Autor Tópico: Ulysses - James Joyce  (Lida 1101 vezes)

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Ulysses - James Joyce
« Online: 17 de Agosto de 2012, 22:18:54 »
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A convite da Folha, sete autores reduzem "Ulysses" a um tuíte

Deu no "New York Times". E no "Guardian", na "Economist", no italiano "Corriere Della Sera", no francês "Libération" e, na última quarta, até no "Dalmacia News", diário de maior circulação dos Bálcãs: Paulo Coelho vilipendiou "Ulysses".

A boutade do controverso autor brasileiro, o mais celebrado no exterior (140 milhões de livros em 160 países), alegando em entrevista à Folha no último dia 4, que o clássico de James Joyce é "só estilo" e que, se dissecado, "dá um tuíte", comoveu leitores ao redor do mundo.

"É o maior insulto já sofrido por Joyce", sentenciou Jennifer Schuessler, jornalista do "New York Times", que admitiu nunca ter lido Coelho ("Assim ela me põe em pé de igualdade com o autor. Tomo como elogio", diz o brasileiro).

Ao contrário de Jennifer, Stuart Kelly, crítico de literatura do "Guardian", leu quatro livros do mago e mantém a réplica de pé: "Coelho tem direito à opinião dele e eu tenho à minha, de que a dele é tacanha, fácil e baseada em evidências questionáveis".

Para Kelly, no "processo de 'emburrecimento' do mundo atualmente, vozes precisam se levantar em favor do oblíquo, do experimental e do complexo", como é o catatau irlandês de mais de mil páginas que narra um dia na vida de Leopold Bloom.

A crítica a "Ulysses", partindo de um autor de longo alcance, seria um desserviço à literatura, segundo ele.

Nas redes sociais, em que Paulo Coelho tem cerca de 15 milhões de seguidores, a questão tomou ares de disputa renhida.

De um lado, súbitos leitores de "Ulysses". De outro, partidários de Coelho, segundo ele, "ofendidos nos últimos 25 anos por serem meus leitores". De todos os cantos, insultos voando à toda.

Mas, se há algo a que "Ulysses" está habituado é a ataques. Isso ocorre desde o início de sua publicação em capítulos, a partir de 1918, na revista americana "The Little Review". Ao falar de masturbação, Joyce foi acusado de obscenidade. O livro foi banido dos EUA e da Inglaterra.

Naquele país, só voltou a ser publicado em 1934, sob protestos de puristas. É de se perguntar: 90 anos depois, ainda é preciso quem o defenda? Para Stuart Kelly, sim.

"Livros como esse ajudam a compreender questões mais profundas da nossa existência, ao invés de oferecer paliativos e falsas soluções."

E, afinal, "Ulysses" pode ser resumido em um tuíte? Na opinião de Idelber Avelar, professor de literatura da Universidade de Tulane (EUA), sim. "'Hamlet' e 'Guerra e Paz' também", disse ele, provocando os joyceanos contra o autor de "O Alquimista".

Para efeito de tira-teima, a Folha convidou sete autores --inclusive Coelho-- para fazerem o que, há quem diga, é quase um crime: reduzir mais de mil páginas de narrativa "avant-garde" em, no máximo, 140 caracteres.

*

Cansado da patroa que #falamuito, um professor junta uma patota alucinante e apronta a maior confusão. Hoje. Ulysses. Depois do Fantástico.
@rbressane

marido perambula pela cidade, esposa fala sozinha
@felipevalerio

Aviso aos leitores de Paulo Coelho: não é a biografia de Ulysses Guimarães
@MarcelinoFreire

Dois bebuns tocam o puteiro 24h em Dublin. Então sobra pra Molly, a safada, viajar na maionese até o fim
@xicosa

O inferno dura um dia. Um dia que se repete. O mesmo dia errado. O paraíso dura um dia também. O mesmo dia certo. Ulisses é um dia indeciso
@carpinejar

Judeu caminha por Dublin e tenta se lembrar se puxou a descarga. Come fígado. Observa mulheres. Masturba-se. Sua esposa pensa na vida. Sim.
@xerxenesky

16/06: dia interminável, com as conversas de sempre. E de noite - #WTF! - tenho que escutar minha adúltera mulher falando sozinha.
@paulocoelho

http://www1.folha.uol.com.br/ilustrada/1138343-a-convite-da-folha-sete-autores-reduzem-ulysses-a-um-tuite.shtml
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Análise: O livro de Joyce resistiria até hoje construído em torno do vazio?

Pois é: "Ulysses" está na ordem do dia, novo de novo. O relato sobre o dia 16 de junho de 1904 vivido por Leopold Bloom, Stephen Dedalus e Molly Bloom reaparece questionado em seu "conteúdo". Numa frase: toda a vida e a vida toda cabem nas horas de "Ulysses".

Noventa anos depois de publicado, o livro resistiria por um fator que lhe fosse externo, algo como um "fetiche do difícil", construído em torno do vazio?

A questão está no que se quer encontrar no romance-marco do século 20. Ele não foi feito para ser entretenimento fácil --embora seja divertido-- ou de utilidade relativa a carências do leitor, sejam elas quais forem.

Mas nele se encontram o homem comum, a morte, o amor, o ódio, o sexo, o adultério, a carne, a perda de um filho, a razão, o delírio, a mudança, a culpa, a descoberta, a grande aventura do mundo. É difícil e fácil como o mundo, pois criado à semelhança dele.

"Estilo" e "conteúdo" são indissociáveis no texto de Joyce. Nele, a linguagem também é personagem: para cada capítulo, um narrador, um modo de contar e de criar; para o todo, obras, formas, fatos, pensamentos que se cruzam.

Homero e referências díspares de toda a história literária convivem em "Ulysses".

Num dia em que aparentemente pouco acontece, há a chance de um tempo marcante, eterno, que tudo contém. Nele há espaço para um café da manhã, para um enterro, para um sabonete com aroma de limão siciliano.

Para o "pai de todos", por vezes imponente, por vezes uma lânguida flor flutuante; para todo o corpo da mulher, o topete do amante, os carnívoros palitando a dentuça, a cama, a lembrança, o reencontro, a alma, a transmutação, o pai, o filho e o espírito santo.

Como escalar o cume desse dia? Com coragem e alegria. Há diversos meios de acesso; a jornada desafiadora traz recompensas.

Para enxergar as graças de "Ulysses", não se pode caber em si: é preciso enfrentar o indefinido, às vezes indecidível. E, como que por um buraco de fechadura, um mundo excitante, uma história imensa, até aparece, revelando-nos como pode ser imortal o emaranhado da consciência, o enredo da vida e da escrita.

Para evocar uma opinião célebre, leiam-se versos da "Invocação a Joyce", de Jorge Luis Borges, aqui traduzidos: "Que importa nossa covardia se há na terra/um só homem valente,/[...]que importa minha geração perdida,/esse espelho vago,/se teus livros a justificam.[...] Eu sou todos aqueles que teu obstinado rigor resgatou. Sou os que não conheces e os que salvas".

http://www1.folha.uol.com.br/ilustrada/1138344-analise-o-livro-de-joyce-resistiria-ate-hoje-construido-em-torno-do-vazio.shtml

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Offline cavecanem

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Re:Ulysses - James Joyce
« Resposta #1 Online: 18 de Agosto de 2012, 12:56:06 »
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"Livros como esse ajudam a compreender questões mais profundas da nossa existência, ao invés de oferecer paliativos e falsas soluções."

Parece-me o caso de simples frase feita e que não se aplica ao Ulisses. Gostaria que o ilustre crítico literário desse um exemplo de como o Ulisses ajudou a resolvê-lo uma profunda questão existencial.

Ademais, é uma questão cheia de rídiculo de ambos os lados. Mas parece-me que os guardiões da boa literatura se sobressairam em ridículo dessa vez.
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Offline Geotecton

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Re:Ulysses - James Joyce
« Resposta #2 Online: 18 de Agosto de 2012, 17:53:01 »
Ulisses e Joyce podem não ser tudo o que deles se propalam, mas certamente eles não são o lixo que é o "escritor" Paulo Coelho e suas "obras" (sic).
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Re:Ulysses - James Joyce
« Resposta #3 Online: 21 de Setembro de 2012, 00:20:09 »
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Paulo Coelho provoca James Joyce e toma chinelada de crítico

Crítico do The Guardian detona Paulo Coelho após provocação a ‘Ulysses’, de James Joyce. Escritor brasileiro tentou responder via Twitter

“Os autores hoje querem impressionar seus pares. Um dos livros que fez esse mal à humanidade foi ‘Ulysses’ [clássico do irlandês James Joyce], que é só estilo. Não tem nada ali. Se você disseca ‘Ulysses’, dá um tuíte”. Muitos críticos literários e editores de livro tomaram sal de fruta para digerir essa frase do escritor brasileiro Paulo Coelho, dita à Folha de S. Paulo no sábado 4, sobre uma das obras clássicas da literatura mundial. Mas nenhum deles foi mais voraz que Stuart Kelly, crítico de literatura do Guardian, jornal e portal de notícias de Londres.

Kelly abre seu artigo no blog de literatura do site usando uma frase do escritor e pensador inglês Samuel Johnson, que respondia a um crítico no século XVIII: “Uma mosca pode picar um cavalo, mas o cavalo continua a ser um cavalo, e a mosca não mais que uma mosca.” E inicia uma ferina argumentação contra a frase e a carreira de Paulo Coelho, cujo verdadeiro insulto, segundo o crítico, “é sua crença de que devemos ceder a suas limitações” artísticas.

“Coelho está, claro, autorizado a emitir sua opinião burra, assim como eu estou autorizado a achar o trabalho de Coelho um nauseabundo caldo de egomania e falso misticismo com o intelecto, empatia e destreza verbal do camembert vencido que ontem joguei fora.”

O crítico do lembra que Paulo Coelho não é o primeiro a dizer que James Joyce “escreve para outros escritores, não para leitores”, diz que “sempre que um ataque reacionário surge na literatura contemporânea, um tiro em Joyce é necessário” e rechaça: só alguém que faça uma leitura superficial em ‘Ulysses’ poderia dizer a obra “é só estilo”‘.

“Coelho se gaba de ser “moderno” porque ele consegue ‘fazer o difícil parecer fácil’, diz. E conclui seu tijolaço no escritor brasileiro dizendo que qualquer coisa que aspire tornar o mundo e as pessoas menos complexos, menos paradoxais, menos variados comete uma pequena calúnia com a realidade.

O escritor brasileiro não gostou muito da crítica e demonstrou isso em seu perfil no Twitter. Passou a primeira metade do dia tentando argumentar contra a matéria do Guardian e a retuitar quem não concordou com a crítica.

“Guardian diz que insultei leitores de Ulysses. E meus leitores, insultados todos estes anos?”, indignou-se.

A frase polêmica surge no momento em que Paulo Coelho se concentra na divulgação de seu último livro, ‘Manuscrito encontrado em Accra’.

http://www.pragmatismopolitico.com.br/2012/08/paulo-coelho-provoca-ulysses-james-joyce.html

Aprendam! Isso é que é insultar com classe:
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“Coelho está, claro, autorizado a emitir sua opinião burra, assim como eu estou autorizado a achar o trabalho de Coelho um nauseabundo caldo de egomania e falso misticismo com o intelecto, empatia e destreza verbal do camembert vencido que ontem joguei fora.”

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Offline Geotecton

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Re:Ulysses - James Joyce
« Resposta #4 Online: 21 de Setembro de 2012, 09:58:04 »
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Paulo Coelho provoca James Joyce e toma chinelada de crítico
[...]
“Guardian diz que insultei leitores de Ulysses. E meus leitores, insultados todos estes anos?”, indignou-se.
[...]

Se os eleitores dele são da mesma estirpe intelectual, por que não confrontá-los?
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Offline cavecanem

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Re:Ulysses - James Joyce
« Resposta #5 Online: 21 de Setembro de 2012, 11:46:24 »
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Paulo Coelho provoca James Joyce e toma chinelada de crítico
[...]
“Guardian diz que insultei leitores de Ulysses. E meus leitores, insultados todos estes anos?”, indignou-se.
[...]

Se os eleitores dele são da mesma estirpe intelectual, por que não confrontá-los?

:hein:

Uma pergunta, Geo: o que você faria se encontrasse um cavalete do Paulo Coelho na rua?  :lol:
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Offline Geotecton

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Re:Ulysses - James Joyce
« Resposta #6 Online: 21 de Setembro de 2012, 14:25:40 »
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Paulo Coelho provoca James Joyce e toma chinelada de crítico
[...]
“Guardian diz que insultei leitores de Ulysses. E meus leitores, insultados todos estes anos?”, indignou-se.
[...]

Se os eleitores dele são da mesma estirpe intelectual, por que não confrontá-los?
:hein:

Para esclarecer: Confronto intelectual, apenas.


Uma pergunta, Geo: o que você faria se encontrasse um cavalete do Paulo Coelho na rua?  :lol:

Se fosse na rua? Eu o colocaria na calçada de maneira a não atrapalhar nem os motoristas e nem os pedestres.   :biglol:

Se fosse na calçada? Eu o ignoraria.  :)

Se fosse ele pessoalmente? Eu o esmurraria... :P

Agora sério. Não lembro o ano exato, mas foi no início da década de 90, estive em uma Bienal na qual o cavalheiro supra lançou uma de suas "obras". O stand dele estava lotado e havia uma fila com pelo menos outras 200 pessoas, que o aguardavam para pegar o autógrafo. Era impressionante a popularidade dele, tão grande quanto a falta de qualidade de suas "obras".

Enquanto isto, em um stand próximo, o (agora falecido) professor Junito Brandão lançava o segundo volume de sua obra "Dicionário Mítico-Etimológico da Mitologia Grega". Entrei (o local estava 'entregue às moscas'), comprei o volume e ainda tive a oportunidade de conversar bastante com ele, ainda mais que ele ficou curioso em saber porque um geólogo adquiriria um livro daquele tipo.
« Última modificação: 24 de Setembro de 2012, 21:54:44 por Geotecton »
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Re:Ulysses - James Joyce
« Resposta #7 Online: 24 de Setembro de 2012, 21:45:57 »
Agora sério. Não lembro o ano exato, mas foi no início da década de 90, estive em uma Bienal na qual o cavalheiro supra lançou uma de suas "obras". O stand dele estava lotado e havia uma fila com pelo menos outras 200 pessoas, que o aguardavam para pegar o autógrafo. Era impressionante a popularidade dele, tão grande quanto a falta de qualidade de suas "obras".

Enquanto isto, em um stand próximo, o (agora falecido) professor Junito Brandão lançava o segundo volume de sua obra "Dicionário Mítico-Etimológico da Mitologia Grega". Entrei (o local estava 'entregue às moscas'), comprei o volume e ainda tive a oportunidade de conversar bastante com ele, ainda mais que ele ficou curioso em saber porque um geólogo adquiriria um livro daquele tipo.

Creio que o reino de Hades seria um interessantíssimo objeto de estudo da geologia.  :lol:
« Última modificação: 24 de Setembro de 2012, 21:55:08 por Geotecton »
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