Autor Tópico: Ken Robinson: Mudando os paradigmas da educação  (Lida 1272 vezes)

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Offline Südenbauer

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Ken Robinson: Mudando os paradigmas da educação
« Online: 29 de Setembro de 2012, 11:30:07 »
Vídeo:
http://www.ted.com/talks/lang/en/ken_robinson_changing_education_paradigms.html

A princípio, a palestra parece bem esclarecedora. Mas analisando os pontos centrais, algumas afirmações do autor são simplistas e não parecem se sustentar com facilidade.

1. Precisamos avaliar as pessoas em grupo e não individualmente. A educação se faz com a colaboração.

É uma frase bonita de se ler... mas o que quer dizer exatamente? Eu concordo que a gente aprende colaborando, é por isso mesmo que ao invés de ficarmos em casa lendo livros vamos a uma escola, onde interagimos com professores e outras pessoas de nossa idade. Talvez Sir Robinson sugira que ao invés de classes separadas e provas individuais. trabalhemos em grupo com uma avaliação do grupo. O problema é que a escola é feita para formar indivíduos competentes, formar grupos é justamente uma produção em massa que o palestrante tanto critica. E como exatamente se avalia um grupo? Como distingüir líderes (capacidade muito importante) e quem simplesmente está lá? É claro que algumas pessoas apresentam habilidades interessantes quando estimuladas em grupo, é justamente por isso que os professores sempre realizam algumas avaliações em grupo para sair um pouco do convencional e ver como os alunos se comportam.

2. O sistema educacional é como a linha de produção de uma fábrica, com crianças categorizadas por idade, separadas por horários, sinos que tocam dizendo quando um turno terminou, etc.


É claro que ver Platão num jardim ensinando a outras pessoas de túnica embaixo de uma árvore sobre a vida é uma visão mais bonita disso. Mas se o sistema educacional se assemelha a de uma indústria, é porque é uma forma organizacional mais prática. E qual exatamente é a sugestão do Sir Robinson?

3. A educação mata a criatividade incrível que todos possuímos quando crianças. Devemos incentivar mais o pensamento divergente

Acredito que esse seja o ponto mais tinhoso da palestra, até porque é onde ele a justifica. Ele apresenta um estudo feito por um livro sobre quantos usos existem para um clipe-de-papel. Aparentemente, a pessoa que conseguir bolar um determinado número de utiliades é considerada um gênio. Então fizeram a questão para crianças no jardim-de-infância, e 98% delas atingiram o nível genial. O que diminuiu com crianças de 8 anos, e mais drasticamente ainda com crianças de 13 anos.

Para refutar esse ponto eu teria que me aprofundar em tal estudo, mas acho que já dá para perceber o que aconteceu. Criar utilidades para um determinado objeto não é tarefa difícil. O difícil é criar soluções práticas, que sejam de realmente de valor. Não adianta tu criar 200 soluções para um objeto se nenhuma delas serve exatamente ao requerimento para o qual ela é necessária, e é esse tipo de pensamento prático que a escola muitas vezes vai moldando.

Eu concordo que um pensamento divergente, imaginativo, é importante. Concordo também que muitas vezes nosso sistema acaba matando isso em nós. Mas existe uma linha tênue nisso. Excesso de pensamento divergente criaria um mundo de soluções ineficientes ou impráticas (parece ser o defeito do palestrando, inclusive). É claro que precisamos de modelos que não nos tornem em meros robôs, mas não é por isso que devemos colocar abaixo tudo o que construímos até hoje.

Offline Sofista

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Re:Ken Robinson: Mudando os paradigmas da educação
« Resposta #1 Online: 01 de Outubro de 2012, 12:40:26 »
Só discordo da questão de ser como uma fabrica, acho que a escola tem que ser mais inclusiva. Ela tem que ser mais flexível,entender que o humano comporta uma diversidade mto grande, pois não estamos educando robos. Estamos educando pessoas que devem viver em sociedade,e a escola deve estimular a individualidade mto mais que o individualismo. Acredito que mundo evolui mto tecnologicamente falando, mas a evolução social não acompanhou esta evolução.
Quem sou eu?Entre os crente sou ateu, entre ateus sou um crente.

Offline Buckaroo Banzai

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Re:Ken Robinson: Mudando os paradigmas da educação
« Resposta #2 Online: 01 de Outubro de 2012, 13:12:44 »
Citar
É claro que ver Platão num jardim ensinando a outras pessoas de túnica embaixo de uma árvore sobre a vida é uma visão mais bonita disso. Mas se o sistema educacional se assemelha a de uma indústria, é porque é uma forma organizacional mais prática. E qual exatamente é a sugestão do Sir Robinson?

Eu não vi o vídeo, não sei quem é o tal Robinson, mas já li um ou outro texto que sugeria que a educação poderia ser individualizada (algo nas linhas do chamado "método kumon") e acho que ao mesmo tempo em que isso não interferiria negativamente, mas positivamente, com o acesso massivo.

Também seria interessante uma análise da eficiência e potencial de expansão do "ensino em casa" (?) ("home schooling"). Obviamente não dá para querer que a coisa ficasse por isso mesmo, ou que fosse algo usado para isolar as crianças do mundo, mas as vezes penso que poderia haver uma espécie de expansão/intermediário positivo. Algo como não se cobrar tanto presença mas ainda haver provas e sei lá o que mais. Nunca esbocei nada, só pensamentos vagos.

Offline Buckaroo Banzai

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Re:Ken Robinson: Mudando os paradigmas da educação
« Resposta #3 Online: 01 de Outubro de 2012, 13:26:48 »
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[...] The Singapore and Kumon curricula promote a versatility in basic math skills that makes it easier for students to venture later into more difficult problem-solving, advocates say. The curriculum used in most U.S. schools, they contend, pays superficial attention to a wide range of math concepts but fails to delve too deeply into any of them--or to carefully connect one concept to the next.

Teachers who have taught from the Singapore textbook say they are struck by the way it moves from basic to more advanced math concepts in a logical sequence. An instructor can tell the best students to jump ahead to the next chapter, while teachers using a U.S. math textbook often move through the sections in an order that's unpredictable. [...]

The aim of Kumon, like that of Singapore math, is to ensure mastery over basic skills so that the student will have a foundation for creative thinking. Its sequencing, too, is praised as being more logical than that found in U.S. textbooks. Students do their Kumon drills either before or after school.

http://www.washingtonpost.com/wp-srv/WPcap/2000-03/21/022r-032100-idx.html



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[...] Some public schools have begun to take notice of the Kumon method. In Washington, Hardy Middle and Whittier Elementary schools are incorporating the method in mathematics programs, and educators are watching to see what impact the program will have on standardized test scores. Dr. Ana Hitri, the Kumon instructor in charge, said about 30 sixth and seventh graders at Hardy Middle School moved up a level in the Stanford 9 test, from basic to proficient, after three months in the school's Kumon program.

Members of a math commission recently formed to advise the city Board of Education on new directions for math instruction said they saw potential value in the Kumon technique, at least as a supplement for a school math curriculum. One commission member, Philip Uri Treisman, a math professor at the University of Texas at Austin, said parents of children in more freewheeling classrooms often seek more structured after-school activities, like Kumon.[...]

http://www.nytimes.com/2000/11/15/nyregion/education-japanese-math-program-tallies-success-with-discipline.html?pagewanted=all&src=pm

Offline Pregador

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Re:Ken Robinson: Mudando os paradigmas da educação
« Resposta #4 Online: 01 de Outubro de 2012, 13:59:31 »
Eu discordo de tudo. Avaliações somente em grupo, na minha opinião, nivelam por baixo todos e escondem eventuais potenciais.

"O crime é contagioso. Se o governo quebra a lei, o povo passa a menosprezar a lei". (Lois D. Brandeis).

Offline Buckaroo Banzai

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Re:Ken Robinson: Mudando os paradigmas da educação
« Resposta #5 Online: 01 de Outubro de 2012, 14:25:30 »
Avaliação em grupo acho que deve tender a descambar em algo como descrito naquela estorinha fictícia das "notas comunistas", de um texto de crítica ao comunismo.


Algo que talvez fosse interessante nesse sentido de avaliação de grupo, mas não sem risco, seria ter algo como algum tipo de prêmio ou benefício para as classes com as melhores notas médias. Não teria tanto o problema do "comunismo" por ser algo derivado da avaliação individual, e talvez justamente ao contrário, incentivasse uma competitividade inter-classes saudável. Em teoria seria algo que incitaria uma pressão social positiva e talvez até cooperação de grupo (incluindo o risco de cooperação na forma de "cola"), mas há toda uma série de riscos com esse conceito de tentar criar incentivos. Li umas coisas de caras como o Dan Ariely e o Richard Wiseman que podem ocorrer coisas como que, se você dá uma grande recompensa a alguém por fazer algo, por algum mecanismo inconsciente qualquer, ela eventualmente expressa menos gosto em fazer essa coisa. Seria como se parte do cérebro pensasse algo como "eu geralmente sou pago para fazer coisas de que não gosto; logo, se estou sendo pago bem por isso, então deve ser algo que não gosto de fazer".

Mas não é necessariamente uma coisa fadada ao fracasso também, deve ter algo como uma "medida certa" para recompensas extrínsicas.

Offline Buckaroo Banzai

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Re:Ken Robinson: Mudando os paradigmas da educação
« Resposta #6 Online: 04 de Julho de 2016, 19:10:43 »
Citar
http://porvir.org/rio-inaugura-escola-sem-salas-turmas-ou-series/

por Patrícia Gomes  25 de janeiro de 2013

Escola municipal, localizada na Rocinha, teve seu espaço alterado para comportar tecnologia e a lógica de ensino em grupo

[...] Nada de séries, salas de aula com carteiras enfileiradas e crianças ordenadamente caminhando pelo espaço comum. A aposta para dar a 180 crianças e jovens da Rocinha uma educação mais alinhada com o século 21 [...]

[...] agora as antigas séries serão extintas e não haverá mais as salas de aula tradicionais, com espaço para 30 e poucos alunos. Em vez disso, os jovens – que estariam entre o 7o e 9o anos – serão agrupados em equipes de seis membros, chamadas de “famílias”, independentemente de sua série de origem. A formação das famílias ocorrerá em parte por afinidade, a partir da escolha dos próprios membros, e em parte a pelo diagnóstico de habilidades ao qual os alunos se submeterão no início do ano letivo. [...]

[...] Cada aluno terá um itinerário de aprendizado pessoal [...] Será o jovem o responsável por escolher a forma como o conteúdo lhe será entregue – videoaulas, leituras, atividades individuais ou em grupo. Todas as semanas os alunos serão avaliados na Máquina de Testes, um programa inteligente que propõe questões de diferentes níveis de dificuldade, para garantir a evolução no conteúdo. Quando ele não chegar ao resultado esperado, o jovem receberá uma atenção individualizada. [....]


:/

Qual está sendo o resultado disso?

 

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