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http://www.ted.com/talks/lang/en/ken_robinson_changing_education_paradigms.htmlA princípio, a palestra parece bem esclarecedora. Mas analisando os pontos centrais, algumas afirmações do autor são simplistas e não parecem se sustentar com facilidade.
1. Precisamos avaliar as pessoas em grupo e não individualmente. A educação se faz com a colaboração.É uma frase bonita de se ler... mas o que quer dizer exatamente? Eu concordo que a gente aprende colaborando, é por isso mesmo que ao invés de ficarmos em casa lendo livros vamos a uma escola, onde interagimos com professores e outras pessoas de nossa idade. Talvez Sir Robinson sugira que ao invés de classes separadas e provas individuais. trabalhemos em grupo com uma avaliação do grupo. O problema é que a escola é feita para formar
indivíduos competentes, formar grupos é justamente uma produção em massa que o palestrante tanto critica. E como exatamente se avalia um grupo? Como distingüir líderes (capacidade muito importante) e quem simplesmente está lá? É claro que algumas pessoas apresentam habilidades interessantes quando estimuladas em grupo, é justamente por isso que os professores sempre realizam algumas avaliações em grupo para sair um pouco do convencional e ver como os alunos se comportam.
2. O sistema educacional é como a linha de produção de uma fábrica, com crianças categorizadas por idade, separadas por horários, sinos que tocam dizendo quando um turno terminou, etc.É claro que ver Platão num jardim ensinando a outras pessoas de túnica embaixo de uma árvore sobre a vida é uma visão mais bonita disso. Mas se o sistema educacional se assemelha a de uma indústria, é porque é uma forma organizacional mais prática. E qual exatamente é a sugestão do Sir Robinson?
3. A educação mata a criatividade incrível que todos possuímos quando crianças. Devemos incentivar mais o pensamento divergenteAcredito que esse seja o ponto mais tinhoso da palestra, até porque é onde ele a justifica. Ele apresenta um estudo feito por um livro sobre quantos usos existem para um clipe-de-papel. Aparentemente, a pessoa que conseguir bolar um determinado número de utiliades é considerada um gênio. Então fizeram a questão para crianças no jardim-de-infância, e 98% delas atingiram o nível genial. O que diminuiu com crianças de 8 anos, e mais drasticamente ainda com crianças de 13 anos.
Para refutar esse ponto eu teria que me aprofundar em tal estudo, mas acho que já dá para perceber o que aconteceu. Criar utilidades para um determinado objeto não é tarefa difícil. O difícil é criar soluções
práticas, que sejam de realmente de
valor. Não adianta tu criar 200 soluções para um objeto se nenhuma delas serve exatamente ao requerimento para o qual ela é necessária, e é esse tipo de pensamento prático que a escola muitas vezes vai moldando.
Eu concordo que um pensamento divergente, imaginativo, é importante. Concordo também que muitas vezes nosso sistema acaba matando isso em nós. Mas existe uma linha tênue nisso. Excesso de pensamento divergente criaria um mundo de soluções ineficientes ou impráticas (parece ser o defeito do palestrando, inclusive). É claro que precisamos de modelos que não nos tornem em meros robôs, mas não é por isso que devemos colocar abaixo tudo o que construímos até hoje.