Autor Tópico: Livro "admirável mundo novo" versus livros "1984"  (Lida 816 vezes)

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Offline LaraAS

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Livro "admirável mundo novo" versus livros "1984"
« Online: 21 de Junho de 2012, 02:32:55 »

   
         Alguns falam que a sociedade descrita no "admirável mundo novo" é "mais" repressiva do que a descrita no "1984". Acho essa ideia absurda. A dor pura é repressão pura, nada pode ser mais repressivo que isso. O prazer sempre tem algo de libertador, já a dor pura, quando sem mistura de nenhum prazer, é repressão em si, não pode deixar de ser repressão, não tem nada de libertador.
         E depois eu acho que foi um pouco de preconceito do Aldous Huxley achar que para ter aquelas coisas hedonistas do A.D.M.N precisa ter aquelas coisas estranhas, ruins. No fundo foi preconceito dele contra o prazer e a abundancia. Mas mesmo assim, mesmo que fosse como no livro dele, seria melhor, seria menos mal do que o 1984.
          Para mim, o 1984 é uma descrição e critica ao comunismo, no máximo a algumas coisas do nazismo ou de algumas outras ditaduras de esquerda, e com algumas coisas que parecem com como era a repressão sexual no século XIX, algumas coisas que se aplicam à repressão sexual islâmica à mulher (houve aquela parte em que o O´Brein falou para o Winson que estava amarrado, "aboliremos o orgasmo, nossos neurologistas estão trabalhando nisso", realmente é uma coisa que em relação às mulheres, acontece literalmente no mundo islâmica com a excisão de clítoris na sua versão mais extrema (se bem que felizmente há uma versão menos extrema que é a maioria das feitas) e na versão mais extrema não só impede o prazer feminino como faz que a mulher tenha dor nas relações sexuais....Bom estilo 1984 mesmo....
           Agora acho que esse livro, suas descrições não tem nada a ver com criticas e descrições do ocidente hedonistico, de década da década de 1960, mesmo em relação a como ele era entre 1949 e a década de 1960, essa ideia de que houvesse alguma parecida entre o "1984" e ele não tem a ver. Inclusive com as ditaduras de direita do ocidente não tinha a ver, tanto é, que geralmente elas não proibiram esse livro, enquanto que todas as de esquerda proibiram.
           Se houver uma critica a lados ruins que tenham a ver com o ocidente seria o A.D.M.N e ainda assim de um modo preconceituoso, pois na verdade não há nada de errado com o prazer e a abundancia, nem precisa ter aqueles lados ruins colaterais, e não há realmente.
           Agora o que eu achei ruim na sociedade do A.M.N. foi que as mulheres não podiam ser socialmente e emocionalmente mães, as doadores de ovulo não podiam nem sequer conhecer os filhos, nem se podia ser socialmente e emocionalmente pai, e os doadores de esperma também não podiam nem sequer conhecer os próprios filhos. Se bem que agora eu lembrei de outra coisa atenuada no A.D.M.N. que os que tinham ideias diferentes podiam ir para uma ilha, vivendo com as mesmas, ou pelo menos, com quase as mesmas tecnologia e conforto, e viver como quiserem, então excêntricos nas ilhas podiam ter filhos social e emocionalmente, já que lá ninguém ligava mais para quase nada do que fizessem lá. Nesse ponto realmente o A.D.M.N não era mesmo nem de longe comparável ao 1984.....nem tão ruim, nem muito menor pior. Para os das ilhas, não era repressivo....e para os que adaptados, também era uma vida feliz, onde eles tinham o que para eles era liberdade, ter a liberdade do prazer e os para os que outras coisas eram liberdade, podiam telá-las nas ilhas....nesse sentido, pensando bem, não era opressiva em nada mesmo. Ainda assim eu acho que não seria muito legal, que a maioria fosse educada para ter horror a ter filhos social e emocionalmente e que fosse assim mesmo para a maioria. Mas mesmo assim, o mundo de hoje não é assim. As maioria das pessoas são educadas para achar bom ter filhos (as meninas brincam consideráveis vezes de boneca, e mesmo os meninos brincam de casinha às vezes) e aceitam essa educação e inclusive a fecundação artificial é usada por motivos culturalmente OPOSTOS aos do A.D.M.N.
              Outra coisa ruim, da educação e das características da maioria da sociedade do A.D.M.N (exceto as ilhas) era para não ter ligações amorosas nem de amizade intensas, e quando isso acontecia era considerado que havia alguma coisa errada com eles. Mas novamente, pelo menos 50% das pessoas da sociedade atual não são assim. 50% não se divorcia, e mesmo os que de divorciam, ficam em média 10 anos juntos, o que já não é a mesma coisa que a sociedade maioritária do "A.D.M.N" (exceto as ilhas).
              No entanto também havia as coisas bons, há grande abundancia e produtos novos (e eu acho que não há a menor necessidade dos lados ruins do A.D.M.N maioritário para ter um maior consumo, é nisso que o Aldous Huxley foi preconceituso) nem é necessário desincentivar a leitura (outro lado ruim do A.D.M.N), pois os mais literatos sempre foram os com melhor situação financeira e com mais coisas e produtos, por isso mesmo é que puderam receber uma educação. Então não há essa dicotomia que o Aldous Huxley imagina. É realmente há livrarias em todos os shoppings umas 2 ou 3 por shoppings, e 4 ou 5 nos mais gigantescos. E também há uma ou duas livrarias em cada rua mais comercial, e unos 10% dos livros são cultos e de melhor qualidade. Inclusive aquelas coleções de banca de jornais estilo as da editora abril, com livros literatos internacionais, em bancas de jornais e em edições baratas, fazem o maior sucesso e na Internet há um bando de livros de boa qualidade para baixar....e isso não impede um grande consumo de outras coisas, de coisas materiais, e de coisas materiais novas.
              Agora os lados bons do A.D.M.N são a liberdade sexual, o SOMA, o tratamento mensal do sucetânio de emoção violenta, o orgão de perfumes, e não a qualidade do texto, mas o efeito sensorial do cinema sensível. (mas acho que não há a minima necessidade de não haver textos mais interessantes junto com o cinema sensível).
              Agora há algumas características que alguns acham ruins, mas que eu acho, que se fosse o caso de continuar com o estilo fordistas y talyloristas de produção seria boas, os ypisilons e deltas criados especialmente para serem retardados para fazer as funções manuais das industrias grandes automatizadas com esse sistema , eu não digo o fato de eles serem gêmeos idênticos unos 40 ou 50....não haveria necessidade disso, nem haveria necessidade de eles não poderem ser social e psicologicamente pais nem de não poder ter relações amorosas e de amizade duradoura...isso foi besteira do Aldous Huxley, mas se fosse para continuar a ter o estilo de trabalho taylarizado e do fordismo, até que era mesmo uma boa ideia, fazer alguns nascerem propositamente retardados para isso. Não haveria necessidade de reprimir que eles lessem, era só eles serem tão retardados que não conseguissem aprender....
              No entanto como esses trabalhos foram robotizados não há mais necessidade disso.
              Também uma coisa que eu acho que não tem a ver, é o condicionamento para se acostumar com a idéia do morte, acho que na ausência de crença na vida após a morte, isso é impossível e depois aquele condicionamento o máximo que conseguiria é que as pessoas não sofressem com a morte dos outros, não que não tivessem medo da própria morte. E depois é um lado ruim não poder ter a crença literal na vida após a morte. Mas não precisaria haver a ausência dessa crença. Se poderia perfeitamente haver uma religião meio estilo a Nova Era...
              Uma coisa estranha é que o Aldous Huxley imaginou que a média de vida continuaria a ser de 60 anos mesmo na Europa e EUA e mesmo agora, unos 400 anos antes de quando se passa o livro, a média de vida na Europa e EUA já é de uns 80 anos......e mesmo no Brasil é de 73 anos. Ele também não imaginou nem a Internet, nem o computador em geral, e aliais também não imaginou a robotização e o fim do fordismo e do taylorismo.


 

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