Autor Tópico: Grammy paga imposto para brasileiro receber prêmio  (Lida 707 vezes)

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Offline gogorongon

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Grammy paga imposto para brasileiro receber prêmio
« Online: 05 de Fevereiro de 2012, 09:32:18 »
Na segunda-feira, o engenheiro de som Enrico De Paoli recebeu uma caixa em casa, no Rio, vinda dos EUA. Era um Grammy --prêmio de mais prestígio na indústria da música-- conquistado pelo trabalho no álbum mais recente do cantor Djavan, "Ária" (2010). Ele não pôde ir à cerimônia, em novembro, e a estatueta veio pelo correio.

Na caixa, junto com o troféu, um envelope com um Darf (Documento de Arrecadação de Receitas Federais, guia para cobrança de impostos) no valor de R$ 35,26. O engenheiro não sabia, mas o recebimento de prêmios vindos do exterior é taxado, entendido pela Receita Federal como importação.

A estatueta se enquadra no regime simplificado de tributação para importados, que prevê alíquota de 60% de Imposto de Importação (II) e ICMS, imposto estadual, de 15% no Rio. Pelos R$ 21,15 de II e R$ 10,08 de ICMS, o valor declarado do Grammy foi de pouco menos de R$ 40, fora os impostos, é claro.

Paoli descobriu só no dia seguinte que os tributos já estavam pagos "pelo remetente" --o próprio Grammy.

"É um escândalo a Academia nos EUA ser obrigada a pagar impostos para o Brasil cada vez que premia um brasileiro", diz Paoli, que postou a imagem da nota do Darf em um protesto no Facebook.

"Esses impostos recaem tanto para o cidadão que importa um carro quanto para o dentista que traz instrumentos para atender de graça a população carente", diz João Olenike, presidente do IBPT (Instituto Brasileiro de Planejamento Tributário), defensor da redução da quantidade de impostos cobrados.

Offline Geotecton

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Re:Grammy paga imposto para brasileiro receber prêmio
« Resposta #1 Online: 05 de Fevereiro de 2012, 10:15:18 »
Citar
[...]
"É um escândalo a Academia nos EUA ser obrigada a pagar impostos para o Brasil cada vez que premia um brasileiro", diz Paoli, que postou a imagem da nota do Darf em um protesto no Facebook.
[...]

O sistema tributário brasileiro seria ridículo, se não fosse antes um sinal de má-fé do poder público.
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Offline Derfel

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Re:Grammy paga imposto para brasileiro receber prêmio
« Resposta #2 Online: 05 de Fevereiro de 2012, 11:10:39 »
Por que má-fé?

Offline Geotecton

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Re:Grammy paga imposto para brasileiro receber prêmio
« Resposta #3 Online: 05 de Fevereiro de 2012, 11:11:37 »
Por que má-fé?

Pela ganância explícita.
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Offline Derfel

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Re:Grammy paga imposto para brasileiro receber prêmio
« Resposta #4 Online: 05 de Fevereiro de 2012, 11:37:28 »
Mas ganância não é má-fé. O problema, além do mais, me parece mais de falha da legislação que qualquer outra coisa.

Offline Geotecton

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Re:Grammy paga imposto para brasileiro receber prêmio
« Resposta #5 Online: 05 de Fevereiro de 2012, 11:40:11 »
Mas ganância não é má-fé.

É má-fé sim. O sistema tributário nacional faz parte de um sistema para extrair continuamente valores da população sem uma contrapartida, privilegiando uma casta de pessoas que vivem no (e do) Estado.


O problema, além do mais, me parece mais de falha da legislação que qualquer outra coisa.

A "falha" é proposital.
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Offline Derfel

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Re:Grammy paga imposto para brasileiro receber prêmio
« Resposta #6 Online: 05 de Fevereiro de 2012, 17:10:18 »
Mas ganância não é má-fé.

É má-fé sim. O sistema tributário nacional faz parte de um sistema para extrair continuamente valores da população sem uma contrapartida, privilegiando uma casta de pessoas que vivem no (e do) Estado.

Isso me parece mais uma teoria da conspiração. Existe sim uma contra-partida do estado em forma de serviços, que podem ser ineficientes, por vezes ineficazes, e estarem aquém do esperado, levando-se em conta o que se arrecada (o que significa ineficiência, no final das contas). Existem corrupção, desvio de recursos, fraudes, excesso de burocracia e má administração dos recursos públicos, mas o sistema tributário não existe para sustentar esses problemas e nem para privilegiar uma casta qualquer. Então não é má-fé.
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O problema, além do mais, me parece mais de falha da legislação que qualquer outra coisa.

A "falha" é proposital.
Não, não é.  Não houve uma mente diabólica que pensou: "vou taxar os prêmios do Grammy que algum artista nacional receber para assim embolsar 38 reais!". E tenho minhas dúvidas se apenas o Brasil taxa esse prêmio, afinal o prêmio da loteria é taxada nos EUA, por exemplo.

Offline Geotecton

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Re:Grammy paga imposto para brasileiro receber prêmio
« Resposta #7 Online: 05 de Fevereiro de 2012, 20:11:15 »
Mas ganância não é má-fé.
É má-fé sim. O sistema tributário nacional faz parte de um sistema para extrair continuamente valores da população sem uma contrapartida, privilegiando uma casta de pessoas que vivem no (e do) Estado.
Isso me parece mais uma teoria da conspiração. Existe sim uma contra-partida do estado em forma de serviços, que podem ser ineficientes, por vezes ineficazes, e estarem aquém do esperado, levando-se em conta o que se arrecada (o que significa ineficiência, no final das contas). Existem corrupção, desvio de recursos, fraudes, excesso de burocracia e má administração dos recursos públicos, mas o sistema tributário não existe para sustentar esses problemas e nem para privilegiar uma casta qualquer. Então não é má-fé.

Se o Estado cobra um grande percentual do PIB para prestar serviços para a sua população mas não o faz por causa da má-gestão, incompetência, corrupção, fraudes, ineficiência e desleixo; ao mesmo tempo que continua aumentando a carga tributária, mesmo sabendo que o problema não é falta de dinheiro; e ainda favorece de maneira inescrupolosa (embora legal) uma casta composta de juízes, desembargadores, funcionários de alto escalão, militares de alta patente e políticos; então é má-fé, sem sombra de dúvida.


O problema, além do mais, me parece mais de falha da legislação que qualquer outra coisa.
A "falha" é proposital.
Não, não é.  Não houve uma mente diabólica que pensou: "vou taxar os prêmios do Grammy que algum artista nacional receber para assim embolsar 38 reais!". E tenho minhas dúvidas se apenas o Brasil taxa esse prêmio, afinal o prêmio da loteria é taxada nos EUA, por exemplo.

A "falha" é proposital.

Começa pelo número enorme de tributos (cerca de 86 distribuídos entre união, estados e municípios) regulados por várias legislações tributárias complexas e intrincadas, em que há, de modo frequente, conflitos entre elas.

Passa pela modificação contínua da legislação, onde são editadas cerca de 35 normas por dia útil, sendo que muitas delas são flagrantemente inconstitucionais.

E termina pela imposição das obrigações acessórias e das penalidades pecuniárias, como no caso da multa de até 20,00% por atraso no pagamento, o que é uma excrescência. Em uma palestra que assisti há cerca de seis anos, um funcionário da RFB afirmou 'em alto e bom tom', que as autoridades fazendárias não mudarão nada voluntariamente do sistema tributário, em especial as multas, porque elas representavam (então) cerca de 12,00% do total arrecadado, ainda que algumas sejam um apenamento excessivo para a maioria dos entes jurídicos empresariais.

Em outras palavras, o que interessa é arrecadar, mesmo que se cometam atos inconstitucionais.
« Última modificação: 05 de Fevereiro de 2012, 20:20:55 por Geotecton »
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Offline Moro

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Re:Grammy paga imposto para brasileiro receber prêmio
« Resposta #8 Online: 05 de Fevereiro de 2012, 20:17:09 »
A loteria também é tachada aqui
“If an ideology is peaceful, we will see its extremists and literalists as the most peaceful people on earth, that's called common sense.”

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"To claim that someone is not motivated by what they say is motivating them, means you know what motivates them better than they do."

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Offline Derfel

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Re:Grammy paga imposto para brasileiro receber prêmio
« Resposta #9 Online: 05 de Fevereiro de 2012, 20:52:49 »

Se o Estado cobra um grande percentual do PIB para prestar serviços para a sua população mas não o faz por causa da má-gestão, incompetência, corrupção, fraudes, ineficiência e desleixo; ao mesmo tempo que continua aumentando a carga tributária, mesmo sabendo que o problema não é falta de dinheiro; e ainda favorece de maneira inescrupolosa (embora legal) uma casta composta de juízes, desembargadores, funcionários de alto escalão, militares de alta patente e políticos; então é má-fé, sem sombra de dúvida.
Correção: serviços que faz, mas sem a qualidade e a eficiência esperada. Na verdade, incompetência, corrupção, fraudes, ineficiência e desleixo, tudo pode ser resumido em má gestão. Quanto à casta, juízes e desembargadores e funcionários de alto escalão do executivo e legislativo (que via de regra não são funcionários de carreira, mas cargos comissionados) e políticos tudo bem, mas militares de alta patente? Um general de exército ganhava, em 2011, R$ 8.331,00 (   bruto ), não sei se isso seria o padrão no setor privado considerando o mesmo escalão. De qualquer maneira, má-fé pressupõe intencionalidade no ato (no caso a intenção de aumentar a carga tributária com o objetivo de roubar mais para uma casta privilegiada) e isso não ocorre.
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A "falha" é proposital.

Começa pelo número enorme de tributos (cerca de 86 distribuídos entre união, estados e municípios) regulados por várias legislações tributárias complexas e intrincadas, em que há, de modo frequente, conflitos entre elas.
Que é reflexo da pŕopria história do País e da forma como os tributos são distribuídos entre os entes federados. A legislação cresceu e se tornou mais complexa sem que houvesse uma reforma de tempos em tempos para uniformizá-la. Isso é um problema para reforma tributária, onde é preciso que se simplifique sem que signifique perda de receita. Nesse ponto pode ser considerada proposital o adiamento das reformas necessárias, mas não da falha em si da legislação.

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Passa pela modificação contínua da legislação, onde são editadas cerca de 35 normas por dia útil, sendo que muitas delas são flagrantemente inconstitucionais.

E termina pela imposição das obrigações acessórias e das penalidades pecuniárias, como no caso da multa de até 20,00% por atraso no pagamento, o que é uma excrescência. Em uma palestra que assisti há cerca de seis anos, um funcionário da RFB afirmou 'em alto e bom tom', que as autoridades fazendárias não mudarão nada voluntariamente do sistema tributário, em especial as multas, porque elas representavam (então) cerca de 12,00% do total arrecadado, ainda que algumas sejam um apenamento excessivo para a maioria dos entes jurídicos empresariais.

Em outras palavras, o que interessa é arrecadar, mesmo que se cometam atos inconstitucionais.


A função da receita é mesmo arrecadar, mas me pergunto se há algum ato inconstitucional no processo, afinal se houvesse já teria sido questionado há muito tempo. Poderia dizer quais são os atos inconstitucionais?

Offline Geotecton

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Re:Grammy paga imposto para brasileiro receber prêmio
« Resposta #10 Online: 05 de Fevereiro de 2012, 22:45:21 »
Se o Estado cobra um grande percentual do PIB para prestar serviços para a sua população mas não o faz por causa da má-gestão, incompetência, corrupção, fraudes, ineficiência e desleixo; ao mesmo tempo que continua aumentando a carga tributária, mesmo sabendo que o problema não é falta de dinheiro; e ainda favorece de maneira inescrupolosa (embora legal) uma casta composta de juízes, desembargadores, funcionários de alto escalão, militares de alta patente e políticos; então é má-fé, sem sombra de dúvida.
Correção: serviços que faz, mas sem a qualidade e a eficiência esperada.

Então vamos discutir semântica? No setor privado, quem faz "sem a qualidade e a eficiência esperada" é o mesmo que não fazer.


Na verdade, incompetência, corrupção, fraudes, ineficiência e desleixo, tudo pode ser resumido em má gestão.

Má-gestão é não saber controlar os processos e a qualidade dos produtos, o que inclui a ineficiência e o desleixo. Os demais itens são anomalias.


Quanto à casta, juízes e desembargadores e funcionários de alto escalão do executivo e legislativo (que via de regra não são funcionários de carreira, mas cargos comissionados) e políticos tudo bem,...

E não considerei os obscenos valores recebidos a título de "ajuda" ou "ressarcimento" e que não entram como salário para fugir do IR.


...mas militares de alta patente? Um general de exército ganhava, em 2011, R$ 8.331,00 (   bruto ), não sei se isso seria o padrão no setor privado considerando o mesmo escalão.

Pelo que eu sei, este salário passou a vigorar a partir de julho de 2010. Como tenho apenas informações fragmentadas, vou retirar este caso como um dos exemplos.


De qualquer maneira, má-fé pressupõe intencionalidade no ato (no caso a intenção de aumentar a carga tributária com o objetivo de roubar mais para uma casta privilegiada) e isso não ocorre.

Eu não escrevi que o aumento da carga tributária serve apenas (ou principalmente) ao propósito de privilegiar uma casta. Isto é importante, mas é um subproduto. A finalidade principal é, de um lado, a de ter e manter a população sob controle, retirando nacos importantes de sua renda e, do outro lado, fazer "de conta" que presta serviços para a população, sendo que a eficiência maior está no assistencialismo de cunho eleitoreiro, com raríssimas e honrosas exceções nos outros setores.


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Que é reflexo da pŕopria história do País e da forma como os tributos são distribuídos entre os entes federados. A legislação cresceu e se tornou mais complexa sem que houvesse uma reforma de tempos em tempos para uniformizá-la.

E a história do país e do sistema tributário foram direcionadas para benefício de quem? Da população ou das castas que vivem no e do Estado?


Isso é um problema para reforma tributária, onde é preciso que se simplifique sem que signifique perda de receita.

É exatamente este o 'Shangri-lá' das tais castas e daqueles que vivem no (e do) Estado. Mas, a maior parte da população quer pagar menos impostos, pois sabem da ineficiência do Estado na sua atual forma.


Nesse ponto pode ser considerada proposital o adiamento das reformas necessárias, mas não da falha em si da legislação.

A legislação é parte integrante e muito importante da atual formulação do Estado brasileiro. Ela não é um produto do acaso.


Passa pela modificação contínua da legislação, onde são editadas cerca de 35 normas por dia útil, sendo que muitas delas são flagrantemente inconstitucionais.

E termina pela imposição das obrigações acessórias e das penalidades pecuniárias, como no caso da multa de até 20,00% por atraso no pagamento, o que é uma excrescência. Em uma palestra que assisti há cerca de seis anos, um funcionário da RFB afirmou 'em alto e bom tom', que as autoridades fazendárias não mudarão nada voluntariamente do sistema tributário, em especial as multas, porque elas representavam (então) cerca de 12,00% do total arrecadado, ainda que algumas sejam um apenamento excessivo para a maioria dos entes jurídicos empresariais.

Em outras palavras, o que interessa é arrecadar, mesmo que se cometam atos inconstitucionais.
A função da receita é mesmo arrecadar, mas me pergunto se há algum ato inconstitucional no processo, afinal se houvesse já teria sido questionado há muito tempo. Poderia dizer quais são os atos inconstitucionais?

Eis algumas, dentre muitas, muitas mesmo:

a) A prorrogação da CPMF;
b) A cobrança da taxa de coleta de lixo;
c) A cobrança da taxa de iluminação pública;
d) A mudança no caráter das contribuições voltadas para a previdência tornando-as um tributo comum (com isto a Fazenda pode alocar tais recursos para outras finalidades);
e) A cobrança de COFINS sobre as Sociedades Civis regulamentadas.

E em aguns casos o Executivo fez com que o Legislativo mudasse a Constituição apenas para contemplar a sua voracidade fiscal, em uma situação de claro desrespeito à população.

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Re:Grammy paga imposto para brasileiro receber prêmio
« Resposta #11 Online: 05 de Fevereiro de 2012, 22:56:08 »
Inconstitucional é deixar dinheiro na mao de pessoas despreparadas e corruptas. O governo deveria perder recursos e nao ter mais a cada ano.
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