Autor Tópico: Ateísmo 2.0: um elogio a religião  (Lida 2604 vezes)

0 Membros e 1 Visitante estão vendo este tópico.

Offline genjikhan

  • Nível 18
  • *
  • Mensagens: 508
  • Sexo: Masculino
  • Razão+imparcialidade= espirito livre
Ateísmo 2.0: um elogio a religião
« Online: 27 de Dezembro de 2011, 14:35:41 »
É uma entrevista que Alain de Botton,um filósofo suiço,deu ao G1 sobre o Livro dele "Religião para Ateus" . Posso ter demorado um pouquinho para postar isso,mas antes tarde do que nunca :

http://textosparareflexao.blogspot.com/2011/12/ateismo-20-um-elogio-religiao.html

Citar
Ateísmo 2.0: um elogio a religião

Em "Religião para ateus", um livro provocativo (e muito corajoso), o filósofo suiço Alain de Botton, que se declara ateu, defende que à sociedade secular têm muito o quê aprender com os aspectos positivos das grandes instituições religiosas. Aspectos esses que podem muito bem sobreviver mesmo quando Deus é deixado de lado. Nesta entrevista concedida ao blog do G1, Máquina de Escrever, de Luciano Trigo, Alain nos traz um panorama geral das ideias que defende no livro, e conceitua o "ateísmo 2.0":

- Você parece escrever em defesa de uma religião secular. Qual seria o sentido da fé e da religião, sem Deus?

[Alain de Botton] Minha proposta não é inaugurar uma nova religião, sem Deus. Esta seria uma idéia ousada e mesmo bastante louca. Em vez disso, o que sugiro é que os ateus deveriam aprender a roubar alguns elementos das religiões existentes e integrá-los ao mundo moderno. No meu livro, eu argumento que acreditar em Deus é algo implausível hoje e, para mim e muitas outras pessoas, algo simplesmente impossível.  Ao mesmo tempo, eu admito que, quando se elimina a fé, abre-se espaço para o surgimento de alguns perigos. Eles não vão necessariamente acontecer, mas estão lá, e precisamos ter consciência deles.

Em primeiro lugar, existe o risco do individualismo excessivo, de colocarmos o ser humano no centro de todas as coisas. Segundo, existe o risco do perfeccionismo tecnológico, de acreditarmos que a ciência e a tecnologia podem oferecer soluções para todos os problemas humanos, e que é apenas questão de tempo os cientistas resolverem todos os males da condição humana. Terceiro, sem Deus é mais fácil perdermos a perspectiva de longo prazo, e enxergarmos o momento presente como a única coisa que importa, esquecendo a efemeridade do presente e deixando de reconhecer, de uma forma positiva, a natureza minúscula de nossas conquistas. Por fim, sem Deus existe o risco de desprezarmos a importância da solidariedade e de um comportamento ético.

Mas é importante sublinhar que é perfeitamente possível não acreditar em nada e ainda assim dar valor a todas essas lições vitais, da mesma forma que alguém pode ter uma profunda fé e ao mesmo tempo ser um monstro. Só estou tentando chamar a atenção para algumas coisas que podem se perder quando descartamos Deus de uma forma muito brusca. Com certeza podemos descartar Deus, mas podemos fazer isso com mais cuidado e reflexão, e mesmo com alguma nostalgia.

- Você começa o livro afirmando que os aspectos sobrenaturais das religiões são inteiramente falsos. Você não teme perder leitores, fazendo uma afirmação tão categórica?

1) Eu não tenho fé. 2) Eu tenho interesse na religião.
[AB] Não, eu acho que a maioria das pessoas religiosas que lerem meu livro não ficará chocada ao se depararem com um ateu. Na verdade, elas podem até sentir curiosidade para ler um livro escrito por alguém que diz duas coisas que normalmente são consideradas incompatíveis: 1) Eu não tenho fé. 2) Eu tenho interesse na religião.

- Você concorda que a fé pode ter um papel terapêutico, ou que a religiosidade pode contribuir para um convívio mais pacífico e ético entre as pessoas?

[AB] Minha tese é que não é o elemento da fé presente na religião que traz paz para as pessoas, ou as leva a ter uma conduta ética. Ninguém precisa ter fé para entender o dever de não matar, ou o valor da gentileza. Isso é produto do trabalho da razão e da consciência, é algo perfeitamente possível sem a fé. É claro, por outro lado, que quando o homem que abandona a religião se esquece de ser bom, isso vira um problema. Em teoria, todos sabemos que devemos praticar o bem. O problema é que, na prática, isso é esquecido. E é esquecido porque o mundo moderno e secular acha que basta falar as coisas uma vez – seja bom, seja caridoso com os pobres etc. Por sua vez, todas as religiões fazem o oposto: elas insistem em nos mandar lembretes diariamente, ou mesmo mais de uma vez por dia, para façamos as coisas certas.

- Como você definiria o “Ateísmo 2.0”?

[AB] O Ateísmo 1.0 tinha a ver com rejeição. Foi um movimento liderado por Christopher Hitchens e Richard Dawkins e se baseava numa hostilidade profunda, e mesmo numa agressividade em relação à religião. O Ateísmo 2.0 também rejeita Deus, mas é um movimento mais interessante, por enfatizar que podemos aprender com as religiões, ao invés de simplesmente atacá-las. É uma forma mais confiante e curiosa de ateísmo, uma forma que tem a coragem de se envolver e mesmo de simpatizar com o campo inimigo.

Eu escrevo para aqueles leitores que pensam ‘Eu realmente não consigo acreditar em nada sobrenatural, o lado sobrenatural das religiões não faz sentido para mim, MAS ao mesmo tempo eu adoro vários elementos da religião: o ritual a arquitetura, a conexão com o passado… Por que as pessoas devem ser obrigadas a fazer uma escolha tão brutal?  Isto é, por que é preciso acreditar em toda sorte de coisas implausíveis para poder apreciar a arquitetura etc? Por que não acreditar em nada sobrenatural implica viver em um mundo dominado pela CNN? As alternativas não devem ser tão radicais.

- Como você avalia o recente debate sobre os chamados “novos ateus”, que opuseram Terry Eagleton a Christopher Hitchens e Richard Dawkins, que fizeram ataques pesados à religião?

Não sinto necessidade de debochar daqueles que têm fé
[AB] Eu sou ateu, mas um ateu gentil. Não sinto necessidade de debochar daqueles que têm fé. Por isso realmente discordo do tom duro com que alguns ateus abordem a religião, como se ela fosse uma fábula suja. Respeito profundamente a religião, embora não acredite em nenhum de seus elementos sobrenaturais. Portanto, minha posição talvez seja incomum: eu sou um ímpio que respeita a fé.

- Ao resenhar o livro “A questão de Deus”, de Karen Armstrong, você parecia concordar que “nós somos limitados demais para entender Deus”, porque que a nossa natureza é efêmera e cheia de falhas. Seu pensamento mudou?

[AB] O ponto de partida da religião é que nós somos crianças e precisamos de um guia, de orientação. O mundo secular frequentemente se sente ofendido com isso, porque nesse mundo nós somos adultos e maduros, daí o desprezo por qualquer tipo idéia didática de orientação, de educação moral. Mas é claro que nós somos mesmo crianças, crianças grandes que precisam de orientação e de lembretes sobre como viver. O moderno sistema educacional se nega a oferecer isso. Somos tratados como se fôssemos totalmente racionais, razoáveis e com tudo sob controle. Na verdade somos seres muito mais angustiados e desesperados do que o sistema educacional moderno admite reconhecer. Quase todos nós vivemos à beira de um estado de pânico e terror boa parte do tempo. As religiões entendem isso. Então precisamos desenvolver uma consciência similar dentro das estruturas seculares.

- Você já disse que se envolveu com o tema da religião por causa de uma “crise de fé” – não por ter deixado de acreditar em Deus, mas porque, mesmo sem acreditar, você amava tanto a música de Bach. Para apreciar verdadeiramente a arte e a música de cunho religioso, você não acha que é preciso acreditar? Os descrentes não perderiam alguma coisa importante nessa experiência artística?

[AB] Existe uma idéia moderna de que nós encontramos na arte um substituto para a religião. Por isso muitas pessoas dizem que os museus são as igrejas de hoje. É uma imagem interessante, mas não é verdadeira. Não é verdadeira, principalmente, por causa da forma como os museus apresentam a arte do passado e do presente: eles evitam que se estabeleça um envolvimento emocional com as obras em exsposição. Os museus encorajam o interesse acadêmico, mas dificultam qualquer contato terapêutico. No meu livro eu recomendo que, mesmo que uma pessoa não tenha fé, ela pode usar a arte, mesmo a arte secular, como uma fonte de conforto e identificação, como orientação edificante. É isso o que as religiões fazem com a arte.

- Dostoievski escreveu que, se Deus não existe, tudo é permitido. Jean-Paul Sartre, ao contrário, sugeriu que a ausência de Deus torna as coisas mais difíceis, porque o homem carrega toda a responsabilidade por seus atos…

[AB] Boa parte do moderno pensamento moral foi marcada pela ideia de que um colapso na fé necessariamente provocou um dano irreparável na nossa capacidade de construir um padrão ético convincente em nossa conduta. Mas esse argumento, embora ateísta na aparência, reconhece uma dívida com a mentalidade religiosa, já que somente se acreditássemos mos em alguma medida que Deus existe haveria fundamentos para a moral, ou seja, esses fundamentos seriam sobrenaturais na sua essência. É uma tese que sugere que o reconhecimento da não-existência de Deus é capaz de abalar os nossos princípios morais. Contudo, se afirmarmos desde o começo que Deus é uma invenção, então essa tese se transforma numa tautologia: por que nos daríamos ao trabalho de sentir o peso da dúvida ética se sabemos que todas as normas atribuídas a seres sobrenaturais são no fundo apenas o produto do trabalho de nossos ancestrais demasiado humanos?

Nós tivemos que fingir que a moralidade vem do céu
As origens da ética religiosa estão na necessidade prática das nossas comunidades ancestrais de controlar os impulsos para a violência de seus membros, induzindo neles hábitos e comportamentos que levassem à harmonia e ao perdão. Os códigos religiosos começaram como preceitos preventivos, que foram então projetados no céu e refletiram de volta na Terra, em formas desencarnadas e majestáticas. Os deveres de sermos solidários ou pacientes nasceram da consciência de que estas são qualidades que protegem a sociedade da fragmentação e da autodestruição. Essas regras eram tão vitais para a nossa sobrevivência que por milhares de anos não tivemos a coragem de admitir que fomos nós mesmos quem as formulamos, porque isso as deixaria mais vulneráveis ao escrutínio crítico e à manipulação sem reverência. Nós tivemos que fingir que a moralidade vem do céu, de forma a protégé-la de nossas próprias imperfeições e fraquezas.

Mas se hoje podemos abrir mão dessa espirtualização das leis éticas, não temos motivo algum para abandonarmos inteiramente essas leis. Continuamos precisando de exortações para sermos solidários e justos, mesmo se não acreditamos que existe um Deus que deseja que nós sejamos assim. Para andar na linha, não precisamos mais da ameaça do Inferno ou da promessa do Paraíso. Precisamos apenas ser constantemente lembrados de que somos nós mesmos – ou, ao menos, aqueles mais maduros e racionais entre nós. Que geralmente aparecem nos momentos de nossas crises e angústias  – que queremos lever o tipo de vida que, no passado, nos era recomendada ou imposta por seres sobrenaturais imaginários. Uma evolução adequada da moralidade, da superstição para a razão, significa que devemos nos reconhecer como os criadores de nossos próprios mandamentos morais.

- O comunismo soviético não foi uma tentative de crier uma religião sem Deus, na medida em que usava a propaganda para controlar as pessoas? E, o que dizer da religião do livre mercado? Será que não existiram sempre religiões sem Deus, e que essas experiências não dão certo justamente por faltar o elemento espiritual?

[AB] Nós nos assustamos com muita facilidade. Frequentemente, quando alguém propõe uma ideia válida nessa area, as pessoas dizem: e Hitler e Stálin? Mas a alternativa não é essa. Podemos ter uma moralidade pública sem cair no fascismo, podemos até aceitar algum nível de censura – por exemplo, no caso da pornografia – sem cairmos numa ditadura, e podemos ter uma grande arquitetura cívica, sem que ela seja promovida por governantes em busca da própria glória. É certo que no século 20 houve tendências assustadoras, mas não devemos por isso ser pouco ambisiosos em relação àquilo que podemos fazer. Nem precisamos nos entregar ao capitalismo de livre Mercado sob a liderança espiritual da televisão a cabo.
« Última modificação: 27 de Dezembro de 2011, 14:38:31 por genjikhan »
"Não há fatos eternos,assim como não há verdades absolutas" - Friederich Nietzsche

"Os males de que padece o ser humano vêm em seu maior número,vêm dele mesmo" - Plínio

"Quem conhece a sua ignorância revela a mais profunda sapiência. Quem ignora a sua ignorância vive na mais profunda ilusão" - Lao Tsé

Offline uiliníli

  • Nível Máximo
  • *
  • Mensagens: 18.107
  • Sexo: Masculino
Re:Ateísmo 2.0: um elogio a religião
« Resposta #1 Online: 27 de Dezembro de 2011, 15:25:48 »
Eu sei que vou ser malhado por dizer isso, mas eu concordo com ele.

Offline Lakatos

  • Nível 35
  • *
  • Mensagens: 3.071
  • Sexo: Masculino
Re:Ateísmo 2.0: um elogio a religião
« Resposta #2 Online: 27 de Dezembro de 2011, 16:00:08 »
Eu concordo que essas características que hoje são frequentemente ligadas à religião, como a ética e o senso de justiça e solidariedade, devem ser preservadas em uma sociedade sem Deus, mas não acho que a religião é a fonte de onde devemos "roubar" essas características. Acredito até que essas características teriam se desenvolvido na sociedade mesmo sem a ajuda e a "regulamentação" que a religião provocou.

Pessoalmente, vejo também que uma visão mais fiel de nosso lugar no Universo (visão essa que foi extremamente distorcida pela religião ao longo da história e que só agora está sendo corrigida pelos avanços científicos) é suficiente para nos colocar em condições de evitar aqueles três problemas levantados na primeira resposta do autor.

Offline D|V

  • Nível 20
  • *
  • Mensagens: 650
  • Sexo: Masculino
  • Livre pensador
Re:Ateísmo 2.0: um elogio a religião
« Resposta #3 Online: 27 de Dezembro de 2011, 16:53:21 »
Eu achei o ponto de vista dele extremamente contraditório. Por exemplo, uma hora diz que a moral não provém da religião, e na outra diz que se acabássemos com a religião, teríamos um problema relacionado a moralidade. Decida-se!

Eu sinceramente não vejo problemas na abordagem da religião que Dawkins, Dennet, Harris e outros fazem. Eles simplesmente, como o próprio Dawkins falam, não tratam a religião com "luvas de pelica", e eu acho que isso seja o correto a se fazer. Só que isso acaba irritando os setores mais conservadores e cria-se essa propaganda anti-Dawkins que trata de retratar o cara como um ignorante que ofende a torto e direito os religiosos. Dos livros que já li do Dawkins, dos debates e notícias que acompanho, nunca vi o cara se referindo aos religiosos, ou a religião, da maneira que o pintam por aí.

Também não acho que a fé seja algo "legal" e que deva ser mantido mesmo uma sociedade sem divindades. Nada que vá de encontro a razão, na minha opinião, deve ser considerado bom. Lógico que isso é uma escolha individual, se o cara quer ter fé em qualquer coisa que for, ótimo, desde que em sociedade ele não faça uso dessa fé para tomar decisões coletivas ou para agir de maneira fundamentalista.

Offline Osler

  • Nível 25
  • *
  • Mensagens: 1.115
Re:Ateísmo 2.0: um elogio a religião
« Resposta #4 Online: 27 de Dezembro de 2011, 17:45:00 »
Sei não , me pareceu mais outro "polemista" querendo vender livros.

"Ao mesmo tempo, eu admito que, quando se elimina a fé, abre-se espaço para o surgimento de alguns perigos. Eles não vão necessariamente acontecer, mas estão lá, e precisamos ter consciência deles.

Em primeiro lugar, existe o risco do individualismo excessivo, de colocarmos o ser humano no centro de todas as coisas. Segundo, existe o risco do perfeccionismo tecnológico, de acreditarmos que a ciência e a tecnologia podem oferecer soluções para todos os problemas humanos, e que é apenas questão de tempo os cientistas resolverem todos os males da condição humana. Terceiro, sem Deus é mais fácil perdermos a perspectiva de longo prazo, e enxergarmos o momento presente como a única coisa que importa, esquecendo a efemeridade do presente e deixando de reconhecer, de uma forma positiva, a natureza minúscula de nossas conquistas. Por fim, sem Deus existe o risco de desprezarmos a importância da solidariedade e de um comportamento ético.

Mas é importante sublinhar que é perfeitamente possível não acreditar em nada e ainda assim dar valor a todas essas lições vitais, da mesma forma que alguém pode ter uma profunda fé e ao mesmo tempo ser um monstro."


Ou seja, tudo que falei no primeiro parágrafo é contrariado pelo segundo...

"Só estou tentando chamar a atenção para algumas coisas que podem se perder quando descartamos Deus de uma forma muito brusca. Com certeza podemos descartar Deus, mas podemos fazer isso com mais cuidado e reflexão, e mesmo com alguma nostalgia."

Mais um que acha que a moralidade vem de Deus, se não tivermos esse tutor moral sairemos por ai chupando carótidas como vampiros do Nelson Rodrigues.

“Como as massas são inconstantes, presas de desejos rebeldes, apaixonadas e sem temor pelas conseqüências, é preciso incutir-lhes medo para que se mantenham em ordem. Por isso, os antigos fizeram muito bem ao inventar os deuses e a crença no castigo depois da morte”. – Políbio

Offline genjikhan

  • Nível 18
  • *
  • Mensagens: 508
  • Sexo: Masculino
  • Razão+imparcialidade= espirito livre
Re:Ateísmo 2.0: um elogio a religião
« Resposta #5 Online: 27 de Dezembro de 2011, 22:36:33 »
Eu achei o ponto de vista dele extremamente contraditório. Por exemplo, uma hora diz que a moral não provém da religião, e na outra diz que se acabássemos com a religião, teríamos um problema relacionado a moralidade. Decida-se!

Eu sinceramente não vejo problemas na abordagem da religião que Dawkins, Dennet, Harris e outros fazem. Eles simplesmente, como o próprio Dawkins falam, não tratam a religião com "luvas de pelica", e eu acho que isso seja o correto a se fazer. Só que isso acaba irritando os setores mais conservadores e cria-se essa propaganda anti-Dawkins que trata de retratar o cara como um ignorante que ofende a torto e direito os religiosos. Dos livros que já li do Dawkins, dos debates e notícias que acompanho, nunca vi o cara se referindo aos religiosos, ou a religião, da maneira que o pintam por aí.

Também não acho que a fé seja algo "legal" e que deva ser mantido mesmo uma sociedade sem divindades. Nada que vá de encontro a razão, na minha opinião, deve ser considerado bom. Lógico que isso é uma escolha individual, se o cara quer ter fé em qualquer coisa que for, ótimo, desde que em sociedade ele não faça uso dessa fé para tomar decisões coletivas ou para agir de maneira fundamentalista.

O problema da abordagem de Richard Dawkins e de semelhantes é que eles estão tendo mais sucesso em pregar o anti-teísmo do que o ateísmo,o que é um problema,porque anti-teístas são quase tão fudamentalistas quanto os teístas(vai ver que eu estou errado e os anti-teístas estão chamando mais atenção que os ateístas) . Apesar desse incoveniente,vejo ele como uma pessoa corajosa,que não teme os dogmas que os religiosos querem impôr .


Sei não , me pareceu mais outro "polemista" querendo vender livros.

"Ao mesmo tempo, eu admito que, quando se elimina a fé, abre-se espaço para o surgimento de alguns perigos. Eles não vão necessariamente acontecer, mas estão lá, e precisamos ter consciência deles.

Em primeiro lugar, existe o risco do individualismo excessivo, de colocarmos o ser humano no centro de todas as coisas. Segundo, existe o risco do perfeccionismo tecnológico, de acreditarmos que a ciência e a tecnologia podem oferecer soluções para todos os problemas humanos, e que é apenas questão de tempo os cientistas resolverem todos os males da condição humana. Terceiro, sem Deus é mais fácil perdermos a perspectiva de longo prazo, e enxergarmos o momento presente como a única coisa que importa, esquecendo a efemeridade do presente e deixando de reconhecer, de uma forma positiva, a natureza minúscula de nossas conquistas. Por fim, sem Deus existe o risco de desprezarmos a importância da solidariedade e de um comportamento ético.

Mas é importante sublinhar que é perfeitamente possível não acreditar em nada e ainda assim dar valor a todas essas lições vitais, da mesma forma que alguém pode ter uma profunda fé e ao mesmo tempo ser um monstro."


Ou seja, tudo que falei no primeiro parágrafo é contrariado pelo segundo...

"Só estou tentando chamar a atenção para algumas coisas que podem se perder quando descartamos Deus de uma forma muito brusca. Com certeza podemos descartar Deus, mas podemos fazer isso com mais cuidado e reflexão, e mesmo com alguma nostalgia."

Mais um que acha que a moralidade vem de Deus, se não tivermos esse tutor moral sairemos por ai chupando carótidas como vampiros do Nelson Rodrigues.

Acho que você não entendeu direito . Ele deixou entendido que não é de deus que vêm a moralidade,mas é a crença num deus que é juiz que vêm sustentando a moralidade nos seres humanos por séculos(Isso na maioria das sociedades) . Ele pode parecer apenas um "polemista" que quer vender livros,mas é necessário pensar numa alternativa para substituir as religiões tradicionais,que estarão enfraquecidas no futuro . Pessoalmente,vejo que uma das alternativas é criar outra religião,só que uma religião que não seja sustentada pelo sobrenatural,como têm sido por séculos e que incentive o ceticismo,razão,humanismo e livre pensamento,no lugar de ser sustentada apenas pela fé . O grande desafio desse milênio será criar uma religião assim .
« Última modificação: 27 de Dezembro de 2011, 22:41:51 por genjikhan »
"Não há fatos eternos,assim como não há verdades absolutas" - Friederich Nietzsche

"Os males de que padece o ser humano vêm em seu maior número,vêm dele mesmo" - Plínio

"Quem conhece a sua ignorância revela a mais profunda sapiência. Quem ignora a sua ignorância vive na mais profunda ilusão" - Lao Tsé

Offline D|V

  • Nível 20
  • *
  • Mensagens: 650
  • Sexo: Masculino
  • Livre pensador
Re:Ateísmo 2.0: um elogio a religião
« Resposta #6 Online: 28 de Dezembro de 2011, 01:31:12 »
O problema da abordagem de Richard Dawkins e de semelhantes é que eles estão tendo mais sucesso em pregar o anti-teísmo do que o ateísmo,o que é um problema,porque anti-teístas são quase tão fudamentalistas quanto os teístas(vai ver que eu estou errado e os anti-teístas estão chamando mais atenção que os ateístas) . Apesar desse incoveniente,vejo ele como uma pessoa corajosa,que não teme os dogmas que os religiosos querem impôr .

Mas é justamente isso que eu estou questionando. Que abordagem é essa? Nada que eu tenha visto até hoje relacionado ao Dawkins, especificamente falando, pode ser encarado como uma posição anti-teísta. Eu sempre o vi atacando religiões, e não os religiosos, e isso não é anti-teísta. Eu também faço ataques à religiões, por exemplo considero a instituição católica uma das mais podres do mundo, e também considero a Bíblia como um livro ridículo, que não deveria ser levado a sério por ninguém. Não acho que isso me faça anti-teísta.

Falar, por exemplo, que os religiosos são burros, ignorantes e que qualquer um que acredite em qualquer deus é um tapado, isso sim seria uma postura lamentável, mas nunca vi o Dawkins se expressando de maneira semelhante.

Eu acho que essa propaganda anti-Dawkins que o retrata como um intolerante que faz ataques infundados e agressivos é fruto de religiosos que não sabem argumentar.

Offline _Juca_

  • Nível Máximo
  • *
  • Mensagens: 12.923
  • Sexo: Masculino
  • Quem vê cara, não vê coração, fígado, estômago...
Re:Ateísmo 2.0: um elogio a religião
« Resposta #7 Online: 28 de Dezembro de 2011, 09:21:28 »
Esse cara me parece charlatão. Nenhuma proposição dele é séria, todas altamente distorcidas, e parecem ter vindo de um teísta e não de um ateu. Francamente...
« Última modificação: 28 de Dezembro de 2011, 14:20:26 por _Juca_ »

Offline Samarithan

  • Nível 02
  • *
  • Mensagens: 20
  • Sexo: Masculino
Re:Ateísmo 2.0: um elogio a religião
« Resposta #8 Online: 28 de Dezembro de 2011, 13:48:33 »
Eu concordo que essas características que hoje são frequentemente ligadas à religião, como a ética e o senso de justiça e solidariedade, devem ser preservadas em uma sociedade sem Deus, mas não acho que a religião é a fonte de onde devemos "roubar" essas características. Acredito até que essas características teriam se desenvolvido na sociedade mesmo sem a ajuda e a "regulamentação" que a religião provocou.

Pessoalmente, vejo também que uma visão mais fiel de nosso lugar no Universo (visão essa que foi extremamente distorcida pela religião ao longo da história e que só agora está sendo corrigida pelos avanços científicos) é suficiente para nos colocar em condições de evitar aqueles três problemas levantados na primeira resposta do autor.

Pessoalmente, penso que a religião haja como um placebo para a sociedade e a criação de uma outra que substitua as atuais (mesmo esta não possuindo o advento da crença em um Deus) continuará a impor regras de comportamento no meio social.
Este é um assunto delicado, pois é fácil falar "as pessoas devem desenvolver características como ética e solidariedade baseadas na razão e em suas próprias experiências, não por que alguém disse isto para elas" mas sabemos que as coisas não são tão simples assim.
"E os que foram vistos dançando, foram julgados insanos por aqueles que não podiam escutar a música" Friedrich Nietzsche

Offline Derfel

  • Moderadores Globais
  • Nível Máximo
  • *
  • Mensagens: 8.887
  • Sexo: Masculino
Re:Ateísmo 2.0: um elogio a religião
« Resposta #9 Online: 28 de Dezembro de 2011, 14:42:22 »
Alguém leu a Planeta desse mês?

Offline genjikhan

  • Nível 18
  • *
  • Mensagens: 508
  • Sexo: Masculino
  • Razão+imparcialidade= espirito livre
Re:Ateísmo 2.0: um elogio a religião
« Resposta #10 Online: 28 de Dezembro de 2011, 20:46:50 »
Mas é justamente isso que eu estou questionando. Que abordagem é essa? Nada que eu tenha visto até hoje relacionado ao Dawkins, especificamente falando, pode ser encarado como uma posição anti-teísta. Eu sempre o vi atacando religiões, e não os religiosos, e isso não é anti-teísta. Eu também faço ataques à religiões, por exemplo considero a instituição católica uma das mais podres do mundo, e também considero a Bíblia como um livro ridículo, que não deveria ser levado a sério por ninguém. Não acho que isso me faça anti-teísta.

Falar, por exemplo, que os religiosos são burros, ignorantes e que qualquer um que acredite em qualquer deus é um tapado, isso sim seria uma postura lamentável, mas nunca vi o Dawkins se expressando de maneira semelhante.

Eu acho que essa propaganda anti-Dawkins que o retrata como um intolerante que faz ataques infundados e agressivos é fruto de religiosos que não sabem argumentar.

O Ideal seria Richard Dawkins espalhar o ceticismo,que leva ou ao ateísmo ou ao agnoticismo . A postura dele é de que TODAS as religiões do mundo são ruins,indepedente do conteúdo delas . Essa postura existe,porque ele prega que Religião e Ciência são incompativeis .No meu ponto de vista,o que existe é uma disputa entre a fé  a razão,e ao contrario do que ele diz,existem religiões que pregam pelo ceticismo,razão e livre pensamento,o que permite que elas não sejam conflitantes com a ciência . Obviamente o número dessas religiões é muito reduzido,em parte graças à forte opressão que as religiões dogmáticas possuem na maioria das sociedades . Apesar disso,eu valorizo à atitude dele,por que é preciso de bastante coragem para encarar diretamente os dogmas da religião .

Esse cara me parece charlatão. Nenhuma proposição dele é séria, todas altamente distorcidas, e parecem ter vindo de um teísta e não de um ateu. Francamente...
Poderia explicar melhor?
« Última modificação: 28 de Dezembro de 2011, 20:49:59 por genjikhan »
"Não há fatos eternos,assim como não há verdades absolutas" - Friederich Nietzsche

"Os males de que padece o ser humano vêm em seu maior número,vêm dele mesmo" - Plínio

"Quem conhece a sua ignorância revela a mais profunda sapiência. Quem ignora a sua ignorância vive na mais profunda ilusão" - Lao Tsé

Offline _Juca_

  • Nível Máximo
  • *
  • Mensagens: 12.923
  • Sexo: Masculino
  • Quem vê cara, não vê coração, fígado, estômago...
Re:Ateísmo 2.0: um elogio a religião
« Resposta #11 Online: 28 de Dezembro de 2011, 22:12:44 »

Esse cara me parece charlatão. Nenhuma proposição dele é séria, todas altamente distorcidas, e parecem ter vindo de um teísta e não de um ateu. Francamente...
Poderia explicar melhor?

Ok, vamos lá.

Citar
Em primeiro lugar, existe o risco do individualismo excessivo, de colocarmos o ser humano no centro de todas as coisas.

Que risco é esse?  Ao nos avistarmos com a imensidão infinita do universo, com a morte sempre ao lado ou com nossas limitações cotidianas, como vamos conseguir colocar o ser humano no centro de todas as coisas? Não há razões que levem um ateu a pensar assim, nem tampouco achar que os humanos não são importantes também. É a versão daqueles argumentos teístas que dizem que ateus são pessoas egoístas que só pensam em si mesmas, ou no caso egocêntricas. só faltau flar que não temos deus no coração.

Citar
Segundo, existe o risco do perfeccionismo tecnológico, de acreditarmos que a ciência e a tecnologia podem oferecer soluções para todos os problemas humanos, e que é apenas questão de tempo os cientistas resolverem todos os males da condição humana.


Outra besteira. Se tem uma coisa a que o pensamento científico nos leva, é que para cada "solução" alcançanda ou resolvida, outros milhares de problemas aparecem. A ciência nos ajuda a compreender o Universo e nos situar diante dele, substituindo o misticismo e a crendice . A ciência não é o fim, mas um meio, e o pensamento lógico nos guia automaticamente à essa questão, enquanto o pensamento religiosor, quando a usa a ciência é para fechar a questão como um fim. Porque então teria que me submeter a uma equação religiosa? É contraditório que ele coloque como premissa que o ateísmo pode nos levar a avaliar erroneamente os conceitos científicos, tal qual a religião faz com frequência.

Citar
Terceiro, sem Deus é mais fácil perdermos a perspectiva de longo prazo, e enxergarmos o momento presente como a única coisa que importa, esquecendo a efemeridade do presente e deixando de reconhecer, de uma forma positiva, a natureza minúscula de nossas conquistas. Por fim, sem Deus existe o risco de desprezarmos a importância da solidariedade e de um comportamento ético.

Eu diria o contrário sem deus, nos damos conta que estamos por nós mesmos e o que nos sobra é a ética e valores como a solidariedade. Os deuses ao longo da história, nos tiraram nossa humanidade, nos relegando a seres de segundo plano, hora culpados, ora sublimes, mas sempre seres submissos e penitentes. As religiões, os misticismos, as crendices, nos levam até hoje a uma compreensão errônea do que somos, e a uma aceitação do que essas ideologias místicas consideram como aceitável ou não. Os valores éticos não são frutos da religião, são frutos da humanidade, da capacidade de pensar,  raciocinar, equacionar e resolver, que se refletiram na religião e em toda forma de produção cultural da humanidade.


Ao contrário do que ele afirma, não temos o que aprender com as religiões, simplesmente porque sabemos que o que tem de bom ali sempre existiu fora.

Offline Geotecton

  • Moderadores Globais
  • Nível Máximo
  • *
  • Mensagens: 28.345
  • Sexo: Masculino
Re:Ateísmo 2.0: um elogio a religião
« Resposta #12 Online: 29 de Dezembro de 2011, 00:57:33 »
Alguém leu a Planeta desse mês?

Não. O que tem de especial nela?

Faz muito tempo que não a leio.
Foto USGS

Offline Derfel

  • Moderadores Globais
  • Nível Máximo
  • *
  • Mensagens: 8.887
  • Sexo: Masculino
Re:Ateísmo 2.0: um elogio a religião
« Resposta #13 Online: 29 de Dezembro de 2011, 08:27:20 »
Alguém leu a Planeta desse mês?

Não. O que tem de especial nela?

Faz muito tempo que não a leio.

Uma matéria sobre o aumento do ateísmo, agnosticismo e afins no Brasil e como essas pessoas podem ser mais espiritualizadas que crentes militantes. Só vi a capa e fiquei curioso sobre a reportagem.

Offline Pagão

  • Nível 38
  • *
  • Mensagens: 3.690
  • Sexo: Masculino
Re:Ateísmo 2.0: um elogio a religião
« Resposta #14 Online: 29 de Dezembro de 2011, 10:32:35 »
O autor escreve como se não houvesse alternativas e estivesse a inventar uma... Mas isso não faz qualquer sentido, porque (por exemplo)  o panteísmo, nas suas diversas formas, dá perfeitamente para cobrir os problemas que Alain de Botton levanta... bem como as formas de budismo (outro exemplo)... O estoicismo (pró-panteísta) vem de antes de Cristo... etc.
Afinal o que há de novo em Botton?
Nenhuma argumentação racional exerce efeitos racionais sobre um indivíduo que não deseje adotar uma atitude racional. - K.Popper

Offline Sergiomgbr

  • Nível Máximo
  • *
  • Mensagens: 11.712
  • Sexo: Masculino
  • uê?!
Re:Ateísmo 2.0: um elogio a religião
« Resposta #15 Online: 29 de Dezembro de 2011, 16:06:47 »
O autor escreve como se não houvesse alternativas e estivesse a inventar uma... Mas isso não faz qualquer sentido, porque (por exemplo)  o panteísmo, nas suas diversas formas, dá perfeitamente para cobrir os problemas que Alain de Botton levanta... bem como as formas de budismo (outro exemplo)... O estoicismo (pró-panteísta) vem de antes de Cristo... etc.
Afinal o que há de novo em Botton?
É muito assédio dessas pessoas... Ficam parecendo oxiúros ao redor do Botton. :spike:
Até onde eu sei eu não sei.

Offline Hold the Door

  • Editores
  • Nível Máximo
  • *
  • Mensagens: 5.656
  • Sexo: Masculino
Re:Ateísmo 2.0: um elogio a religião
« Resposta #16 Online: 29 de Dezembro de 2011, 18:52:59 »
Alguém leu a Planeta desse mês?

Não. O que tem de especial nela?

Faz muito tempo que não a leio.

Uma matéria sobre o aumento do ateísmo, agnosticismo e afins no Brasil e como essas pessoas podem ser mais espiritualizadas que crentes militantes. Só vi a capa e fiquei curioso sobre a reportagem.

Nem sabia que ainda existia essa revista. Faz muito tempo que eu não vejo sequer nas bancas.
Hold the door! Hold the door! Ho the door! Ho d-door! Ho door! Hodoor! Hodor! Hodor! Hodor... Hodor...

Offline Derfel

  • Moderadores Globais
  • Nível Máximo
  • *
  • Mensagens: 8.887
  • Sexo: Masculino
Re:Ateísmo 2.0: um elogio a religião
« Resposta #17 Online: 29 de Dezembro de 2011, 19:54:56 »
A Planeta que conhecia falava sobre OVNI's e exoterismos. Ou ela mudou a linha editorial ou é outra com o mesmo nome. Essa está mais para uma revista de divulgação como a Galileu ou Superinteressante (mas parece melhor que elas).

Offline genjikhan

  • Nível 18
  • *
  • Mensagens: 508
  • Sexo: Masculino
  • Razão+imparcialidade= espirito livre
Re:Ateísmo 2.0: um elogio a religião
« Resposta #18 Online: 29 de Dezembro de 2011, 21:21:39 »
Em primeiro lugar, existe o risco do individualismo excessivo, de colocarmos o ser humano no centro de todas as coisas.
Que risco é esse?  Ao nos avistarmos com a imensidão infinita do universo, com a morte sempre ao lado ou com nossas limitações cotidianas, como vamos conseguir colocar o ser humano no centro de todas as coisas? Não há razões que levem um ateu a pensar assim, nem tampouco achar que os humanos não são importantes também. É a versão daqueles argumentos teístas que dizem que ateus são pessoas egoístas que só pensam em si mesmas, ou no caso egocêntricas. só faltau flar que não temos deus no coração.

O que ele quis dizer com isso é que com o ateísmo,as pessoas podem dar uma valor muito grande ao individualismo,que é a principal característica da nossa cultura consumista . O problema com isso é que se houver uma quantia muito grande de pessoas individualistas,não será possivel manter uma sociedade . Possivelmente,devido à personalidade,isso não acontece com a maioria dos frequentadores do CC(farei uma pesquisa para avaliar isso) .

Citar
Segundo, existe o risco do perfeccionismo tecnológico, de acreditarmos que a ciência e a tecnologia podem oferecer soluções para todos os problemas humanos, e que é apenas questão de tempo os cientistas resolverem todos os males da condição humana.


Outra besteira. Se tem uma coisa a que o pensamento científico nos leva, é que para cada "solução" alcançanda ou resolvida, outros milhares de problemas aparecem. A ciência nos ajuda a compreender o Universo e nos situar diante dele, substituindo o misticismo e a crendice . A ciência não é o fim, mas um meio, e o pensamento lógico nos guia automaticamente à essa questão, enquanto o pensamento religiosor, quando a usa a ciência é para fechar a questão como um fim. Porque então teria que me submeter a uma equação religiosa? É contraditório que ele coloque como premissa que o ateísmo pode nos levar a avaliar erroneamente os conceitos científicos, tal qual a religião faz com frequência.

Essa ideia que ele diz é exatamente o conceito do "Cientificismo" . O problema aqui seria as pessoas começarem à venerar a ciência,tendo ela o mesmo status das religiões . Isso não é algo interessante,porque como você diz,a Ciência não tem capacidade para responder as perguntas direcionados à Religião,como à crássica "Qual o sentido da vida?" . A Filosofia pode responder essas perguntas melhor que a religião,mas a Filosofia é extremamente impopular,por isso não serve de alternativa . 

Citar
Terceiro, sem Deus é mais fácil perdermos a perspectiva de longo prazo, e enxergarmos o momento presente como a única coisa que importa, esquecendo a efemeridade do presente e deixando de reconhecer, de uma forma positiva, a natureza minúscula de nossas conquistas. Por fim, sem Deus existe o risco de desprezarmos a importância da solidariedade e de um comportamento ético.

Eu diria o contrário sem deus, nos damos conta que estamos por nós mesmos e o que nos sobra é a ética e valores como a solidariedade. Os deuses ao longo da história, nos tiraram nossa humanidade, nos relegando a seres de segundo plano, hora culpados, ora sublimes, mas sempre seres submissos e penitentes. As religiões, os misticismos, as crendices, nos levam até hoje a uma compreensão errônea do que somos, e a uma aceitação do que essas ideologias místicas consideram como aceitável ou não. Os valores éticos não são frutos da religião, são frutos da humanidade, da capacidade de pensar,  raciocinar, equacionar e resolver, que se refletiram na religião e em toda forma de produção cultural da humanidade.

As religiões no passado foram feitas para que as pessoas pudessem absorver ideias que seriam dificeis de absorver apenas por vontade própria,como a submissão aos reis e imperadores . Lembre-se que ideias como Democracia,livre pensamento,liberdade de expressão e sufrágio universal só puderam existir com o suporte de algumas tecnologias,como a Prensa Móvel,por exemplo . O principal defeito das religiões foi a inflexibilidade delas com as mudanças na sociedade .


Citar
Ao contrário do que ele afirma, não temos o que aprender com as religiões, simplesmente porque sabemos que o que tem de bom ali sempre existiu fora.
"Nós" não se refere à maioria da humanidade e sim à um grupo especifico de pessoas,que admira a filosofia e a verdade . A maioria das pessoas prefere a felicidade,mesmo que tenham que viver uma vida de ilusões . Vejo que a ideia por trás desse livro é fazer com que nós céticos,ateus,agnósticos e deístas pensar numa alternativa para eliminar a influência das antigas religiões na sociedade .
« Última modificação: 29 de Dezembro de 2011, 21:24:22 por genjikhan »
"Não há fatos eternos,assim como não há verdades absolutas" - Friederich Nietzsche

"Os males de que padece o ser humano vêm em seu maior número,vêm dele mesmo" - Plínio

"Quem conhece a sua ignorância revela a mais profunda sapiência. Quem ignora a sua ignorância vive na mais profunda ilusão" - Lao Tsé

Offline genjikhan

  • Nível 18
  • *
  • Mensagens: 508
  • Sexo: Masculino
  • Razão+imparcialidade= espirito livre
Re:Ateísmo 2.0: um elogio a religião
« Resposta #19 Online: 29 de Dezembro de 2011, 21:27:17 »
O autor escreve como se não houvesse alternativas e estivesse a inventar uma... Mas isso não faz qualquer sentido, porque (por exemplo)  o panteísmo, nas suas diversas formas, dá perfeitamente para cobrir os problemas que Alain de Botton levanta... bem como as formas de budismo (outro exemplo)... O estoicismo (pró-panteísta) vem de antes de Cristo... etc.
Afinal o que há de novo em Botton?

O que há de novo seria caso o número de ateus na sociedade cresca demais e as consequências que isso teria numa sociedade cuja base é justamente a fé . 
"Não há fatos eternos,assim como não há verdades absolutas" - Friederich Nietzsche

"Os males de que padece o ser humano vêm em seu maior número,vêm dele mesmo" - Plínio

"Quem conhece a sua ignorância revela a mais profunda sapiência. Quem ignora a sua ignorância vive na mais profunda ilusão" - Lao Tsé

Offline _Juca_

  • Nível Máximo
  • *
  • Mensagens: 12.923
  • Sexo: Masculino
  • Quem vê cara, não vê coração, fígado, estômago...
Re:Ateísmo 2.0: um elogio a religião
« Resposta #20 Online: 30 de Dezembro de 2011, 09:48:23 »


O que ele quis dizer com isso é que com o ateísmo,as pessoas podem dar uma valor muito grande ao individualismo,que é a principal característica da nossa cultura consumista . O problema com isso é que se houver uma quantia muito grande de pessoas individualistas,não será possivel manter uma sociedade . Possivelmente,devido à personalidade,isso não acontece com a maioria dos frequentadores do CC(farei uma pesquisa para avaliar isso) .

Puro achismo. Alguém que se propõe a fazer uma afirmação tão contundente e séria, teria que mostrar dados que evidenciassem a questão. O que ele faz não é melhor do que um teísta consegue. O sociedade de consumo tem seus defeitos, alguns muito graves, mas nada tem a ver com o ateísmo. Ele está sugerindo que o ateísmo nos leva ao individualismo do mesmo modo que um crente faria.


Essa ideia que ele diz é exatamente o conceito do "Cientificismo" . O problema aqui seria as pessoas começarem à venerar a ciência,tendo ela o mesmo status das religiões . Isso não é algo interessante,porque como você diz,a Ciência não tem capacidade para responder as perguntas direcionados à Religião,como à crássica "Qual o sentido da vida?" . A Filosofia pode responder essas perguntas melhor que a religião,mas a Filosofia é extremamente impopular,por isso não serve de alternativa .

No momento que alguém que é ateu comece a venerar ciência tal qual uma religião, esse indivíduo esta deixando de ser ateu. Não fazendo o menor sentido essa premissa. O correto seria chamar essa pessoa a entender o que é ser ateu ( não crer, não ter fé, ausência da fé).

E antes de perguntar qual o sentido da vida, devemos nos perguntar se a vida requer ou precisa de algum sentido? Talvez a pergunta correta e honesta para quem faz essa questão seria "qual o sentido da vida de um modo transcendental?" , e pra mim, até onde me cabe conhecer, nenhum, pois não existe nada que aponte nessa direção.




Citar
As religiões no passado foram feitas para que as pessoas pudessem absorver ideias que seriam dificeis de absorver apenas por vontade própria,como a submissão aos reis e imperadores . Lembre-se que ideias como Democracia,livre pensamento,liberdade de expressão e sufrágio universal só puderam existir com o suporte de algumas tecnologias,como a Prensa Móvel,por exemplo . O principal defeito das religiões foi a inflexibilidade delas com as mudanças na sociedade


Concordo e pergunto: porque então dar alguma credibilidade à religião e ao seu conceito ideológico?



Citar
"Nós" não se refere à maioria da humanidade e sim à um grupo especifico de pessoas,que admira a filosofia e a verdade . A maioria das pessoas prefere a felicidade,mesmo que tenham que viver uma vida de ilusões . Vejo que a ideia por trás desse livro é fazer com que nós céticos,ateus,agnósticos e deístas pensar numa alternativa para eliminar a influência das antigas religiões na sociedade .

Acontece que a vida de ilusões não leva a felicidade, apenas um certo conforto mentiroso em horas de sofrimento, o que torna a vida num ato falso de perspectivas. A melhor maneira de se eliminar a influência das religiões da sociedade é através do entendimento e do avanço da ciência e da lógica dentro da sociedade e esse devia ser empenho do autor e não tentar escrever um livro de auto ajuda para ateus, o que é meio contraditório e me parece desonesto.

Offline Pagão

  • Nível 38
  • *
  • Mensagens: 3.690
  • Sexo: Masculino
Re:Ateísmo 2.0: um elogio a religião
« Resposta #21 Online: 30 de Dezembro de 2011, 18:22:59 »
O que há de novo seria caso o número de ateus na sociedade cresca demais e as consequências que isso teria numa sociedade cuja base é justamente a fé . 

É difícil explicar o é "o número de ateus crescer demais", porque já há sociedades, mesmo no Ocidente, como a França, em que a maiora da população é ou age como incréus, pouco ligando para a religião, e não se percebe quais a consequências negativas...
Nenhuma argumentação racional exerce efeitos racionais sobre um indivíduo que não deseje adotar uma atitude racional. - K.Popper

 

Do NOT follow this link or you will be banned from the site!