei.

Offline Gaúcho

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Re:Pequisa sobre a origem da visão atual dos foristas.
« Resposta #3 Online: 21 de Outubro de 2011, 13:36:46 »
Não lembro quando eu comecei a levar meu ateísmo a sério, como também não me lembro de ter algum dia acreditado em deus. Fui "convidado a me retirar" da catequese, por não levar a sério e fazer bagunça na sala. Na 7ª série, levei um bilhete para casa, para meus pais assinarem, por eu ter sugerido, em uma aula de religião, que Jesus deveria se masturbar com frequência, já que meu professor havia me confirmado que ele havia morrido virgem.

Eu acho que nessa época eu já era ateu, mas simplesmente não pensava nisso. Eu levava a questão de deus e religião como eu levava todo o resto: como uma grande piada. Enfim, com o passar dos anos, eu comecei a levar algumas coisas a sério, obviamente, mas religião e deus nunca entraram nessa lista.
"— A democracia em uma sociedade livre exige que os governados saibam o que fazem os governantes, mesmo quando estes buscam agir protegidos pelas sombras." Sérgio Moro

Offline Aparecido das Dores

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Re:Pequisa sobre a origem da visão atual dos foristas.
« Resposta #4 Online: 21 de Outubro de 2011, 14:18:31 »
Eu recebi uma educação evangélica pentecostal ultraconservadora, em que se cultivava abertamente o típico narcisismo cristão, o narcisismo das pequenas diferenças, e a aversão por pessoas ou ideias que não provinham daquele círculo.

   Mais tarde, resolvi cursar uma faculdade em outra cidade, coisa perigosa pois aquele era um ambiente do diabo, e percebi  que os conceitos que me ensinaram não correspondiam com a prática. Não era nem a respeito de conceitos advindos de pesquisa e ciência, e sim a respeito das pessoas, os paradigmas que aprendi estavam evidentemente errados.

   Mais que isto, mais tarde, quando retornei a minha cidade, observei melhor o comportamento dos “irmãos” e percebi que  não era possível afirmar com certeza se uma pessoa era de boa ou má índole só por pertencer a igreja. O pessoal da igreja não conseguia sequer ser pior que os que não pertenciam a ela, eram praticamente iguais em tudo o que se relacionava a honestidade e  integridade.

   Podem parecer óbvias estas conclusões, mas para mim que sempre vivi neste meio foram um marco. A partir desta época fui afastando gradativamente da igreja. :)

Offline Mr. Mustard

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Re:Pequisa sobre a origem da visão atual dos foristas.
« Resposta #5 Online: 21 de Outubro de 2011, 15:13:48 »
          Como foi o seu caminho para se tornar com a sua visão atual sobre se existe ou não existe Deus ,sobre se existe ou não existe vida após a morte ,ou sobre se possibilidades tanto de existir quanto de não existir ou Deus ou a vida após a morte.

Eu não recebi uma educação religiosa.
Na minha visão, o que realmente me choca é alguém acredita nisto tudo.

Offline Donatello

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Re:Pequisa sobre a origem da visão atual dos foristas.
« Resposta #6 Online: 21 de Outubro de 2011, 16:40:32 »
Olá, Lara  :).

Bem o meu processo de libertação durou cerca de 13  anos e é quase uma autobiografia :hihi:. Eu fui criado numa casa presbiteriana e até os sete aninhos eu frequentei igrejas que tinham culto assim:

Citar
<a href="http://www.youtube.com/v/WFFZGXN5A5A&amp;feature=related" target="_blank" class="new_win">http://www.youtube.com/v/WFFZGXN5A5A&amp;feature=related</a>
Aliás, era essa aí mesmo :)

Então eu ia pra igreja todo domingo, comia bolinho na cantina, levantava o dedinho para responder pra tia Maricota da escolinha dominical que Davi matou o gigante com uma pedrada na fuça e os leões com uma porrada na cara porque ele era muito amigo de Jesus e que era assim que nós tínhamos que ser. A professora dava um sorriso todo orgulhosa e eu ganhava uma estrelinha na minha revistinha. Enfim, era um típico crentinho.

Acontece que de vez em quando minha mãe passava por umas crises de depressão, e nesta época ela gostava de frequentar igrejas pentecostais porque achava que depressão é um problema espiritual e que as pentecostais têm uma oração mais forte. Foi então que numa manhã de domingo eu fui parar no meio de alguma coisa assim:

Citar
<a href="http://www.youtube.com/v/_7wvgFZw6uo" target="_blank" class="new_win">http://www.youtube.com/v/_7wvgFZw6uo</a>
Eparrê! Saravá, mizinfio!

Para melhorar o comecinho do meu processo de desconversão minha mãe resolveu pedir aos varões e varoas de fogo que fizessem uma intercessão por mim porque eu tava muito levado, e em poucos instantes lá estavam 7 ou 15 lunáticos berrando no meu ouvido coisas como "Sai demônio, pelo sangue de Jesus" e "Ih calaraxiterambia nérvia somalai" e "Deussssssss toooodo poderosooo!!! Queima Jesus" e eu respondia com todos os "Vai tomar no cu seus filhos da puta. Para de chacoalhar a porra da minha cabeça" que eu conhecia, o que para eles acho que soava como "Orem mais forte que o diabo tá se manifestando".

Saí dali xingando minha mãe, a mãe de deus, a mãe do capeta... e jurando que nunca mais punha os pés numa igreja. Promessa que não cumpri plenamente primeiro porque embora eu realmente tenha passado a ficar em casa com meu pai nas manhãs e noites de domingo, de vez em quando eu dava uma passada na Presbiteirana, geralmente nas datas festivas. E segundo porque lá pelos meus 12 anos cedi à chantagem sócio-espiritual de uma prima que sabendo que nós éramos pobres, muito, muito, muito pobres propôs que se eu aceitasse frequentar o sua maldita igreja (novamente uma desgraça de uma Assembleia  de Deus) ela nos ajudaria com mantimentos e roupas e coisa e tal. No começo neguei a oferta, disse que nem a caralho eu ia frequentar aquela igreja de maluco, mas como a gente realmente passava por grandes  necessidades (para usar um eufemismo) lá fui eu durante um curto tempo frequentar o reteté, logo percebi que passar fome era menos doloroso.

Até os 20 anos me declarei como não-religioso ou agnóstico. Se perguntavam se eu acreditava em deus eu respondia que não, mas na verdade eu tinha dúvidas. Eu era intelectualmente ateu, mas no eu inconsciente ainda tinha restos da doutrinação que eu tinha sofrido na infância. Cheguei a voltar a frequentar um culto evangélico (desta vez a Igreja Metodista) mas nesta época era um agnóstico jogando a aposta de Pascal...  nada da crença religiosa me fazia sentido de verdade, eu achava aquilo tudo muito absurdo, mas tinha medo de estar errado. Foi curto este tempo de fraqueza, deve ter durado menos de um ano.

Logo depois comecei o ensino médio, com cerca de 20 anos e como fazia técnico em turismo junto dei a sorte de ter Antropologia Cultural no mesmo ano... foi quando comecei a compreender que muitas crenças que nos parecem inatas na verdade são constructos de como somos ensinados a ver o mundo, que muitos destes constructos ficam impregnados em nosso subconsciente de forma muito intensa e que parecem naturais e irremovíveis... o nojo de comer escargot ou barata frita no palitinho, por exemplo. E finalmente compreendi com clareza que os elementos que me faziam dar alguma importância maior á crença em Jeovah que à crença em Papai Noel ou Saci ou Thor ou Júpiter ou no Boto Encantado eram resultado apenas de como estas histórias chegaram a mim e não de algo que fosse realmente diferente na lenda cristã.

Foi o fim do meu processo de libertação, mais de uma década depois dele ter começado.



« Última modificação: 21 de Outubro de 2011, 17:18:35 por Donatello van Dijck »

Offline genjikhan

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Re:Pequisa sobre a origem da visão atual dos foristas.
« Resposta #7 Online: 22 de Outubro de 2011, 22:58:00 »
No meu caso,minha familia era um pouco religiosa e queria me empurrar a religião quando eu era criança . Acho que eles começaram à parar de fazer isso,porque eu tinha uma mania de comer papel e  já comi um pedaço da biblia uma vez . Conforme fui crescendo,começei a questionar à autoridade do lider dos católicos(o grupo que pertençi) em decidir sobre o destino das pessoas após a morte . Mas acabei assumindo minha descrença aos poucos,com o conhecimento que vim acumulando ao ler livros,revistas,sites,etc . Acabei achando uma cópia de "Deus,um delirio",em um sebo por ai e tal livro me ajudou a justificar essa descrença . Acredito que a maioria das pessoas que criticam esse livro ou o ator dele,jamais chegou à abrir ou mesmo tentar procurar argumentos sólidos para invalidar os argumentos que estão escritos lá . No começo do meu ateismo,eu cheguei à acreditar em teorias de conspiração,mas hoje eu percebo que teorias de conspiração são quase como uma religião,já que são contraditórias entre si e exigem "fé" dos seus "membros" .  Influências para desistir da religião podem vir de vários lugares,mas acredito que o principal fator que faz as pessoas serem céticas é não ter medo de admitir para os outros que você é imperfeito e que pode estar errado sobre um determinado assunto,alem de outra caracteristica,que é desejar saber mais e melhor sobre o mundo . Não é exatamente um processo agradavel,mas querer sair dessa "zona de conforto" que o dogmatismo proporciona já é o primeiro passo importante para conheçer a realidade .
"Não há fatos eternos,assim como não há verdades absolutas" - Friederich Nietzsche

"Os males de que padece o ser humano vêm em seu maior número,vêm dele mesmo" - Plínio

"Quem conhece a sua ignorância revela a mais profunda sapiência. Quem ignora a sua ignorância vive na mais profunda ilusão" - Lao Tsé

Offline Geotecton

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Re:Pequisa sobre a origem da visão atual dos foristas.
« Resposta #8 Online: 22 de Outubro de 2011, 23:09:59 »
Seja bem vindo genjikhan.

Se for possível passe no tópico de apresentações do fCC.
Foto USGS

 

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