Gostei dessa analogia com verduras. Acho também que existe uma enorme diferença entre o filme com ritmo lento e o filme arrastado. Por exemplo, um filme com ritmo lento é "A liberdade é azul" - e isso foi de propósito (trata-se, em resumo, da história de uma mulher tentando lidar com a perda do marido). O Solaris do Tarkovsky é arrastado (só é bom se você fizer fast-forward em algumas partes
). O fato é que, existem filmes onde há longas cenas com pouca ação ou diálogo. Isso pode ser por vários motivos:
(a) Para criar suspense - pense no começo de O Bom, o Mau e o Feio (que tem um título ridículo em português que esqueci).
(b) Para representar emoções (luto e alienação, em "A Liberdade é Azul").
(c) Para enfatizar um cenário (o deserto, no começo de "Onde os fracos não têm vez")
(d) Para destacar a frieza dos personagens ("Onde os fracos não têm vez", "2001, uma odisséia no espaço"[1])
(e) Por boçalidade (Nouvelle Vague, de um modo geral).
Sem falar que muitos diretores boçais costumam ter os mesmos tiques: quase sempre colocam uma cena em que dois personagens ficam um de frente para o outro sem falar nada, gostam de longos takes com os personagens rindo e correndo sem rumo, seus personagens são sempre mal-ajustados na sociedade etc.
[1] A ideia nesse filme é mostrar como a tecnologia pode nos desumanizar. Note que o único tripulante da Discovery 1 que demonstra medo, expectativa ou curiosidade é... HAL. Sem falar que sua "morte" é uma cena bem tocante - e é nesse momento que David Bowman demonstra alguma emoção pela primeira vez.