Autor Tópico: Extrema pobreza nos EUA cresce mais de um terço em uma década  (Lida 2224 vezes)

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Offline DDV

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Re:Extrema pobreza nos EUA cresce mais de um terço em uma década
« Resposta #25 Online: 06 de Novembro de 2011, 13:08:38 »
Os ricos tiveram mais sucesso em gerar riqueza, hahaha, tem gente que pensa que distribuição de renda no capitalismo é só uma questão de mérito pessoal. A verdade é que o aumento do desemprego estrutural aumenta a propensão de uma pior distribuição de renda devido ao menor poder de barganha dos trabalhadores nas negociações salariais. Basta conhecer a história da "curva de Kuznets" para entender o que eu estou dizendo. Dizer "as transações são voluntárias no capitalismo" é um chavão que não explica absolutamente nada.

Isso aí seria no máximo uma consequência da desigualdade extrema, não a causa inicial (que é o que me foi perguntado).
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Offline Derfel

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Re:Extrema pobreza nos EUA cresce mais de um terço em uma década
« Resposta #26 Online: 06 de Novembro de 2011, 14:22:37 »
Alguns indicadores de saúde apesar de terem uma relação com a distribuição de renda, essa relação é um pouco mais complicada que uma relação direta pura e simples. É o caso, por exemplo, da mortalidade infantil. Além disso, li em algum lugar que essa geração de americanos será a primeira na história em que terá condições piores que a geração anterior.

Offline -Huxley-

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Re:Extrema pobreza nos EUA cresce mais de um terço em uma década
« Resposta #27 Online: 06 de Novembro de 2011, 15:16:37 »
Os ricos tiveram mais sucesso em gerar riqueza, hahaha, tem gente que pensa que distribuição de renda no capitalismo é só uma questão de mérito pessoal. A verdade é que o aumento do desemprego estrutural aumenta a propensão de uma pior distribuição de renda devido ao menor poder de barganha dos trabalhadores nas negociações salariais. Basta conhecer a história da "curva de Kuznets" para entender o que eu estou dizendo. Dizer "as transações são voluntárias no capitalismo" é um chavão que não explica absolutamente nada.

Isso aí seria no máximo uma consequência da desigualdade extrema, não a causa inicial (que é o que me foi perguntado).

O problema dessa análise é que capital previamente acumulado e herdado não cai do céu.

Também ignora o fato de que se a causa do aumento da desigualdade de renda se deve essencialmente ao fato de que o crescimento do salário real médio está abaixo do crescimento da taxa de produtividade marginal do trabalho (o que Krugman aparentemente defende), então o argumento da "competência dos mais ricos" vai por água abaixo. Porque se assim fosse, o próprio sistema de preços, através da queda relativa do salário real*, sinalizaria aos empresários que se tornou mais lucrativo: a) utilizar técnicas de produção mais intensivas em trabalho e menos intensivas em capital em todas as linhas de produção da economia; b) aumentar a produção de bens que utilizam técnicas de produção relativamente mais intensivas em trabalho e diminuir a dos que utilizam técnicas relativamente mais intensivas em capital. Devido a essa regra de maximização de lucro, se o salário estiver abaixo da produtividade marginal do trabalho, as firmas achariam mais vantajoso empregar mais trabalhadores. Isto aplicaria pressão ascendente sobre os salários e, por causa da lei da produtividade marginal decrescente, uma pressão descendente sobre a produtividade. Ou seja, ainda que ocorram fases de transição onde os salários caiam, os trabalhadores se apropriariam dos ganhos de sua produtividade no longo prazo, segundo a teoria econômica convencional (neoclássica). Portanto, o valor dos bens que os mais ricos vendem não necessariamente explica o tamanho de sua melhora na participação da renda ou a diminuição da participação dos salários na renda nacional dos EUA.

* Nota: Nos modelos neoclássicos, estes desequilíbrios não acontecem no longo prazo porque o sistema de preços cria incentivos para os empresários utilizem mais do fator de produção relativamente abundante e menos do fator relativamente escasso, até eliminar os desequilíbrios.
« Última modificação: 06 de Novembro de 2011, 15:38:05 por -Huxley- »

Offline -Huxley-

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Re:Extrema pobreza nos EUA cresce mais de um terço em uma década
« Resposta #28 Online: 06 de Novembro de 2011, 16:00:58 »
Só um último esclarecimento. Em modelos de concorrência perfeita, a participação dos salários na renda permanece constante e igual a 1- alfa * A variável alfa é uma constante que representa a participação do capital no processo de produção. Ela depende da chamada “elasticidade de substituição técnica entre capital e trabalho” no processo produtivo, isto é, do grau de dificuldade envolvido em substituir trabalho humano por máquinas e equipamentos. Em concorrência imperfeita, pode haver alteração na distribuição lucro/salário se o markup médio das empresas se alteram. Então, a concorrência imperfeita e o componente "inercial" da desigualdade podem explicar a questão da distribuição da renda nos EUA.

No manual “Macroeconomia” (2ª edição) do Olivier Blanchard é observado alguns dados sugestivos. Considerando apenas os trabalhadores de horário integral nos EUA, há dados mostrando significativas discrepâncias entre os aumentos reais dos salários em diferentes épocas. Os salários subiram 17,7% no período 1963-1979, contra uma queda de 11,2% no período 1979-1995 (p.283).

Para os trabalhadores com até 11 anos de estudo, houve crescimento de 17,2% no primeiro período e uma queda de 20,2% no segundo. Nem para trabalhadores entre 13 e 15 anos de estudo, os dados são bons: 17,7% no primeiro período e queda de 12,4% no segundo. Para quatro anos ou mais, os dados são melhores: 18,9% e 3,5%, respectivamente. Porém, os dados são assustadores para trabalhadores com apenas diploma de segundo grau e até cinco anos de experiência: queda de 40% na remuneração real de 1979 até 1995!

Dados de outros autores merecem atenção. Vejam este artigo de James Cypher (1) onde é demonstrado que nos EUA (1972-2005) o crescimento da produtividade ultrapassou em 50% o crescimento do salário real mais outros benefícios auferidos pelos trabalhadores “não-agrícolas” (por exemplo, com prêmios de seguro de saúde). Além disto, peguem este artigo (2) de Dani Rodrik- famoso blogger e economista da Universidade de Harvard- e verão um gráfico que compara a evolução da produtividade (em vermelho) com a evolução do salário médio (benefícios incluídos) de várias categorias de trabalhadores (homens entre 35 e 44 anos com diferentes níveis de escolaridade). Nota-se que nos EUA, entre 1980 e 2006, o salário médio dos trabalhadores com o 2º grau (high school) caiu em termos reais.

Quais as explicações para tais discrepâncias salariais? Olivier Blanchard dá três explicações para o fenômeno. Em primeiro lugar, ele aponta que o índice de preço influi muito neste aspecto. Do ponto de vista de testar a teoria básica, o índice certo para calcular salários reais é o índice de preços ao consumidor, não o deflator implítico do PIB.

Se o último cresceu muito mais que o segundo, então um salário menor que o esperado deveria aparecer. Blanchard ainda cita que o progresso tecnológico fez cair bruscamente a demanda por trabalhadores menos qualificados, sobretudo aqueles que não sabem lidar com operações e equipamentos mais complexos.

Por fim, ele cita que as fábricas que empregam trabalhadores menos qualificados estão sofrendo com a importação de bens vindos de regiões onde a mão-de-obra é mais barata (como a China), o que leva mais e mais firmas a se deslocarem para essas regiões.

Claro, até agora só falei de modelos ortodoxos. Os economistas heterodoxos da Cambridge inglesa (Nicholas Kaldor, Joan Robinson, Luigi Pasinetti, etc.) se fundamentaram numa crítica teórica do economista italiano Piero Sraffa para negar a validade dos pressupostos dos modelos solowianos, algo que gerou a famosa “controvérsia do capital” da década de 60. Essa crítica leva em conta a observação de que como o capital é um bem reprodutível, um produto e não uma dotação da natureza, um aumento no salário real não necessariamente conduzirá a uma redução na relação capital/trabalho da economia; e vice-versa. Um aumento do salário real também aumenta o custo de produção e, portanto os preços das máquinas e equipamentos (capital); não é impossível que, ao invés de economizar trabalho nestas circunstâncias, as empresas recebam incentivos para utilizar técnicas que economizem capital, reduzindo, e não aumentando, a relação capital/trabalho.

A conseqüência é que nada garante que o mecanismo neoclássico de substituição entre capital e trabalho sempre opere na direção correta prevista pelo modelo. Isso pode explicar porque em alguns países subdesenvolvidos há tanto subemprego e desemprego por desalento.

Isso implicaria que os índices de desemprego são muito maiores que os oficiais, já que não é por opção que as pessoas ficam nesta situação, mas sim por causa devido a um desequilíbrio cumulativo entre crescimento do estoque de capital e o crescimento da taxa de disponibilidade da mão-de-obra.


Fontes:

(1) http://www.dollarsandsense.org/archives/2007/0107cypher.html
(2) http://rodrik.typepad.com/dani_rodriks_weblog/2008/02/mr-kristol-you.html
« Última modificação: 06 de Novembro de 2011, 16:09:27 por -Huxley- »

Offline DDV

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Re:Extrema pobreza nos EUA cresce mais de um terço em uma década
« Resposta #29 Online: 06 de Novembro de 2011, 16:09:25 »
Os ricos tiveram mais sucesso em gerar riqueza, hahaha, tem gente que pensa que distribuição de renda no capitalismo é só uma questão de mérito pessoal. A verdade é que o aumento do desemprego estrutural aumenta a propensão de uma pior distribuição de renda devido ao menor poder de barganha dos trabalhadores nas negociações salariais. Basta conhecer a história da "curva de Kuznets" para entender o que eu estou dizendo. Dizer "as transações são voluntárias no capitalismo" é um chavão que não explica absolutamente nada.

Isso aí seria no máximo uma consequência da desigualdade extrema, não a causa inicial (que é o que me foi perguntado).

O problema dessa análise é que capital previamente acumulado e herdado não cai do céu.

Também ignora o fato de que se a causa do aumento da desigualdade de renda se deve essencialmente ao fato de que o crescimento do salário real médio está abaixo do crescimento da taxa de produtividade marginal do trabalho (o que Krugman aparentemente defende), então o argumento da "competência dos mais ricos" vai por água abaixo. Porque se assim fosse, o próprio sistema de preços, através da queda relativa do salário real*, sinalizaria aos empresários que se tornou mais lucrativo: a) utilizar técnicas de produção mais intensivas em trabalho e menos intensivas em capital em todas as linhas de produção da economia; b) aumentar a produção de bens que utilizam técnicas de produção relativamente mais intensivas em trabalho e diminuir a dos que utilizam técnicas relativamente mais intensivas em capital. Devido a essa regra de maximização de lucro, se o salário estiver abaixo da produtividade marginal do trabalho, as firmas achariam mais vantajoso empregar mais trabalhadores. Isto aplicaria pressão ascendente sobre os salários e, por causa da lei da produtividade marginal decrescente, uma pressão descendente sobre a produtividade. Ou seja, ainda que ocorram fases de transição onde os salários caiam, os trabalhadores se apropriariam dos ganhos de sua produtividade no longo prazo, segundo a teoria econômica convencional (neoclássica). Portanto, o valor dos bens que os mais ricos vendem não necessariamente explica o tamanho de sua melhora na participação da renda ou a diminuição da participação dos salários na renda nacional dos EUA.

* Nota: Nos modelos neoclássicos, estes desequilíbrios não acontecem no longo prazo porque o sistema de preços cria incentivos para os empresários utilizem mais do fator de produção relativamente abundante e menos do fator relativamente escasso, até eliminar os desequilíbrios.


Mas se os salários forem relativamente rígidos no curto ou médio prazo (como defende a teoria keynesiana), esse incentivo a investir mais em produção que seja intensiva em mão-de-obra não existirá*.  :)

O seu segundo post trás no final as explicações mais plausíveis para essa queda relativa dos salários de 1979 para cá, principalmente dos trabalhadores menos qualificados.


Eu gostaria de saber como se mede a "produtividade" média de um trabalhador. Pergunto isso porque se um funcionário passa a produzir o dobro utilizando um bem de capital novo introduzido pela empresa, não se deve considerar que esse aumento da produtividade seja "mérito" do funcionário, e sim do bem de capital.


*Isso já partindo do pressuposto de que realmente houve um aumento na "produtividade do trabalho" que seja inteiramente "mérito" do trabalhador.
Não acredite em quem lhe disser que a verdade não existe.

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Offline LaraAS

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Re:Extrema pobreza nos EUA cresce mais de um terço em uma década
« Resposta #30 Online: 06 de Novembro de 2011, 16:15:05 »
         Bom ,a média de anos de vida está aumentando  ,a mortalidade infantil está diminuindo  ,a proporção de pessoas com Internet está aumentando ,igualmente com celular , carro ,etc....Então eu não sei que  raios de diminuição de salários é essa.
« Última modificação: 06 de Novembro de 2011, 16:32:27 por LaraAS »

Offline DDV

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Re:Extrema pobreza nos EUA cresce mais de um terço em uma década
« Resposta #31 Online: 06 de Novembro de 2011, 16:15:55 »
Olha só Huxley: você diz que houve um aumento na "produtividade dos trabalhadores", porém o aumento do salário real médio foi bem menor do que esse aumento na produtividade, e isso deveria levar os empresários (pela teoria neoclássica) a investirem mais em trabalhadores do que máquinas*. Ora... você não parou para pensar que esse aumento na "produtividade do trabalhador" seria justamente devido às máquinas, o que torna essa dicotomia "trabalhadores X máquinas" falsa e na verdade quem investir mais em máquinas e menos em trabalhadores obteria mais lucros?



*Ou seja, mais em atividades intensivas em mão-de-obra e menos em atividades intensivas em bens de capital.
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Offline -Huxley-

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Re:Extrema pobreza nos EUA cresce mais de um terço em uma década
« Resposta #32 Online: 06 de Novembro de 2011, 16:32:29 »
Os ricos tiveram mais sucesso em gerar riqueza, hahaha, tem gente que pensa que distribuição de renda no capitalismo é só uma questão de mérito pessoal. A verdade é que o aumento do desemprego estrutural aumenta a propensão de uma pior distribuição de renda devido ao menor poder de barganha dos trabalhadores nas negociações salariais. Basta conhecer a história da "curva de Kuznets" para entender o que eu estou dizendo. Dizer "as transações são voluntárias no capitalismo" é um chavão que não explica absolutamente nada.

Isso aí seria no máximo uma consequência da desigualdade extrema, não a causa inicial (que é o que me foi perguntado).

O problema dessa análise é que capital previamente acumulado e herdado não cai do céu.

Também ignora o fato de que se a causa do aumento da desigualdade de renda se deve essencialmente ao fato de que o crescimento do salário real médio está abaixo do crescimento da taxa de produtividade marginal do trabalho (o que Krugman aparentemente defende), então o argumento da "competência dos mais ricos" vai por água abaixo. Porque se assim fosse, o próprio sistema de preços, através da queda relativa do salário real*, sinalizaria aos empresários que se tornou mais lucrativo: a) utilizar técnicas de produção mais intensivas em trabalho e menos intensivas em capital em todas as linhas de produção da economia; b) aumentar a produção de bens que utilizam técnicas de produção relativamente mais intensivas em trabalho e diminuir a dos que utilizam técnicas relativamente mais intensivas em capital. Devido a essa regra de maximização de lucro, se o salário estiver abaixo da produtividade marginal do trabalho, as firmas achariam mais vantajoso empregar mais trabalhadores. Isto aplicaria pressão ascendente sobre os salários e, por causa da lei da produtividade marginal decrescente, uma pressão descendente sobre a produtividade. Ou seja, ainda que ocorram fases de transição onde os salários caiam, os trabalhadores se apropriariam dos ganhos de sua produtividade no longo prazo, segundo a teoria econômica convencional (neoclássica). Portanto, o valor dos bens que os mais ricos vendem não necessariamente explica o tamanho de sua melhora na participação da renda ou a diminuição da participação dos salários na renda nacional dos EUA.

* Nota: Nos modelos neoclássicos, estes desequilíbrios não acontecem no longo prazo porque o sistema de preços cria incentivos para os empresários utilizem mais do fator de produção relativamente abundante e menos do fator relativamente escasso, até eliminar os desequilíbrios.




Mas se os salários forem relativamente rígidos no curto ou médio prazo (como defende a teoria keynesiana), esse incentivo a investir mais em produção que seja intensiva em mão-de-obra não existirá*.  :)

O seu segundo post trás no final as explicações mais plausíveis para essa queda relativa dos salários de 1979 para cá, principalmente dos trabalhadores menos qualificados.


Eu gostaria de saber como se mede a "produtividade" média de um trabalhador. Pergunto isso porque se um funcionário passa a produzir o dobro utilizando um bem de capital novo introduzido pela empresa, não se deve considerar que esse aumento da produtividade seja "mérito" do funcionário, e sim do bem de capital.


*Isso já partindo do pressuposto de que realmente houve um aumento na "produtividade do trabalho" que seja inteiramente "mérito" do trabalhador.

Quanto ao que você pôs no primeiro parágrafo, o que eu posso dizer é que o longo prazo macroeconômico pode ser estimado como um período de aproximadamente 10 anos ou mais (Olivier Blanchard). Não há rigidez de salários no longo prazo.

Quanto ao questionamento do seu último parágrafo, pode-se dizer que, em equilíbrio, a produtividade do trabalho se iguala a produtividade marginal do capital, de modo que a Produtividade Total de Fatores pode ser tomada como estimativa de ambas. Supõe-se essas hipóteses:

* retornos constantes de escala: se multiplico a quantidade de ambos os fatores de produção (capital e trabalho) por x, a quantidade disponível do produto final Q (PIB real) também é multiplicado por x;

* produtividade marginal decrescente em ambos os fatores (capital e trabalho): se os fatores de produção crescem a taxas diferentes, o PIB real Q cresce a uma taxa média ponderada dos dois fatores; portanto, Q cresce menos que o fator que cresce mais depressa (cuja taxa de crescimento é mais elevada); então, o fator que cresce mais depressa apresenta produtividade marginal decrescente;

> Supõe-se que a tecnologia incorporada no modelo seja de um tipo chamado de labour augmenting ou Harrod-neutra (“que aumenta a quantidade de trabalho”, ou que implica um efeito do progresso tecnológico que é dirigido à produção através do trabalho).
« Última modificação: 06 de Novembro de 2011, 22:40:59 por -Huxley- »

Offline -Huxley-

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Re:Extrema pobreza nos EUA cresce mais de um terço em uma década
« Resposta #33 Online: 06 de Novembro de 2011, 16:49:22 »
Olha só Huxley: você diz que houve um aumento na "produtividade dos trabalhadores", porém o aumento do salário real médio foi bem menor do que esse aumento na produtividade, e isso deveria levar os empresários (pela teoria neoclássica) a investirem mais em trabalhadores do que máquinas*. Ora... você não parou para pensar que esse aumento na "produtividade do trabalhador" seria justamente devido às máquinas, o que torna essa dicotomia "trabalhadores X máquinas" falsa e na verdade quem investir mais em máquinas e menos em trabalhadores obteria mais lucros?



*Ou seja, mais em atividades intensivas em mão-de-obra e menos em atividades intensivas em bens de capital.

DDV,

A produtividade do trabalhador é distinta da produtividade do fator capital. Para entender isso, basta você imaginar a receita marginal adicional que se geraria numa empresa ao se acrescentar trabalhadores quando a quantidade de capital é fixa, e vice-versa.

Todavia, eu considero que você pode ter razão num aspecto, o de que o maior investimento em capital-intensividade melhora a distribuição lucro/salário favoravelmente aos capitalistas. A heterodoxia econômica critica  as hipóteses específicas de cada um desses modelos neoclássicos, consideradas fortemente arbitrárias. Eis o que os heterodoxos dizem:

> Se não há garantia de que o mecanismo de substituição entre capital e trabalho funcione sempre na direção exigida pelo modelo neoclássico (como já expliquei nos 3 últimos parágrafos do meu penúltimo post deste tópico), a tendência automática à igualação das taxas de crescimento do estoque de capital e da disponibilidade de mão-de-obra em estado estacionário não se manifesta, surgindo a possibilidade de desequilíbrio cumulativo, bem como de desemprego mesmo a longo prazo (estrutural);

> A possível existência de recursos ociosos nestas condições implica a possibilidade de que a oferta agregada (e portanto os níveis de produção e emprego) não seja completamente insensível a mudanças na demanda agregada. Contesta-se assim a ausência da demanda agregada do modelo e a natureza supply driven (liderado pela oferta) do mesmo.;

> Questiona-se a ideia no modelo neoclássico de que avanço tecnológico seja sinônimo de qualificação de mão-de-obra, quando na visão heterodoxa a maior parte do avanço tecnológico e dos conseqüentes ganhos de produtividade é resultante do progresso tecnológico incorporado no equipamento de capital, e não da maior qualificação da mão-de-obra. 
« Última modificação: 06 de Novembro de 2011, 17:05:19 por -Huxley- »

 

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