As falas da Mafalda têm algumas coisas interessantes, mas alguns têm uma idéia muito idealizada da personagem Mafalda, uma vez perguntaram para o Humberto Ego, o que ele acha da Mafalda e ele respondeu :"O que importa não é o que eu acho da Mafalda mas o que a Mafalda acha de mim" e eu já vi alguns outros comentários do tipo.
Mas na verdade, eu acho algumas das falas da Mafalda muito dogmáticas e também acho que o Quino no modo como apresentou a personagem Susanita fez um caricatura meio caluniosa de algumas posições e alguns modos de vida, em parte isso aconteceu com o Manuelito também, mas não tanto como com a Susanita. No caso do Manuelito, o Quino até mostrou alguma coisa simpática nele, agora na Susanita quase nada.
As falas da Mafalda das quais eu gostei foram cerca de 70% delas, na verdade, eu gostei da maioria, de 70%, mas houve 30% de que eu não gostei....
Aquelas "anti-consumistas" naquele episodio da moda de coisas relacionadas a coisas do James Bond e do sapato e do vestido da Susanita....na verdade além de a personagem da Mafalda também consumir, o anti-consumismo de esquerdona veio na verdade, de querer justificação a falta de consumo dos países comunistas, falta de consumo que veio do excesso de gastos militares, de 20% a 40% do PIB, ao contrário dos EEUU e Europa ocidental onde era só de 5% do PIP....e em parte também vinha dos problemas do sistema comunista em si, mas sobretudo dessa militarização (absolutamente desnecessária, pois os EEUU não impediram o estabelecimento do comunismo na Europa Oriental nem na China, e mesmo quando só os EEUU tinham a bomba atomica, até 1950, não jogaram a bomba atomica na URSS nem na China comunista....e inclusive comerciavam com esses países, no máximo os EEUU ajudavam a guerrilhas anti-comunistas e mandavam transmissões de radio, mas em relação a isso, não era o caso, de gastar de 20% a 40% do PIB para gastos militares, mesmo porque não é desse modo que se luta contra essas coisas). Originalmente a esquerdona era pró-consumismo e pró-criação de necessidades novas. E também sem aumento de consumo, há crises de subcosumo como bem mostrou Keynes....
E depois aquela história de quem é bom e quem é mau.....muito maniqueísta e não mostrou se a própria Mafalda se julga boa ou má....ela só perguntou para os outros....
E também há aquela história de quando veio aquele vendedor de maquinas de lavar e daí ela falou para ele "Serve para lavar consciências?. Na verdade essa história de falar mas, falar que fazer coisas como caridade e de modo geral políticas reformistas para ajudar os pobres sem acabar com o capitalismo é para "lavar a consciencia" , é em primeiro lugar, dogmatismo de achar que só com uma política de tipo "quanto pior melhor" e demonizadora dos outros se consegue alguma coisa....e depois é uma mistura indigesta dos complexos de culpa do cristianismo (e já era assim mesmo antes da teologia da liberação, essa mistura indigesta surgiu com o leninismo e aumentou com o stalinismo, mas isso quando a "culpas" por ser capitalista ou por ser classe media alta no capitalismo ou pessoa contra as autoridades dos partidos comunistas ou qualquer escolhido como bode expiatório pelas autoridades comunistas, em relação a culpas por atrocidades feitas pelos comunistas que não caíram, aí há o relativismo cultural ou mesmo a culpabilização das vitimas...) mistura desse complexo de culpa de origem cristã com a noção de ação coletiva de política quanto pior melhor e de uma caricatura de maquiavelismo em relação a uma sociedade de milhões de pessoas inter-relacionadas economicamente e ainda sem programa técnico antes da revolução (considerado utópico ou reacionário). Na verdade, isso teve tudo a ver com as atrocidades do comunismo.
E depois houve também aquela história da Mafalda implicar um vez, com a mãe dela querer ficar mais bonita e o pai dela gostar de ouvir futebol com ela falando "as vezes eu me pergunto se estou mesmo em boas mãos", na verdade as idéias de implicar com essas coisas, surgiram na esquerdona também para elogiar o ascetismo dos países comunistas e para ser a favor de uma visão de mundo pró-militarização da sociedade, de tipo militaresca. Uma coisa meio sado-masoquista mesmo. E o que é pior uma versão sado-masoquista não só sexual e também para obrigar quem não é sado-masoquistas (pelo menos antes do trauma) a sofrer também.
Também há aquelas histórias com preconceitos contra a polícia, como aquela em que ela fala para o Guinle que um cassetete é o "pauzinho para esmagar ideologias" ou aquela história dela perguntar para o policial se ele é bom e quando ele responde que sim, olhar para a arma e pensar "agora estou entendendo como funciona a bondade".
E por fim há uma história machista, aquela em que a Mafalda pensa porque há poucas mulheres com altos cargos na política daí ela imagina uma mulher com um algo cargo na política, telefonando para uma amiga para contar segredos de Estado e daí a Mafalda fala "Ah....agora eu já sei porque não há", como se as mulheres fossem mais fofoqueiras do que os homens....do que não se há evidencias de que seja verdade...
Agora as outras falas dela foram boas, foram legais....mas essas aí que eu citei....
Agora o personagem de que eu mais gostei foi o Felipe em segundo lugar o Manuelito e em terceiro lugar o Guinle, em quarto o Miguelito e só em quinto lugar que vem a Mafalda...
Agora há alguns que reclamam da falta de correspondência entre a idade dos personagens e as histórias, eu não vejo problemas nisso....dá perfeitamente para imaginá-los com 7 ou 10 anos a mais que 90% das parte lúdicas poderiam continuar ocorrendo e já com as partes de diálogos intelectuais já podendo acontecer, ainda mais que na América Latina, o costume é que os que fazem estudos universitários, na maioria dos casos continuarem vivendo com os pais...mas inclusive já com eles estando no ensino médio já dava para ter os lados intelectuais tendo ainda 90% dos lados lúdicos...e de qualquer modo, eu comecei a acompanhar a política aos 10 anos, quando comecei a ler a "Seleções" e a "Isto é", comecei a prestar mais atenção em globos reporteres, Fantásticos, programas equivalente em outros canais e a filmes, seriados e minisséries com enredos mais sérios política e/ou historicamente e também li o "História do mundo para crianças" do Monteiro Lobato e também a minha mãe tinha lido para mim o volume de História de uma enciclopédia que juntava histórias da Disney com conhecimentos históricos...eu também via telecursos primeiro e segundo grua de história e geografia...e também a minha mãe me explicava as coisas da política e da historia e tirava as minhas dúvidas....