Lei eleitoral impede que suspeito de assaltar médica na Capital volte à prisãoDois suspeitos do crime foram liberados do Presídio Central na quarta-feira após desentendimento entre juiz e Ministério PúblicoApós ter conhecimento da soltura dos
jovens suspeitos de terem
baleado a médica pediatra Simone Teixeira Napoleão, de 49 anos, a promotora Ana Lúcia Cardozo da Silva pediu a prisão preventiva de Eduardo Paulon Madruga, 21 anos, ainda na tarde de quarta-feira. O pedido foi deferido à noite pelo juiz Carlos Francisco Gross, da 8ª Vara Criminal de Porto Alegre.
No entanto, de acordo com a lei eleitoral, Madruga não pode ser preso até a próxima terça-feira. As exceções são para casos de flagrante delito ou sentença criminal condenatória por crime inafiançável e desrespeito a salvo-conduto. A medida, que entrou em vigor na última terça-feira, tem validade de uma semana.
Já o pedido de prisão de José Lucas Peixoto Mesquita, 18 anos, ainda não foi protocolado na Justiça, conforme a assessoria de imprensa do Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul. Mesmo que tenha o pedido deferido, o suspeito poderia se valer da legislação eleitoral para seguir solto pelo menos até a próxima terça-feira.
De acordo com o juiz plantonista Mauro Caum Gonçalves, que determinou a soltura de Madruga, o Ministério Público (MP) não havia requerido a prisão do jovem. Além disso, no despacho, cita que o mesmo
não constitui ameaça à ordem pública.
"Saliente-se que o fato de o autuado ostentar antecedentes criminais não é suficiente para, por si só, ensejar o juízo de manutenção de prisão, sendo descabida a tese de que, se solto, poderia perturbar a ordem pública, na medida em que, em matéria penal, não existe tal presunção, justamente porque a única presunção que ocorre é de inocência", escreveu Gonçalves.
Justiça manda soltar suspeitosDepois dos esforços da Brigada Militar (BM) para deter e encontrar os dois suspeitos de balear a pediatra, um desentendimento entre Ministério Público (MP) e Justiça devolveu à rua os dois homens. Na visão do juiz, havia a necessidade de pedido da promotoria para que fosse decretada a prisão preventiva.
Como o Ministério Público não havia formalizado o pedido para a decretação da prisão preventiva dos suspeitos, o juiz Mauro Caum Gonçalves, da 10ª Vara Criminal, determinou a soltura dos dois. A
dupla foi detida pela Brigada Militar na noite de terça-feira sob a suspeita de tentar roubar o veículo da médica. Durante a madrugada, os dois foram enviados para o Presídio Central de Porto Alegre, de onde foram liberados ao meio-dia desta quarta-feira.
De acordo com a assessoria de imprensa do Tribunal de Justiça do Estado, a soltura veio acompanhada de duas medidas cautelares restritivas que exigem a presença de Madruga e Mesquita, de 15 em 15 dias, no Foro Central, para dizer o que estão fazendo e que os impede de sair de casa das 22h às 6h. Se forem encontrados na rua durante esse horário, serão presos.
A decisão revoltou a promotora Ana Lúcia Cardozo da Silva, da 8ª Vara Criminal, que no final da tarde desta quarta-feira pediu a prisão preventiva de Madruga. Ela recebeu, por volta das 16h, apenas um dos autos de prisão em flagrante e imediatamente pediu a detenção. A promotora alega que, na maioria das vezes, o juiz determina a prisão sem o pedido do MP, pois o órgão não consegue avaliar o caso a tempo.
— Ele (juiz) solta sem pedido de defesa, então também pode prender sem pedido do Ministério Público. O crime é de uma gravidade ímpar, mas ele (juiz) acha que uma pessoa que dá tiros num parque, às 17h, com todo mundo andando, crianças saindo da escola, não oferece risco à ordem pública — critica.
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