Autor Tópico: Monarquia Inglesa, Hélio Schwartsman  (Lida 1322 vezes)

0 Membros e 1 Visitante estão vendo este tópico.

Offline _tiago

  • Nível Máximo
  • *
  • Mensagens: 6.343
Monarquia Inglesa, Hélio Schwartsman
« Online: 09 de Junho de 2012, 14:35:07 »
Citar
Viva a república

SÃO PAULO - Terminam hoje as celebrações do jubileu adamantino da rainha Elizabeth 2ª. Os britânicos e os súditos das outras 15 nações das quais ela é o chefe de Estado já são bem grandinhos para decidir se querem ou não mantê-la no posto. E, ao menos no caso dos ingleses, tudo indica que querem.

A pergunta que não quer calar é: de onde vem tanto fascínio com a realeza? A resposta passa pelo essencialismo, a irresistível tendência dos seres humanos de enxergar uma natureza secreta por trás das coisas.

Monarcas souberam explorar isso bem, proclamando que se sentavam no trono por direito divino. Depois do Altíssimo, eram eles que mandavam. Para reforçar a obediência, desde Homero reis reservaram para si os melhores papéis ficcionais. Todos os heróis da "Ilíada" são soberanos ou herdeiros. O mesmo vale para Gilgamesh, os reis Saul, Davi e Salomão, o ciclo arturiano, Beowulf e até as histórias infantis, povoadas por príncipes e princesas. Não é exagero afirmar que, em nossas cabeças, as noções de herói e rei se misturam.

Após 3.000 anos de doutrinação política e literária, seria uma surpresa se não víssemos a realeza favoravelmente. O problema é que, com o progresso da civilização, o princípio mesmo da monarquia se tornou moralmente injustificável. Como defender que um ser humano tenha privilégios em virtude não de seu esforço (ou, se admitirmos o direito de herança, do de seus pais), mas apenas de seu nascimento? É difícil imaginar ideia mais antidemocrática que essa.

O mais incrível é que, em tempos nos quais apenas sugerir que possa haver diferenças naturais entre raças, gêneros e grupos sociais já aciona a patrulha do politicamente correto, milhões de pessoas ainda se encantem com a mais absurda das dicotomias jamais criadas pelo homem: a divisão do mundo em soberanos e súditos. Daí que, mesmo sendo inexpressivo, o movimento republicano inglês tem toda a minha simpatia.

fonte: Follha de São Paulo


Offline TMAG

  • Nível 20
  • *
  • Mensagens: 646
  • Sexo: Masculino
Re:Monarquia Inglesa, Hélio Schwartsman
« Resposta #2 Online: 09 de Junho de 2012, 21:35:05 »
''Progresso da civilização''. Que piada.
''O objetivo dos Governos é sempre o mesmo: limitar o indivíduo, domesticá-lo, subordiná-lo, subjugá-lo.'' - Max Stirner

Offline _tiago

  • Nível Máximo
  • *
  • Mensagens: 6.343
Re:Monarquia Inglesa, Hélio Schwartsman
« Resposta #3 Online: 10 de Junho de 2012, 00:05:12 »
Do que vive a família real? De impostos? Ou eles têm que trabalhar também?
Eles têm propriedades e negócios. Devem trabalhar com isso. Um dos principes é piloto de helicóptero, não sei se apenas pró-forma.

Offline JJ

  • Nível Máximo
  • *
  • Mensagens: 15.747
  • Sexo: Masculino
Re:Monarquia Inglesa, Hélio Schwartsman
« Resposta #4 Online: 10 de Junho de 2012, 13:31:47 »
Isto é necessidade de repor o amparo perdido da infância,


Enfim isto me parece ser realmente sintoma de infantilidade: 

_Precisamos de um Papai  ou de uma Mamãe .   :D   :biglol:



Outra forma comum na qual se manifesta esse sentimento de desamparo, ocorre na  religião
(especialmente a cristã) :

-O homem é uma criancinha desobediente e indefesa que necessita do Papai do céu para lhe guiar.


Acredito que  tanto no caso do louvor à  monarquia como no caso do louvor ao  Papai do céu,  o sentimento de amparo que se tinha na infância,  e que é  perdido quando se cresce e contata-se a grande dificuldade de viver no mundo, gera  um vazio , um sentimento de desamparo , e daí a busca  por um novo Papai ou uma nova Mamãe .





.





Offline Derfel

  • Moderadores Globais
  • Nível Máximo
  • *
  • Mensagens: 8.887
  • Sexo: Masculino
Re:Monarquia Inglesa, Hélio Schwartsman
« Resposta #5 Online: 10 de Junho de 2012, 18:04:15 »
Do que vive a família real? De impostos? Ou eles têm que trabalhar também?
A família real inglesa recebe um salário do estado (pelo menos o monarca e o herdeiro), mas também possuem negócios, propriedades e recebem o laudênio por transações imobiliárias em Londres. A família imperial brasileira também recebe o laudênio por transações realizadas no centro histórico de Petrópolis.

Offline Geotecton

  • Moderadores Globais
  • Nível Máximo
  • *
  • Mensagens: 28.345
  • Sexo: Masculino
Re:Monarquia Inglesa, Hélio Schwartsman
« Resposta #6 Online: 10 de Junho de 2012, 19:52:06 »
Do que vive a família real? De impostos? Ou eles têm que trabalhar também?
A família real inglesa recebe um salário do estado (pelo menos o monarca e o herdeiro), mas também possuem negócios, propriedades e recebem o laudênio por transações imobiliárias em Londres. A família imperial brasileira também recebe o laudênio por transações realizadas no centro histórico de Petrópolis.

Os bens provem, na sua maior parte, da espoliação de uma população que, misteriosamente (para mim), concorda com isto. As rendas são em sua maioria provenientes destes bens.
« Última modificação: 11 de Junho de 2012, 08:41:52 por Geotecton »
Foto USGS

Offline Buckaroo Banzai

  • Nível Máximo
  • *
  • Mensagens: 38.735
  • Sexo: Masculino
Re:Monarquia Inglesa, Hélio Schwartsman
« Resposta #7 Online: 10 de Junho de 2012, 20:05:27 »
Acredito que  tanto no caso do louvor à  monarquia como no caso do louvor ao  Papai do céu,  o sentimento de amparo que se tinha na infância,  e que é  perdido quando se cresce e contata-se a grande dificuldade de viver no mundo, gera  um vazio , um sentimento de desamparo , e daí a busca  por um novo Papai ou uma nova Mamãe .


Será que é assim? Eu não sei, tenho a impressão que é mais "tradicionalismo por tradicionalismo", sem tanta "emoção" associada de forma tão específica. Da mesma forma que talvez/provavelmente não quereriam trocar o lado da direção nos carros mesmo que houvesse um plano para uma transição sem problemas e que se previsse que fosse melhorar a economia. Ou que os brasileiros talvez não quisessem que a seleção de futebol do Brasil deixasse de ter uma camisa amarela como principal, trocando por uma verde por ser a cor predominante da bandeira.

Offline Derfel

  • Moderadores Globais
  • Nível Máximo
  • *
  • Mensagens: 8.887
  • Sexo: Masculino
Re:Monarquia Inglesa, Hélio Schwartsman
« Resposta #8 Online: 10 de Junho de 2012, 22:25:48 »
Fora que a família real e a monarquia de uma forma geral são elas próprias fontes de recursos em turismo.

Offline Luiz Souto

  • Nível 33
  • *
  • Mensagens: 2.356
  • Sexo: Masculino
  • Magia é 90% atitude
Re:Monarquia Inglesa, Hélio Schwartsman
« Resposta #9 Online: 10 de Junho de 2012, 23:24:01 »
Numa nota de pé de página Marx faz uma observação que acho pertinente sobre o carisma monárquico , mas extensiva às outras formas de fascínio político ( caudilhos , ditadores , pais-da-pátria:

É curioso o que sucede com essas conceituações reflexas. Um homem, por exemplo , é rei porque outros com ele se comportam como súditos. Esses outros acreditam que são súditos, porque ele é rei.

Observação que resume La Boétie , que no início do seu Discurso da Servidâo Voluntária pergunta no mesmo tom:

Por hora gostaria apenas de entender como pode ser que tantos homens , tantos burgos , tantas cidades , tantas nações suportam às vezes um tirano só , que tem apenas o poderio que eles lhe dão , que não tem o poder de prejudicá-los senão enquanto têm vontade de suportá-lo , que não poderia fazer-lhes mal algum senão quando preferem tolerá-lo a contradizê-lo. Coisa extraordinária , por certo; e porém tão comum que se deve mais lastimar-se do que espantar-se ao ver um milhão de homens servir miseravelmente , com o pescoço sob o jugo, não obrigados por uma força maior , mas de algum modo (ao que parece) encantados e enfeitiçados apenas pelo nome de um, de quem não devem temer o poderio pois ele é só , nem amar as qualidades pois é desumano e feroz para com eles.
Se não queres que riam de teus argumentos , porque usas argumentos risíveis ?

A liberdade só para os que apóiam o governo,só para os membros de um partido (por mais numeroso que este seja) não é liberdade em absoluto.A liberdade é sempre e exclusivamente liberdade para quem pensa de maneira diferente. - Rosa Luxemburgo

Conheça a seção em português do Marxists Internet Archive

Offline Unknown

  • Conselheiros
  • Nível Máximo
  • *
  • Mensagens: 11.331
  • Sexo: Masculino
  • Sem humor para piada ruim, repetida ou previsível
Re:Monarquia Inglesa, Hélio Schwartsman
« Resposta #10 Online: 11 de Junho de 2012, 04:10:30 »
No caso da Elisabeth 2ª, a rainha é chefe de Estado e chefe da Nação. Como chefe de Estado ela deve participar da sessão de abertura do Parlamento, aprovar atos parlamentares, reunir-se semanalmente com o primeiro-ministro e representar o Reino Unido em visitas oficiais. Como chefe da Nação ela simboliza a identidade, a unidade e o orgulho do Reino Unido. Uma de suas principais funções é se encontrar com cidadãos britânicos em eventos, como uma festa anual que ocorre nos jardins do Palácio de Buckingham. Ela também é a Defensora da Fé, um papel-chave da Igreja Anglicana. Aconselhada pelo primeiro-ministro, ela nomeia bispos e arcebispos que não podem renunciar sem aprovação real. Além disso, ela também é chefe da Comunidade Britânica de Nações.

Sei também que ela escreve telegramas para qualquer pessoa da Comunidade Britânica que faça 100 anos e para casais que completem bodas de diamante, mas não sei se isso é uma obrigação. Em suma, o trabalho dela tem mais a ver com diplomacia e miudezas políticas simbolicamente importantes.

Porque ainda se mantém a monarquia? Não sei, mas acho que as pessoas gostam dessa simbologia. E também acho que as monarquias constitucionais souberam se manter carismáticas o suficiente para que o povo aceitasse mantê-las.


"That's what you like to do
To treat a man like a pig
And when I'm dead and gone
It's an award I've won"
(Russian Roulette - Accept)

Offline Vento Sul

  • Nível 34
  • *
  • Mensagens: 2.728
  • Sexo: Masculino
  • Os lábios são as primeiras barreiras
Re:Monarquia Inglesa, Hélio Schwartsman
« Resposta #11 Online: 11 de Junho de 2012, 15:13:56 »
Citar
Viva a república
Monarcas souberam explorar isso bem, proclamando que se sentavam no trono por direito divino. Depois do Altíssimo, eram eles que mandavam. Para reforçar a obediência, desde Homero reis reservaram para si os melhores papéis ficcionais. Todos os heróis da "Ilíada" são soberanos ou herdeiros. O mesmo vale para Gilgamesh, os reis Saul, Davi e Salomão, o ciclo arturiano, Beowulf e até as histórias infantis, povoadas por príncipes e princesas. Não é exagero afirmar que, em nossas cabeças, as noções de herói e rei se misturam..


Até nos dias de hoje... ou não?
.
.
Resumindo: Ou acreditamos em mágica ou não!
 
 
 
 .

Offline Pagão

  • Nível 38
  • *
  • Mensagens: 3.690
  • Sexo: Masculino
Re:Monarquia Inglesa, Hélio Schwartsman
« Resposta #12 Online: 11 de Junho de 2012, 17:54:04 »
O Rei é a Pátria com figura humana,
Um poeta mo diz.
Não morre a terra e tudo principia,
Se está viva a raiz!

Que a rainha saiba sempre proteger o povo britânico dos abusos do governo em particular e dos políticos em geral...
Nenhuma argumentação racional exerce efeitos racionais sobre um indivíduo que não deseje adotar uma atitude racional. - K.Popper

Offline _Juca_

  • Nível Máximo
  • *
  • Mensagens: 12.923
  • Sexo: Masculino
  • Quem vê cara, não vê coração, fígado, estômago...
Re:Monarquia Inglesa, Hélio Schwartsman
« Resposta #13 Online: 11 de Junho de 2012, 22:21:08 »
Numa nota de pé de página Marx faz uma observação que acho pertinente sobre o carisma monárquico , mas extensiva às outras formas de fascínio político ( caudilhos , ditadores , pais-da-pátria:

É curioso o que sucede com essas conceituações reflexas. Um homem, por exemplo , é rei porque outros com ele se comportam como súditos. Esses outros acreditam que são súditos, porque ele é rei.

Observação que resume La Boétie , que no início do seu Discurso da Servidâo Voluntária pergunta no mesmo tom:

Por hora gostaria apenas de entender como pode ser que tantos homens , tantos burgos , tantas cidades , tantas nações suportam às vezes um tirano só , que tem apenas o poderio que eles lhe dão , que não tem o poder de prejudicá-los senão enquanto têm vontade de suportá-lo , que não poderia fazer-lhes mal algum senão quando preferem tolerá-lo a contradizê-lo. Coisa extraordinária , por certo; e porém tão comum que se deve mais lastimar-se do que espantar-se ao ver um milhão de homens servir miseravelmente , com o pescoço sob o jugo, não obrigados por uma força maior , mas de algum modo (ao que parece) encantados e enfeitiçados apenas pelo nome de um, de quem não devem temer o poderio pois ele é só , nem amar as qualidades pois é desumano e feroz para com eles.

É mais ou menos como dizer que o poder emana do povo...

 

Do NOT follow this link or you will be banned from the site!