Alguns falam da política como um objetivo de vida, sobretudo entre esquerdistas e a relacionam com tudo que há de bom, e até com dialogo.
Mas será que é mesmo assim?
É claro que a política tem coisas boas, e pode ajudar a se conseguir as coisas.
Mas na verdade, sempre há algo de busca de poder (e num sentido mais profundo do que ganhar umas eleições), se obrigar os outros, algo de militaresco (aquilo que Bismark falou de que "a política é a continuação da guerra por outros meios), é claro que em certas situações de pode e mesmo deve se buscar dialogo, se buscar aliados, mas isso, para lutar com outros, com terceiros, não pela negociação em si, não pelo dialogo em si, e não para se negociar e dialogar com todos. Então essa visão que alguns esquerdistas parecem ter, parecem insinuar, de que a política é dialogo em si, não me parece ter muito a ver, a não ser que se compare uma política pacifica com atividades militares ou guerrilheiras de força física.
Nesse ponto é que me parece inconveniente uma visão da política como objetivo de vida e com relacioná-na com tudo que há de bom.
Na verdade, o que há de bom, o humanismo, o respeito, é uma coisa que está relacionada a relações entre pessoas concretas com as quais as pessoas se relacionam pessoalmente, ou então pessoas em relação aos quais se pensa nelas como pessoas concretas, como quando se faz caridade, por exemplo e tudo isso relacionado a regras claras de conduta justa. São coisas que estão relacionadas à pequena sociedade.
Para a política na grande sociedade com milhões de pessoas inter-relacionadas economicamente, eu só vejo alguma chance para alguma coisa vagamente relacionada com humanismo, no interesse bem entendido....por exemplo, ser a favor de ajudas sociais para os pobres, por que eu posso ficar pobre, ou posso ter alguma fase de pobreza...ou ser a favor de não haver perseguição de pessoas por motivos de opinião diferente da minha, por que eu posso também ser perseguida por isso no futuro (e também há outro argumento para isso, o de que isso não pode ser aplicado realmente numa democracia hoje em dia, e que proibir sem conseguir aplicar, só da forças para essa idéia, além de colocar a discussão no escuro, o que dá efeitos colaterais perigosos que só pioram as coisas).
Mas isso é bem diferente de ver a política como objetivo de vida, como o bem em si como muitos esquerdistas fazem. Na verdade, o bem, o objetivo de vida (para os que querem ter um que não se seja só o hedonismo, para os que julgam que ter o hedonismo como objetivo de vida é pouco estético) deve ser a relação pessoal com as pessoas concretas, ou pensando nelas como pessoas concretas, ao fazer caridade, por exemplo.
Ter como objetivo de vida, como simbolo do bem, a política como muitos esquerdistas fazem, na verdade é uma idolatria, que pode levar aos sacrifícios humanos aos ídolos, literalmente...como sucedeu nos regimes comunista....
Na verdade, a política na grande sociedade, quando não tem o freio do interesse bem-entendido, é busca de poder puro, sado-masoquista (e o que é pior com o lado sádico também usado contra pessoas não-masoquistas, ou pelo menos não masoquistas antes desse trauma, e ainda não é só sado-masoquismo sexual, também aplicando a versão não sexual), é a visão amigo-inimigo total, é a demonização do outro....é a ausência de qualquer humanismo e ética. A única coisa que atenua isso, e as vezes impede que essas coisas aconteçam é o interesse bem entendido. E interesse bem entendido é uma noção liberal....por isso que eu penso que só o liberalismo pode ter um minimo de humanismo...é claro que não é só o conservador-liberalismo estilo Hayek y Von Mises que existe, também existe o social-liberalismo, como o pensamento de Raymond Aron e a versão da década de 40 do pensamento de Karl Popper, e inclusive Keynes que na verdade, era social liberal e não de qualquer movimento coletivista.....
É por isso é que são absurdas falas como a de que quando alguém está fazendo caridade, faz isso para "lavar sua consciência", para começar ter mais dinheiro não é, em si, culpa nenhuma, e depois a caridade, é humanismo puro, é uma coisa ótima. Outra coisa que não seja isso, que vá além disso, deve ser feita primordialmente por interesse bem entendido (para ter um seguro para o caso de ele mesmo ficar pobre ou passar por uma fase de pobreza). Se não for mais do que isso e não for por interesse bem entendido, é sado-masoquismo, é busca de bodes expiatórios, é busca de poder puro esmagando os outros, é uma visão maniqueísta, com uma diferenciação total entre "amigo-inimigo".
Em suma, numa grande sociedade ou se é liberal (coisa que Keynes também era, só que da parte social-liberal do liberalismo, como também a social-democracia na prática é social-liberal desde da década de 1920) ou a única opção é uma política na verdade, na prática, estilo Karl Schmidt.
E é bom lembrar também, que o pensamento Hobbesiano, já é proto-liberal, e não realmente algo relacionado ao coletivismo abstrato do comunismo e do nazismo.....querer ter mais poder do Estado para nos proteger de bandidos comuns, na verdade é hobbesianismo, é também um pensamento de interesse bem entendido, é também proto-liberalismo. (Acho até que é por causa, desse componente na verdade hobbesiano da maioria das ditaduras de direita do século XX, que houve muito menos cainismo na maioria das ditaduras de direita do século XX do que nas de esquerda....pois com bases com motivos baseados no interesse bem entendido, não se podia abusar, ao contrario de bases com motivos baseados no coletivismo abstrato que aceitam e engolem tudo...no entanto também há ditaduras de direita baseadas no coletivismo abstrato, casos do nazismo e do fundamentalismo islâmico, e note-se, que no caso delas, já há algum cainismo interno mais próximo do das ditaduras de esquerda, é também eles são bem mais violentos do que a média, com uma violência, mais próxima à das ditaduras de esquerda.