Militares tomam o poder e suspendem Constituição em MaliSoldados justificam golpe dizendo que governo civil não fez o suficiente para lutar contra insurgência Tuareg no norte do paísSoldados anunciaram na televisão estatal de Mali nesta quinta-feira que tomaram o controle do país, horas depois de atacar o palácio presidencial. Os militares estabeleceram um toque de recolher nacional, suspenderam a Constituição e fecharam as fronteiras e o espaço aéreo do país.
O paradeiro do presidente Amadou Toumani Toure não é claro. Há rumores de que ele estaria em um campo militar em Bamaco, enquanto o governo americano negou ter dado abrigo a Toure em sua embaixada.
Os militares disseram ter derrubado o presidente por falhas no combate à insurgência étnica Tuareg no note do país, que começou em janeiro. O conflito ganhou força quando partidários do líder deposto da Líbia, Muamar Kadafi, morto em outubro, voltaram a Mali fortemente armados. De acordo com o Exército, o governo civil não fez o suficiente para conter a insurgência, que quer a separação do país.
Civis observam pneus incendiados em apoio aos soldados amotinados em Bamako, Mali (21/03)“O Comitê Nacional pela Recuperação da Democracia e a Restauração do Estado (CNRDRE), que representa todos os elementos das forças de segurança, decidiu assumir sua responsabilidade e acabar com o governo incompetente e sem honra de Amadou Toumani Toure”, afirmou um soldado, em comunicado lido na TV estatal.
“Prometemos devolver o poder para um presidente democraticamente eleito assim que a unidade nacional e a integridade territorial sejam estabelecidas", acrescentou.
A União Europeia (UE) condenou o golpe de Estado. "É necessário restaurar as normas constitucionais o mais rápido possível", afirmou Michael Mann, porta-voz da chefe da diplomacia do bloco, Catherine Ashton. O ministro das Relações Exteriores da França, Alain Juppé, pediu o restabelecimento da ordem constitucional no Mali e defendeu a convocação de eleições o mais rápido possível.
O golpe começou na quarta-feira com um motim no quartel de Kati, situado a 15 quilômetros da capital e que já tinha sido palco de distúrbios antes de fevereiro. Os amotinados se dirigiram à capital, onde tomaram a sede da rádio e da TV estatal.
O palácio presidencial foi invadido e saqueado, enquanto várias autoridades do governo foram detidas. A agência EFE afirmou que pelo menos 50 integrantes da guarda presidencial morreram nos combates com os rebeldes. Além disso, um civil teria morrido após ser atingido por tiros em uma rua da capital.
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