Autor Tópico: Esquerda brasileira - O inferno são os outros  (Lida 892 vezes)

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Offline TMAG

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Esquerda brasileira - O inferno são os outros
« Online: 08 de Janeiro de 2012, 20:14:02 »
Esse tópico se propõe a discutir as causas de um fenomêno muito comum no Brasil quando se trata de discussões políticas, econômicas e sociais. Aqui na Terra de Vera Cruz os culpados das mazelas do país sempre são os outros, observa-se esse discurso no ranço que existe entre economistas, sociólogos e historiadores brasileiros de esquerda contra a colonização portuguesa, o imperialismo inglês, os EUA, o capitalismo e principalmente contra as supostas ''elites'', fatores que conjugados seriam as causas das mazelas do país. A grande questão é a seguinte:

Teria esse esse tipo de pensamento irresponsável difundido pelos acadêmicos de esquerda se alastrado entre a população brasileira, gerando um povo completamente irresponsável, que não se responsabiliza por seus atos? O que acham?





« Última modificação: 08 de Janeiro de 2012, 20:18:00 por TMAG »
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Offline TMAG

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Re:Esquerda brasileira - O inferno são os outros
« Resposta #1 Online: 08 de Janeiro de 2012, 20:15:32 »
Texto do filósofo Antonio Cícero, que trata de um tema similar ao do tópico.

Citar

A elitização brasileira

NÃO SOU o primeiro e certamente não serei o último a criticar o abuso da palavra "elite" no Brasil. Como não fazê-lo? Em política, a imprecisão conceitual só serve aos oportunistas.

É sobretudo no vocabulário de quem se considera "de esquerda" que essa palavra costuma aparecer. Seu uso entre "soi-disant" marxistas resulta de um desleixo conceitual que mostra que nem mais eles levam a sério a teoria em que pretendem se basear.

O emprego da palavra "elite" na sociologia se estabeleceu a partir das obras de Vilfredo Pareto e de Gaetano Mosca. Sua pretensão era substituir o conceito marxista de "classe dominante". Pareto afirmava que há, em toda sociedade, um estrato inferior e um estrato superior. O estrato superior constitui a elite, que é composta pelos indivíduos mais capazes. Segundo Mosca, o domínio da minoria sobre a maioria se explica pela organização da primeira, que é composta por indivíduos que possuem um atributo, real ou aparente, altamente valorizado pela sociedade em que vivem.
Ao criticar as "teorias da elite", os marxistas atacaram tanto a pretensão, nelas embutida, de que a estratificação social seja supra-histórica, universal, eterna, quanto o fato de que elas desviam atenção do fundamental, que é a base econômica da sociedade.

Suponho que os marxistas brasileiros tenham ignorado essas e outras críticas em conseqüência, pelo menos em parte, da influência que sofreram de políticos e intelectuais não-marxistas, durante a luta contra a ditadura. Entre esses, destaca-se, por exemplo, o antropólogo Darcy Ribeiro, que não hesitava em falar da "maldade" da elite: "velha elite, feita de filhos e netos de senhores de escravos calejados na maldade; de ricaços descendentes de imigrantes que olham de cima, com desprezo, a quem não enricou também; e sobretudo desta casta de gerentes das multinacionais, só leais a seus patrões".

Segundo essa perspectiva, é por culpa de uma elite má que temos os problemas que temos. O Brasil, diz Darcy, é "um país que não deu certo, por culpa não do seu povo, mas das elites". "Maldade", "culpa": é fácil entender que também os teólogos da libertação – católicos – tenham se reconhecido nessa linguagem, excelente catalisadora de todo ressentimento difuso.

Tal tipo de "explicação" psicologista da realidade social é absolutamente incompatível com o pensamento de Marx, em que não entram em jogo "culpas" ou "maldades". Para Marx, a relação das diferentes classes sociais entre si é determinada em primeiro lugar pelo caráter das relações de produção vigentes na formação sócio-econômica em consideração.

De todo modo, não é difícil entender como, paradoxalmente, a vulgarização da teoria das elites –que havia sido introduzida na sociologia para enfrentar as teorias liberais e socialistas, e que era simpática ao fascismo – pôde dar subsídios exatamente para a execração das elites. É que, já que a dominação destas não se explica pela estrutura econômico-social, mas pela sua putativa superioridade, é concebível que essa "superioridade" se reduza ao maquiavelismo com que se supõe que elas submetem as massas, por meio da doutrinação, da violência, da intimidação, da intriga, da corrupção, do engodo: em suma, da "maldade".

Já a facilidade dessa inversão vulgar do sentido da teoria das elites seria suficiente para evidenciar sua inanidade teórica. Mas isso não é tudo. Além de não ser capaz de explicar coisa nenhuma, a noção de "elite" é vaga demais para ter qualquer eficácia cognitiva.

Essa ineficácia ficou comicamente clara no ano passado, quando o apresentador de programa de televisão Luciano Huck, ao ter seu relógio roubado, escreveu um artigo na Folha, queixando-se da insegurança das cidades brasileiras. Uma enxurrada de cartas à redação o atacou, alegando que, pertencendo à elite, ele não tinha qualquer direito de se queixar. Uma delas foi do cantor Zeca Baleiro. No dia seguinte, uma leitora escrevia: "Lamentável o comentário dele sobre o texto de Luciano Huck – como se Zeca Baleiro não fizesse parte dessa elite".

O fato é que, cada vez mais, também a classe média tem sido chamada de "elite" pela esquerda. Consequentemente, como as estatísticas indicam que o Brasil é cada vez mais um país de classe média, trata-se sem dúvida de um país em que, segundo a esquerda, quase todos fazem parte da elite. Será a pior elite do mundo, como muitos afirmam? Não sei; mas é certamente a mais autoflagelante.
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Offline Luiz Souto

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Re:Esquerda brasileira - O inferno são os outros
« Resposta #2 Online: 08 de Janeiro de 2012, 22:53:11 »
Muito pertinente a discussão do tópico.

Mas eu acrescentaria que a prática de jogar a culpa pelas mazelas nacionais  no outro não é exclusividade da esquerda tupiniquim , quem já não ouviu argumentações que a culpa é do povo indolente e mal caráter ? Tem até uma piada com Deus criando o mundo e não colocando aqui terremotos , furacões , etc... e quando questionado porque do privilégio responde : "Espera pra ver o povinho que vou botar lá." Não esqueçamos que a mestiçagem era a explicação do atraso nacional para a "direita"na mesma época em que para a "esquerda" era o imperialismo inglês , de lá para cá , em ambos os lados , mudaram os personagens acusados mas não o método.

Em se tratando da esquerda que se assume como marxista  é ainda mais vergonhoso em termos conceituais falar em "elites malvadas" ou usar adjetivos de cunho psicológico para caracterizar classes ou grupos sociais , já que um dos méritos de Marx foi justamente romper com a noção de que as ações coletivas possam ser reduzidas a fatores psicológicos . O texto do Antonio Cícero é bem oportuno ao lembrar que a concepção marxista de relação entre a infraestrutura econômica e a superestrutura ideológica não comporta análises morais. Ao contrário , as análises "à direita" é que , habitualmente ,  se baseiam na aplicação de conceitos ( ou preconceitos ) morais para explicar os fatos sociais.

Um fato que acredito estar implicado nesta contradição ( indivíduos ligados á esquerda utilizando conceitos originados na direita) é a  pobreza como o pensamento marxista chegou ao Brasil e como ele foi posteriormente divulgado pela sua corrente principal no século XX , o PCB. Esta "deficiência genealógica" foi bem apresentada por Leandro Konder em "A Derrota da Dialética" onde mostra que , se no resto do mundo houve um empobrecimento e enrijecimento teórico do marxismo em virtude da preponderância do pensamento soviético , no Brasil ela já aportou pobre e deficiente.
Se não queres que riam de teus argumentos , porque usas argumentos risíveis ?

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Offline Buckaroo Banzai

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Re:Esquerda brasileira - O inferno são os outros
« Resposta #3 Online: 08 de Janeiro de 2012, 23:53:36 »
Tem uns estudos que traçam dois perfis gerais de "esquerdistas" e "direitistas", tendo os direitistas realmente um maior senso de responsabilidade individual e/ou "livre arbítrio", enquanto os esquerdistas tendem a ver a si e aos demais mais como produtos das circunstâncias.

Acho que o principal pesquisador na área é o Jonathan Haidt.


<a href="http://www.youtube.com/v/vs41JrnGaxc" target="_blank" class="new_win">http://www.youtube.com/v/vs41JrnGaxc</a>


Aqui deve ter legendas:

http://www.ted.com/talks/jonathan_haidt_on_the_moral_mind.html

Offline 3libras

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Re:Esquerda brasileira - O inferno são os outros
« Resposta #4 Online: 08 de Janeiro de 2012, 23:57:16 »
eu acho que realmente nós temos um ranço "elitista" das classes superiores.

por exemplo, a nossa classe média e média alta se vangloria de pagar planos de saúde, ter segurança privada em seus prédios e empregados domésticos.

porém, apesar de se achar "esperta" e que luta por seus direitos faz pouco caso de pagar imposto que já dariam direito a segurança, saúde gratuita e por fim acham um absurdo ter que dar aos seus empregados os mesmos direitos trabalhistas que recebem como férias remuneradas, 13º e fgts.

isso vem desde a época da colonização. sempre vi o brasil como um grande naufrágio onde quem consegue se agarrar a alguns destroços e boiar rapidamente cuida de chutar os que ainda não conseguiram, para que estes não o puxem para baixo.

o brasileiro se acha solidário, mas normalmente é solidário por motivos emocionais, não racionais. O mesmo empresário que dá uma cesta básica pra uma família pobre no natal nega estágio ao adolescente dessa família uqe não tem experiência ou que vive em uma comunidade perigosa ou distante.

essa esmola no lugar da ajuda acaba gerando também um sentimento negativo das classes inferiores em relação as superiores.

mas, quando olhamos a história recente do brasil, especialmente os anos 90 pra cá vemos que quem cresceu e formou essa nova classe média são pessoas batalhadoras, que sabem o valor do dinheiro, que penaram, lutaram e venceram, sem ter por trás berço de ouro ou rios de dinheiro.

Formamos depois de 500 anos a primeira leva de uma elite genuinamente brasileira, sem influencia direta do exterior como era até 1900 ou sem representatividade suficiente para ser considerada uma classe social até os anos 80.

isso muda o contexto de responsabilidades, resta a nós saber como acontecerá.
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Offline LaraAS

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Re:Esquerda brasileira - O inferno são os outros
« Resposta #5 Online: 08 de Janeiro de 2012, 23:59:05 »
          Para Luiz Souto:


   Acontece que Marx é um autor a favor da ação política ,e para a ação política é preciso já ter escolhido algumas visões morais. Pelo menos a visão do que é desejavel e do que não é, de qual é o objetivo a ser alcançado e qual não é. Nesse ponto, Marx não tinha como não ser um autor moral ,tanto é que nos seus textos ao falar do modo como os operários são tratados, há sim , muitas frases e paragrafos de indignação moral nos seus textos,sobretudo naturalmente ,nos textos mais de divulgação ,como o "Manifesto Comunista" ,mas também no "O capital".
   Na verdade , num caso como esse ,no fundo , a tentativa de não fazer juizos morais ,acaba mais é sendo usada como justificativa para atrocidades e trambiques na ação política (o que é especialmente grave nas questões das atrocidades, no caso de trambiques pacíficos,ainda se poderia argumentar a favor deles) feitas pelos seus,  com o discurso de se dizer que mesmo no caso de os anti-capitalistas de esquerda fazerem atrocidades ,condenar isso como um mal em si ,é um moralismo não cientifico, no entanto,  já Marx quando falava das condições dos operários e quando descrevia e refutava os sofismas estilo falar que os pobres são preguiçosos, já usava um tom de indignação que é indubitavelmente moralista.
  Ele era contra moralismos para descrever ações dos operários, mas usava sim ,  um tom  moralista ao falar de ações dos burgueses, ou pelos menos, ao falar das consequencias práticas dessas ações, o que fica dificil de distinguir dos próprios agentes ,dos burgueses , na ação política ,ainda mais ação política revolucionária. Na verdade ,num caso desses, ele falar que não adiantavam as caracteristas pessoais de determinados grupos de burgueses para levar à nenhuma melhoria para os trabalhadores ,  ele na prática ,mais do que evitar um excesso de moralismo,  na verdade fazia uma demonização muito pior do que a demonização moralista habitual, ele estava criticando os burgueses num mesmo sentido em que um racista critica as pessoas do grupo contra o qual tem racismo ,independentemente dos seus atos.
             E não adianta dizer que não é demonização. Na ação política do tipo revolucionária, é inevitavel demonizar a ordem antiga e é difícil ,praticamente impossível ,separar isso dos agentes da ordem antiga.  E além disso, ele também tinha a teoria da falsa consciencia ,da ideologia ,da consciência ligada à sua existência, o que também leva a pensar que em se tratando de um ex-burguês adulto ,que já era adulto quando era burguês ,não modificou sua consciencia com a nova ordem revolucionaria, e por isso não é confiável.
           

         
   
« Última modificação: 09 de Janeiro de 2012, 00:34:50 por LaraAS »

Offline Luiz Souto

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Re:Esquerda brasileira - O inferno são os outros
« Resposta #6 Online: 09 de Janeiro de 2012, 00:30:39 »
          Para Luiz Souto:


   Acontece que Marx é um autor a favor da ação política ,e para a ação política é preciso já ter escolhido algumas visões morais. Pelo menos a visão do que é desejavel e do que não é, de qual é o objetivo a ser alcançado e qual não é.Nesse ponto, Marx não tinha como não ser um autor moral ,tanto é que nos seus textos ao falar do modo como os operários são tratados, há sim ,frases de indignação moral nos seus textos,sobretudo naturalmente ,nos textos mais de divugação ,como o "Manifesto Comunista" ,mas também no "O capital".
   Na verdade , num caso como esse ,no fundo , a tentativa de não fazer juizos morais ,acaba mais é sendo usada como justificativa para atrocidades e trambiques na ação política (o que é especialmente grave nas questões das atrocidades, no caso de trambiques ,ainda se poderia argumentar contra isso) feitas pelos seus ,com o discurso de se dizer que mesmo no caso de os anti-capitalistas de esquerda fazerem atrocidades ,condenar isso como um mal em si ,é um moralismo não cientifico ,no entanto , já Marx quando falava das condições dos operários e quando descrevia e refutava os sofismas estilo falar que os pobres são preguiçosos, já usava um tom de indignação que é indubitavelmente moralista.
  Ele era contra moralismos para descrever ações dos operarios, mas usava sim ,um tom  moralista ao falar de ações dos burgueses, ou pelos menos, ao falar das consequencias práticas dessas ações, o que fica dificil de distinguir dos próprios agentes da burguesia na ação política ,ainda mais ação política revolucionária. Na verdade ,num caso desses, ele falar que não adiantavam as caracteristas pessoais de determinados grupos de burgueses para levar à nenhuma melhoria para os trabalhadores ,  ele na prática ,mais do que evitar um exceto de moralismo,  na verdade fazia uma demonização muito pior do que a demonização moralista habitual, ele estava criticando os burgueses num mesmo sentido em que um racista critica as pessoas do grupo contra o qual tem racismo ,independentemente dos seus atos.
             E não adianta dizer que não é demonização. Na ação política do tipo revolucionária, é inevitavel demonizar a ordem antiga e é difícil ,praticamente impossível ,separar isso dos agentes da ordem antiga.  E além disso, ele também tinha a teoria da falsa consciencia ,da ideologia ,da consciencia ligada a sua existencia, o que também leva a pensar que em se tratando de um ex-burguês adulto ,que já era adulto quando era burguês ,não modificou sua consciencia com a nova ordem revolucionaria, e por isso não é confiavel.



Marx explicitamente contradiz sua avaliação ao , preventivamente , responder á possíveis criticas futuras de uma (como você denomina) "demonização" das classes propietária com o seguinte parágrafo na introdução à primeira edição alemã do Livro I d' O Capital

Citar
Para evitar possíveis mal-entendidos uma palavra [ainda]. Eu de modo nenhum pinto de cor-de-rosa as figuras do capitalista e do proprietário fundiário. Mas trata-se aqui de pessoas apenas na medida em que são a personificação de categorias económicas, portadores de determinadas relações de classes e interesses. Menos do que qualquer outro pode o meu ponto de vista — que apreende o desenvolvimento da formação económica da sociedade como um processo histórico natural — tornar o indivíduo responsável por relações, das quais ele socialmente permanece criatura, por muito que subjectivamente ele se possa elevar acima delas.
http://marxists.org/portugues/marx/1867/capital/livro1/prefacios/02.htm

Quanto ao "tom moralista" que atribui a Marx sobre as ações dos industriais lembro que as denúncias das condições deploráveis de trabalho nas indústrias inglesas do séc. XIX que se encontram n' O Capital consistem basicamente nas transcrições de Marx dos relatórios dos funcionários da Coroa encarregados de fiscalizar as condições de trabalho , de médicos dos distritos industriais , de juízes , etc...

Citar
The Factory Act of 1850 now in force (1867) allows for the average working-day 10 hours, i.e., for the first 5 days 12 hours from 6 a.m. to 6 p.m., including ½ an hour for breakfast, and an hour for dinner, and thus leaving 10½ working-hours, and 8 hours for Saturday, from 6 a.m. to 2 p.m., of which ½ an hour is subtracted for breakfast. 60 working-hours are left, 10½ for each of the first 5 days, 7½ for the last. [14]

Certain guardians of these laws are appointed, Factory Inspectors, directly under the Home Secretary, whose reports are published half-yearly, by order of Parliament. They give regular and official statistics of the capitalistic greed for surplus-labour.
Let us listen, for a moment, to the Factory Inspectors.
http://marxists.org/archive/marx/works/1867-c1/ch10.htm#S1

Você pode ler estas denúncias na parte onde é analisado o dia de trabalho ( capítulo X , especialmente a partir da seção 5 :A luta pelo dia de trabalho normal.

« Última modificação: 09 de Janeiro de 2012, 00:34:47 por Luiz Souto »
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Re:Esquerda brasileira - O inferno são os outros
« Resposta #7 Online: 09 de Janeiro de 2012, 00:42:11 »
          Para Luiz Souto:

   
    Mas foram 70% dos próprios que se diziam marxistas no século XX ,foram os leninistas que efetivamente demonizaram os burgueses ,ao fazer enormes massacres de burgueses ,massacres de ex-burgueses e discriminações e também um pouco de massacres contra descendentes de burgueses nos seus regimes de socialismo real. E os leninistas foram a maioria dos que se disseram marxistas no século XX. Na verdade ,depois da década de 50 e em se tratando realmente de grupos de grandes ações políticas ,de grupos com muitos seguidores ,depois que a social-democracia abandonou o marxismo ,na década de 50 ,foram 99% dos marxistas
   E depois eu já descrevi que é a ação política revolucionária que leva na prática a uma demonização dos burgueses (e da parte pró-burguesia da classe média). É o próprio Marx que dizia que para ver a natureza de uma idéia é preciso ver suas consequencias práticas ,não as belas palavras com que ela se descreve.
  Esse paragrafo que você citou dizendo que ele não demoniza os burgueses é um tipico caso de "belas palavras com se descreve" uma ideologia.
   

 
« Última modificação: 09 de Janeiro de 2012, 00:47:35 por LaraAS »

Offline Luiz Souto

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Re:Esquerda brasileira - O inferno são os outros
« Resposta #8 Online: 09 de Janeiro de 2012, 00:55:52 »
          Para Luiz Souto:

    Mas foram 70% dos próprios que se diziam marxistas no século XX ,foram os leninistas que efetivamente demonizaram os burgueses ,ao fazer enormes massacres de burgueses ,massacres de ex-burgueses e discriminações e também um pouco de massacres contra descendentes de burgueses nos seus regimes de socialismo real. E os leninistas foram a maioria dos que se disseram marxistas no século XX. Na verdade ,depois da década de 50 e em se tratando realmente de grupos de grandes ações políticas ,de grupos com muitos seguidores ,depois que a social-democracia abandonou o marxismo ,na década de 50 ,foram 99% dos marxistas
   E depois eu já descrevi que é a ação política revolucionária que leva na prática a uma demonização dos burgueses (e da parte pró-burguesia da classe média). É o próprio Marx que dizia que para ver a natureza de uma idéia é preciso ver suas consequencias práticas ,não as belas palavras com que ela se descreve.
  Esse paragrafo que você citou dizendo que ele não demoniza os burgueses é um tipico caso de "belas palavras com se descreve" uma ideologia.
   

Estamos discutindo Marx e as formas como seu pensamento foi absorvido / divulgado pelos marxistas. Citar o leninismo apenas reforça o que coloquei.
E o texto citado de Marx é claro e cristalino. Atribuir características psicologicas a classes ou grupos sociais ( que é a base para a "demonização") é incompatível com a concepção marxista da relação entre comportamento social e infraestrutura econômica. Quanto a como suas concepções foram interpretadas / transformadas pelos seus seguidores / continuadores ( e até que ponto a forma como as colocou facilitou isto) é um assunto pertinente ao tema do tópico.
Se não queres que riam de teus argumentos , porque usas argumentos risíveis ?

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Re:Esquerda brasileira - O inferno são os outros
« Resposta #9 Online: 09 de Janeiro de 2012, 01:10:38 »
          Não eram só transcrições de más condições de vida dos operários não ,havia também comentários indignados. E se não há moral ,então porque fazer as próprias trancrições? Na ausência de qualquer moral, as más condições de vida dos operários não tem a menor importância...a unica coisa que é importante é que isso atrapalha a economia...mas é claro que para conseguir o apoio da classe operária é preciso pelo menos ,fingir que se indigna com as más condições deles ,e isso foi feito ,sobretudo em escritos de indignação como o "Manifesto comunista".
          E depois o que levou a demonizar à burguesia e à parte pró-burguesia da classe média ,foi a prática revolucionaria.
          A ação prática revolucionária leva a querer desprezar pequenas melhorias ,por serem reformismo e com isso atrapalhar a revolução. A Fabi citou textos de Marx criticando isso ,criticando as tentativas de melhorar a condições dos trabalhadores no capitalismo ,por só atrapalhar a revolução.
          Então, nessa visão ,o sindicalismo tem que ser maximalista, tem que na prática ,ser a favor do quanto pior melhor , enfim a ação política marxista tem que ser estilo quanto pior melhor ,não ser assim foi justamente a critica contra os social-democratas que continuaram com esse nome despois de 1918 e também contra os que continuaram com o nome de socialistas depois disso ,contra os socialistas moderados.
          E em se tratando de textos de divulgação ,de textos de ação política imediata ,como o "Manifesto Comunista" não há essa preocupação em não demonizar os burgueses ,a rigor , a agitação política ,os textos de Agip-Trop práticos na ação política prática ,isso leva a ser julgar os burgueses cada vez mais responsaveis ,isso leva as pessoas simples ,os operários manuais doutrinados que estão nessa política de reinvindicação propositalmente impossíveis (pelo menos impossiveis no capitalismo na visão dos que dirigem esse Agip-Trop) a demonizar cada vez mais aos burgueses e à classe média. Por que os que dirigiram esses Agip-Trops no século XX ,não diziam para os seus liderados que essas medidas eram impossiveis...
          Com isso ,há uma piora cada vez pior da situação ,e com os operários manuais com um terrivel ódio dos burgueses e da classe média, mas o pior é que depois que se fez a revolução ,depois que se confiscou sem indenização à maioria dos meios de produção ,se viu que essas reivindicações continuavam sendo impossiveis no industrialismo ,no caso de não aumentar a produtividade (isso foi piorado pela falta de programa técnico no marxismo ,considerado "utopico" ou "reacionário")  ,só que ao fazer isso ,esses lideres não disseram que estavam errados antes, continuaram demonizando aos burgueses ,aos ex-burgueses ,aos engenheiros ,aos administradores ,e a tantos bodes expiatorios quanto fossem capazes de inventar.,dizendo que era por culpa da sabotagem deles que as coisas não melhoravam...
« Última modificação: 09 de Janeiro de 2012, 02:21:38 por LaraAS »

Offline LaraAS

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Re:Esquerda brasileira - O inferno são os outros
« Resposta #10 Online: 09 de Janeiro de 2012, 01:13:39 »

          Respondendo agora ao segundo post que eu li depois.
          Mas no marxismo a teoria é inseparavel da prática....Não querer discutir isso  ,não querer discutir sua prática ,é uma desonestidade intelectual. E transformar o marxismo em uma ideia platonica ,o que é justamente o oposto ao que ele é ,ou pelo menos ao que ele se apresenta como sendo.
         

Offline LaraAS

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Re:Esquerda brasileira - O inferno são os outros
« Resposta #11 Online: 09 de Janeiro de 2012, 01:45:09 »
        Alguém poderia citar algum texto de Marx de divulgação aos operários para a ação política imediata ,estilo o "Manifesto comunista" em que se diga isso de que os burgueses não são responsáveis por essas coisas?  Ou algum texto desse tipo de divulgação da época  escrito na época da vida de Marx ,que dissesse isso aos operários?
        Por que era esse tipo de texto curto que os operários liam ou que um deles que sabia ler em um pequeno grupo lia alto para os seus amigos de grupo...e no caso ,como eu suspeito ,de que os divulgadores não escreviam isso nos seus textos de divulgação, também não iam falar verbalmente isso para os operários...
        E realmente ,provavelmente não diziam mesmo ,pois isso poderia levar os operários para a apatia ,para o reformismo ,para a democracia cristã ,para o rerum novarum ,para diminuir suas reivindicações...
« Última modificação: 09 de Janeiro de 2012, 02:23:15 por LaraAS »

Offline LaraAS

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Re:Esquerda brasileira - O inferno são os outros
« Resposta #12 Online: 09 de Janeiro de 2012, 07:21:30 »


         Há também um outro fator. O que determina se se está julgando algumas pessoas responsaveis ou não por algo é o castigo que se dá a elas e ao fazer reinvindicações grevistas propositalmente impossiveis ,incentivando  o ódio das massas quando essas pessoas não conseguem responder a essas reinvindições ,é puni-las ,é culpa-las e depois quando ,no caso de insurreição vitoriosa ,se faz um confisco sem indenização ,e essas pessoas se revoltam ,depois caso sejam derrotadas ,são punidas por terem feito a revolta ,isso também é culpá-las ,é puni-las e quando ainda depois ,o nivel de vida das massas ,não melhora justamente em consequencia da política de quanto pior melhor que se fez antes e também da falta de programa técnico anterior no marxismo (qualquer tentativa de fazer isso antes da revolução é chamada de utopica ou de reacionária ,até parece o tabu da virgindade) ainda são usados como bodes expiatorios ,em parte por causa dos problemas da guerra civil anterior ,em parte porque não se confia da consciencia de classe e ainda com a magua deles com os castigos pós-guerra civil ,se julga que eles não são confiaveis ,e também há situação econômica não melhora ,porque não havia ,não há essa abundancia escondida que diziam ,e com isso ,há necessidade de explicar isso ,e dizer que desde o começo o que exigiam era demagogico ,é desmoralizar a própria revolução ,então a única coisa que resta é buscar bodes expiatorios ,e isso também é punir essas pessoas.
            Tudo isso é culpar. É a punição que se dá que mostra se se considera ou não ,culpadas determinadas pessoas ,se se está responsabilizando ou não a determinadas pessoas.

 

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