Autor Tópico: Conheça os políticos que disputam a liderança da China na próxima década  (Lida 422 vezes)

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Conheça os políticos que disputam a liderança da China na próxima década


Partido se reúne para definir nova geração de líderes

O Partido Comunista da China está prestes a promover seu congresso, realizado uma vez a cada dez anos para definir a próxima geração de líderes do país.

Os cargos mais importantes estão no topo do Politburo, o principal organismo da estrutura de poder da China. Seus membros - nove no total, mas que podem ser reduzidos a sete - são responsáveis por decidir as questões mais importantes do futuro do país.

Conheça os líderes chineses cotados para ocupar os postos mais altos da hierarquia política chinesa:

Xi Jinping


Xi é o mais cotado para se tornar o próximo presidente da China

É o mais cotado para se tornar o próximo chefe do Partido Comunista e presidente da China.

Filho de um proeminente político chinês que acabou sendo expurgado do partido, ele aprendeu os meandros da política do país desde cedo, ao ser enviado para trabalhar no interior da China.

Seus laços com as Forças Armadas e seu apoio à indústria estatal sugerem que ele é um político bastante conservador.

Nascido em Pequim em 1953, Xi estudou engenharia química na Universidade Tsinghua e filiou-se ao Partido Comunista em 1974. Trabalhou nas províncias de Hebei, Fujian e Zheijang até ser nomeado chefe do partido em Xangai em 2007, encarregado de lidar com um escândalo de corrupção.

Em 2004, disse a autoridades do partido que "controlem seus esposos, filhos, parentes e amigos, e jurem não usar o poder para obter ganhos pessoais".

Para muitos chineses, Xi Jinping é menos conhecido do que sua mulher, a cantora folk Peng Liyuan. Há relatos de que a filha do casal estuda em Harvard, nos EUA. Pouco se sabe de sua vida pessoal, fora o fato de ser fã de basquete e, segundo um telegrama americano vazado à imprensa, de filmes de guerra hollywoodianos (hábito possivelmente adquirido durante uma breve estadia no estado de Iowa durante a juventude).

Li Keqiang


De estilo conciliador, Li é apontado como candidato ao posto de premiê

A carreira de Li Keqiang evoluiu de trabalhos manuais em uma comuna rural a líder provincial do Partido Comunista - e, agora, a possível líder nacional. Sua reputação é de dar atenção à parcela mais pobre da população chinesa, em decorrência de sua infância modesta.

Cotado para assumir o cargo de premiê da China (atualmente ocupado por Wen Jiabao), Li é próximo ao atual presidente do país, Hu Jintao, com quem trabalhou na liga juvenil do partido.

É de estilo conciliador, o que faz com que críticos questionem sua dureza para enfrentar a ampla gama de interesses que se chocam na economia chinesa.

Nascido em 1955, Li estudou direito na prestigiosa Universidade Peking (Pequim). Em 1998, foi escolhido vice-secretário do Partido Comunista na província de Henan e, no ano seguinte, tornou-se o mais jovem governador provincial.

Mas seu período no governo foi marcado por uma série de contratempos que quase puseram fim à sua carreira, incluindo um escândalo de casos de contração de HIV via sangue contaminado. Ele teve mais sucesso no campo econômico, ao reviver a economia de Henan e na província industrial de Liaoning, duramente afetada por reformas no setor industrial estatal.

Wang Qishan


Wang (acima, com Hillary Clinton) tem participado de discussões-chave da economia global

Wang Qishan é bem conhecido por líderes ocidentais como uma figura-chave nas discussões sobre a economia global e os laços econômicos China-EUA.

Henry Paulson, ex-secretário do Tesouro dos EUA, descreveu Wang como "decisivo e inquisitivo", com um "senso de humor perverso".

O chinês é frequentemente comparado a seu mentor político, o ex-premiê Zhu Rongji, já que ambos são vistos como dinâmicos e dispostos a desafiar o status quo. Ambos compartilham o mesmo apelido, "chefe da brigada de incêndio", por seus esforços em gerenciamento de crises.

Por seu perfil, simpatizantes dizem que Wang seria melhor premiê do que o favorito ao cargo, Li Keqiang. Wang também é filho de um político proeminente e é casado com Yao Minshan, filha de um ex-vice premiê.

Nascido na província de Shandong, Wang estudou história na Universidade Northwestern (EUA) e depois trabalhou como pesquisador. Entrou no Partido Comunista relativamente tarde, aos 35 anos de idade, e trabalhou como banqueiro antes de tornar-se prefeito de Pequim, em 2004.

Ele tomou posse no momento de pico da epidemia da SARS (causadora de pneumonia) e trabalhou em conjunto com a OMS (Organização Mundial da Saúde), sendo elogiado por não subestimar o impacto do surto.

Li Yuanchao


Li (à direita) tem papel crucial dentro da organização do Partido Comunista

Li Yuanchao lidera o departamento organizacional do Partido Comunista, que avalia a performance de seus membros e decide quem fica com qual cargo.

Esse papel é tão crucial que ajudou ex-líderes do departamento - inclusive Mao Zedong e Deng Xiaoping - a se projetar aos maiores cargos do partido.

Lié filho de um ex-prefeito de Xangai e é visto como um protegido do presidente Hu Jintao, cuja base de apoio é a liga juvenil do partido.

Formado em matemática pela Universidade Fudan, Li obteve um máster em economia pela Universidade de Pequim e um doutorado em direito pela Escola Central do Partido. Também cursou a Universidade Harvard.

Antes de comandar o departamento organizacional, Li era chefe do partido na província de Jiangsu, onde lidou com um caso de poluição industrial de um lago que supria água à população. Na ocasião, foi alvo de críticas, mas também de elogios por fazer com que autoridades locais dessem satisfação ao público e fossem avaliadas por cidadãos.

Zhang Dejiang


Zhang substituiu o líder expurgado Bo Xilai

Zhang Dejiang foi escolhido pelos líderes chineses para sua tarefa mais árdua de 2012: Ocupar a liderança do partido em Chongqing após o expurgo de Bo Xilai.

Essa passagem cimentou sua reputação como homem forte em momentos de crise e indicou que ele deve ser nomeado para algum posto alto. Enquanto muitos dos novos líderes chineses se aproximam do Ocidente, Zhang é um especialista no mais antigo aliado da China, a Coreia do Norte (estudou economia durante dois anos em Pyongyang).

Zhang, filho de um militar, começou sua carreira partidária na fronteira com a Coreia do Norte, antes de ser transferido para Zheijang e trabalhar como secretário do partido em Cantão, entre 2002 e 2007. Seu período no governo não foi livre de polêmicas: quando a epidemia da SARS explodiu na província, em 2002, o governo teve uma resposta lenta.

Como líder do partido, Zhang foi alvo de duras críticas. Sua atitude rígida perante jornalistas e manifestantes também minou sua popularidade.

Ele é conhecido por ser reativo a reformas e se opôs à entrada de empresários no Partido Comunista.

Nomeado vice-premiê em 2008, ficou encarregado de setores como energia, telecom e transportes.

Liu Yandong


Liu é a única mulher entre os nomes fortes da cúpula do Partido Comunista

Liu Yandong é a única mulher entre os 24 membros mais fortes do Politburo. Tem chance, ainda que remota, de ser a primeira mulher do comitê principal do órgão.

Nascida em Jiangsu, ela personifica a "filha de político bem relacionada". Seu pai, um vice-ministro de Agricultura, é apontado como a pessoa que introduziu o pai adotivo do ex-presidente Jiang Zemin ao Partido Comunista.

Liu estudou na Universidade Tsinghua, também frequentada pelo atual presidente Hu Jintao - de quem ela foi vice na liga juvenil do partido. Liu depois estudou sociologia na Universidade de Renmin.

Yang Yuanxing, seu marido há mais de 40 anos, também é de família influente e hoje é empresário no setor de tecnologia. O casal tem uma filha, que estaria trabalhando em Hong Kong.

Segundo um documento diplomático americano vazado à imprensa, Yang chegou a dizer a diplomatas que sua mulher fala bem inglês e é fã de fotografia. A reputação dela é de uma pessoa discreta, mas eficiente e trabalhadora. Ela já se manifestou quanto à necessidade de transpor mal-entendidos culturais e recentemente estimulou cientistas estrangeiros a formarem parcerias com especialistas chineses.

Liu Yunshan


Liu controla a mídia estatal e regula a internet na China

Liu Yunshan, 55, é o líder do departamento de propaganda do partido, que controla a mídia estatal e regula o uso da internet.

Ele trabalhou na Mongólia Interior por quase 30 anos a partir de 1968, depois de ser mandado para lá ainda jovem para trabalhar em uma comuna. Tornou-se repórter da agência estatal Xinhua, especialista em relações públicas e, por fim, vice-secretário do partido.

Nascido em Xinzhou, ele entrou no partido em 1971 e formou-se na própria escola do partido. Trabalhou com o presidente Hu Jintao na liga juvenil do partido e é visto como um aliado próximo deste.

Seu filho, Liu Lefei, é um proeminente investidor em um fundo de private equity.

Se for promovido ao principal comitê do partido, Liu deverá manter a linha dura na censura à imprensa e a intolerância a críticas, bem como as restrições ao conteúdo da internet.

"É impossível controlar (a difusão de informações pela web)", disse ele recentemente. "Acho que usuários de internet devem trocar informações livremente, mas seguindo certas regras."

Yu Zhengsheng


Yu se destaca por liderar o partido na maior cidade chinesa, Xangai

Yu Zhengsheng é chefe do partido em Xangai, a maior cidade da China.

De família influente e com laços próximos tanto do ex-presidente Jiang Zemin e do atual, Hu Jintao, ele também tem elos com a família do falecido líder reformista Deng Xiaoping.

Um fato incomum: sua carreira sobreviveu à deserção de seu irmão, que foi aos EUA nos anos 1980.

O pai de Yu esteve brevemente casado com Jiang Oing, que depois se tornou conhecida como a Madame Mao. Yu se formou no Instituto de Engenharia Militar em Harbin, especializando-se em mísseis balísticos, e trabalhou em engenharia eletrônica por quase duas décadas, até meados dos anos 80.

Depois, ele foi prefeito e chefe do partido na cidade de Qingdao (leste). Também ajudou a promover duas das marcas chinesas mais conhecidas no exterior, uma de cerveja (Tsingtao) e outra de equipamentos (Haier).

Recentemente, ao comentar as tensões entre meio ambiente e desenvolvimento urbano, Yu disse que "a China atingiu um alto nível de sucesso econômico, ainda que com muitos problemas derivados disso, como o aumento da disparidade de renda e mais tensões nas relações humanas".

Wang Yang


Wang é conhecido por sua bandeira reformista

Wang Yang é visto como o porta-bandeira de uma nova geração de reformistas na cúpula política chinesa.

"Para resolver o problema dos grupos que resistem a reformas, precisamos primeiro fazer uma cirurgia dentro do partido e do governo", disse ele ao Congresso Nacional do Povo em 2012.

Wang conquistou a fama de liberal como chefe do Partido Comunista em Chongging. Recentemente, foi elogiado por ter intermediado uma disputa de terra na aldeia de Wulkan, onde é chefe do partido desde 2007.

Nascido em Suzhou, Wang vem de família humilde. Trabalhou em uma fábrica de processamento de alimentos nos anos 1970, antes de estudar políticas econômicas na Escola Central do Partido Comunista. Virou membro da liga juvenil do partido quando esta era comandada pelo presidente Hu Jintao.

Em Cantão, Wang é conhecido por manter proximidade com empresários e empreendedores locais, por sua atitude mais aberta ao redesenvolvimento e por promover a felicidade como medida de progresso de um país, em lugar do PIB (Produto Interno Bruto).

Zhang Gaoli


Zhang lídera o partido em uma cidade grande e próspera ao leste de Pequim

Zhang Gaoli é chefe do partido em Tianjin, cidade grande e próspera ao leste de Pequim.

Nascido em Fujian, ele se formou na Universidade de Xiamen após estudar estatísticas e economia. Passou grande parte de sua carreira trabalhando na indústria do petróleo, até entrar para a política na província de Cantão, em meados dos anos 1980.

Sua carreira decolou em 1998, como chefe do partido na cidade de Shenzhen, perto de Hong Kong. Enquanto supervisionava o desenvolvimento econômico da cidade, ele forjou laços com o ex-presidente Jiang Zemin e seus simpatizantes - relação que ajudou Zhang a ser promovido a governador da província de Shandong, em 2002.

Conhecido pela discrição, Zhang deixa transparecer pouco de suas opiniões e sua vida pessoal.

Meng Jianzhu


Meng cuida da segurança doméstica da China

É o atual ministro de Segurança Pública, cargo proeminente por cuidar das forças de segurança domésticas.

Meng Jianzhu é visto por alguns como o candidato a coordenar toda a segurança interna chinesa. Mas como ele deve seu crescimento político ao ex-presidente Jiang Zemin, não está claro se tem atualmente apoio suficiente para ser promovido.

Meng nasceu na província de Jiangsu e filiou-se ao Partido Comunista em 1971. Estudou engenharia de sistemas industriais no Instituto de Engenharia Mecânica de Xangai.

Em 1993, tornou-se um dos vice-prefeitos da cidade; depois, ocupou os cargos de vice-chefe do partido e depois chefe na província de Jiangxi, em 2007. Em seu posto atual, de coordenação da polícia chinesa, Meng costuma ser acionado em temas de segurança nacional.

Há relatos de que ele recomendou a policiais em treinamento que sejam "racionais, fáceis de se lidar, civilizados e corretos" em suas funções. Mas acrescentou que a polícia deve reconhecer "a tarefa pesada e difícil de manter a estabilidade no país".

Hu Chunhua


Hu é uma estrela ascendente do Partido Comunista, que pode se tornar presidente em 2022

Hu Chunhua, chefe do partido na Mongólia Interior, é um dos mais jovens líderes do país e apontado como estrela ascendente do Partido Comunista.

É conhecido como "Pequeno Hu" por seus laços com o presidente Hu Jintao - mas, apesar do mesmo sobrenome, os dois não são parentes.

Se obtiver um assento no conselho mais alto do Politburo, Hu Chunhua, de 49 anos, será seu membro mais jovem, bem como o mais forte candidato a substituir o próximo presidente (acredita-se que Xi Jinping) em 2022.

Hu é de uma família de fazendeiros de origem humilde, mas estudou na prestigiosa Universidade Peking. Sua carreira política começou no Tibete, na liga juvenil do partido (que é a base de poder de Hu Jintao). Trabalhou por 23 anos no Tibete, região onde o domínio chinês costuma despertar forte tensões étnicas.

Hu mudou-se para a Mongólia Interior em 2009 e foi elogiado pela forma como lidou com protestos de membros da etnia mongol, que se queixavam que a mineração estava destruindo seus pastos.

"No processo de desenvolvimento, é necessário que a preservação dos interesses das massas seja o ponto de partida", disse na ocasião. "Se os interesses das pessoas não estiverem devidamente protegidos, o desenvolvimento não será sustentável."

http://www.bbc.co.uk/portuguese/noticias/2012/11/121029_china_frontrunners_pai.shtml

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Re:Conheça os políticos que disputam a liderança da China na próxima década
« Resposta #1 Online: 05 de Novembro de 2012, 15:55:55 »
Entenda o que está em jogo na transição de poder na China


Congresso do Partido Comunista chinês ocorre a cada cinco anos

O Partido Comunista Chinês, que governa a China em regime de legenda única, inicia na próxima quinta-feira um importante congresso no qual deverão ser anunciadas mudanças em sua liderança. Analistas preveem que essas alterações tenham um impacto profundo sobre o futuro do país.

A China é hoje a segunda maior economia do planeta e desempenha um papel cada vez mais importante no cenário internacional. Como resultado, a reunião será acompanhada atentamente em todo o mundo.

A BBC fez um apanhado dos temas mais importantes que serão debatidos. Confira.

O que é o Congresso do Partido Comunista?

O Congresso do Partido Comunista Chinês é realizado a cada cinco anos e é uma plataforma para o anúncio de novas políticas e mudanças na liderança do PC, que governa o país desde 1949.

Mais de 2.200 delegados de toda a China se reunirão em Pequim para participar do evento, que começa no dia 8 de novembro.

O congresso será uma exibição cuidadosamente coreografada de poder e unidade, mas a maior parte dos eventos ocorrerá atrás de portas fechadas.

Muitas das decisões - senão todas - serão tomadas a partir de acordos entre os líderes mais importantes antes do início do evento.

Não se sabe quantos dias de duração o congresso terá, mas os mais recentes tiveram cerca de sete dias.

Por que este congresso é importante?

O congresso desse ano é particularmente importante porque anunciará e endossará mudanças na liderança do partido que só acontecem uma vez a cada dez anos.

O partido estabelece limites rigorosos de idade para seus líderes e sete dos atuais nove membros do poderoso Comitê Permanente do Politburo - a mais alta instância de poder na China - devem deixar seus cargos. Entre eles, o presidente Hu Jintao - chefe do partido e o Chefe de Estado da China - e o premiê Wen Jiabao, que é como um primeiro-ministro, encarregado de governar.

Imediatamente após o final do congresso, uma nova liderança será anunciada aos jornalistas reunidos. Um a um, os líderes sairão do recinto em ordem de importância.

A nova liderança vai governar a China pelos próximos dez anos.

Quem serão os novos líderes da China?

A expectativa é de que, após o congresso, o vice-presidente Xi Jinping substitua Hu Jintao como secretário-geral do partido e torne-se presidente de Estado no início do ano que vem.

Ele pertence a um grupo seleto de altos oficiais do partido que são descendentes de ex-grandes líderes.

O vice-primeiro-ministro Li Keqiang, um aliado importante de Hu, deve substituir Wen Jiabao como primeiro-ministro.

Tem havido muita especulação em relação a quem seriam os outros membros do Comitê Permanente do Politburo. Analistas estudarão a lista final cuidadosamente em busca de pistas sobre a futura direção a ser tomada pela China.

Há vários relatos de que o Comitê Permanente do Politburo será encolhido, de nove para sete membros, como uma tentativa de simplificar o processo de tomada de decisões.

Como são selecionados os novos líderes?

Em teoria, o congresso do partido elege membros do Comitê Central que, por sua vez, elegem o Politburo - incluindo o Comitê Permanente.

Na prática, no entanto, o processo tem sido de cima para baixo e não de baixo para cima, e o congresso é na realidade um carimbo para as decisões dos líderes no topo.

Antigamente, quando o partido era comandado por Mao Tsé-Tung - o líder revolucionário mais reverenciado pelo PC chinês - e Deng Xiaoping, a própria cúpula indicava seus sucessores.

Terminada a era dos líderes todo-poderosos, a seleção de sucessores tornou-se um processo obscuro, marcado por intrigas e toma-lá-dá-cás entre várias facções do partido e grupos de interesses diversos.

Embora muitos acreditassem que Li Keqiang fosse o candidato favorito de Hu Jintao, Xi Jinping emergiu no topo porque era uma opção aceitável para todas as facções do partido.

Qual é a diferença em relação aos novos líderes?

Os defensores de reformas estão pedindo à nova liderança que faça mudanças urgentes para impedir que problemas econômicos e sociais gerem uma crise que enfraqueça o poder do PC chinês.

Em particular, eles advertem que, sem reforma política, há riscos de que os poderes ilimitados do Estado sufoquem o crescimento do país e exacerbem o descontentamento popular.

Segundo relatos recentes, Xi - o suposto futuro líder - disse ter ouvido chamados para que ele escolha um caminho mais ousado.

Porém, quaisquer reformas mais radicais podem encontrar a oposição de poderosos grupos, incluindo as próprias facções do partido que escolheram os novos líderes.

O que acontece com os líderes que se aposentam?

Com frequência, líderes chineses aposentados continuam a exercer grande influência por trás dos bastidores.

Após Jiang Zemin ter deixado o posto de líder do partido em 2002, ele continuou a liderar a Comissão Militar Central por dois anos, estabelecendo um precedente que, dizem alguns, Hu Jintao pode agora tentar seguir.

Mesmo os membros idosos sem cargos oficiais podem continuar ativos, especialmente nos períodos que antecedem renovações na liderança.

Ambos Jiang e seu rival Li Ruihuan, um ex-líder próximo de Hu Jintao, teriam, segundo relatos, feito aparições públicas de forma a fortalecer suas próprias facções.

Com os anciãos do partido ainda no controle, os novos líderes podem ficar limitados em termos de sua atuação logo após assumir o cargo.

Qual é o grau de transparência do regime chinês?

A China iniciou seu processo de abertura para o mundo em 1978. Hoje, observadores internacionais sabem muito mais sobre o povo e a sociedade chineses do que em qualquer outro momento na história.

Entretanto, o sistema político na China continua obscuro e secreto.

Por exemplo, não se ouve falar de Xi Jinping há duas semanas. A poucos dias do congresso, circulam cada vez mais rumores pela internet, alimentados pelo silêncio das autoridades.

Um documento deverá ser cuidadosamente analisado por observadores em todo o mundo: o esperado "relatório político" de Hu Jintao, que deverá ser entregue no dia 8 de novembro.

Há expectativas de que o documento traga, em meio ao indecifrável jargão que caracteriza discursos políticos na China, pistas preciosas sobre o pensamento do atual PC chinês.

http://www.bbc.co.uk/portuguese/noticias/2012/11/121029_analise_china_mv.shtml

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Re:Conheça os políticos que disputam a liderança da China na próxima década
« Resposta #2 Online: 08 de Novembro de 2012, 02:40:12 »
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Na semana de Obama, China também anuncia presidente

Xi Jinping poderá estar à frente da China quando ela ultrapassar os Estados Unidos e se tornar a maior economia do mundo

A eleição americana não foi a única dessa semana. Hoje começa o 18º Congresso Nacional do Partido Comunista Chinês, que vai definir o comando da China para os próximos dez anos. Apesar da certeza sobre quem será o próximo presidente e o primeiro ministro, ainda não está claro o que a nova liderança chinesa vai defender, segundo o relatório China’s Leadership Handover, elaborado pela Economist Intelligence Unit.

Xi Jinping deve assumir a presidência do partido e, em março, tornar-se presidente da China. Li Keqiang é cotado para primeiro ministro. Possivelmente, Jinping estará à frente da China quando ela ultrapassar os Estados Unidos e se tornar a maior economia do mundo.

No plano internacional, a nova liderança precisará preparar o terreno para esse momento de mudança. “O grande desafio é fortalecer a influência internacional e manter a estabilidade do sistema”, disse Oliver Stuenkel, professor adjunto de Relações Internacionais da Fundação Getúlio Vargas, para quem o novo presidente vai tentar convencer o mundo de que a ascensão chinesa não significa uma ruptura. “Vamos ver o presidente engajado em mostrar o lado positivo da ascensão chinesa, dizer que a China é um país amigo”, disse.

Pouco se sabe, de verdade, sobre Jinping ou Keqiang. Especula-se Jinping poderia adotar uma postura mais leve com o sistema financeiro, tendo em vista a experiência dele em Fujian e Zheijiang, que mostrou simpatia a reformas nos mercados. As províncias onde ele construiu sua carreira são empreendedoras, com setores privados relativamente dinâmicos e alta exposição a investimentos estrangeiros. O pai de Jinping era liberal e foi responsável por estabelecer a zona de economia especial de Shenzhen nos anos 1980. “Tudo isso sugere que Xi dará espaço a uma forte ênfase à liberalização, mais do que Hu Jintao, que era guiado – pelo menos no discurso – por prioridades do bem-estar social”, diz o relatório da Economist.

“Há quem diga que Jinping pode impulsionar a abertura e outros acham que ele terá que responder a questões nacionalistas cada vez mais fortes, inclusive dos jovens”, disse Stuenkel. Mas o que se sabe sobre Jinping é majoritariamente baseado em sua biografia. “Pode-se saber muito dos candidatos americanos. Sobre Jinping, no fundo, tudo é especulação, podemos analisar o currículo dele, como ele viveu e como isso pode influencia-lo, mas no fundo ninguém sabe. Ele nunca participou de um debate”, disse Stuenkel.

Além disso, Xi Jinping vai operar dentro de um sistema que não necessariamente lhe dá liberdade de transformar a politica doméstica ou internacional. O mesmo relatório que fala sobre o lado liberal lembra que mesmo que Jinping seja um reformador econômico por convicção, não há garantias de que ele poderá implementar grandes políticas de reestruturação.

Transição

A transição de poder em países como a China é o momento mais frágil – quando os cidadãos podem questionar a legitimidade do processo, segundo Stuenkel. A coincidência com a semana das eleições presidenciais americanas não é exatamente boa. “Ter esses dois exemplos na mesma semana é uma certa ironia que mostra para alguns cidadãos chineses que eles não tem esse direito”, afirmou o professor.

Além disso, esse é um momento delicado para o partido comunista. Recentenmente, Bo Xilai, que era considerado um nome ascendente na política chinesa, perdeu o cargo após acusações de corrupção e depois de sua esposa ser condenada por assassinato.

Tudo isso ajuda a aumentar a pressão sobre o novo presidente para entregar crescimento. A economia da China deve crescer 7,8% neste ano, segundo estimativas do FMI (em 2011, o crescimento do PIB havia sido superior a 9%). Segundo Stuenkel, o governo chinês precisa entregar crescimento para os cidadãos para manter a estabilidade política. “No contexto de declínio da competitividade das exportações e anos de investimento excessivo, a China terá que encontrar novos guias do crescimento na próxima década”, afirma o relatório.

E não é só a economia que importa, outros desafios para o próximo governante são a poluição, a corrupção e o equilíbrio demográfico, segundo Stuenkel. O relatório da Economist acrescenta a essa lista a reforma do sistema Hukou e indica que também espera avanços nas reformas do setor financeiro nos próximos dez anos.

O novo governo ainda terá que lidar com a reforma da governança das empresas estatais, segundo o relatório. Li Keqiang é geralmente lembrado como um firme defensor do atual presidente, Hu Jintao, e suas políticas mas, recentemente, ele tomou posições ousadas sobre questões como a reforma da governança das empresas estatais. O relatório questiona qual a versão de Keqiang que vai prevalecer agora.

Comentários recentes do governo sugerem uma disposição maior para permitir a competição do setor privado para as empresas estatais em setores importantes que vão de telecomunicações a finanças, assim como a reestruturação do atual sistema para o gerenciamento das grandes estatais chinesas, segundo o relatório. “Quão longe essa liberalização poderia ir permanece uma questão em aberto”, afirma o material.

O cenário que Jinping e Keqiang têm pela frente é de maiores pressões populares, segundo o relatório. “Mas o partido vai continuar cauteloso, tentando evitar movimentos que reduzam sua habilidade de controlar a sociedade e a economia até que as alternativas não sejam palatáveis”, diz o estudo.

Jinping tem pela frente o plano econômico de cinco anos da China, que vai até 2015, depois, ele teria que convencer os grupos que se opõe a reformas. “Hu escolheu não confrontar esses interesses, Xi pode determinar que as necessidades da economia lhe oferecem pouca escolha. Isso abre a possibilidade de a China se mover em direção a um padrão de crescimento mais sustentável, mas também pode profetizar um período difícil da reforma no curto prazo”, afirma o relatório. 

Na área política, a perspectiva de reformas é mais obscura. O relatório sinaliza apenas uma esperança de que a próxima administração vai colocar no lugar da atual uma estrutura política que é melhor para lidar com as crises internacionais do que a atual.

http://exame.abril.com.br/mundo/noticias/na-semana-de-obama-china-tambem-anuncia-presidente?page=1
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Líderes chineses realizam Congresso marcado por segredos

Durante aproximadamente uma semana, 2.270 delegados se reúnem para remodelar os três principais órgãos do partido: o Comitê Central, o Politburo e o Comitê Permanente.

O 18º Congresso do Partido Comunista da China (PCCh), que começa na quinta-feira, é uma reunião histórica para o país asiático, pois de suas deliberações - das quais pouco se saberá publicamente - sairá a 'quinta geração de líderes' que regerá os destinos da nação nos próximos 10 anos.

Durante aproximadamente uma semana - a data de encerramento ainda não foi definida -, 2.270 delegados da formação que governa a China desde 1949 se reúnem para remodelar os três principais órgãos do partido: o Comitê Central, o Politburo e o Comitê Permanente.

No encerramento do congresso, as autoridades chinesas também costumam anunciar a lista de membros do Comitê Central, tradicionalmente formado por 350 delegados.

Um dia depois do encerramento chega o momento culminante da troca de poder, já que esse Comitê Central debate e aprova o Comitê Permanente, um reduzido grupo de líderes (agora são nove, nos anos 90 eram sete e nos 80 cinco) que rege de fato os desígnios do país mais povoado do mundo.

Finalmente, o Comitê Permanente debate e elege a formação do Politburo, composto por 25 membros.

Devido ao reduzido núcleo de poder que é na realidade o PCCh, onde não cabe a existência de órgãos que sirvam de contrapeso a outros, todos os membros do Comitê Permanente costumam estar também no Politburo e, por sua vez, todos estes também estão incluídos no Comitê Central.

A ordem em que o protocolo comunista citará os membros do Comitê Permanente determina a futura composição do governo nacional, já que seus membros serão distribuídos alguns meses depois, na sessão anual da Assembleia Nacional Popular (ANP, Legislativo), entre os principais cargos executivos, um fato que confirma a subordinação do Estado ao partido.

O 'número um' da lista do Comitê Permanente será assim o secretário-geral do PCCh e presidente da China; o segundo, presidente da ANP; o 'número três', primeiro-ministro; e o quarto, presidente da Conferência Consultiva Política, principal órgão consultivo.

A 18ª edição do Congresso marcará, salvo por alguma surpresa, a aposentadoria de pelo menos sete dos nove atuais membros do Comitê Permanente, todos próximos de completar ou ultrapassando os 70 anos, entre eles o atual presidente e secretário-geral do PCCh, Hu Jintao, e o primeiro-ministro, Wen Jiabao.

http://exame.abril.com.br/mundo/noticias/lideres-chineses-realizam-congresso-marcado-por-segredos?page=2
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Novos líderes para uma China que apresenta imensos desafios

O congresso acontecerá em uma China que tem pouco a ver com a que viveu a última troca no comando, há dez anos

Os dirigentes que surgirem do 18º Congresso do Partido Comunista da China (PCCh) terão que decidir como enfrentar os enormes desafios da grande potência emergente, cuja economia se desacelera e sua população mostra um descontentamento crescente perante problemas como a corrupção.

O congresso acontecerá em uma China que tem pouco a ver com a que viveu a última troca no comando, há dez anos. Desde então, a economia do país cresceu de maneira explosiva, até se transformar na segunda do mundo, e a República Popular interfere cada vez mais na política internacional.

Sua despesa em Defesa quintuplicou nos últimos anos e no mês passado pôs em funcionamento seu primeiro porta-aviões. Uma China pujante se transformou no principal parceiro comercial de muitos países latino-americanos, um ávido consumidor de matérias-primas e uma presença já quase rotineira na África Subsaariana.

A grande maioria dos cidadãos chineses declara uma grande confiança no futuro e 92% deles, segundo uma pesquisa divulgada pelo americano Pew Center, acredita que seu nível de vida é melhor que o de seus pais.

Porém, este desenvolvimento criou também uma série de problemas que os novos líderes herdarão. O crescimento criou uma forte desigualdade, uma das maiores da Ásia e especialmente visível no abismo aberto entre a cidade e o campo.

Esse mesmo crescimento, unido à opacidade do regime político e à falta de independência dos tribunais, criou um sério problema de corrupção.

As grandes empresas públicas continuam recebendo tratamento privilegiado, enquanto o setor privado, que tão enormemente contribuiu para a economia do país, não conta com o mesmo prestígio entre os líderes do regime.

Além disso, a prioridade concedida ao crescimento frente a qualquer outra consideração criou graves problemas ambientais. Menos de 1% das 500 principais cidades chinesas conta com um ar suficientemente limpo, segundo os padrões da Organização Mundial da Saúde (OMS).

Nas últimas semanas, se multiplicaram os pedidos ao PCCh e a seus líderes para que realizem reformas significativas, reduzam a desigualdade e combatam a corrupção.

Até o momento se desconhece que caminho os futuros líderes tomarão uma vez que o Congresso consagre, como se espera, o vice-presidente Xi Jinping como novo secretário-geral do partido e o vice-primeiro-ministro Li Keqiang como seu número dois - ambos serão investidos então como presidente e primeiro-ministro do país, respectivamente.

Só se sabe que o trabalho dos dois será dificultado por um arrefecimento do crescimento econômico que já dura três anos, após superar os dois dígitos, e que muitos analistas esperam que continue.

Xi mantém suas cartas escondidas. Divulgar os planos políticos não é uma boa estratégia antes de chegar ao poder em um regime onde as diferentes facções governam por consenso.

Por isso, se desconhece se ele tentará imprimir um cunho reformista a seu mandato ou se optará por continuar a política de seu antecessor Hu Jintao, um tecnocrata que chegou ao poder entre esperanças de mudança, mas cuja década à frente do país se caracterizou pela inércia.

De acordo com Kerry Brown, catedrático de Política Chinesa na Universidade de Sydney, o regime que Xi liderará encara 'desafios imensos'.

As autoridades chinesas fixaram o objetivo de transformar a República Popular em um país de renda média e isso 'não pode ser alcançado sem mudanças significativas'.

O fundamental, segundo sua opinião, será ver se os novos governantes contam com suficiente vontade política para realizar reformas profundas.

Brown menciona fatores que diferenciam a nova geração de líderes da anterior. Ao contrário de outras épocas, os membros cogitados para o Comitê Permanente, principal órgão de poder do PCCh, são de procedência geográfica variada.

Sua formação também é bastante diversa. Já não são apenas engenheiros ou técnicos: entre eles aparecem economistas, especialistas em ciências políticas e formados em Direito, um 'tipo de formação similar à dos políticos ocidentais', lembra Brown. Segundo sua opinião, uma coisa está clara: 'A era dos tecnocratas acabou'.

http://exame.abril.com.br/mundo/noticias/novos-lideres-para-uma-china-que-apresenta-imensos-desafios?page=3

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Redes sociais podem ser a plataforma para mudança na China

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Re:Conheça os políticos que disputam a liderança da China na próxima década
« Resposta #3 Online: 12 de Novembro de 2012, 15:42:55 »
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Entenda os desafios que aguardam a nova liderança chinesa

Lideranças que assumem o comando da China terão o desafio de mudar modelo econômico

Uma série de desafios aguarda a nova liderança da China, que está sendo escolhida a portas fechadas no Congresso do Partido Comunista da China.

O Congresso, iniciado na semana passada, deve se encerrar nesta semana com a confirmação de Xi Jinping como novo presidente do país e com a nova configuração do Politburo do partido.

As reformas econômicas iniciadas em 1978 transformaram a China na segunda maior economia do mundo.

Mas o tamanho continental da população chinesa, de 1,3 bilhão, significa que os problemas que os novos líderes enfrentarão ainda são consideráveis.

Confira os assuntos que estarão na agenda política da nova liderança:

Mudança do modelo
O sucesso econômico da China tirou 500 milhões de pessoas da pobreza. Porém, o modelo econômico que funcionou tão bem no início da atual onda de desenvolvimento chinesa agora precisa de mudanças.

Analistas ocidentais e chineses dizem que a economia precisa ser novamente ajustada para valorizar mais os consumidores do que os investimentos - muitos dos quais liderados pelo governo e desperdiçados.

Companhias estatais que dominam muitos setores precisam ser abertas para a livre concorrência.

Em vez de defender esses gigantes estatais, o governo deve dar mais apoio às pequenas e médias empresas, pois elas provavelmente serão as responsáveis no futuro pelo crescimento e pela criação de empregos.

O governo chinês diz concordar com esses objetivos, pelo menos em seus pronunciamentos oficiais. O problema é que tem feito pouco para alcançá-los.

Partidários do governo dizem que Pequim acabou se desviando de seus objetivos por causa da crise financeira global, que teria obrigado o país a promover um pacote de estímulo em vez de reformas estruturais.

Já os críticos argumentam que o partido Comunista está atado demais a grupos com objetivos escusos, interesses políticos e casos de corrupção para implementar as reformas necessárias.

O ponto central da discussão é que o setor estatal da economia produz cerca de 50% do PIB chinês, mas recebe mais de 70% dos empréstimos bancários, com taxas de juros artificialmente baixas.

Huo Deming, economista da Universidade de Pequim, afirma ser "impensável" que o setor estatal chinês seja forçado a recuar. "As empresas estatais vão se expandir de novo. Os líderes políticos chineses querem que elas compitam com as dos Estados Unidos e de outros países. Então, fortalecê-las é uma obrigação."

Desigualdade
A população chinesa está melhor que quando estava quando o país começou suas reformas econômicas, em 1978. Mas o nível de renda nas cidades aumentou muito mais rápido nas cidades do que nas áreas rurais. O mesmo aconteceu em relação às províncias costeiras, que se fortaleceram em relação às áreas pobres do interior.

A Academia Chinesa de Ciências Sociais afirma que a diferença de renda entre regiões urbanas e rurais aumentou 69% desde 1985 - criando uma das maiores diferenças de riqueza na Ásia.

O governo teme que a desigualdade possa provocar agitação social. Para tentar evitar isso, tem implementado programas de erradicação da pobreza em províncias pobres como Sichuam e a abolição de um imposto agrícola secular.

Pequim também expandiu enormemente o seguro de saúde, aumentando em dez vezes o número de pessoas cobertas - para 830 milhões.

No entanto, críticos dizem que muito mais precisa ser feito. Eles afirmam que a China gasta apenas 6% de seu PIB em bem-estar social. Isso representa a metade do que é investido por países com patamares semelhantes de desenvolvimento.

Parte do problema é o sistema de governo da China. Investimentos na área social são responsabilidade de governos locais - que afirmam não receber dinheiro suficiente para cumprir a tarefa.

Meio ambiente
O crescimento explosivo da China criou alguns dos desafios ambientais mais complexos do mundo.

O país é hoje o maior emissor de gases causadores do efeito estufa; porém, no futuro próximo, vai continuar a depender do carvão como sua principal fonte de energia.

A nação viu o número de carros quadruplicar nas ruas desde 2003. Nela se encontram hoje 20 das 30 cidades mais poluídas do mundo.

O governo central compreende bem esses problemas. Mas dá publicidade para histórias de sucesso como o fato de o país ter dobrado anualmente sua capacidade de geração de energia eólica desde 2005.

O governo também colocou em prática novas leis para tentar resolver problemas ambientais. Porém, sua implementação - especialmente em esferas locais - permanece irregular.

Em paralelo à tarefa de limpar um passado marcado por "altos níveis de crescimento e poluição", a China ainda enfrenta problemas básicos de desenvolvimento.

"Eles fizeram grandes progressos, mas ainda há mais de 480 milhões de pessoas sem acesso ao sistema de esgotos e 120 milhões sem água tratada", afirma Joana Masic, do Banco de Desenvolvimento da Ásia.

Expectativas crescentes
Uma vez que a população chinesa se tornou mais rica e melhor educada, suas expectativas mudaram drasticamente.

As pessoas não mais esperam somente um governo que seja capaz de gerenciar uma economia que crie trabalhos e riqueza. Querem serviços melhores e mais liberdade.

Mais de 6 milhões de pessoas se formam em universidades chinesas a cada ano - um aumento de seis vezes em relação aos número de 1998.

Cerca de 500 milhões de pessoas usam a internet, especialmente uma rede social chamada Weibo. Telefones com acesso à rede mundial de computadores tem ajudado ativistas a organizar protestos ambientais.

Há porém evidências divergentes sobre a afirmação das pessoas estarem mais contentes e ricas: Uma análise de Richard Easterlin, da Universidade do Sul da Califórnia, diz que um terço da população mais rica da China estava mais satisfeita com suas vidas em 2007 do que em relação ao ano de 1990. Os outros dois terços estariam mais descontentes.

Parte dos motivos pode estar relacionada às aspirações do povo. As pessoas sabem que suas vidas melhoraram, mas pensam que os outros podem estar indo melhor.

Demografia
O índice de fertilidade da China é um dos menores do mundo, em parte por causa da política de controle de natalidade, que proíbe que casais urbanos tenham mais de um filho - a não ser que pai e mãe também sejam filhos únicos.

O resultado é que o país tem cada vez menos jovens para financiar os sistemas de previdência social e saúde, e a população envelhece cada vez mais.

A população com idade para trabalhar deve começar a diminuir a partir de 2015 - o que deve aumentar a pressão sobre os salários. A China logo terá mais idosos que a União Europeia.

A política de apenas uma criança por casal também criou anomalias. Muitos casais que desejam ter um menino abortam fetos femininos. A China tem hoje 120 nascimentos de homens para cada 100 de mulheres. Segundo estimativas, em 2020 cerca de 24 milhões de homens chineses não encontrarão parceiras.

Acadêmicos e até analistas governamentais defendem o fim dessa política, a fim de restaurar o apoio dos jovens ao governo e o índice de fertilidade do país.

Mas nenhuma liderança sênior do país deu apoio público a eventuais mudanças, temendo que elas resultem em uma explosão populacional.

http://www.bbc.co.uk/portuguese/noticias/2012/11/121112_china_analise_lk.shtml
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Saiba como a China é governada

Explicar como a China é governada não é exatamente uma tarefa simples já que as regras que estão no papel nem sempre são colocadas em prática.

A Constituição chinesa estipula que o órgão mais importante na estrutura política do país é o Parlamento – conhecido como Congresso Nacional do Povo.

No entanto, na prática o poder está concentrado nas mãos de um pequeno grupo de apenas nove (e às vezes sete) pessoas – o Comitê Permanente do Politburo do Partido Comunista.

Esse pequeno grupo divide os cargos-chave do governo e do partido. Por isso, com frequência a mesma pessoa acumula dois ou três cargos.

Um exemplo ilustrativo é o do número um do Comitê Permanente, Hu Jintao, que é Chefe de Estado, secretário-geral do Partido Comunista e presidente da Comissão Central de Assuntos Militares do partido.

O número três na hierarquia do Politburo, Wen Jiabao, também ocupa o cargo de primeiro-ministro. E outros integrantes do Comitê Permanente estão no comando do Judiciário, da polícia chinesa e da máquina de propaganda do governo.

Os integrantes dessa pequena elite que comanda a China não costumam aparecer juntos em público. Quando o fazem, são a principal notícia dos meios de comunicação oficiais.

No começo de outubro, por exemplo, os nove foram à Praça da Paz Celestial – palco do famoso massacre de estudantes de 1989 – para depositar flores no Monumento dos Heróis do Povo em comemoração ao 63º aniversário da fundação da República Popular da China.

Mas para sete deles, essa provavelmente será sua última aparição pública.

A partir desta semana, eles começam a ser substituídos por uma nova geração de líderes que será responsável por decidir os rumos da segunda maior economia do mundo nos próximos dez anos. A mudança será anunciada durante o Congresso Nacional do Partido Comunista Chinês, em Pequim.

Como era esperado, as articulações para a mudança desataram uma acirrada disputa de poder entre várias facções e personalidades do Partido Comunista Chinês. E essa disputa tornou-se particularmente tensa com a queda de um dos políticos de maior destaque do país, Bo Xilai.

Chefe do partido na cidade de Chongqing, uma metrópole com 12 milhões de pessoas, Bo era, até cair em desgraça, o mais cotado para ocupar um assento no Comitê Permanente. Recentemente, porém, ele foi envolvido no assassinato de um empresário britânico que era seu sócio.

Ao anunciar que Bo havia sido expulso do partido e destituído de seu cargo, a agência oficial de notícias da China - Xinhua – divulgou uma longa lista de crimes dos quais ele é acusado, de corrupção a violações da disciplina partidária. Agora, ele terá de enfrentar tribunais chineses.

As autoridades chinesas querem usar o caso de Bo Xilai como uma prova de sua determinação para combater a corrupção no país. Mas a realidade é que o ceticismo sobre sua atuação nessa área é cada vez maior.



http://www.bbc.co.uk/portuguese/noticias/2012/11/121108_china_governanca_mm.shtml
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O lado obscuro do milagre chinês

Os números do milagre chinês das últimas três décadas são contundentes. Com um crescimento econômico anual de 10%, o gigante asiático converteu-se no principal exportador e importador do planeta, na nação com maiores reservas em nível mundial e está prestes a ultrapassar os EUA como o maior mercado interno global. A nova liderança chinesa, que assume nesta semana, deve acelerar algumas dessas mudanças.

Mas o milagre tem um lado sombrio. A coluna vertebral deste salto econômico são mais de 200 milhões de migrantes que abandonaram o campo para buscar trabalho na cidade.

Esses migrantes constituem um terço da população economicamente ativa (de 15 a 65 anos de idade) e não têm acesso a saúde ou educação. Para eles, o milagre chinês é uma utopia.

A BBC Mundo entrevistou a escritora Hsiao Hung-pai, autora de "Scattered Sands" e "Chinese Whispers", dois estudos-chave sobre o fenômeno da migração chinesa.

BBC – Em Scattered Sands a Sra. descreve uma situação de marginalização e grande vulnerabilidade dos migrantes, seja no setor de mineração – onde mais de 3 mil morrem por ano em acidentes –, nas fábricas ou nas construções. Podemos dizer que os migrantes chineses são o novo proletariado?

Hsiao Hung-pai –
Os trabalhadores migrantes ganham a metade do salário típico urbano e não têm nenhuma proteção trabalhista ou legal.

Não têm contrato, as condições de segurança são precárias ou inexistentes, o salário é baixo e, dada a ausência de direitos trabalhistas, muitas vezes simplesmente não são pagos.

A isso se soma o tema do registro domiciliar, o Hukou, que dá acesso à saúde e à educação públicas. Um camponês não pode transferir seu Hukou para a cidade. Consegue uma permissão temporária de residência. Se ficar doente, deve pagar como paciente particular ou voltar a sua região de origem para ser atendido. Uma operação de emergência pode ser uma tragédia não só no nível físico, mas também financeiro.

Em resumo, estes mais de 200 milhões de migrantes internos são fantasmas que circulam pelas cidades chinesas sem qualquer tipo de direitos. Tudo isso lhes é negado pela sociedade e pelo governo. Aos olhos dos vencedores – a classe média e os ricos – os migrantes são camponeses que vivem nessas condições por sua ignorância e falta de cultura.

BBC – É uma situação terrível, mas se eles migram deve ser porque estão melhor na cidade do que no campo.

Hsiao –
É uma escolha sem liberdade. Trata-se de uma decisão desesperada. Uma causa típica da migração é o tema da saúde. A saúde está nas mãos do Estado, mas desde que Deng Xiaoping lançou sua Gaige Kaifan – a abertura pró-capitalista da economia – é gerenciada com critérios privados de benefício econômico, com o que o atendimento médico é caro e não é acessível para muitos.

Um dos muitos casos que investiguei em meu livro foi o de um jovem camponês chamado Peng, que teve de migrar para pagar o tratamento médico de seu tio. Peng acabou trabalhando na capital, Pequim, na construção e na indústria de segurança, duas atividades com muito trabalho informal. Muitas vezes, simplesmente não lhe pagavam por seu trabalho, mas não pensava em voltar porque sua família dependia desse pouco que ganhava.

Outra razão típica da migração é o confisco de terra. A terra pertence ao Estado, que a cede por períodos normalmente de 30 anos aos camponeses. Mas devido ao desenvolvimento e à enorme especulação imobiliária, as autoridades municipais costumam confiscar a terra e muitas vezes não pagam a compensação correspondente de acordo com a lei. Sem essa terra que apenas lhes dava a subsistência, os camponeses decidem migrar para a cidade.

BBC – Qual a lógica político-social do Hukou?

Hsiao –
O governo introduziu o Hukou em 1958 para controlar a migração do campo para a cidade e promover uma industrialização acelerada, financiada com os impostos e o sacrifício dos camponeses.

Na prática o sistema funciona hoje como o sistema de imigração de um país estrangeiro. Cada autoridade local tem seu próprio sistema.

Em Xangai e Guanzhou, dois centros-chave do crescimento econômico chinês, há um sistema de pontuação semelhante ao que a Grã-Bretanha tem para aceitar imigrantes. Leva-se em conta idade, educação, emprego, capacitação e o tipo de experiência profissional daqueles que solicitam o Hukou. Somente os que têm pontuação mais alta conseguem o Hukou e se beneficiar da política pública de habitação, saúde e educação.

O restante consegue, no melhor dos casos, uma permissão de residência temporária ou ficam em situação ilegal. Em ambos os casos, estão condenados a uma existência semi marginal.

BBC – No entanto, houve experimentos para mudar o Hukou, assim como para universalizar as pensões e o acesso à saúde e à educação.

Hsiao –
O governo de Sichuan iniciou uma reforma do Hukou, que deve ser finalizada neste ano, pela qual um camponês pode transferir seu Hukou do campo para a cidade. Mas há uma condição. O camponês deve abandonar o direito que tem sobre a terra que está cultivando.

Isso fez com que a reforma fracassasse, porque os camponeses consideravam um confisco indireto da terra. Como não confiam nas autoridades, acreditam que vão perder o pouco que têm e que além disso não vão receber a compensação que lhes corresponde.

BBC – Ao mesmo tempo, a política oficial desde 2010 é que a China tem que passar de uma economia exportadora a uma mais baseada no consumo. Para isso, precisa de consumidores que, se não tiverem acesso à saúde e à educação, terão de economizar em vez de consumir. Por simples peso numérico – mais de 200 milhões de pessoas – os migrantes deveriam ser fundamentais para essa mudança.

Hsiao –
Essas mudanças não vão ocorrer simplesmente por um imperativo econômico. Na China não existe o conceito de que esses camponeses são cidadãos. Só quem vive na cidade é. Um morador de Pequim pode mudar o seu Hukou para Xangai ou para o campo sem problemas. Um camponês não.

Na saúde, a situação é particularmente dramática, porque quando em 1982 se aboliram as comunas, que forneciam saúde gratuita para todos, os camponeses ficaram sem cobertura médica.

Em 2006, 26 anos depois, segundo dados oficiais, menos de 10% da população rural tinha seguro médico. Os planos anteriores para resolver essa situação, anunciados com grande pompa, fracassaram. Sobre a última reforma, lançada em 2010, só se pode dizer por enquanto que é um plano: é preciso ver como vai se traduzir na realidade.

BBC – Na China não há sindicatos independentes. Mas o grau de conflitos sindicais é muito alto. Surgiram organizações independentes para representar os migrantes?

Hsiao –
Com a crise econômica de 2008 houve uma crescente atitude militante dos trabalhadores. No sul, milhões perderam seus empregos, muitas vezes sem que lhes pagassem o que lhes deviam. Segundo as autoridades, houve uma média de 80 mil incidentes por ano desde 2008, entre eles distúrbios, protestos, greves e ocupações.

Como o sindicato oficial não apenas não representa os trabalhadores mas também se opõe a qualquer tipo de protesto, os trabalhadores se organizaram informalmente de diversas maneiras e obtiveram várias vitórias.

Mas na China não é possível ter organizações independentes. Cerca de 80% das ONGs são ilegais. Às vezes a única maneira de ter uma organização é montar uma companhia limitada, com todas as restrições que isso implica.

BBC – Quais as perspectivas com a troca da guarda da cúpula comunista em novembro?

Hsiao –
Não há mudança à vista. As mudanças não podem ocorrer de cima para baixo, quando a própria população não está incluída de nenhuma maneira.

BBC – Não é uma ironia que depois de mais de 60 anos de uma revolução encabeçada pelos camponeses, eles sejam os grandes excluídos?

Hsiao –
Os camponeses foram sempre relegados em relação à industrialização da China. Durante (o governo de) Mao, a coletivização do campo serviu para manter o crescimento industrial e a população urbana.

Com Deng Xiaoping, ocorreu o mesmo com o Gaige Kaifang que privatizou a exploração da terra e eliminou a rede de atenção sanitária e benefícios sociais da era maoísta.

O mundo fala de um milagre chinês. Mas se alguém vai aos mercados de trabalho informais que existem nas grandes cidades, a história que ouve é totalmente diferente. Os migrantes falam da exploração, da corrupção, da discriminação e da marginalização em que vivem. É um mundo totalmente diferente que afeta mais de 200 milhões de pessoas.

Como é possível considerar milagroso um modelo que explora um terço de sua população economicamente ativa?

http://www.bbc.co.uk/portuguese/noticias/2012/11/121029_china_milagre_sombrio_ac.shtml

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