http://colunas.epoca.globo.com/ofiltro/2011/12/20/sede-de-tv-do-grupo-clarin-e-ocupada-por-policiais-em-buenos-aires/Sede de TV do grupo Clarín é ocupada por militares em Buenos Aires
Mais de 50 militares da Gendarmería (uma força policial nacional, subordinada ao Ministério de Segurança) invadiram os nove andares da sede do canal de televisão do grupo Clarín, o Cablevisión, em Buenos Aires, na manhã desta terça-feira (20). Segundo o Cablevisión, a ação do governo faz parte de uma campanha sitemática de perseguição.
Os militares entraram no prédio acompanhados por jornalistas do grupo concorrente Vila-Manzano e por agentes do governo. Pessoas que estavam no prédio foram revistadas.De acordo com o jornal, a invasão foi feita após determinação da Justiça, que recebeu uma denúncia do grupo Vila-Manzano, aliado ao governo Kirchner. O grupo Clarín é conhecido por fazer duras críticas ao governo da família Kirchner, desde que Néstor Kirchner estava na presidência. Semana passada foi aprovado um projeto de lei que dá poder ao governo para limitar o acesso das empresas jornalísticas ao papel. Esta não é a primeira vez que o governo reprime a liberdade de imprensa, mas de acordo com o “Clarín”, essa ação da força policial “praticamente não tem antecedentes”.
O jornal não esclarece quais foram as denúncias feitas pelo grupo de comunição Vila-Manzano, que tem atuação em todo o território argentino. Segundo o Clarín, o Grupo Vila Manzano, de acordo com dados levantados nos últimos dias, é um dos principais beneficiários das propaganda do governo.De acordo com o jornal La Nación, a decisão judicial que levou à operação no Cablevisón é relacionada a uma ação do Supercanal (TV do grupo Vila-Manzano), com sede na província de Mendoza, pedindo a anulação da fusão do Cablevisión e do Multicanal. O Cablevisión emitiu o seguinte comunicado à imprensa:
“A denúncia foi apresentada pelo Grupo Vila-Manzano, um aliado de multimídia para o governo, que vai realizar uma manobra com a ajuda de um juiz para tentar intervir na Cablevisión Mendoza. (…) Este é um evento sem precedentes, que faz parte da campanha sistemática de perseguição que o Governo faz para as empresas do Grupo Clarín. (…)O grupo de mídia [Vila-Manzano] tentou aprovar ontem uma lei de controle de papel e agora querem apelar para um forum shopping, numa província onde Cablevisión não tem operações e tentando avançar sobre o capital de uma empresa privada independente que fornece serviços de televisão por cabo e serviços de internet para milhões de argentinos. (…) O mais importante, o Grupo Vila-Manzano, de acordo com dados levantados nos últimos dias, é um dos principais beneficiários das propaganda do governo.
Segundo La Nación, após a operação, o representante da Cablevisión, Damian Casino, disse: “Faço queixa de abuso de autoridade. O caso foi ao tribunal [Norberto] Oyarbide, mas já temos recursos porque as reuniões anteriores com o Grupo Clarín”, disse Casino.
Keila Cândido