Parte 4
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31. O fato de se usarem datas com "depois de Cristo" é uma prova de que ele existiu. O calendário ocidental, baseado na suposta data de nascimento de Cristo, só foi definido no Século V, quando a Igreja de Roma conseguiu o poder para impor suas decisões ao mundo pela força das armas. Só então o papa da época, João I, mandou que o monge Dionísio Exiguus calculasse a data exata para o início da nova contagem. Até então, a referência era a data de fundação de Roma. Mesmo assim, devido às contradições dos evangelhos, o ano zero foi uma escolha arbitrária e imprecisa, até hoje sujeita a discussões.
A civilização ocidental se tornou poderosa e seus padrões foram aos poucos sendo adotados pelo mundo, como o alfabeto latino e, sucessivamente, o latim, o francês e, atualmente, o inglês. É útil ter padrões. É por isto que todo mundo tenta aprender inglês. Isto não impede que os países continuem usando suas línguas e não impede que haja vários calendários diferentes: chinês, judaico, árabe, hindu etc.
O uso da suposta data de nascimento de Cristo não prova que ele existiu. É apenas uma convenção que todos adotaram por conveniência. Por outro lado, é interessante notar que os nomes dos dias da semana, na maioria das línguas européias, ainda se baseiam nos nomes de antigos deuses (dia do Sol, dia de Thor, dia de Vênus, dia de Marte etc.), assim como os nomes de alguns meses: Janus, Maia, Marte, Juno.
32. Se fosse mentira, já teria sido desmentida depois de tanto tempo. Se todas as outras religiões (e são milhares…) fossem mentira, já deveriam ter sido desmentidas depois de tanto tempo. Há religiões bem mais antigas que o cristianismo.
33. Já está mais que provado que Jesus existiu. Os crentes apresentam uma lista de historiadores que mencionaram Jesus como prova de que ele existiu. Na verdade, nenhum deles viveu na época dos supostos fatos. Tudo o que eles relatam é de ouvir falar, às vezes 100 anos depois. E o que eles dizem é que havia um grupo de pessoas que se denominavam “cristãos” e acreditavam num tal de Jesus. Isto prova a existência de cristãos já naquela época, mas não a existência histórica de Jesus.
Outros afirmam que o túmulo vazio é prova da ressurreição, sem perceber que qualquer um pode cavar um buraco e dizer que lá havia estado um deus ou qualquer outra coisa. Sem perceber que nem sabemos se Jesus chegou a ser enterrado naquele túmulo ou, se foi enterrado, talvez tenha sido removido antes de chegarem os soldados romanos. Sem se dar conta de que nem sabemos se o tal túmulo existiu mesmo. Tudo o que temos é um lugar que, séculos depois, os cristão decidiram que era o túmulo mencionado nos evangelhos.
Talvez tenha havido um homem que deu origem ao mito que os evangelhos relatam, mas não há rigorosamente nenhuma prova de que ele tenha nascido de uma virgem, feito milagres, ressuscitado e voado para o céu. Quem quiser que acredite pela fé, mas não apele para alegações do tipo “muitos historiadores sérios confirmam que Jesus existiu”. Não é verdade. Historiadores sérios não deixam que sua fé religiosa influencie seu trabalho profissional.
Leia também: Jesus: O incômodo silêncio da Históriahttp://fernandosilva.multiply.com/journal/item/31/31O Mito do Jesus Históricohttp://fernandosilva.multiply.com/journal/item/10/1034. Os arqueólogos descobriram que Pilatos existiu, portanto a Bíblia está confirmada como verdadeira. Se o fato de Pilatos ter existido provasse que Jesus existiu, então a existência da cidade de Nova Iorque e do edifício Empire State provaria que o King Kong existiu.
35. Eu sei que Deus existe porque ele fala comigo. Fiéis de todas as religiões dizem a mesma coisa sobre deuses diferentes. Não é possível que estejam todos certos ao mesmo tempo. Além disto, experiências “místicas” não servem como prova de nada. São pessoais e intransferíveis, sem falar em que a própria pessoa deveria ter a honestidade de admitir que talvez quem esteja falando com ela é um outro deus ou que tudo pode não passar de alucinação ou auto-ilusão.
Leia também: Religião é problema Mental?http://fernandosilva.multiply.com/journal/item/27/27"
36. Jesus cura! É só ter fé! Os crentes têm fé em que foram curados pela fé. O pior é que vão ao médico, se tratam no hospital, fazem terapia, tomam remédios e, no fim, o mérito é todo de Deus e não dos médicos ou da ciência. Eles saem dizendo que “foi Deus que curou”, como se os médicos não tivessem feito nada. E fingem que não viram os que oraram muito e morreram das doenças. Ou os que não oraram e se curaram assim mesmo.
Por que Deus não faz crescer de volta um braço, uma perna ou um olho? Por que só há curas que podem ser explicadas de outras formas? Por que os crentes nunca desconfiam de fraudes? Há milhares de igrejas evangélicas, por toda a parte, curando deficientes aos montes como se fossem linhas de produção. Por que, então, não diminui o número de cadeirantes, por exemplo? O mais cruel é que, quando a pessoa não se cura, é acusada de não ter fé e ainda leva a culpa por estar doente.
Ler também:Oremoshttp://fernandosilva.multiply.com/journal/item/4/Curas espirituaishttp://ateusdobrasil.com.br/p/30/37. Deus é amor. Se todos seguissem o que a Bíblia diz, o mundo seria melhor. O deus da Bíblia é um monstro ciumento, mesquinho e cruel, que mata povos inteiros por motivos fúteis. E Jesus, o manso e humilde, piorou as coisas: antes, o sofrimento terminava com a morte. Depois de Jesus, o sofrimento passou a ser eterno. Como já disse alguém:
“Quem seguisse o Antigo Testamento fielmente seria preso. Quem seguisse o Novo Testamento fielmente seria internado”.
Leia também:Atrocidades cometidas por Deus ou por ordem sua http://fernandosilva.multiply.com/journal/item/7/Atrocidades bíblicas “explicadas” pelos crenteshttp://fernandosilva.multiply.com/journal/item/5/5 38. Não nos cabe questionar a vontade de Deus. Devemos aceitar mesmo sem entender. Esta alegação parte do princípio de que Deus é bom e justo e que tudo o que ele faz nos beneficia, mesmo que seus atos estejam além de nossa compreensão, mas a verdade é que, se não sabemos por que Deus faz as coisas, não temos como saber se são boas. Quando a coisa nos agrada, dizemos que Deus é muito bom para nós. Quando não nos agrada, dizemos que Deus sabe o que é melhor para nós. No fim das contas, a ação de Deus não se diferencia em nada da ação do acaso.
Leia também:Vender a alma a Deus ou ao Diabo?http://fernandosilva.multiply.com/journal/item/21/Vender_a_alma_a_Deus_ou_ao_Diabo39. As 5 provas de Tomás de Aquino. Neste caso, não é uma questão de se refutarem as 5 provas e sim de mostrar que elas não provam nada sobre a existência de Deus. Fazem sentido, até certo ponto, mas hipóteses só se tornam aceitas depois que são confirmadas por fatos - e ainda faltam os fatos: onde está Deus? E, claro, permanece o velho problema: quem criou Deus? Por que abrir uma exceção para ele? Só porque é preciso para que o argumento faça sentido? Enquanto não aparecer um deus que, além de existir, prove que sempre existiu, o mais sensato é considerar que o universo sempre existiu. Ou apenas admitir que não há uma explicação satisfatória para a existência do universo e encerrar o assunto. O erro dos crentes é assumir que Deus existe e só então procurar por provas.
40. Eu era ateu, mas minha mãe se curou por milagre e eu me converti. Em primeiro lugar: foi mesmo um milagre? Ou apenas uma coisa que você decidiu que era milagre sem procurar saber se havia outra possibilidade? Além disto, milagre é apenas algo que ainda não conseguimos explicar. Você pode provar que a ciência
nunca conseguirá explicar? Em segundo lugar, por que só alguns ateus se impressionam com esses “milagres” e se convertem? Será que eles eram ateus por motivos racionais ou eram apenas pessoas indecisas procurando por um pretexto para admitir a fé em Deus? Em terceiro lugar, se o fato de que uma pessoa quase morrendo se curou é prova de que Deus existe, então talvez o fato de uma pessoa saudável morrer de repente seja prova de que Deus não existe.
41. Se você não tem certeza, pergunte a um teólogo antes de dizer besteiras sobre assuntos que desconhece Cada teólogo diz uma coisa. Uns dizem que o inferno existe, outros que não. Uns dizem que a salvação é só pela fé, outros, que as obras são necessárias. Uns dizem que é Deus que escolhe quem será salvo e que não importa o que fizermos, outros dizem que temos livre arbítrio. Uns dizem que Jesus é igual ao Pai, outros dizem que ele é inferior. Uns dizem que a Bíblia é a Palavra de Deus, imutável e inerrante da primeira à última palavra, outros dizem que Jesus trouxe uma nova doutrina e que o Antigo Testamento já não é mais importante. Durma-se com um barulho destes ...E por que temos que consultar teólogos cristãos? Por que não islamitas, que dizem que Jesus não morreu na cruz? E que ele não é filho de Deus? Eles também estudaram muito e devem saber do que estão falando.
42. Os nazistas se basearam no darwinismo para justificar a matança de milhões de pessoas, portanto Darwin estava erradoO fato de alguém distorcer uma teoria para justificar seus erros não significa que a teoria esteja errada. A bomba atômica matou muita gente, mas a física nuclear continua sendo um fato.