Autor Tópico: Avatar versus Belo Monte : O novo Brasil versus celebridades anti-modernas  (Lida 364 vezes)

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Offline _Juca_

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Avatar versus Belo Monte : O novo Brasil versus celebridades anti-modernas
« Online: 12 de Fevereiro de 2012, 13:10:28 »
De que lado você está, dos argumentos ou da fantasia ambiental?


Fonte: http://www.spiked-online.com//site/article/12048/

Fonte de tradução:

http://www.advivo.com.br/blog/luisnassif/o-projeto-politico-de-james-cameron-no-brasil#more
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John Conroy, para Revista Spiked

James Cameron e outros hollywoodianos ricos estão errados se pensam que podem continuar mandando no Brasil.

O diretor de cinema James Cameron, responsável pelo Exterminador do Futuro, Titanic e, mais recentemente, Avatar, vem há alguns anos trabalhando paralelamente em um grande projeto. Os fãs dos filmes de Cameron não devem manter suas esperanças elevadas, entretanto. Este projeto paralelo é mais político do que cinematográfico. Ele tem como objetivo de tentar impedir o governo brasileiro de construir Belo Monte, a terceira maior hidrelétrica do mundo, no rio Xingu, que atravessa a floresta amazônica.

O fato de um diretor de filmes do ocidente se interessar pelo que acontece em certas partes do interior brasileiro tem seus precedentes. Há algum tempo, seja com a “Floresta das Esmeraldas” de John Boorman (1985) ou com “O Curandeiro da Selva” (Medicine Man) de John McTierman (1992), diversos produtores de cinema trataram as florestas brasileiras como uma fonte de locações e de atores para povoarem suas histórias da carochinha de destruição ambiental.

Cameron é um pouco diferente. Quando fez Avatar no final de 2000, tendo escrito o roteiro 15 anos antes, sua história de civilização tecnológica versus natureza e povos indígenas deixou de lado as florestas reais trocando-as por animação computadorizada. O resultado foi um conto de moralidade ambiental apresentada nas pinceladas digitais mais vívidas, amplas e simplistas. Mas Cameron não ficou por aí. Em vez disso, decidiu partir do seu mundo de animação e levar a sério sua frágil fantasia.
Em abril de 2010, com o governo brasileiro em processo de concessão da Licença Ambiental para o projeto de Belo Monte, Cameron vislumbrou sua oportunidade. Podia-se ver o apelo de Cameron: o conflito estabelecido entre grupos indígenas e as ONGs de um lado, contra uma represa que forneceria energia a companhias de mineração, na floresta amazônica, parecia reproduzir a história da moralidade ecológica de Avatar. Foi assim que Cameron – seguido de perto pela estrela de cinema Sigourney Weaver, o então governador da Califórnia, Arnold Schwarzenegger, e o ex-presidente Bill Clinton – se alinhou ao grupo indígena Kayapo para combater a represa. Como resultado dos protestos, a Procuradoria Geral Brasileira suspendeu o processo de licenciamento e Cameron fez, então, um celebrado documentário, chamado Uma Mensagem de Pandora (uma referência ao planeta fictício em Avatar). Para Cameron, sua conto de animação com viés moralista havia ganhado vida.

Após a intervenção de alto nível de Cameron, a pressão internacional começou a aumentar sobre o governo brasileiro. A Comissão Interamericana de Direitos Humanos da Organização dos Estados Americanos (CIDH-OEA) pediu que o projeto fosse suspenso devido ao suposto dano que causaria aos grupos indígenas. Um poderoso lobby no Brasil, inspirado pela campanha viral “Não Vote”, de Leonardo DiCaprio, decidiu usar a televisão e a internet para minar o avanço do projeto de Belo Monte, com o canal TV Globo e seus atores de novela mais populares fazendo uma série de vídeos e anúncios atacando a represa. Da mesma forma que DiCaprio e seus amigos, as estrelas de novelas como Cordel Encantado, Morde e Assopre, Aquele Beijo, Macho Man e Insensato Coração assumiram um tom de teatrinho político para demonstrar que ninguém poderia apoiar a represa ou pensar que fosse boa para a nação. Em uma efusão particularmente escarnecedora, dois atores ridicularizaram o consumo de energia de seu próprio público televisivo enquanto alimentam a audiência de suas novelas.

Mas, então, algo muito curioso aconteceu. Outra tribo de brasileiros, normalmente tão receosos de serem vistos fora de seu habitat natural, rebateram. Estudantes universitários aplicados e conectados, e seus professores fizeram um filme com nenhum recurso de produção derrubando todos os argumentos usados por Cameron, as ONGs, os Kayapos e a TV Globo.

São estes os mitos que rebateram:

- Os índios não terão onde viver. Na realidade, um estudante da Universidade de Brasília que nada mais fez do que estudar o impacto do projeto sobre as terras indígenas respondeu que nenhuma das terras indígenas na região será inundada. Existem 12 terras indígenas próximas do projeto em uma área de 56.000 km² com 2.200 indígenas morando nelas. Isto representa duas vezes e meia o tamanho do País de Gales. Trinta reuniões consultivas foram realizadas com as aldeias tribais e registradas em vídeo.

- A represa e seus reservatórios inundarão e destruirão 640 quilômetros quadrados de floresta tropical. Não exatamente. Os reservatórios cobrirão uma área de 502,8 km² dos quais 228 km² já são do próprio leito do rio.

- A represa privará o Parque Nacional do Xingu de água. Isto não é verdade. Os alunos exibiram um mapa revelando que o parque está, na realidade, a 1.300 km a montante da represa.

- Durante oito meses do ano a região acima da represa é praticamente um deserto tornando a represa ineficiente e apenas capaz de operar um terço de sua capacidade instalada. A implicação aqui é que existe água insuficiente para acionar as turbinas em força total. Entretanto, durante o período de enchentes do ano, o rio joga 28 milhões de litros de água por segundo no ponto das turbinas, criando uma geração extraordinária de energia de 11.233 megawatts (MW). Mesmo nos níveis mais baixos do rio, em outubro, joga 800.000 litros por segundo. A produção média anual de energia de Belo Monte será de 4.571MW, ou 41% da capacidade potencial de geração, e não um terço. Isto fornecerá energia a 40% de todo o consumo de energia residencial do Brasil.

- Se assistíssemos menos à TV não precisaríamos da represa. Isto é pura fantasia. Entre 2010 e 2020, para o Brasil alcançar crescimento de apenas 5% do PIB por ano, sua capacidade energética terá que aumentar 60%, de 460 milhões para 730 milhões de megawatts. Assistir menos à TV faria muito pouca diferença para esta demanda de energia.

- Uma melhor opção seria a energia eólica e solar. Sim, o custo da represa está previsto em $13 bilhões. Mas nem a energia eólica nem a solar são melhores opções. Na realidade, para produzir a mesma energia do vento custaria $23 bilhões; pela tecnologia solar, a conta seria de $153 bilhões.

Assim como os alunos, o governo brasileiro não estava preparado para tolerar esses ataques indolentes e sem base de Cameron e Cia. Não apenas recusou a demanda da OEA de suspender o projeto, como retirou seu embaixador da OEA e suspendeu todos os pagamentos à Organização.

Nesse mês, a represa recebeu sinal verde. A confiança do Brasil e a indignação criativa dos alunos refletiram uma nova autoconfiança derivada dos extraordinários índices de crescimento do país e um desejo palpável de realizar seu potencial econômico.

No passado, as coisas eram diferentes. Em 1985, John Boorman fez o filme Floresta das Esmeraldas, um ataque frontal à promessa de progresso apresentada pelo setor de energia e outras indústrias no Amazônia. O filme conta a história do sequestro de um filho de engenheiro de represas americano por índios amazônicos. Anos mais tarde, o engenheiro de represa retorna e, em vez de resgatar seu filho, juntou-se ao jovem Tommie na luta ao lado dos índios. Três anos após a Floresta das Esmeraldas, Sting e as ONGs verdes montaram uma campanha internacional influente se opondo ao projeto de Belo Monte (conhecido na época por Projeto Kararaô) e tiveram sucesso, em aliança com o grupo indígena Kayapo, forçaram o Banco Mundial a suspender seu empréstimo para o projeto. O filme e a campanha fizeram parte de um movimento verde crescente que fabricou a ficção da floresta tropical amazônica e dos povos indígenas como símbolos de um mundo moralmente encantado, livre e superior à influência da modernidade destrutiva.

É claro que a campanha anti-represa conseguiu explorar a angústia econômica do Brasil. No início dos anos 80, os credores estrangeiros tinham recusado fluxos de capital a um Brasil altamente endividado e o país foi forçado a aceitar um programa de austeridade do FMI. Após anos de crescimento exponencial, o Brasil era um gigante humilhado, dependente do Banco Mundial para fazer investimento, especialmente com relação à sua infraestrutura. Hoje, entretanto, a situação foi alterada. Cameron e seus amigos bateram em uma muralha de tijolos.

Infelizmente, esta repreensão a James Cameron & Cia chegou após danos consideráveis já terem sido ocasionados ao projeto. Embora Cameron tenha que restringir sua fantasia antidesenvolvimento a Avatar 2 e 3, Belo Monte sofreu severas reduções na escala de impacto. O projeto original foi elaborado há mais de 30 anos. Em 1979, os planos incluíam seis represas em lugar das duas que restaram hoje, com mais quatro represas rio acima para controlar as flutuações do nível do rio, maximizando assim a produtividade das turbinas rio abaixo. Após a campanha de 1989, inspirada por Sting contra a represa, o tamanho de seu reservatório foi reduzido em dois terços. A última campanha reduziu ainda mais seu tamanho e capacidade de energia.

Toda a economia moderna explorou a energia hidrelétrica, devido a seu baixo custo e abundância. Entretanto, o Brasil, que possui alguns dos maiores sistemas hídricos no mundo, usou menos da metade de seus 800 TWh economicamente exploráveis de energia hidrelétrica. Em 1979, os planos nacionais projetaram 279 represas para serem construídas até 2010, mas apenas 158 foram concluídas. Hoje, a Presidente Dilma Rousseff está determinada a atender à demanda de energia crescente do país, da indústria e do setor doméstico. Este mês, ela anunciou o início da construção de outras 61 represas hidrelétricas, a maioria delas na região amazônica. As obras fazem parte do Segundo Plano de Aceleração do Crescimento, o (PAC 2). Nas eleições, mais de metade do país apoiou Belo Monte, e ainda assim o ministro da energia do Brasil considerou necessário oferecer um ramo de oliveira, apologético e sem custo, a James Cameron: ‘Este novo modelo de represa hidrelétrica é quase como um filme de ficção científica, lembra-nos de Avatar.’ As represas serão construídas utilizando-se conceito semelhante ao utilizado pelas plataformas petrolíferas para impedir qualquer desenvolvimento humano permanente e impacto sobre a floresta. As linhas de transmissão serão suspensas acima da cobertura da floresta e todos os trabalhadores serão içados por helicópteros, tornando as estradas desnecessárias.

Hoje, o Brasil não está disposto a ser parado, mas ainda precisa assumir defesas extraordinárias para aplacar sonhadores antidesenvolvimento – tanto nacionais como estrangeiros.

John Conroy é produtor, diretor de televisão e jornalista.


Offline Muad'Dib

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Re:Avatar versus Belo Monte : O novo Brasil versus celebridades anti-modernas
« Resposta #2 Online: 12 de Fevereiro de 2012, 13:43:12 »
../forum/topic=22207.50.html

A entrevista do prof. Célio Bermann conta muito mais que a opnião de um ator ou um diretor de Hollywood.

Offline Luiz F.

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Re:Avatar versus Belo Monte : O novo Brasil versus celebridades anti-modernas
« Resposta #3 Online: 12 de Fevereiro de 2012, 14:17:51 »
E ainda sim com argumentos fraquíssimos.
"Você realmente não entende algo se não consegue explicá-lo para sua avó."
Albert Einstein

Offline Geotecton

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Re:Avatar versus Belo Monte : O novo Brasil versus celebridades anti-modernas
« Resposta #4 Online: 12 de Fevereiro de 2012, 17:44:09 »
../forum/topic=22207.50.html

A entrevista do prof. Célio Bermann conta muito mais que a opnião de um ator ou um diretor de Hollywood.

Como opinião conta quase tanto quanto a do diretor de cinema.

O que realmente deve ser levado em consideração são os dados contidos no EIA-RIMA. O resto ou é desdobramento ou é corrupção ou é jogo de interesses de grupos.
Foto USGS

 

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