Pasteur, tu sabes que a Turquia é a exceção da exceção em se tratando de países com maioria da população de crença muçulmana. É praticamente um país "europeu". E tudo devido à secularização do estado, que foi proposta por um político nas primeiras décadas do século passado, o Pai dos Turcos. E justamente por isso, por ter afastado a religião do estado, do governo e das leis é que a Turquia é um raríssimo exemplo de país de população majoritariamente muçulmana que está, assim dizer, na "modernidade". Tu sabes que o padrão de um país de população muçulmana não é o da Turquia. Tu citas este país (e quais outros?) e eu cito: Afeganistão, Arábia Saudita, etc. Um dia desses deram um tiro na cabeça de uma menina por ela expressar publicamente o direito das meninas a terem educação formal. Claro que isso chocou a maioria da população do próprio país, que acharam um "exagero", mas mesmo assim tal ato encontrou apoio de boa parcela da população religiosa local.
Sobre a contribuição da cultura árabe para a ciência, claro que sei sobre isso, matemática, etc, mas isso foi há séculos. Me parece claro que nos últimos 200 anos os grandes desenvolvedores de ciência e tecnologia são os países ocidentais, notadamente EUA e Europa Ocidental, junto com Japão, Rússia e, atualmente, China e Coréia do Sul. Os países com população majoritariamente muçulmana, não estão, no meu ponto de visto, atualmente, na vanguarda do desenvolvimento de tecnologia de ponta. Mas se souberes de alguma inovação totalmente desenvolvida no Afeganistão ou na Arábia Saudita, tipo um novo chip de computador, ou algum nano-material criado, por favor me avise que gostarei de saber. Me parece que foram os Maias que desenvolveram o conceito de "zero" na matemática, que na mesma época os europeus nem tinham ideia deste conceito, mas e daí? Onde estão os maias hoje? Nem existem mais. Certamente que no século X o mundo árabe (muçulmano e não-muçulmano) estava na vanguarda do conhecimento, mas isso hoje não vale mais nada, penso eu. O mundo hoje, e há pelo menos 500 anos, é comandado pelo ocidente, e nesse século atual passará, provavelmente, ao comando da China. Os países de população majoritariamente muçulmana continuarão à margem da liderança mundial, penso eu. E minha explicação para isso é a religião deles, ou pelo menos o fundamentalismo religioso.
Tu falas que não são todos os países muçulmanos que proíbem que as mulheres dirijam, mas a existência de pelo menos um país com tal proibição já é chocante, repugnante e inadmissível. Não vou generalizar então, pra ficares feliz: um país onde se proiba mulheres de dirigirem ou de votarem (exemplo real: Arábia Saudita) não é um país civilizado, penso eu. Se achas aceitável isso, pensando "ah, mas é a cultura deles", é um direito teu, eu acho inaceitável, uma prova que eles estão muitos séculos atrás de outras nações.
E, não por coincidência, a Arábia Saudita é governada por leis muçulmanas, ou seja, é a fé muçulmana que endorsa tal atitude na Arábia Saudita. Isso, na minha opinião, é uma prova que a religião muçulmana, pelo menos na Arábia Saudita, defende o indefensável: a inferioridade da mulher perante o homem.
Visto que a igualdade entre os sexos é algo marcante nas sociedades avançadas e democráticas, qualquer pensamento ou atitude no sentido de desilgualar os sexos, inferiorizando a mulher, não pode ser considerado "avançado". Assim, me parece que resta provado que, pelo menos no caso específico da Arábia Saudita, a religião muçulmana incentiva e impõe limitações ao exercício de direitos naturais por parte das mulheres, ou seja, neste país específico, a religião muçulmana está em desalinho com a modernidade. Na Arábia Saudita a religião muçulmana defende e prega pensamentos ultrapassados, atrasados e em desacordo com a observância total dos direitos humanos.