O que eu quis dizer é que as pessoas não passam nem exatamente pelas experiências (nem passam necessariamente por experiências consideravelmente similares com os mesmos estados subjetivos anteriores, com "todas as variáveis mantidas iguais").
Eu não sei se entendi bem a questão "por que a sua situação intimidadora produz tímidos sem que haja nada que o predisponha?"
Ainda que eu descartasse qualquer papel de predisposições num sentido ou outro, o ponto é justamente que, além desse tipo de predisposições há a predisposição a "aprender" com as experiências, ou ser afetado/"programado" por elas. Negar isso seria o extremo oposto, programação genética absoluta.
Acho que o que pode estar perguntando seria algo como, "sem qualquer tipo de programação genética, por que o que para uma pessoa é traumatizante, para a outra não é causa de euforia e vice-versa?"
Existe uma programação genética, um reconhecimento e julgamento programado de experiências, mas parte do programa também é se alimentar de variáveis do meio, o programa recebe essas variáveis e se ajusta de acordo com elas.
Dependendo do que a pessoa experimenta o seu organismo (ou o seu genótipo até, se assim preferir entender) aposta em diferentes estratégias adaptativas (aposta, o resultado não é necessariamente adaptativo). Algumas experiências vão fazer o "genótipo" julgar que é melhor ser tímido nesse habitat, outras vão levá-lo a julgar que é melhor a estratégia oposta. E diferentes genótipos terão diferentes "critérios de julgamento". Não sei se tem algo de fundamente diferente de "condicionamento clássico" ou Pavloviano, talvez seja a mesma coisa, apenas funcionando de forma mais extrema pela "janela de oportunidade" de aprendizado inicial.
E quanto a empatia especificamente, ela também se desenvolve, pode ser tanto que haja situações onde o genótipo julgue que é vantajoso não ser empático*, quanto simplesmente falta do necessário para estimular esse desenvolvimento sem qualquer "consideração adaptativa" por parte do genótipo -- um pouco como não aprender a falar por não ter sido criado por pessoas ou por pessoas que falassem.
Mas continua sendo em parte válida essa analogia quanto a dificuldade em "se tornar" psicopata; é bem provável que na maior parte do tempo o máximo só se consiga aproximações temporárias (como nos experimentos já citados, onde os efeitos não são permanentes) sem que haja algum estrago mais considerável de algum tipo, da mesma forma que você não consegue simplesmente desaprender a falar.
* um pouco como na teoria de psicologia evolutiva para psicopatia, só que combinado com "thrifty genotype", o que não sei se costumam fazer.
PS.: mas sei lá, essa é só a impressão geral que tenho, talvez seja tudo muito mais geneticamente determinado do que me parece ser, e a experiência tenha um papel tão desprezível quanto puder ser antes da perspeciva ser uma caricatura absurda, uma negação de aprendizado e de qualquer importância de experiência. Não me lembro de ter lido nenhum estudo afirmando mesmo que qualquer pessoa tem o potencial de ser criado como psicopata, pode talvez ser que como quer que sejam suas experiências formativas a pessoa de alguma forma sempre desenvolvesse empatia. Só me parece bastante improvável.