O Diegojaf deu uma resposta, basicamente, como profissional da área, que tem um conjunto de normas a seguir nos atos de sua profissão. Eu, de um panorama mais amplo e descompromissado, vejo a razão disso na fundamentação dos preceitos humanos de religiosidade e obediência, em que a crença na norma é mais importante que a realidade. Não importa se há provas físicas do que quer que seja. O que é unicamente importante é que se cumpra a liturgia. Argumentos os mais disparatados sobre isso se pode observar a todo momento, como o de um congressista que disse, ao responder o porquê de haver prescrição criminal, que é o que a democracia exige. ????????? !!!!!!!!!!
Talvez seja o que a BUR(R)OCRACIA exige. Mas, o que exige a burocracia? O ritual, é claro. Exige que se aja de acordo com o que se crê e não de acordo com o que se sabe e pode ser provado. Num caso como esse aqui, a alegação do "problema" da população carcerária também agradece. Mas isso só é um problema num mundo de torpes, pois, como, em qualquer sociedade civilizada, esse criminoso deveria ser executado, a execução poderia ser prontamente efetuada ali mesmo na delegacia, desferindo tiros no bandido, especialmente na cabeça, como o mesmo fez na vítima. Num caso como o dos Nardoni, embora todos "saibam" que foram eles mesmos os executores do crime, não poderia ser feita a execução de pronto, mas é provável que o desejo de executá-los tenha sido maior. São jogadas fora oportunidades esfregadas na cara e inventadas outras, do praticamente nada, sem fundamento algum, porque o que importa não são as provas, são as crenças. Por isso, quando um crente pede provas, não está realmente pedindo nada, além de uma razão para crer em algo (mais). Qualquer semelhança entre sistema jurídico e religião não é mera coincidência.
Então, por meio da lei não se diz coisa alguma sobre coisa alguma além de que ela própria não importa se o ritual dela não for cumprido. O ato de matar alguém sem qualquer justificativa suficiente, em si, só assume status de crime, não pelo que se diz no texto, mas pelo que sai da boca da "autoridade", independentemente de quaisquer evidências ou provas, o que gera as estampadas deformidades de vermos inocentes sendo condenados sem qualquer evidência física que os acuse ao passo que vemos bandidos filmados em crime e confessos saindo livres. Logo, é proibido matar? É proibido cometer crimes? Não, realmente. O que é proibido? É proibido punir criminosos? Sim, não importa se pode-se provar que são criminosos. O sistema jurídico é uma religião em que todos têm que ter fé nos rituais e nenhuma autorresponsabilidade pessoal. Se uma prova de crime for obtida fora do ritual, ela não serve, assim como um indivíduo simplesmente "bom" não presta para o paraíso e ai de quem provar um crime dessa forma, violando os "direitos" de um bandido; aí, ele é que será punido. O CNJ não pode perseguir bandidos sem deixar eles próprios perseguirem a si mesmos primeiro me parece ser a mais recente novidade jurídico-religiosa. E por aí vai a imensa lista de exemplos. Eu não tenho nenhuma facilidade em lidar com isso porque não consigo conceber como é agir por meio de crenças. Pelo menos, já consegui conviver, mais ou menos satisfatoriamente, com o fato de que a humanidade funciona assim.
A única coisa que *ainda* reivindico em meio a tudo isso é o direito de pessoas não bandidas, as chamadas pessoas de bem, que, felizmente, me parecem ser muitas, ao menos terem o direito de ter e portar suas armas para terem mais chances.
Por fim, o que concluo é que a crença humana é um fenômeno muito mais disseminado, doentio e perigoso do que o que se pode supor pelas religiões propriamente ditas.