Bem vinda Cinderella
Geotecton já te explicou, mas como imagino que a maioria das pessoas que vá até uma profundidade cuja pressão represente algum risco esteja mergulhando, vou te explicar um pouco sobre o que a pressão e os próprios equipamentos podem causar no organismo. Para mergulhar, mesmo com todo o equipamento necessário, é preciso informação e treino e, mesmo assim, podem acontecer acidentes, alguns deles fatais.
No nível do mar, estamos a atmosfera 1 Pa (ou 1 atm), o que equivale a 1 quilo para cada centímetro cúbico de nosso corpo. Submersos, a cada 10 metros que afundamos, aumentamos em mais 1 Pa a pressão atmosférica. Então, o problema são as cavidades com ar, em especial, ouvidos e pulmões.
Em temperatura constante, o volume de um gás é inversamente proporcional à pressão. Apertado pela pressão, o ar dentro da máscara vai diminuir de volume. Se o mergulhador não injetar um pouco de ar na máscara pelo nariz, tornando iguais as pressões do mar e a do ar em sua máscara, naquela profundidade, a estrutura elástica da borracha da máscara comprimirá seu rosto e surgirão hematomas. Isso é só o começo.
Além disso, a medida que a pessoa afunda, o tímpano vai sendo empurrado para dentro, o que é muito desconfortável (já tentei mergulhar algumas vezes e é nessa hora que eu não suporto continuar). Muitos mergulhadores fecham as duas narinas e boca e expiram, para que o ar force os tímpanos para fora, mas se isso for mal feito, eles poderão se romper, a água poderá entrar no ouvido, confundir o labirinto e o mergulhador fica completamente desorientado.
Nos cilindros de suprimento de ar, o ar está sob uma pressão 200 vezes maior que a da atmosfera a nível do mar. Uma válvula acoplada ao cilindro reduz esta pressão para cerca de 8 atmosferas. Antes de o ar atravessar o bocal, uma outra válvula reduz a saída à mesma pressão da água naquela profundidade. Assim, quando o ar é inspirado, está dando ao tórax uma pressão suficiente para que ele tenha movimentação, vencendo a pressão que a água faz sobre o tórax.
Só que aí, temos outro detalhe: o aumento do volume dos gases absorvidos, especialmente do nitrogênio que não é metabolizado tão rapidamente pelo organismo (nos cilindros temos aproximadamente 80% de nitrogênio e 20% de oxigênio). Se você retorna à superfície, onde a pressão é menor numa velocidade errada, o gás que estava dissolvido se expande e forma microbolhas aonde estiver. Estas bolhas provocam dores nas articulações, onde o tecido fibroso, sendo uma porta para a instalação destes gases. Em casos mais graves, as microbolhas podem se alojar no cérebro, muito vascularizado, onde, dependendo da localização, provocam danos, algumas vezes fatais.
Ainda se o mergulhador prende a respiração, o gás se expande conforme a pressão diminui e deforma o pulmão, provocando embolia traumática pelo ar, que é rara, mas pode acontecer em qualquer profundidade.
Enfim, se uma pessoa simplesmente for afundando, indefinidamente, ela implodirá. Mergulhar é tenso e ainda existem várias outras coisas que podem acontecer, fora as já descritas. Acredito que você possa encontrar mais informações pesquisando sobre Medicina Hiperbárica, que é um ramo que surgiu para tratar acidentados de mergulho.
Bom, pelo menos é isso que eu lembro das vezes (fracassadas) em que mergulhei.