Acho que talvez o condicionamento quanto a associação de vermelho e sexo pode ser algo principalmente cultural e/ou apenas levemente biológico, sem uma associação inata de vermelho com sexo. Ex.: vermelho é uma cor um tanto "rara" na natureza e comumente usada (culturalmente) para coisas chamativas diversas, por destaque. Isso pode não apenas começar por despertar mais atenção uma mulher vestida de vermelho, como causar uma associação pavloviana com uma "excitação geral" relacionada ao vermelho, levando talvez a alguma liberação adicional de adrenalina, por exemplo.
Acho que a explicação mais biológica imaginada seria mais crível se fosse o caso dos órgãos sexuais serem mais espalhafatosamente vermelhos.
Será que características adquiridas podem ser transmitidas? Experiências e vivências poderiam, de alguma forma outra que não a cultural, serem passadas a futuras gerações?
Não leia o restante porque eu pretendo desbragadamente viajar na maionese.
Há tempos li sobre a tese de um pesquisador que acreditava que quando um rato aprendia alguma coisa este conhecimento era de alguma forma incorporado a toda população de ratos. Obviamente ele não achava que isto se aplicasse apenas aos ratos, mas parece que tinha realizado alguns experimentos com ratos que apresentariam evidências do suposto fenômeno. Algo assim meio Junguiano... tipo inconsciente coletivo...
O vermelho não é apenas uma cor menos frequente no ambiente natural, mas é também a cor que o homem primitivo via mais comumente nos momentos dramáticos da sua vida. O sangue só é visível quando há morte ou ferimento. Na guerra, nas extremamente perigosas caçadas, na doença, no parto, etc, a cor vermelha estava sempre presente naquelas situações de limite emocional para o homem e também para os animais.
Coincidentemente é a cor que mais se destaca entre todas as outras. Não é à tôa que sinais de pare e contramão são vermelhos, assim como qualquer mensagem que se queira destacar. Mas nós sabemos que não há nada de especial no vermelho, é apenas uma frequência do espectro da luz, assim como qualquer outra cor. É o cérebro que destaca o vermelho, e não algo na cor em si.
O engraçado é que para a maioria das pessoas as cores parecem sugerir as mesmas emoções e estados de espíritos, e estes, por sua vez, por coincidência, podem ser facilmente associados a experiências de nossos ancestrais que inspiravam estes mesmos estados e onde estas cores estavam predominantes no ambiente ao redor.
Por exemplo: azul claro e verde inspiram uma certa sensação de tranquilidade, e para o nosso antepassado a natureza estava azul e verde quando o tempo estava bom, com céu claro e seguro, e mata abundante, verdejante e sadia. Por outro lado o cinza deprime, exatamente como nos dias de perigosas tempestades. O negro ainda hoje parece lembrar o terror provocado pela escuridão, embora a escuridão hoje não seja mais tão perigosa quanto há dez mil anos.
Por falar nisso, por que todos nós ainda temos medo do escuro?
A experiência de comer uma fruta é doce e suave, mas já reparou como as pessoas se comportam em um churrasco, ou em uma churrascaria? Parece que ao comer uma maçã ou um figo o cérebro revive tenuamente o resquício da experiência - ocorridas muitas e muitas vezes no passado - de encontrar graciosamente e sem esforço o alimento disponível na natureza, ao passo que comer carne parece fazer a nossa mente reviver alguma coisa do estado de excitação que o homem necessariamente experimentava no processo perigoso e difícil de obter este tipo de alimento.
Estas poderiam ser associações gratuitas entre eventos não necessariamente relacionados, mas é curioso o fato de que é fácil encontrar muitas outras relações entre eventos, objetos, ações, etc, e respectivos estados psíquicos provocados por estes, que parecem remeter a vivências ancestrais. Vivências estas, inclusive, que não estão mais presentes na nossa vida moderna.
Por exemplo: hoje para nós, comer carne ou fruta, representa o resultado de uma mesma ida ao supermercado.
Então, delirando por este caminho de conjecturas loucas, se meu estado de ânimo parece estar respondendo a determinados eventos como se eu revivendo memórias que não são minhas, de quem seriam estas memórias? E como poderiam estar gravadas em mim?