Tive acesso recentemente a uma revista "Show da Fé", publicação que aparentemente circula bastante entre os frequentadores da igreja do tal missionário R. R. Soares, e fiquei surpreso ao me deparar com um discurso que eu não pensava que já estivesse contaminando a mente dos crentes em geral aqui no Brasil. Eles já não são muito simpáticos ao evolucionismo, mas o que eu encontrei foi uma verdadeira tentativa de revoltar os cristãos contra a ciência, com muita desinformação e um tom que chega perto do discurso do ódio.
A matéria abre com o título "A mordaça naturalista", ao lado da foto de uma foto que ocupa quase a página inteira de uma mulher amordaçada, e segue com o anúncio de que "No ano do bicentenário de Charles Darwin, aqueles que acreditam que Deus criou o Universo ainda são vítimas da intolerância evolucionista".
Já se passaram 200 anos desde o nascimento do naturalista britânico Charles Darwin e 150 anos da publicação de seu mais célebre e controverso livro, A Origem das Espécies. A obra foi resultado de uma viagem de Darwin a bordo do HMS Beagle, um pequeno navio de exploraçãoc ientífica. No percurso ao redor do mundo - o qual teve passagens pelo Brasil e pela Argentina -, ele identificou, nas ilhas Galápagos, no Oceano Pacífico (situadas a, aproximadamente, mil quilômetros da costa do Equador), um grupo de pássaros tentilhões. Ao atentar para a diferença entre o bico das aves, teorizou que os tentilhões se adaptaram, ao longo de gerações, para alcançaremas sementes e os insetos disponíveis nas ilhas.
Dessa forma, nascia a Teoria da Evolução, uma forma encontrada por Darwin para explicara origem da vida sem a necessidade de um Criador. Os anos - e as mais recentes descobertas científicas - mostraram que o evolucionista estava errado, mas, ainda assim, suas teorias continuam vivas, principalmente na mídia e nos meios acadêmicos, no qual quem não "reza pela cartilha" do naturalismo é visto com desprezo e preconceito.
Esse é apenas o início, a matéria possui 4 páginas. O autor segue uma linha bem previsível, citando Richard Dawkins como o grande representante do evolucionismo hoje, sem deixar de avisar que ele é um grande intolerante e propagandista do ateísmo, afirmações de cientistas e professores que supostamente demonstram como o evolucionismo é impossível (Ele traz a citação de um professor do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia sobre o comportamento das abelhas, e o próprio autor segue afirmando que a engenhosidade da relação das abelhas com o resto da natureza não poderia ser obra do acaso), entre outras coisas do mesmo baixíssimo nível.