Autor Tópico: Tecnologia de 2100: vindo a ser como os deuses mitológicos?  (Lida 2605 vezes)

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Offline -Huxley-

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Tecnologia de 2100: vindo a ser como os deuses mitológicos?
« Online: 09 de Agosto de 2012, 00:13:09 »


(A seguir, um apanhado das ideias de um livro recomendável apenas para aqueles que não se incomodam com o risco de fazer projeções da ciência e da tecnologia de décadas do futuro.)

No futuro, seremos como os deuses mitológicos um dia adorados e temidos. Os computadores obedecerão aos comandos de nossos pensamentos e atenderão nossos desejos. Também poderemos usar o mesmo tipo de comando ao mover os objetos através de telecinese. Construiremos corpos impecáveis e estenderemos drasticamente o nosso tempo de vida. Construiremos engenhocas e outros objetos úteis quase a partir do nada. Nos transportes na Terra, viajaremos pelos céus através de veículos velozes quase sem combustível. Em viagens espaciais, “içaremos nossas velas” em direção às estrelas e as alcançaremos.

Tudo isso se assemelha a uma mágica que só parece plausível daqui a milhares de anos? Michio Kaku levanta a possibilidade de que todas essas coisas ocorram até daqui a aproximadamente um século.

À essa altura da leitura deste texto, o leitor já deve ter pensado: “Prever o futuro da tecnologia é muito arriscado”. Kaku concorda com a assertiva, mas faz duas observações importantes. Em primeiro lugar, alguns dos erros mais famosos de futurologia são aqueles que subestimaram o ritmo da evolução tecnológica. Segundo, muitos autores que nasceram antes do século XX, como Júlio Verne e Leonardo da Vinci, surpreendem as pessoas de hoje pela sua capacidade de acerto de previsões que parecem irreais até para os intelectuais da sua época. No caso de Júlio Verne, que jamais foi cientista, sabe-se qual era o seu “segredo”. Conversar com cientistas de diferentes áreas sobre as perspectivas dos progressos tecnológicos em seus campos de especialização. Foi justamente isso que fez Kaku na sua obra A Física do Futuro, ao consultar várias dezenas de especialistas nas áreas de tecnologia de computadores, nanotecnologia, biotecnologia, telecomunicações, entre outras.

Por fim, lembro de Kaku fazer as principais ressalvas sobre possíveis alegações contrárias as suas previsões. Uma é que as projeções das invenções mencionadas são consistentes com as leis da física (como se sabe, consistência é um conceito diferente de necessidade ou suficiência). A outra é que a maioria das invenções projetadas já tem protótipos disponíveis ou os alicerces para a construção das mesmas já foram implantados.

Estes são os setores alvos das projeções: (1) Computadores; (2) Inteligência Artificial (IA); (3) Nanotecnologia; (4) Medicina; (5) Energia; (6) Viagens Espaciais; (7) Economia; (8) Tipos de Civilização. Vamos aos detalhes...
 
1. Computadores


* Como atualmente um chip pode ser pequeno a ponto de ser colocado numa película de polímero de lentes de contato, o futuro nos reserva internet em lentes de contato e óculos. Isso já faz acontece nos protótipos que Kaku citou no livro. Ademais, há a aposta de que os cursores de nossos computadores serão movidos por comandos de pensamentos, também como nos protótipos que Kaku citou no seu livro. (Ademais, o iBrain também seria citado, caso não tivesse sido uma invenção apresentada depois da publicação do livro).
* A realidade virtual será ampliada com a tecnologia táctil. No futuro, poderemos passar as férias em Marte sem sair de casa.
* Óculos especiais fundirão o real e a realidade virtual, permitindo que certos detalhes dos objetos desapareçam, enquanto outros permanecem intactos. Isso ajudará vários profissionais. Por exemplo, operários de construções subterrâneas poderão utilizar os mesmos para enxergar como canos, fios e válvulas se conectam ao fazerem um reparo de rotina. Atualmente, óculos que fundem realidade virtual e o real já existem.
* Depois da televisão 3D, vem aí a TV holográfica, que permitirá que assistemos uma partida de futebol como se estivéssemos caminhando por dentro do campo.
* Pacientes com lesões na medula controlarão braços e pernas mecânicos. Tal como aconteceu no caso em que neurocientista brasileiro Miguel Nicolelis implantou um chip no cérebro de um macaco e permitiu o controle do braço robótico por ondas cerebrais pelo animal.
* O aparelho de imagem de ressonância magnética funcional do futuro tirará fotos do pensamento visual e dos sonhos, tal como já acontece de forma rudimentar nos aparelhos mais modernos atuais. (Atualmente, já é possível criar uma imagem do que a mente está lembrando ou sonhando, embora essas não sejam consideradas exatamente “fotos”. Eletrodos miniaturizados captam as imagens cerebrais e as projetam numa grade, e depois essas imagens são decodificadas num computador).
* Teremos computadores que superarão a capacidade computacional do cérebro humano.

2. Inteligência artificial (IA)

* Com o avanço da IA, haverá robôs por toda parte ocupando empregos de seres humanos, sobretudo aqueles em que as tarefas são simples e repetitivas (teremos cozinheiros-robôs, por exemplo). E as máquinas poderão ser incorporadas como partes do corpo de pessoas sadias, o que inaugurará a era dos cyborgs.
* Ainda assim, durante grande parte do século XXI, um computador não poderá substituir completamente um cérebro humano, principalmente no que diz respeito ao que Kaku chama de “reconhecimento de padrões” e “bom senso” (intuição?).
* Além da fusão com robôs, especialistas em robótica como Hans Moravec sugerem que poderíamos nos transformar nos próprios objetos que construímos. Faríamos isso ao submetermos a uma cirurgia que substituísse cada neurônio de nosso cérebro por um transistor dentro de um robô. Poderíamos fazer o download de nossa personalidade inteira num computador.
* Se a IA forte se desenvolver, que preocupações elas poderão gerar além de uma revolução dos robôs como a da Skynet de Exterminador do Futuro? Como evitar tais conflitos? Quatro observações interessantes foram feitas:

(a) Podemos colocar um chip no cérebro de cada robô para que ele desligue automaticamente ao apresentar o menor indício de intenção assassina ou agressiva. Ao menor comando de voz, um robô suspeito seria desligado...

(b) Ou podemos criar robôs especializados em reajustar robôs transviados ou ter especialistas humanos que façam isso (como no filme Blade Runner).

(c) Leis impostas de fora para dentro como as leis robóticas de Asimov talvez não funcionassem, pois isso na verdade poderia incentivar os robôs a desenvolver meios inteligentes de contornar as leis. Assim, não haveria nenhuma moralidade artificial suficiente para controlá-los e eles teriam sim liberdade para cometer agressões. Os robôs, apesar disso, poderiam ser programados desde o começo para ajudar humanos. O cenário mais provável é que iremos projetá-los, desde o princípio, apenas para fazer tarefas úteis e benevolentes.

(d) O problema em todos os casos é o fato que atualmente os maiores financiadores de IA são as Forças Armadas, que usam a robótica para caçar, rastrear e matar humanos.

* Teremos o carro sem motorista. Isso é o que já há no caso da corrida do DARPA Urban Challenge, um evento que busca incentivar o desenvolvimento de veículos autônomos para uso em operações no ambiente urbano. Um dos ralis conseguiu simular bem o trânsito urbano de uma cidade para testar a habilidade dos veículos autônomos.
* Exploraremos supercondutores para produzir telecinese através do magnetismo. O primeiro princípio que permitirá futuramente isso é que em todas as coisas poderão ser implantadas um chip, o que as tornam inteligentes. O segundo princípio é que essas coisas terão um pequeno supercondutor que provocará explosões magnéticas que moverão o objeto de um lado para o outro.

3. Nanotecnologia


* O uso de nanopartículas será um exemplo do papel crucial da nanotecnologia no avanço da medicina do século XXI. Os protótipos desta tecnologia já foram apresentados. Num dos casos, essas nanopartículas podem absorver luz em determinada frequência. Focalizando-se nelas um raio laser, elas se aquecem, ou vibram, destruindo células cancerosas nas suas vizinhanças ao romperem suas paredes.
* Usando a mesma tecnologia de gravação usadas nos chips de computador, será possível gravar um chip no qual existam áreas microscópicas que detectam sequências específicas de DNA ou células cancerosas. Utilizar nanosensores no corpo para detectar doenças, como o câncer, antes que elas venham causar males será uma grande revolução na medicina.
* Um passo adiante da nanopartícula é o nanocarro, que é um dispositivo que pode ser guiado em suas viagens dentro do corpo. A vantagem é que eles serão como aqueles aviõezinhos controlados por controle remoto que podem ser amplamente comandados e pilotados. Ademais, um carro molecular poderá empurrar um minúsculo robô que ataca as células cancerosas e entrega drogas salva-vidas até locais precisos do corpo.
* Cientistas da Intel acreditam no avanço substancial da tecnologia de materiais programáveis chamados catoms. Segundo eles, a tecnologia avançará ao ponto de tornar realidade a completa mudança da forma de objetos, tal como acontece no andróide assassino T-1000 de Exterminador do Futuro 2. Guardar celulares em bolsos apertados será mais fácil no futuro...
* Um projeto ainda mais ambicioso será a construção de um montador molecular ou um replicador. Poderemos construir objetos a partir de outros quase a partir de nada, ou melhor, a partir de um conjunto de materiais brutos que seriam transformados no momento do aperto do botão de um replicador. Trilhões e trilhões de nanorobôs convergiriam esses materiais brutos, cada um deles programados para desmontá-los, e em seguida remontá-los em um produto totalmente novo. Assim, poderíamos fabricar qualquer coisa. Talvez prédios ou cidades inteiras fossem construídos assim. Um replicador seria a maior invenção de engenharia da história da humanidade, mas Kaku não dá como certo que ele será inventado até 2100 (ou talvez até o fim da existência humana)

4. Medicina

* Os custos do mapeamento do genoma continuarão a cair ininterruptamente. Consequentemente, um número grande de pessoas comuns terá seu genoma gravado em um CD-ROM, tendo acesso aos seus segredos genéticos. Isso permitirá tratar com antecedência de males hereditários, tais como certos tipos de câncer.
* Com a biotecnologia da engenharia genética e o conhecimento completo do genoma, poderemos por nosso conhecimento até para curar casos como a depressão crônica e usar a bioquímica mais adequada para sermos mais felizes.
* Poderemos aumentar nossa inteligência adicionando uma camada extra de neurônios.
* Em resumo, poderemos reconstruir nossos rostos e nossos corpos, tal como na história de A Bela e a Fera. Também retardaremos drasticamente nosso envelhecimento, talvez fazendo setentões parecerem pessoas de vinte e poucos anos.
* Desenvolveremos novos órgãos para substituir os que se danificam e adoecem, usando engenharia de tecidos e células-tronco.
* Injetaremos coquetel de proteínas e enzimas para ajudar nos mecanismos de reparo de células, regular o metabolismo, acertar o relógio biológico e reduzir a oxidação.
* Também é bom mencionar o papel da futura "terapia genética", que será usada para alterar genes que retardam o processo de envelhecimento.
* Pessoas comuns usarão consultas de um médico virtual, fazendo isso no seu próprio banheiro, que estará mais equipado que um hospital moderno. (Atualmente já existem programas de inteligência artificial que fazem diagnósticos de patologias com relativa eficácia).
* Poderíamos usar a fusão de células e silício não apenas para curar-nos dos males, mas para criar capacidades extra-humanas. Ouviríamos sons que só os cães ouviriam, e viríamos raios X, radiação UV e infravermelha.

5. Energia

* Não há nada nas leis da física que nos impeça coletar energia diretamente do Sol. O ministério do comércio da Japão já iniciou um plano para testar a exequibilidade de um sistema de energia espacial por satélite. Tal sistema poderá se tornar realidade até 2100.
* O povo do século XXI verá a chegada da era do magnetismo na energia. Ela terá um papel especialmente útil no nosso sistema de transportes. Atualmente, grande parte da energia de nossos veículos é consumida para vencer o atrito. Todavia, supercondutores à temperatura ambiente poderiam produzir superímãs capazes de erguer carros e trens, e fazê-los pairar sobre o ar. Com os pavimentos de supercondutores, teríamos carros e trens voadores que flutuariam pelos céus gastando pouquíssima energia, tendo apenas a resistência do ar para ser vencida.

6. Viagens espaciais

* Nossos telescópios detectarão planetas extrassolares do tamanho da Terra, inclusive buscando aqueles que têm água líquida. Teremos um catálogo enorme de “outras Terras”, o que preparará a base para a exploração interestelar.
* Enviaremos uma sonda para o interior do oceano líquido de Europa (lua de Júpiter) que fica a 10 km sob a sua capa de gelo. Faremos isso investigando a possibilidade de vida nesse satélite jupiteriano.
* Poderemos terraformar Marte, elevando a temperatura do planeta injetando metano ou outros gases estufa na atmosfera do Planeta Vermelho e acelerando o processo com a introdução de algas terrestres. Dentre as possibilidades sondadas para dar início ao processo está o desvio de um cometa que possa gerar um grande impacto no Planeta Vermelho. 
* Até 2100, teremos dado os primeiros passos para a exploração das viagens interestelares. Há várias formas de propulsão de naves que poderão ajudar o alcance de velocidades próximas a da luz. Fusão ramjet, foguete nuclear e foguete de antimatéria estão entre os candidatos. No caso do último, por exemplo, estima-se que cerca de uma centena de gramas de antimatéria nos levariam até as estrelas mais próximas.
* Ademais, lançaremos sondas que incorporam os benefícios da nanotecnologia. Poderemos economizar combustível lançando minúsculas nanonaves. Essas poderiam ser impulsionadas pelo campo magnético de Júpiter ou ser lançadas por aceleradores de partícula daqui da Terra.
* Poderemos reduzir drasticamente o custo das viagens espaciais construindo elevadores especiais de 36.000 km de altura com a ajuda de nanotubos de carbono.
* Se o Seti sobreviver, seguirá avançando com os radiotelescópios que vasculharão um número de estrelas na magnitude dos milhões. Também seguirão as buscas pelas famosas “esferas de Dyson” (http://pt.wikipedia.org/wiki/Esfera_de_Dyson). Kaku dá um palpite que encontramos evidência de uma civilização inteligente até 2100.

7. Economia

* Devido ao avanço da IA e da robótica, as tarefas de emprego do século XXI que sobreviverão serão aquelas que as máquinas ainda não poderão fazer, principalmente no que diz respeito ao de “reconhecimento de padrões” e “bom senso”.
* Para quem trabalha de macacão (operários), aqueles que fazem trabalhos puramente repetitivos perderão seus empregos, tal como os operários que trabalham na montagem de automóveis. 
* Surpreendentemente, catadores de lixo, policiais, trabalhadores da construção, encanadores e jardineiros manterão seus empregos.
* Dos que trabalham nos escritórios perderão aqueles envolvidos em trabalhos de intermediários, fazendo inventários e “contando feijões”. Agentes de nível inferior como corretores, caixas, contadores, etc. verão seus postos de trabalho sumirem. Mesmo atualmente, um cliente pode pesquisar o preço da passagens aérea pela internet e comprá-las, passando por cima do agente de viagens.
* Os grandes vencedores serão aqueles que têm empregos ligados à criatividade, ciência, inovação, liderança, análise e arte-final.
* Em 2100, o capitalismo intelectual reinará absoluto na Terra. No capitalismo intelectual, o conhecimento e as habilidades serão as únicas vantagens comparativas das nações. Isso deixará o capitalismo de commodities obsoleto. Não só o preço de muitos dos recursos naturais baixaram nas últimas décadas, como os países que tem indústria e pauta exportadora baseada em amplo conteúdo inovativo-tecnológico foram os que mais se desenvolveram nas últimas décadas. Não há expectativas que esse cenário mude.

8. Tipos de Civilização

* Até 2100, teremos consolidado a chegada ao Tipo I de civilização da escala de Kardashev (http://pt.wikipedia.org/wiki/Escala_de_Kardashev).  Depois de ter alcançado o poder dos deuses mitológicos com a ciência e tecnologia de 2100, a humanidade seguirá sua jornada obtendo controles cada vez maiores sobre a natureza.  Apesar disso, trata-se de uma transição muito perigosa e nada garante que não nos extinguemos.
* Na escala II de Kardashev, seríamos imortais. Desviaríamos meteoros e cometas que ameaçassem se chocar com a Terra e reverteríamos as eras glaciais. Poderíamos afastar o nosso planeta do Sol caso esse ameaçasse virar uma supernova ou exploraríamos os sistemas estelares a centenas de anos-luz, caso não fosse possível desviar a órbita da Terra. Assim, nenhum fenômeno natural poderia extinguir a nossa civilização (nota minha: a exceção talvez fosse um possível ataque belicista de uma civilização mais avançada). Alcançar esse estágio demorará milhares de anos, estima Kaku.
* Na escala III de Kardashev, estaríamos tão avançados em tecnologia que sondaríamos a energia de Planck, uma magnitude de energia tão grande que é capaz de rasgar o tecido do espaço-tempo. Isso permitiria explorar túneis interdimensionais, como as pontes de Einstein-Rosen (se essas existirem). Nessa fase, já teríamos explorado a galáxia inteira com a ajuda de sondas de Von Neumann replicáveis. (nota minha: aqui, eu acredito que Kaku se esqueceu de mencionar que talvez estaríamos prontos para fazer viagens no tempo).
« Última modificação: 09 de Agosto de 2012, 00:58:24 por -Huxley- »

Offline SnowRaptor

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Re:Tecnologia de 2100: vindo a ser como os deuses mitológicos?
« Resposta #1 Online: 09 de Agosto de 2012, 05:33:19 »
Não gosto do Michio Kaku.  Acho que ele viaja demais.  Muito sensacionalista
Elton Carvalho

Antes de me apresentar sua teoria científica revolucionária, clique AQUI

“Na fase inicial do processo [...] o cientista trabalha através da
imaginação, assim como o artista. Somente depois, quando testes
críticos e experimentação entram em jogo, é que a ciência diverge da
arte.”

-- François Jacob, 1997

Offline Contini

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Re:Tecnologia de 2100: vindo a ser como os deuses mitológicos?
« Resposta #2 Online: 09 de Agosto de 2012, 10:50:35 »
Ele é mais Show Man... Mas eu geralmente gosto de suas apresentações, descontando certos exageros.
"A idade não diminui a decepção que a gente sente quando o sorvete cai da casquinha"  - anonimo

"Eu não tenho medo de morrer, só não quero estar lá quando isso acontecer"  - Wood Allen

    “O escopo da ciência é limitado? Sim, sem dúvida: limitado a tratar daquilo que existe, não daquilo que gostaríamos que existisse.” - André Cancian

Offline Unknown

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Re:Tecnologia de 2100: vindo a ser como os deuses mitológicos?
« Resposta #3 Online: 09 de Agosto de 2012, 14:27:10 »
Já vi alguém dizer que qualquer previsão sobre o futuro da tecnologia em um prazo maior do que cinco anos é chute puro. Talvez cinco anos apenas seja um exagero, mas se observarmos as previsões do começo do século XX (e de meados também) para o ano 2000, notam-se mais erros que acertos.

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Offline -Huxley-

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Re:Tecnologia de 2100: vindo a ser como os deuses mitológicos?
« Resposta #4 Online: 09 de Agosto de 2012, 16:35:27 »
Já vi alguém dizer que qualquer previsão sobre o futuro da tecnologia em um prazo maior do que cinco anos é chute puro.

O "alguém" disse que QUALQUER previsão é CHUTE PURO, e você, o que acha? Acha mesmo que, por exemplo, antecipar a chegada de uma era de medicina genômica é puro chute? E aquelas coisas cujos protótipos das tecnologias mencionadas já existem e que estão na vanguarda de investigação prioritária dos cientistas? Tem tanta chance de existir quanto um subproduto de uma mente delirante de um roterista de Hollywood?

Talvez cinco anos apenas seja um exagero, mas se observarmos as previsões do começo do século XX (e de meados também) para o ano 2000, notam-se mais erros que acertos.

E daí? Falando assim, parece que há um significado pessoal de que "mais erros do que acertos é sinônimo de fracasso".

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Leonardo da Vinci: esboço de pára-quedas, helicópteros, asa delta, e até mesmo de aviões. E também máquina calculadora de adição e armadura de guerreiro autônomo.

Júlio Verne: Em 1863, previu que em 1960 (quase 100 anos a frente de seu tempo!) as pessoas teriam arranha-céus de vidro, ar-condicionado, TV, elevadores, trens de alta velocidade, automóveis movidos a gasolina, máquina de fax, e até mesmo algo que se assemelha a internet. Sem falar na previsão da viagem do homem à Lua. Ele previu o tamanho da cápsula dentro de alguns pontos percentuais, a localização de lançamento da Flórida, o número de astronautas da missão, o comprimento do tempo de quanto a viagem duraria e a aterrisagem final no oceano.

(Dados retirados de A Física do Futuro)

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Gostaria de ter sido esses dois "fracassados".
« Última modificação: 09 de Agosto de 2012, 17:23:42 por -Huxley- »

Offline Derfel

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Re:Tecnologia de 2100: vindo a ser como os deuses mitológicos?
« Resposta #5 Online: 09 de Agosto de 2012, 16:52:53 »
Só que a cápsula do Júlio Verne era lançada por um canhão! :) Escritores de ficção científica se baseiam em tecnologia e dados científicos da época e muitas vezes podemos ser surpreendidos com a velocidade da tecnologia (para mais e para menos). Ler livros de ficção científica da década de 40 e 50, como os livros do Asimov, é um exemplo claro disso.

Offline _Juca_

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Re:Tecnologia de 2100: vindo a ser como os deuses mitológicos?
« Resposta #6 Online: 09 de Agosto de 2012, 18:03:51 »
A maioria das previsões dele já não são novidades, algumas em campo teóricos e outros já experimentais, então então não deixam de ser bastante factíveis...

Offline Unknown

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Re:Tecnologia de 2100: vindo a ser como os deuses mitológicos?
« Resposta #7 Online: 10 de Agosto de 2012, 02:43:50 »
Citar
Leonardo da Vinci: esboço de pára-quedas, helicópteros, asa delta, e até mesmo de aviões. E também máquina calculadora de adição e armadura de guerreiro autônomo.
Ele não previu nada, ele tentou criar. Há uma boa diferença aí.

O "alguém" disse que QUALQUER previsão é CHUTE PURO, e você, o que acha? Acha mesmo que, por exemplo, antecipar a chegada de uma era de medicina genômica é puro chute? E aquelas coisas cujos protótipos das tecnologias mencionadas já existem e que estão na vanguarda de investigação prioritária dos cientistas? Tem tanta chance de existir quanto um subproduto de uma mente delirante de um roterista de Hollywood?

E daí? Falando assim, parece que há um significado pessoal de que "mais erros do que acertos é sinônimo de fracasso".

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Júlio Verne: Em 1863, previu que em 1960 (quase 100 anos a frente de seu tempo!) as pessoas teriam arranha-céus de vidro, ar-condicionado, TV, elevadores, trens de alta velocidade, automóveis movidos a gasolina, máquina de fax, e até mesmo algo que se assemelha a internet. Sem falar na previsão da viagem do homem à Lua. Ele previu o tamanho da cápsula dentro de alguns pontos percentuais, a localização de lançamento da Flórida, o número de astronautas da missão, o comprimento do tempo de quanto a viagem duraria e a aterrisagem final no oceano.

(Dados retirados de A Física do Futuro)

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Gostaria de ter sido esses dois "fracassados".
Em suma, ele previu ideias que já existiam sendo aplicadas. Trem de alta velocidade? Bom, então eu prevejo que daqui a 50 anos teremos trens mais rápidos que os de hoje. Eu realmente me impressionaria que alguém antecipasse a medicina genômica nos anos 50. Hoje me parece apenas consequência óbvia das atuais pesquisas.

Falando sério agora, é por coisas assim que eu disse "mais erros que acertos" e não "só um monte de baboseiras". Algumas pessoas realmente têm alguma ideia do que o futuro pode trazer, mas a maioria dá palpites furados. Alguns exemplos:

"Acho que haverá um mercado mundial para no máximo cinco computadores." Thomas Watson Jr. (1874-1956), presidente da IBM, em 1943.
“640 K é mais do que suficiente para qualquer um” - Bill Gates, 1981
“Viajei por todos os lados neste país, e posso assegurar-lhes que processamento de dados é uma ilusão que não perdura até o fim do ano” - O editor encarregado de livros técnicos da Prentice Hall, 1957
“Não há nenhuma razão para que alguém queira ter um computador em casa” - Ken Olson, presidente e fundador da Digital Equipment Corp.,1977
"O mouse torna o computador mais acessível, mais amigável, para determinados públicos-alvo, como executivos? A resposta é não." Matéria da revista Computerworld em 1983
"Não há [nenhuma] evidência de que as pessoas querem usar estas coisas [mouse]" John C. Dvorak em 1984
“Este ‘telefone’ tem inconvenientes demais para ser seriamente considerado um meio de comunicação. Esta geringonça não tem nenhum valor para nós” - memorando interno da Western Union, 1876
"É uma grande invenção, mas de qualquer forma, quem iria usar isso?" Rutherford Hayes, recém-eleito presidente dos EUA em 1876, sobre a invenção do telefone.
"Os norte-americanos podem precisar do telefone, mas nó não. Temos muitos mensageiros” - Sir William Preece, engenheiro chefe do Correio britânico em 1876
“A televisão não se manterá no mercado após seis meses. As pessoas se cansarão de ficar olhando para uma caixa de madeira todas as noites” – Daryl Zanuck, produtor, cofundador da 20th Century Fox.
"Não há chance alguma de comunicações por satélite serem usadas para melhorar os serviços de telefonia, telégrafo, televisão ou rádio dentro dos Estados Unidos” – T. Craven, Membro do Federal Communications Comission (dito em 1961)
“Máquinas [voadoras] mais pesadas do que o ar são impossíveis” - Lord Kelvin, presidente da Royal Society, 1895
“Aviões são brinquedos interessantes mas sem nenhum valor militar” - Marechal Ferdinand Foch, Professor de estratégia, Ecole Supérieure de Guerre, Paris.
“O professor Goddard não conhece a relação entre ação e reação e a necessidade de ter algo melhor do que o vácuo contra o qual reagir. Ele parece não ter o conhecimento básico ensinado diariamente em nossas escolas secundárias” - Editorial do New York Times em 1921 a respeito do estudo revolucionário de Robert Goddard sobre os foguetes.
“Broca para petróleo? Você quer dizer furar o chão para encontrar petróleo? Você está louco” - Operários que Edwin L. Drake tentou contratar para seu projeto de prospecção de petróleo em 1859.
“Quem se interessaria em ouvir os atores falar?” - H.M. Warner, Warner Brothers, no auge do cinema mudo, 1927.
“A bolsa alcançou um teto que parece permanente” - Irving Fisher, Professor de Economia, Yale University, 1929. Poucos dias antes do Crash de 29.
“Tudo que podia ser inventado já o foi” - Charles H. Duell, do Departamento de Patentes dos Estados Unidos, 1899, ao propor o fechamento da sessão de registro de novas patentes.

Etc...

Esses aí são alguns exemplos que garimpei por aí. Há outros se procurar com mais calma.

Em alguns não sei dar nome aos bois e em outros não sei quando ou a ocasião em que foram ditos, mas há outros exemplos aí. A única que me vêm à cabeça no momento é a de que no ano 2000 cada família teria seu carro voador, de maneira que todos chegariam rápido e sem perda de tempo ao seu destino. Bom, quando vejo SP em horário de pico fico pensando em o quanto essa ideia está longe da realidade.

Há algum tempo atrás postaram aqui imagens do começo do século XX de como imaginavam que seria o mundo no ano 2000. Como eu não as encontrei aqui no fórum, aí vão elas em tamanho menor: http://br.taringa.net/posts/imagens/41081/Como-imaginavam-o-futuro-a-mais-de-100-anos-atr%C3%A1s.html

E não sei de onde você tirou essa ideia de fracassados, porque em nenhum momento insinuei isso. O que eu simplesmente acho é que 100 anos é tempo demais para que uma pessoa consiga prever o desenvolvimento tecnológico, econônico e cultural da humanidade, por isso é mais fácil errar que acertar.

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Re:Tecnologia de 2100: vindo a ser como os deuses mitológicos?
« Resposta #8 Online: 11 de Agosto de 2012, 01:02:02 »
Ele não previu nada, ele tentou criar. Há uma boa diferença aí.

Mesmo que ele não tenha previsto (uma coisa que não se pode afirmar com segurança), ele demonstrou que é possível. Ele demonstrou que é possível fazer enormes insights "proféticos" mesmo muito antes de uma invenção aparecer. Segundo Kaku, muitas de suas invenções teriam voado – suas máquinas voadoras, no entanto, precisavam de pelo menos um cavalo motor, algo que só estaria disponível cerca de 4 séculos mais tarde.

Em suma, ele previu ideias que já existiam sendo aplicadas.

MUITA coisa que Verne previu dizia respeito a ideias que NÃO existiam sendo aplicadas:

http://jvernept.blogspot.com.br/2011/03/8-invencoes-de-julio-verne-que-se.html

(além de algumas coisas que já citei, ar-condicionado, máquina de fax, etc.)

Eu realmente me impressionaria que alguém antecipasse a medicina genômica nos anos 50. Hoje me parece apenas consequência óbvia das atuais pesquisas.

Mas, apesar disso, você citou um “alguém” que disse que “qualquer previsão” além de 5 anos é “chute puro”. Só que a medicina genômica como predita por Kaku vai além dos próximos 5 anos (ele não faz previsões só de 2100, mas também de datas anteriores a isso) e parece bastante razoável em várias predições específicas.

Falando sério agora, é por coisas assim que eu disse "mais erros que acertos" e não "só um monte de baboseiras". Algumas pessoas realmente têm alguma ideia do que o futuro pode trazer, mas a maioria dá palpites furados.

"Acho que haverá um mercado mundial para no máximo cinco computadores." Thomas Watson Jr. (1874-1956), presidente da IBM, em 1943.
“640 K é mais do que suficiente para qualquer um” - Bill Gates, 1981
“Viajei por todos os lados neste país, e posso assegurar-lhes que processamento de dados é uma ilusão que não perdura até o fim do ano” - O editor encarregado de livros técnicos da Prentice Hall, 1957
“Não há nenhuma razão para que alguém queira ter um computador em casa” - Ken Olson, presidente e fundador da Digital Equipment Corp.,1977
"O mouse torna o computador mais acessível, mais amigável, para determinados públicos-alvo, como executivos? A resposta é não." Matéria da revista Computerworld em 1983
"Não há [nenhuma] evidência de que as pessoas querem usar estas coisas [mouse]" John C. Dvorak em 1984
“Este ‘telefone’ tem inconvenientes demais para ser seriamente considerado um meio de comunicação. Esta geringonça não tem nenhum valor para nós” - memorando interno da Western Union, 1876
"É uma grande invenção, mas de qualquer forma, quem iria usar isso?" Rutherford Hayes, recém-eleito presidente dos EUA em 1876, sobre a invenção do telefone.
"Os norte-americanos podem precisar do telefone, mas nó não. Temos muitos mensageiros” - Sir William Preece, engenheiro chefe do Correio britânico em 1876
“A televisão não se manterá no mercado após seis meses. As pessoas se cansarão de ficar olhando para uma caixa de madeira todas as noites” – Daryl Zanuck, produtor, cofundador da 20th Century Fox.
"Não há chance alguma de comunicações por satélite serem usadas para melhorar os serviços de telefonia, telégrafo, televisão ou rádio dentro dos Estados Unidos” – T. Craven, Membro do Federal Communications Comission (dito em 1961)
“Máquinas [voadoras] mais pesadas do que o ar são impossíveis” - Lord Kelvin, presidente da Royal Society, 1895
“Aviões são brinquedos interessantes mas sem nenhum valor militar” - Marechal Ferdinand Foch, Professor de estratégia, Ecole Supérieure de Guerre, Paris.
“O professor Goddard não conhece a relação entre ação e reação e a necessidade de ter algo melhor do que o vácuo contra o qual reagir. Ele parece não ter o conhecimento básico ensinado diariamente em nossas escolas secundárias” - Editorial do New York Times em 1921 a respeito do estudo revolucionário de Robert Goddard sobre os foguetes.
“Broca para petróleo? Você quer dizer furar o chão para encontrar petróleo? Você está louco” - Operários que Edwin L. Drake tentou contratar para seu projeto de prospecção de petróleo em 1859.
“Quem se interessaria em ouvir os atores falar?” - H.M. Warner, Warner Brothers, no auge do cinema mudo, 1927.
“A bolsa alcançou um teto que parece permanente” - Irving Fisher, Professor de Economia, Yale University, 1929. Poucos dias antes do Crash de 29.
“Tudo que podia ser inventado já o foi” - Charles H. Duell, do Departamento de Patentes dos Estados Unidos, 1899, ao propor o fechamento da sessão de registro de novas patentes.

Você já percebeu que grande parte das previsões citadas acima não tem sólida base científica? A de Lord Kelvin é cientificamente estúpida até para o contexto da época, uma vez que as aves são máquinas voadoras mais pesadas que o ar e já existiam em 1895. Algumas outras envolvem asserções sobre certeza acerca de um inexplorado comportamento das pessoas no futuro, o que também é anticientífico (o caso da negação da disseminação comercial do cinema falado e da TV, etc.).


Esses aí são alguns exemplos que garimpei por aí. Há outros se procurar com mais calma.

Em alguns não sei dar nome aos bois e em outros não sei quando ou a ocasião em que foram ditos, mas há outros exemplos aí. A única que me vêm à cabeça no momento é a de que no ano 2000 cada família teria seu carro voador, de maneira que todos chegariam rápido e sem perda de tempo ao seu destino. Bom, quando vejo SP em horário de pico fico pensando em o quanto essa ideia está longe da realidade.

O carro voador já foi inventado:

http://www.tecmundo.com.br/carro/26461-carro-voador-de-1954-pode-ser-seu-por-r-2-5-milhoes-video-.htm

http://www.noticiasautomotivas.com.br/terrafugia-carro-voador-tera-precos-a-partir-de-279-000-dolares-video/

A disseminação comercial do produto é que não existe, uma coisa que está relacionada com o custo. A maioria das previsões que pus no primeiro post deste tópico não diz nada a respeito da disseminação comercial dos produtos.

Há algum tempo atrás postaram aqui imagens do começo do século XX de como imaginavam que seria o mundo no ano 2000. Como eu não as encontrei aqui no fórum, aí vão elas em tamanho menor: http://br.taringa.net/posts/imagens/41081/Como-imaginavam-o-futuro-a-mais-de-100-anos-atr%C3%A1s.html

Quais eram as qualificações das pessoas que produziram essas imagens? Elas tinham sólida básica científica nas previsões? Conversaram com vários especialistas de cada setor? O que muda em relação ao fato de que atualmente temos um conhecimento razoavelmente bom das quatro forças da natureza e suas leis, em quanto o mesmo não acontecia no extremo início do século XX?
O único interesse que eu tenho sobre o que você pôs acima é se isso pode dar uma evidência segura de que o conjunto dessas previsões é análoga a de Kaku. É preferível que o foco do tópico seja a discussão da qualidade das previsões feitas em A Física do Futuro, e não o resultado de previsões feitas por pessoas sem as qualificações devidas (mesmo as que sejam consideradas “autoridades respeitadas”).

E não sei de onde você tirou essa ideia de fracassados, porque em nenhum momento insinuei isso. O que eu simplesmente acho é que 100 anos é tempo demais para que uma pessoa consiga prever o desenvolvimento tecnológico, econônico e cultural da humanidade, por isso é mais fácil errar que acertar.

Fiquei com a impressão que ficou subentendido que os futurólogos de tecnologia são fracassados. Se “qualquer previsão sobre o futuro da tecnologia em um prazo maior do que cinco anos é chute puro”, então quando qualquer futurólogo da tecnologia acertou, foi por acidente. Se isso não é fracasso da atividade de futurologia da tecnologia, então eu não sei mais o que é fracasso.

(Sem falar que o autor do livro que citei não faz previsões só para o redor de 2100, mas também para datas anteriores a isso: "até 2030", "entre 2030 e 2070". Também é bom fazer uma distinção entre "previsões para 2100" e "previsões para até 2100")
« Última modificação: 11 de Agosto de 2012, 01:50:58 por -Huxley- »

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Re:Tecnologia de 2100: vindo a ser como os deuses mitológicos?
« Resposta #9 Online: 11 de Agosto de 2012, 03:52:11 »
Ele não previu nada, ele tentou criar. Há uma boa diferença aí.

Mesmo que ele não tenha previsto (uma coisa que não se pode afirmar com segurança),
Também não se pode afirmar com segurança que não há um bule de chá voador, pequeno a ponto de não poder ser captado pelos nossos telescópios e outros equipamentos de observação espacial atuais, girando em torno do Sol em óbita elíptica entre a Terra e Marte. Mesmo assim, só se leva essa ideia a sério se houver evidências, não é?

ele demonstrou que é possível. Ele demonstrou que é possível fazer enormes insights "proféticos" mesmo muito antes de uma invenção aparecer.
Ter ideias e tentar torná-las possíveis está na atribuição dos inventores. Nenhum problema aí.

Segundo Kaku, muitas de suas invenções teriam voado – suas máquinas voadoras, no entanto, precisavam de pelo menos um cavalo motor, algo que só estaria disponível cerca de 4 séculos mais tarde.
"Ah, a tentativa de invenção dele teria funcionado se ele tivesse algo que só foi inventado depois". Bom, p/ mim isso é meio óbvio.

MUITA coisa que Verne previu dizia respeito a ideias que NÃO existiam sendo aplicadas:

http://jvernept.blogspot.com.br/2011/03/8-invencoes-de-julio-verne-que-se.html

(além de algumas coisas que já citei, ar-condicionado, máquina de fax, etc.)
O site tem algumas coisas meio esquisitas, mas não tenho problemas em reconhecer os méritos de Júlio Verne.

Eu realmente me impressionaria que alguém antecipasse a medicina genômica nos anos 50. Hoje me parece apenas consequência óbvia das atuais pesquisas.
Mas, apesar disso, você citou um “alguém” que disse que “qualquer previsão” além de 5 anos é “chute puro”. Só que a medicina genômica como predita por Kaku vai além dos próximos 5 anos (ele não faz previsões só de 2100, mas também de datas anteriores a isso) e parece bastante razoável em várias predições específicas.
A grande maioria das previsões pareciam razoáveis em sua época, mas só o tempo mostrou se realmente eram ou não. Agora, fazer previsões de curto prazo é algo relativamente tranquilo. Prevejo que até mês que vem nenhum meteoro capaz de extinguir a vida humana vai atingir a Terra. Prevejo também que nos próximos dez anos o PIB do Brasil não será maior que dos EUA. Prevejo que nos próximos cinco anos você não irá ganhar na Mega-Sena se não comprar nenhum bilhete. Posso até errar todas esssas previsões mas não acho que há grande mérito caso elas se mostrem corretas.
Veja só, previsões sobre o futuro se baseiam nas informações que temos hoje sobre os atuais acontecimentos com um pequeno grau de incerteza. Sempre pode acontecer algo que algo que não esperamos e há fatores que tradicionalmente não consideramos porque causam pequeno impacto no resultado final. O problema é que conforme o tempo aumenta, esses fatores de incerteza se tornam muito relevantes, por isso a grande dificuldade em fazer previsões em prazos mais longos. Pode até ser que alguém acerte uma previsão para daqui a cem anos, mas é bem improvável, salvo quando lidamos com fenômenos cujas mudanças ocorrem em grandes escalas de tempo, o que não é o caso que motivou a discussão.

Você já percebeu que grande parte das previsões citadas acima não tem sólida base científica? A de Lord Kelvin é cientificamente estúpida até para o contexto da época, uma vez que as aves são máquinas voadoras mais pesadas que o ar e já existiam em 1895.
Pode ser, há uma coisa aí que não está muito clara. Hoje é lugar-comum dizer que o corpo de um animal é uma máquina, mas também já era em 1895? E outra: você falou que as afirmações não tem base científica. Também falou que muitas das ideias de Júlio Verne não eram baseadas em desenvolvimentos da época. Então porque consideramos as previsões dele mas devemos descartar essas?

Algumas outras envolvem asserções sobre certeza acerca de um inexplorado comportamento das pessoas no futuro, o que também é anticientífico (o caso da negação da disseminação comercial do cinema falado e da TV, etc.).
Anticientífico não, o que acho é que está fora do campo da ciência, o que não é a mesma coisa. A questão é que o desenvolvimento da ciência e tecnologia não é algo dissociado de fatores externos. Por exemplo, pense em quantos cientistas abandonaram a Alemanha durante o nazismo. Será que se eles tivessem ficado lá o mundo não seria diferente hoje? Outro exemplo mais recente foi o Bush ter cortado verbas para financiar pesquisas com células-tronco. Se ele não fizesse isso, será que já não estaríamos mais avançados nesse ponto? Esses são só uns exemplos que me ocorreram agora, tenho certeza que você conhece muito mais.


O carro voador já foi inventado:

http://www.tecmundo.com.br/carro/26461-carro-voador-de-1954-pode-ser-seu-por-r-2-5-milhoes-video-.htm

http://www.noticiasautomotivas.com.br/terrafugia-carro-voador-tera-precos-a-partir-de-279-000-dolares-video/
Isso eu já sei, há até tópico aqui sobre isso.

A disseminação comercial do produto é que não existe, uma coisa que está relacionada com o custo.
Sim, por isso o erro.

A maioria das previsões que pus no primeiro post deste tópico não diz nada a respeito da disseminação comercial dos produtos.
Sim, mas minha primeira mensagem no tópico não se referia especificamente à elas, era apenas um comentário de caráter geral.

Há algum tempo atrás postaram aqui imagens do começo do século XX de como imaginavam que seria o mundo no ano 2000. Como eu não as encontrei aqui no fórum, aí vão elas em tamanho menor: http://br.taringa.net/posts/imagens/41081/Como-imaginavam-o-futuro-a-mais-de-100-anos-atr%C3%A1s.html

Quais eram as qualificações das pessoas que produziram essas imagens? Elas tinham sólida básica científica nas previsões? Conversaram com vários especialistas de cada setor? O que muda em relação ao fato de que atualmente temos um conhecimento razoavelmente bom das quatro forças da natureza e suas leis, em quanto o mesmo não acontecia no extremo início do século XX?
Aí voltamos ao exemplo do Júlio Verne. Se as previsões dele podem ser consideradas, porque essas não?

O único interesse que eu tenho sobre o que você pôs acima é se isso pode dar uma evidência segura de que o conjunto dessas previsões é análoga a de Kaku. É preferível que o foco do tópico seja a discussão da qualidade das previsões feitas em A Física do Futuro, e não o resultado de previsões feitas por pessoas sem as qualificações devidas (mesmo as que sejam consideradas “autoridades respeitadas”).
E como isso seria? Futurologia é algo no qual não há certezas, apenas chances com determinadas margens de erro. E aí voltamos em muitas coisas que já respondi.

E não sei de onde você tirou essa ideia de fracassados, porque em nenhum momento insinuei isso. O que eu simplesmente acho é que 100 anos é tempo demais para que uma pessoa consiga prever o desenvolvimento tecnológico, econônico e cultural da humanidade, por isso é mais fácil errar que acertar.

Fiquei com a impressão que ficou subentendido que os futurólogos de tecnologia são fracassados. Se “qualquer previsão sobre o futuro da tecnologia em um prazo maior do que cinco anos é chute puro”, então quando qualquer futurólogo da tecnologia acertou, foi por acidente. Se isso não é fracasso da atividade de futurologia da tecnologia, então eu não sei mais o que é fracasso.
E para mim é apenas uma atividade com mais erros que acertos considerando os longos prazos, pois em curto prazo os acertos são maiores. Aliás, não conheço nenhuma atividade humana isenta de erros, e nem por isso dizem que todo mundo é fracassado.

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Offline -Huxley-

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Re:Tecnologia de 2100: vindo a ser como os deuses mitológicos?
« Resposta #10 Online: 12 de Agosto de 2012, 00:45:16 »
Pode ser, há uma coisa aí que não está muito clara. Hoje é lugar-comum dizer que o corpo de um animal é uma máquina, mas também já era em 1895?

Em 1895, genética e darwinismo já existiam. A genética e o darwinismo tiveram sucesso em oferecer interpretações válidas para os fenômenos de comportamento, morfologia e fisiologia como teoria da máquina. Ave = máquina voadora mais pesada do que o ar. Frase de Lord Kelvin em 1895 = erro.

E outra: você falou que as afirmações não tem base científica. Também falou que muitas das ideias de Júlio Verne não eram baseadas em desenvolvimentos da época. Então porque consideramos as previsões dele mas devemos descartar essas?

Eu disse que grande parte (e não a totalidade) das previsões que você citou não tem fundamento científico, no sentido elas violam as leis e regularidades estabelecidas pelo conhecimento científico da época (e da atualidade). Um exemplo é o famoso “Máquinas [voadoras] mais pesadas do que o ar são impossíveis”; outro exemplo são as previsões que contrariam o conhecimento das regularidades psicológicas da época (por exemplo, o “Quem se interessaria em ouvir os atores falar?” entra em conflito com a observação da diferença de popularidade entre o teatro mudo e o teatro falado em 1927). Por outro lado, não tenho conhecimento de que as previsões de Verne geralmente eram inconsistentes com as leis e regularidades do conhecimento científico de sua época.


Aí voltamos ao exemplo do Júlio Verne. Se as previsões dele podem ser consideradas, porque essas não?

Porque não deu para saber nada a respeito dos autores das gravuras proféticas que você pôs e nem das suas circunstâncias qualificadoras, exceto que eles viviam numa época em que nem todas as forças da natureza eram bem compreendidas.

De Verne, sabemos algo. Segundo Kaku, os biógrafos de Verne tem notado que ele constantemente procurava cientistas, salpicando-os com perguntas sobre suas visões do futuro. Ele acumulou um vasto arquivo resumindo as grandes descobertas científicas de seu tempo.

Como o foco do tópico é o livro A Física do Futuro, também deve-se comparar as circunstâncias qualificadoras dos autores da época das previsões das imagens que você pôs e compará-las com as de Kaku. Em sua autodefesa, Kaku cita que suas circunstâncias são essas:

1. O livro dele é baseado em entrevistas com mais de 300 cientistas top.
2. Todo o desenvolvimento científico, mencionado no livro, é consistente com as leis conhecidas da física.
3. As quatro forças e as leis fundamentais são conhecidas, não esperamos grandes mudanças na nova legislação.
4. Os protótipos das tecnologias mencionadas no livro já existem.
5. O livro foi escrito por um “insider”, que tem um olhar em primeira mão das tecnologias que estão na vanguarda de investigação.

Ainda que prever o futuro seja muito arriscado, não é preciso tomar o desempenho de um ou mais futurólogos como modelo de previsão do desempenho futuro de outro, visto que as situações, as circunstâncias e as qualificações de cada um quase nunca são as mesmas.
« Última modificação: 12 de Agosto de 2012, 13:03:58 por -Huxley- »

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Re:Tecnologia de 2100: vindo a ser como os deuses mitológicos?
« Resposta #11 Online: 04 de Setembro de 2012, 20:46:05 »


Como as pessoas de 1899 achavam que seria o ano 2000

Se você me perguntasse no ano 2000 como 2012 seria, não tenho certeza se seria capaz de lhe dar uma boa resposta. Imagine, então, o quão erradas estavam as pessoas em 1899 sobre o ano 2000. Elas achavam que existiriam bombeiros alados!

É engraçado ver a visão de futuro das pessoas em grande parte porque ela é ridícula, mas também por ela ser limitada pela realidade do então presente. As pessoas em 1899 não sabiam que telas sensíveis a toques e tablets existiriam, elas só conseguiam pensar em versões automatizadas e mais complicadas das coisas que já tinham e usavam. Mas elas não estavam totalmente erradas; coisas como um aspirador de pó inteligente e uma banheira sensacional viraram realidade.

Os desenhos foram feitos por Jean-Marc Côté e outros artistas na França em 1899, 1900, 1901 e 1910. A primeira série dessas imagens foi produzida para a Exposição Mundial, em Paris, no ano de 1900. [Public Domain Review via Explore]


Barbeiros ainda estão longe disso.


Opa, isso já existe!


Agora faça isso com LASERS!


Isso me faz rir de um jeito...


Acho que toda geração sonha com o carro voador.


Robôs, robôs por todos os lados.

http://www.gizmodo.com.br/como-as-pessoas-de-1899-achavam-que-seria-o-ano-2000/

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