Autor Tópico: Primeira travesti a fazer doutorado no Brasil defende tese sobre discriminação  (Lida 2116 vezes)

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Offline 4 Ton Mantis

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http://ultimosegundo.ig.com.br/educacao/primeira-travesti-a-fazer-doutorado-no-brasil-defende-tese-sobre/n1597707581246.html



Antes de se tornar supervisora regional de 26 escolas públicas e ingressar no doutorado em Educação da Universidade Federal do Ceará (UFC), Luma Andrade assinou o nome João por 30 anos, foi rejeitada pelos pais na infância, discriminada na escola e, mais tarde, no trabalho.

Na tese de quase 400 páginas que irá defender em três meses, a primeira travesti a cursar um doutorado no Brasil relata a discriminação sofrida por pessoas como ela na rede pública de ensino. Ela também aponta lacunas na formação dos professores.

Criança nos anos de 1970, no município de Morada Nova, a 170 quilômetros de Fortaleza, o único filho homem de um casal de agricultores, era João, mas já se sentia Luma. Em casa, escondia-se para evitar ser confrontada. Na escola, apanhava dos meninos por querer parecer uma menina. Em uma das vezes que foi espancada, aos nove anos, queixou-se com a professora e, ao invés de apoio, ouviu que tinha culpa por ser daquele jeito.

Mais tarde, já com cabelos longos e roupa feminina, sofria de segunda a sexta-feira na chamada dos alunos, ao ser tratada pelo nome de batismo. Não se reconhecia no uniforme masculino que era obrigada a usar. Evitava ao máximo usar o banheiro. Aturava em silêncio as piadas que os colegas insistiam em fazer. “Se a travesti não se sujeitar e resistir, acaba sucumbindo”, lamenta.

Luma se concentrou nos estudos e evitou os confrontos. "Tem momento que a gente quer desistir. Eu não ia ao banheiro urinar, porque eu queria usar o feminino, mas não podia. Então eu me continha e, às vezes, era insuportável”, relembra. Mas ela concluiu o ensino médio e, aos 18 anos, entrou na universidade. Quando se formou aos 22, já dava aulas e resolveu assumir a homossexualidade. Quando contou que tinha um namorado, foi expulsa de casa.

Em 2003, já com o título de mestre, prestou concurso para lecionar biologia. Eram quatro vagas para uma escola estadual do município de Aracati, a 153 quilômetros de Fortaleza. Apenas ela passou. Contudo, o diretor da escola não a aceitou. Luma pediu a intervenção da Secretaria de Educação do Estado e conseguiu assumir o posto.

“Eu não era tida como um bom exemplo”. Durante o período de estágio probatório, tentaram sabotar sua permanência na escola. “Uma coordenadora denunciou que eu estava mostrando os seios para os alunos na aula”. Luma havia acabado de fazer o implante de proteses de silicone. “Eu já previa isso e passei a usar bata para me proteger, esconder. Eu tinha certeza que isso ia acontecer”.

Anos depois, Luma assumiu um cargo na Coordenadoria Regional de Desenvolvimento de Educação de Russas, justamente a região onde nasceu. Como supervisora das escolas estaduais de diversos municípios, passou a interceder em casos de agressões semelhantes ao que ela viveu quando era estudante.

“Uma diretora de escola fez uma lista de alunos que, para ela, eram homossexuais. E aí mandou chamar os pais, pedindo para que eles tomassem providências”. A providência, segundo ela, foi “muito surra”. “O primeiro que foi espancado me procurou”, lembra. Luma procurou a escola. Todos os gestores e professores passaram por uma capacitação para aprender como lidar com a sexualidade dos estudantes.

Um ano depois, em 2008, Luma se tornou a primeira travesti a ingressar em um doutorado no Brasil. Ela começou a pesquisar a situação de travestis que estudam na rede pública de ensino e constatou que o caso da diretora que levou um aluno a ser espancado pelos pais e todas as outras agressões sofridas por homossexuais tinham mesma a origem.

“Comecei o levantamento das travestis nas escolas públicas. Eu pedia para que os gestores informassem. Quando ia averiguar a existência real do travesti, os diretores diziam: ‘tem aquele ali, mas não é assumido’. Percebi que estavam falando de gays”, relata.

A partir desse contato, Luma trata em sua tese de que as travestis não podem esboçar reações a ataques homofóbicos para concluir os estudos.

Mas também sugere que os cursos de graduação em licenciatura formem profissionais mais preparados não apenas para tratar da homossexualidade no currículo escolar, mas também como lidar com as especificidades de cada pessoa e fazer da escola um lugar sem preconceitos.

“Cada pessoa tem uma forma de viver. Conforme ela se apresenta, vai se comunicar e interagir. O gay tem uma forma de interagir diferente de uma travesti ou de uma transexual. O não reconhecimento dessas singularidades provoca uma padronização. A ideia de que todo mundo é ‘veado’”.

A tese de Luma já passou por duas qualificações. Ela está em fase final, corrigindo alguns detalhes e vai defendê-la em julho, na UFC, em Fortaleza.
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Offline D|V

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Re:Primeira travesti a fazer doutorado no Brasil defende tese sobre discriminação
« Resposta #1 Online: 09 de Abril de 2012, 09:10:18 »
Tem que ter muita coragem mesmo pra se assumir, passar por toda essa provação e ainda continuar firme na sua posição.

Ela é travesti (ainda tem o órgão masculino) ou transexual?


Offline Týr

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Re:Primeira travesti a fazer doutorado no Brasil defende tese sobre discriminação
« Resposta #3 Online: 10 de Abril de 2012, 20:37:24 »
Ok.

Mas discriminação para mim é a autorização para fazer uma cirurgia destas quando um homem que não quer ter filhos não pode fazer uma vasectomia.

Temma

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Re:Primeira travesti a fazer doutorado no Brasil defende tese sobre discriminação
« Resposta #4 Online: 13 de Abril de 2012, 14:53:12 »
Ok.

Mas discriminação para mim é a autorização para fazer uma cirurgia destas quando um homem que não quer ter filhos não pode fazer uma vasectomia.


que sentido restrito você dá à palavra discriminação.

Offline Muad'Dib

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Re:Primeira travesti a fazer doutorado no Brasil defende tese sobre discriminação
« Resposta #5 Online: 14 de Abril de 2012, 09:21:33 »
Acho que no sentido de leve incompreensão da sociedade perante homens e mulheres que optaram por não ter filhos.

Eu não lembro de ver em nenhum lugar sobre homens ou mulheres que não querem ter filhos serem espancados até a morte por causa de sua opção (que no caso em específico É uma opção) nem de grupos que tem como objetivo perseguir esse tipo de pessoas.

Eu também não quero ter filhos e não há a menor chance de eu mudar de ideia.

Offline Týr

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Re:Primeira travesti a fazer doutorado no Brasil defende tese sobre discriminação
« Resposta #6 Online: 14 de Abril de 2012, 12:02:09 »
Ok.

Mas discriminação para mim é a autorização para fazer uma cirurgia destas quando um homem que não quer ter filhos não pode fazer uma vasectomia.


que sentido restrito você dá à palavra discriminação.

Não é um uso restrito da palavra discriminação. É um uso pontual.

Obviamente que como disseram, ninguém é espancado por esta opção, mas não deixa de ser uma discriminação legal. Na verdade uma incoerência legal.

Offline HFC

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Re:Primeira travesti a fazer doutorado no Brasil defende tese sobre discriminação
« Resposta #7 Online: 14 de Abril de 2012, 12:06:37 »
Parabéns para ela, por todo seu esforço !  :)


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Anos depois, Luma assumiu um cargo na Coordenadoria Regional de Desenvolvimento de Educação de Russas, justamente a região onde nasceu. Como supervisora das escolas estaduais de diversos municípios, passou a interceder em casos de agressões semelhantes ao que ela viveu quando era estudante.

 :ok:  Impressionante! Isso é bem legal da parte dela ( e triste ver que em pleno século XXI  tal violência ainda aconteça).



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"Tem momento que a gente quer desistir. Eu não ia ao banheiro urinar, porque eu queria usar o feminino, mas não podia. Então eu me continha e, às vezes, era insuportável”

Me lembro de um tópico onde um cartunista que se veste virou um tarado aqui no CC por fazer a mesma coisa. Acho que boa parte das pessoas vai desconsiderar isso. Talvez achem que a Luma seja só um tarado querendo invadir banheiros femininos ...
« Última modificação: 14 de Abril de 2012, 12:11:52 por HFC »
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Offline Barata Tenno

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Re:Primeira travesti a fazer doutorado no Brasil defende tese sobre discriminação
« Resposta #8 Online: 14 de Abril de 2012, 14:39:46 »
Ninguém disse que ele era tarado e ninguém acha que a moça em questão é tarada, o que todos disseram é que se ambos tem bigolin devem usar banheiros masculinos, do mesmo jeito que elas querem usar o feminino as mulheres não querem bigolins no banheiro feminino.
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Offline Donatello

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Re:Primeira travesti a fazer doutorado no Brasil defende tese sobre discriminação
« Resposta #9 Online: 14 de Abril de 2012, 15:30:37 »
Me lembro de um tópico onde um cartunista que se veste virou um tarado aqui no CC por fazer a mesma coisa. Acho que boa parte das pessoas vai desconsiderar isso. Talvez achem que a Luma seja só um tarado querendo invadir banheiros femininos ...
Desconsidero completamente a problema da Luma quanto aos banheiros, e se você me permitir o tu quoque e se o Barata permitir que eu o repita, do  mesmo modo que vocês desconsideram o problema dos héteros qanto aos banheiros . Muita sensibilidade por parte das pessoas que veem problema em dividir o banheiro com alguém do sexo oposto vestido de/que gostaria de ser/que acha que é do mesmo gênero que você?

Sim. Mas a questão de banheiros divididos por gêneros é só isso mesmo: uma questão de sensibilidades, não é uma questão de segurança (ou pelo menos essa é apenas tangencial) e se fosse isso seria facilmente resolvido pelo menos na maior parte dos espaços públicos com a contratação de leões-de-chácara-de-banheiro.

A única questão neste caso é: não considerando a alternativa de fazer banheiros unitários em vez de coleticvos, qual das sensibilidades faz mais sentido preservar?
« Última modificação: 14 de Abril de 2012, 15:35:37 por Hans Sauerkraut »

Offline HFC

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Re:Primeira travesti a fazer doutorado no Brasil defende tese sobre discriminação
« Resposta #10 Online: 14 de Abril de 2012, 16:00:25 »
Ninguém disse que ele era tarado e ninguém acha que a moça em questão é tarada, o que todos disseram é que se ambos tem bigolin devem usar banheiros masculinos, do mesmo jeito que elas querem usar o feminino as mulheres não querem bigolins no banheiro feminino.
Barata, por respeito a este tópico, vou responder a esta questão no outro tópico.

Desconsidero completamente a problema da Luma quanto aos banheiros, e se você me permitir o tu quoque e se o Barata permitir que eu o repita, do  mesmo modo que vocês desconsideram o problema dos héteros qanto aos banheiros . Muita sensibilidade por parte das pessoas que veem problema em dividir o banheiro com alguém do sexo oposto vestido de/que gostaria de ser/que acha que é do mesmo gênero que você?
O que realmente me perturba é pensar no terror da moça travesti/transgênero da reportagem. Ela não podia usar o banheiro das meninas sob a pressão da diretoria - e não poderia usar o masculino sob o medo da agressão. Infelizmente banheiros separados por definição social de qual  seria o sexo da pessoa vão continuar sendo padrão por muito tempo.
Lembro-me de um filme chamado "Meninos não choram" ("Boys Don't Cry" -1999) sobre uma questão semelhante (com o transgênero em situação algo diferente, mas igualmente penosa).
O problema, em minha opinião, só existe dentro da cabeça das pessoas.

Sim. Mas a questão de banheiros divididos por gêneros é só isso mesmo: uma questão de sensibilidades, não é uma questão de segurança (ou pelo menos essa é apenas tangencial) e se fosse isso seria facilmente resolvido pelo menos na maior parte dos espaços públicos com a contratação de leões-de-chácara-de-banheiro.
Concordo.

A única questão neste caso é: não considerando a alternativa de fazer banheiros unitários em vez de coleticvos, qual das sensibilidades faz mais sentido preservar?
O problema, em minha visão, é que é mais simples construir muros do que mudar cabeças e atitudes. :?
« Última modificação: 14 de Abril de 2012, 16:13:39 por HFC »
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Re:Primeira travesti a fazer doutorado no Brasil defende tese sobre discriminação
« Resposta #11 Online: 15 de Abril de 2012, 22:08:14 »
Ela só não usava o masculino porque não queria.

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Eu não ia ao banheiro urinar, porque eu queria usar o feminino, mas não podia. Então eu me continha e, às vezes, era insuportável”

Por favor, né.
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Re:Primeira travesti a fazer doutorado no Brasil defende tese sobre discriminação
« Resposta #12 Online: 16 de Abril de 2012, 11:38:46 »
Citação de: HFC
O que realmente me perturba é pensar no terror da moça travesti/transgênero da reportagem

"Terror" não seria uma expressão meio exagerada para o caso?
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Offline Donatello

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Re:Primeira travesti a fazer doutorado no Brasil defende tese sobre discriminação
« Resposta #13 Online: 16 de Abril de 2012, 14:36:29 »
O problema, em minha visão, é que é mais simples construir muros do que mudar cabeças e atitudes. :?
Mas, véi, eu acho que essa frase de efeito não cabe aqui, o travesti em pauta não quer quebrar muro nenhum, ele é a favor do muro. Se a questão fosse sobre o fim dos banheiros divididos por gêneros, com a só existência de banheiros individuais ou só existência de banheiros mistos, se fosse isso que ele estivesse defendendo, eu acho que o debate ao mesmo tempo seria mais utópico e mais sensato (não estou dizendo que me posicionaria a favor, mas seria um debate mais razoável).

Mas não, ele aceita e mais do que aceita, exige (é precisamente esta a onda toda dela e do Laerte), a existência de banheiros divididos por gênero. O modo como o tópico lá do Laerte foi encerrado foi exemplar, quando proposto um banheiro terceira via o Laerte disse que não, que ele queria o das mulheres.

Então sobre esse tema eu não consigo pensar outra coisa: se a questão toda é, e você concorda, de "sensibilidades" e da forma como nós culturalmente "valorizamos" a sexualidade e essa coisa toda de "intimidades" e bla bla bla porque eu devo das mais valor à sensibilidade do Laerte e deste aí em detrimento da grande maioria das pessoas, cujas igualmente valiosas (ou igualmente não valiosas) sensisibilidades seriam atingidas em caso de outra postura.

Por que eu devo me preocupar com o travesti que se sente mal em dividir o banheiro com um homem (esse é o único trágico terror dele) e não me preocupar com a sensibilidade de uma mulher que se sente mal em dividir o banheiro com um travesti? Por que uma mulher que não quer dividir banheiro com travesti está construindo muros e um travesti que não quer dividir banheiro com homem está derrubando muros? Continuo não conseguido ver nada além desta pergunta.
« Última modificação: 16 de Abril de 2012, 22:41:14 por Hans Sauerkraut »

Offline Gaúcho

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Re:Primeira travesti a fazer doutorado no Brasil defende tese sobre discriminação
« Resposta #14 Online: 16 de Abril de 2012, 14:38:45 »
Porque, tipo assim, é revolucionário, saca? :P
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Offline Fabrício

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Re:Primeira travesti a fazer doutorado no Brasil defende tese sobre discriminação
« Resposta #15 Online: 16 de Abril de 2012, 15:21:58 »
Porque, tipo assim, é revolucionário, saca? :P

 :lol:

É bem por aí mesmo...
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Offline AlienígenA

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Re:Primeira travesti a fazer doutorado no Brasil defende tese sobre discriminação
« Resposta #16 Online: 16 de Abril de 2012, 23:28:48 »
Porque, tipo assim, é revolucionário, saca? :P

 :lol:

É bem por aí mesmo...

Eu sempre acho o maior drama esse tipo de coisa, mas também vejo um lado positivo. É bom que todo tipo de coisa, por mais absurda que seja, venha à tona para ser debatida. 

Offline HFC

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Re:Primeira travesti a fazer doutorado no Brasil defende tese sobre discriminação
« Resposta #17 Online: 18 de Abril de 2012, 21:21:43 »
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Por que eu devo me preocupar com o travesti que se sente mal em dividir o banheiro com um homem (esse é o único trágico terror dele) e não me preocupar com a sensibilidade de uma mulher que se sente mal em dividir o banheiro com um travesti? Por que uma mulher que não quer dividir banheiro com travesti está construindo muros e um travesti que não quer dividir banheiro com homem está derrubando muros? Continuo não conseguido ver nada além desta pergunta.
O sentir-se mal é eufemismo para ser espancado/a ???



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Offline Barata Tenno

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Re:Primeira travesti a fazer doutorado no Brasil defende tese sobre discriminação
« Resposta #18 Online: 18 de Abril de 2012, 21:33:08 »
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Por que eu devo me preocupar com o travesti que se sente mal em dividir o banheiro com um homem (esse é o único trágico terror dele) e não me preocupar com a sensibilidade de uma mulher que se sente mal em dividir o banheiro com um travesti? Por que uma mulher que não quer dividir banheiro com travesti está construindo muros e um travesti que não quer dividir banheiro com homem está derrubando muros? Continuo não conseguido ver nada além desta pergunta.
O sentir-se mal é eufemismo para ser espancado/a ???






Caso esteja se referindo a reportagem, onde na reportagem diz que ela foi espancada no banheiro? Caso não seja a reportagem, onde esta a estatística de espancamento de travestis em banheiros publicos?

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Offline Donatello

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Re:Primeira travesti a fazer doutorado no Brasil defende tese sobre discriminação
« Resposta #19 Online: 19 de Abril de 2012, 10:26:08 »
Mas einh? Travestis não querem ir a banheiros masculinos porque se forem os homens selvagens vão espancá-los? Baseado em quê esta dedução?

Porque eu também, assim como o Barata, desconheço estudos sobre a alta probabilidade destas ocorrências especificamente em banheiros públicos ou mesmo casos isolados. Até joguei no Google (homens agridem travesti em banheiro, travesti espancado em banheiro publico,  travesti apanha em banheiro...) mas ele me respondeu necas (de pitibiriba da silva) a cada uma das pesquisas.

Aliás, curiosamente a único relato especifico de um caso de agressão (não em banheiro) que o Google me entregou com estas pesquisas foi este vídeo:

<a href="http://www.youtube.com/v/BMpdRQAeE7A" target="_blank" class="new_win">http://www.youtube.com/v/BMpdRQAeE7A</a>

que acabou me lembrando deste aqui que já tinha me deixado chocado antes (sobretudo pela naturalidade como a abordagem foi feita pela reportagem e pela aparente ausência de repercussão, digo, do ponto de vista legal: MP, estas coisas):

<a href="http://www.youtube.com/v/4frwhOU3A1U" target="_blank" class="new_win">http://www.youtube.com/v/4frwhOU3A1U</a>

que é claro que não dizem muita coisa: apenas que travestis não são mais seres humanos que homens hétero ou mulheres ou gays não travestis e que é provavelmente equivocado fazer premissas generalizantes explícitas ou implícitas sobre condições de vítimas ou de violentadores baseadas em gênero ou opção sexual como "os homens são muito violentos e provavelmente espancariam os travestis no banheiro" e que é provavelmente mais equivocado ainda gerar privilégios a determinados grupos de indivíduos baseando-se nestas premissas capengas, igualzinho em quase todos os componentes, só pra não perder o vício, ao caso do vagão feminino.
« Última modificação: 19 de Abril de 2012, 11:27:04 por Hans Sauerkraut »

Offline Donatello

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Re:Primeira travesti a fazer doutorado no Brasil defende tese sobre discriminação
« Resposta #20 Online: 19 de Abril de 2012, 10:54:13 »
E além do mais, você acabou de admitir que a questão de segurança não é o foco e que é tudo uma questão "de se sentir mal", homem:

Sim. Mas a questão de banheiros divididos por gêneros é só isso mesmo: uma questão de sensibilidades, não é uma questão de segurança (ou pelo menos essa é apenas tangencial) e se fosse isso seria facilmente resolvido pelo menos na maior parte dos espaços públicos com a contratação de leões-de-chácara-de-banheiro.
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Offline D|V

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Re:Primeira travesti a fazer doutorado no Brasil defende tese sobre discriminação
« Resposta #21 Online: 19 de Abril de 2012, 12:05:37 »
Eu acho que não faz muito sentido usar travestis que se prostituem na rua como analogia pra homossexuais como os da reportagem que abre o tópico.

Não quero entrar no mérito da discussão a respeito do banheiro, se homossexuais são espancados ou não dentro de banheiros, mas é óbvio que um travesti que trabalha na rua vai estar mais bem preparado pra se defender do que um homossexual comum.

Offline Donatello

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Re:Primeira travesti a fazer doutorado no Brasil defende tese sobre discriminação
« Resposta #22 Online: 19 de Abril de 2012, 13:57:36 »
E eu não usei :) Aliás, eu não os usei como analogia de nada. :|

Offline Gaúcho

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Re:Primeira travesti a fazer doutorado no Brasil defende tese sobre discriminação
« Resposta #23 Online: 19 de Abril de 2012, 14:48:01 »
Eu acho uma interpretação super tranquila de "Eu não ia ao banheiro urinar, porque eu queria usar o feminino, mas não podia." para "Eu não ia ao banheiro urinar, porque eu era espancado toda vez que ia, e não me deixavam usar o feminino". :P
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