É uma pena que leitura seja uma coisa tão de nicho a ponto de ser praticamente impossível viver de escrever sem incentivo estatal.
Fico pensando se isto não foi uma conseqüência dos próprios escritores não se preocuparem em vender seus livros, com o marketing da coisa. Isso, e outra coisa.
Alguém disse que, quando o livro é bom mesmo, você é absorvido e nunca pensa na técnica narrativa. O mesmo valeria para filmes, que você não pensaria na fotografia, etc… Isto é válido principalmente para o 'público-geral'. Pessoas que não lêem muitos livros por ano - seja por falta de incentivo ou falta de tempo.
Acredito que o ‘grande público’ não está interessado em técnica narrativa. Eles não estão interessados em livros por si mesmos. Estão mais interessados em conteúdo que não seja muito difícil de ser absorvido (seja o feminismo esquisito do Código da Vinci, seja a idéia do sul dos EUA de O Vento Levou, etc) ou em história, argumento (como livros policiais). Ou, ainda, o velho escapismo.
Talvez não seja de se estranhar que o público tenha abandonado os livros, já que o século XX foi o século da prestidigitação lingüística e do culto ao argumento mínimo, de livros sobre livros. De romances psicológicos. Eu gosto de tudo isso e é tudo muito bacana, mas dá para esperar que muita gente não vá estar interessada. Como muitas pessoas não gostam de ver filmes do Tarkovsky, de ouvir música clássica dodecafonista...
Um exemplo de que escritores no meio-termo entre literatura "popular" e literatura "erudita" podem vender bastante é um escritor com uma entrevista no link que vc passou, o Murakami.
Enfim, acho que o que eu estou dizendo é que sinto falta de literatura meio termo no Brasil. Só vejo livros extremamente ruins ou extremamente bons (para poucos). E que escritores que escrevem pela 'arte' e não ligam para o público, bem, não é de se estranhar que não consigam viver de escrever...