Eu já escrevi nesse forum e continuo achando, que a política é uma coisa mais más más do que boa, e não no sentido vulgar de dizer que os políticos e a política moderados da democracia liberal são "corruptos" ou coisa assim, esse tipo de política é a menos má.....esse tipo de coisa errada na política é o tipo mais leve de coisa errada.....A política que é mais má é a grande política, a política com P maiúsculo, a política de criar e mudar as instituições.....a política de criar mundos...
Nesse sentido de política, na verdade, no fundo os que tinham mais razão eram Maquiavel e Carl Schmidt. A única coisa que pode atenuar um pouco isso, é o interesse bem entendido ser o motivo da ação política, deixando o lado não-hedonístico dos objetivos de vida, para o relacionamento com as pessoas concretas. Como interesse bem entendido como o principal motivo da ação política, pelo menos da para negociar melhor, dá para diminuir melhor as atrocidades.
Agora o principal problema é a sacralização da política, ver a política como o objetivo de vida, e como uma coisa melhor do que a média, melhor do que os outros âmbitos da vida....ou como uma esfera para ser altruísta....Isso é péssimo, querer se altruísta na política na grande sociedade só leva a busca de bodes expiatórios e a atrocidades....
A grande política, é a guerra por outros meios (e as vezes misturada inclusive com alguns métodos da guerra convencional), é a divisão entre amigos e inimigos, com tendencia para desumanizar os considerados inimigos...a única coisa que atenua isso, é misturar a política com a mentalidade negociadora comercial, e do interesse bem entendido na democracia liberal ou social-liberal....isso é, é transformar a grande política, na pequena política,isso é, diminuir a intensidade de política.
A verdade é que isso é muito necessário mesmo no mundo moderno...pois com a relativização dos ideias de costumes, dos valores, com as mudanças mais aceleradas do que a média da História, com um relativismo mais do que a média no História, esses lados atrozes da grande política, ficam magnificados, ficam mais graves do que em outras épocas. Antes com os ideias de costumes quase fixos, muito lentamente mutáveis e com pouca consciência de suas mutações, as partes mais humanísticas desses ideais de costumes internalizados nas pessoas, inclusive nos governantes controlavam mais as atrocidades política do que com o relativismo atual...por isso, a mostruosidade do nazismo e do comunismo. Por isso, no mundo de hoje, é vital misturar a política, com a mentalidade comercial negociadora, é vital que a política seja sempre a pequena política, e não a grande política.
No entanto, justamente por causa das mudanças aceleradas dos ideais de costumes, há uma tendencia a uma politização maior da vida, do que nas épocas de ideais de costumes quase fixos....por isso, é preciso uma luta constante pela mentalidade de comercio negociadora, em que se pense no interesse bem entendido e não em olhar a política como um objetivo de vida mais estético do que o hedonismo. O pior perigo do mundo moderno é o risco de sacralização da política é de querer ser altruísta politicamente.
Nesse ponto, me parece que é melhor, ir devagar com o andor da crítica às religiões oficiais, e a movimentos esotéricos. É muito mais importante hoje criticar o risco de sacralização da política
Na verdade, considerando a parte do cérebro relacionado ou a uma coisa ou a outra, talvez se devesse legalizar e inclusive incentivar o uso de drogas religionistas, que dão efeitos equivalentes ao de ter uma grande fé, ao incentivar a parte do cérebro ligada a crenças religiosas ou a sacralização da política, com isso servindo de sublimação para evitar tanto os lados ruins das crenças tradicionais quanto os lados ruins da sacralização da política.