É claro que essa classificação do governo Lula chamando qualquer coisa de classe média não tem nada a ver. Agora isso que alguns marxistas falam que no capitalismo a partir da segunda métade do século XIX começou a acabar a classe média e que hoje quase não há mais, também é um absurdo. É preciso encontrar um meio termo.
Originalmente (ou pelo menos desde o século XIII na Europa Ocidental, e sobretudo no antigo regime de entre 1500-1800 lá) a classe média era a burguesia, no máximo com a pequena burguesia fazendo parte dela e no máximo dos máximos com autonomos de nível universitário ou de outros tipos de altos estudos fazendo parte dela (advogados, médicos.....).
A teoria marxista original era a de que com o que, Marx imaginava que seria o fim da pequena burguesia e não havendo na prática mais nobreza, sendo a classe alta a própria burguesia, só haveria burgueses e proletários (sendo que assimilava os trabalhadores de profissões de nível universitário ou de outros tipos de altos estudos com os proletários bastando para isso serem assalariados, esquecendo das ocasiões em que ele mesmo escreveu que uma das características do proletariado era não ter controle do conhecimento, não ter controle de conhecimentos específicos).
No entanto isso não ocorreu, Em primeiro lugar em produtos de madeira, porcelana e comida, ainda até hoje a bastante espaço para o artesanato independente e pequeno-burguês, ou então com só 3 ou 4 empregados. Em parte com a costura também acontece isso, não no sentido de uma roupa feita só para uma pessoa por vez, mas no sentido de roupas costuradas para serem vendidas em só uma ou duas lojas. E também é assim, com bares, padarias, lanchonetes, cafés....e mesmo com os McDonalds da vida, não acabou isso (alais essas redes começaram com um só, e aí estaço para outros começarem com um só e formarem um rede, como aconteceu com a doceria "Amor aos pedaços" ou com a padaria "Letícia" e com o "Habbis", surgidos depois do McDonalds. Também houve por exemplo, o surgimento das casas Bahia começadas com uma só loja.
E depois há profissões ainda hoje exercidas em sua maioria ou pelo menos em grande parte, na forma de verdadeira autonomia (não digo aqueles trambiques de pseudo-autônomos que na verdade são assalariados), advogados, dentistas, oculistas, psicólogos, fonoudiólogos, psiquitarias e na verdade em se tratando dos realmente competentes e realmente com mais de 10 anos de experiencia, médicos de outras áreas também contanto que não sejam cirurgiões. Na verdade nos realmente competentes e que não sejam cirurgiões a fase de trabalhar em hospitais públicos, em hospitais privados como assalariado ou como pseudo-autônomo mas assalariado de fato de seguradas não muito boas é só no iniciou da carreira, nos primeiros 10 anos, quase como uma na prática especie de continuação do estágio. Mas lá pelos 37 anos os realmente competentes se estabelecem de vez com consultórios particulares caros e com no máximo ligações com seguros de saúde muito mais caros do que a média, e que pagam super bem e ainda assim, tendo bastante clientes totalmente avulsos também. Se não fosse assim, nunca que haveria uma proporção de candidato por vaga de 70 para 1 para medicina, essa gente toda não ia querer fazer medicina só por idealismo....nem muito menos estudar muito mais do que a média para o pré-vestibular e depois estudar 6 anos e fazer mais 3 anos de residencia....
E na verdade também, há os assalariados de luxo que ganham super bem também, pelo menos depois de 5 ou 6 anos de experiencia e tem considerável independência e pouco controle externo no trabalho. Engenheiros, administradores de empresa e mesmo secretarias executivas. Há países em que os professores de ensino básico ganham bem também, E mesmo no Brasil, os excepcional brilhantes, podem trabalhar em escolas estilo Bandeirantes ou mesmo o Objetivo que também paga bem, ou mesmo ser professor particular complementar. Também há os funcionários públicos de luxo jurídicos.E também há trabalhadores de nível técnico secundário em quase tão boas condições quanto a média dos de nível superior.
Então classe média, para mi, é, em primeiro lugar, em média os com nível superior que realmente trabalham em cargos em que se exige nível superior, idem para os com segundo grau técnico. Igualmente se incluem nisso os com pequenos e médios negócios que tenham média o mesmo dinheiro para uso pessoal por mês que os com as qualificações superiores citadas atrás e que realmente trabalhem em empregos desse mesmo nível.
Eu li uma tabala, de que a média de salário dos que com nível superior sem pós-graduação é de cerca de 3400 reais, os com mestrado cerca de 4400 reais e os com doutorado cerca de 6000 reais. Já os com nível técnico secundário ganham em média 2400 por mês. Bom se pode considerar que os azarados ganhem metade da média. Então a classe média começa pelos que ganham de 1200 para cima. Então será de classe média, os em que na casa familiar em que moram, os adultos de mais de 30 anos da casa que trabalhem ganhem, pelo menos 1200 cada. Como hoje em dia, em 70% dos casos as mulheres trabalham fora, na maioria dos casos, numa casa com o casal e mais dois filhos menores, isso dá uma renda per capita de 600 per capita. Mas se excepcionalmente só o homem trabalhe e de modo permanente só ele, não eventual nem conjuntural, isso dá 300 reais per capita.
Então o nível inferior da classe média é a dos 300 reais per capita. Mas é preciso também dobrar o máximo que cada categoria ganha. Então no caso dos com doutorado, o nível superior de classe média é de cada adulto de mais de 30 anos morando na casa família ganhar 12 mil reais. Se a pessoa morar sozinha e não ajudar a sustentar a nenhum parente, dá 12 mil reais per capita. E esse é o nível superior da classe média. Isso é a verdadeira classe média vai de 300 a 12000 reais mensais per capita. Mas do que 12000 reais per capita para isso pessoal, é ser rico. Nesse sentido existe sim, o assalariado de luxo rico e o funcionário de luxo rico, não são só os burgueses ricos. Inclusive por que os assalariados de luxo ricos e os funcionários de luxo ricos, se tornaram a nova classe dominante nos regimes comunistas, pelo menos depois da fase mais psicopática (na mais psicopática, ninguém, nem mesmo eles, estavam seguros) mas depois de 1956, exceto na Romênia e na Albânia, no resto da Europa comunista eles se tornaram, sim uma nova classe dominante. E também era assim em Cuba nas décadas de 70 e 80, depois de ter passado a fase mais psicopática da década de 60 mas antes de sinais de restauração do comunismo. E nos primeiros 10 anos depois da morte de Mao na China e no sudeste asiático e em Angola e Moçambique na mesma época.
Essa me parece uma classificação adequada....agora aquela do governo Lula chamando qualquer coisa de classe média não tem nada a ver. No entanto por trás dessa poeira cósmica, tudo indica que a verdadeira classe média realmente aumentou.
A proporção de pessoas com nível universitário e de segundo grau técnico aumentou, e incluso continua havendo até demanda maior do que a procura por eles, então é sinal de que eles estão conseguindo emprego. E também com o fim da inflação, e depois de unos 8 anos depois disso, o aumento de crescimento realmente me parece que provavelmente houve novas chances para pequenos e médios negócios.
E embora não seja o meio mais adequado de medir, acho que se pode fazer algum cálculo pelo consumo, embora evidentemente não aquele critério absurdo do governo Lula. Me parece um bom critério são os que têm em média ao mesmo tempo seguro de saúde e internet, e esses são 30% hoje em dia, enquanto que eram 20% em 2000. Está certo que no caso da Internet pode ser um caso de difusão de tecnologia mas no caso do plano de saúde não. Então a verdadeira classe média passou de 20% para 30% somando os governos FHC e Lula.
Agora o que eu acho é que os critérios absurdos das classificações do governo sobre o assunto são um tiro no pé, por que espalha uma poeira cósmica que mascara o verdadeiro aumento da verdadeira classe média, levando muitos a pensarem que não houve aumento nenhum da verdadeira classe média, enquanto que houve sim.
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