Autor Tópico: Livro "O crisântemo e a espada" de Ruth Benedith e a cultura japonesa  (Lida 3067 vezes)

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Offline LaraAS

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Livro "O crisântemo e a espada" de Ruth Benedith e a cultura japonesa
« Online: 26 de Novembro de 2012, 13:13:26 »
         
          Esse livro é muito interessante. Eu já tinha lido esse livro faz alguns anos, e vezes com alguns anos de diferença e agora eu reli. Para quem não conhece eu encontrei também esse livro para ler na Internet. Há por exemplo esse livro na sua versão em espanhol na web www.libros.es
          Há uma polemica com esse livro, pelo menos para certos politicamente corretos que julgam que a antropologia só deve servir para o anti-colonialismo mas nunca para ajudar os ocidentais a ganhar de outros povos, ou mesmo que não é para ser usada para saber constantes humanas para saber o que fazer em geral (ao contrário do inicio da antropologia em que saber essas constantes era o objetivo, hoje há muita politicagem de ideologia terceiro-mundista na antropologia).
          Mas no caso desse livro, ele foi encomendado pelo governo dos EUA para essa famosa e elogiada antropóloga para ajudar a entender à cultura japonesa para ajudar em como ganhar a segunda guerra mundial e em como atuar no pós-guerra. Mas apesar dessa polemica, esse é considerado um livro excelente sobre a cultura japonesa, muito elogiado por sua exaditão pelos próprios japoneses. Muitos consideram que é o melhor livro sobre o assunto já escrito,a pesar de além de tudo, ter sido escrito através de fontes indiretas, de entrevistas com uma amostragem cientifica de entrevistados e algumas acareações e também assistiu a filmes japoneses.
          Segundo esse livro, o que mais importa para os japoneses (ou importava até a época em que esse livro foi escrito, entre 1944 e 1946, sendo que já antes disso, ela já antes de sua publicação ela já tinha dado conselhos sobre como os EUA atuarem na guerra e no pós-guerra), bom segundo esse livro, o que mais importava para os japoneses eram  deveres de fidelidade a grupos e pessoas e deveres de agradecimento a grupos e pessoas, coisa relacionada à sua noção de dever de agradecimento ao mundo (como ela escreveu "os japonese não não dizem nem julgam adequado dizer como os homens de negocio dos EUA que "eles não devem nada a ninguém" e que se "fizeram por si mesmos" e ficam chocados com esse tipo de fala dos homens de negocio ocidentais).
           Essa dívida em geral, é mostrada pela palavra "ON", e dentro de "on", há o "gimu" e o "giri", dentro do gimu estão incluídas a dívida para com a família e para com a parte dos parentes considerada mais importante (ko) e a dívida para com o Estado (chu) essas duas dívidas são dívidas que nunca se acabam (no Japão daquela época se dizia "nunca se devolve nem um milésimo do gimu" não sei se hoje ainda dizem isso) fora isso, o que há é "giri" uma dívida limitada (limitada para os patrões japoneses, para nós parece extremamente desproporcional) para com as pessoas em geral que fazem alguma coisa pela pessoa, sobretudo patrões ( e no passado para senhores feudais) e para com a parte considerada menos importante dos parentes.
          A noção de como cumprir todas essas dívidas (ou pelo menos a que havia na época em que esse livro foi escrito) é pesadíssima aos nossos olhos, a nossos olhos é fazer sacrifícios e não ter qualquer individualidade e no caso do gimu (ko e chu) daquela época pelo menos, ser enormemente submisso ao autoritarismo das pessoas com autoridade na família e às autoridades do Estado. Esse livro dá muitos exemplos disso e o Japão (pelo menos até a época em que esse livro foi escrito) não aceitou nem sequer a nação que no confucionismo chinês atenua isso, o 'jin" ou "jen", que em chinês significa "homem" "ser humano", que os os deveres do humanitarismo e de certos direitos básicos (que mesmo o confucionismo já tinha mesmo antes do contato com o ocidente, mas o Japão não aceitou o "jin" ou "jen", só aceitou o "chu" e o "ko" (já a noção de gimu e giri eles já tinham antes), na versão japonesa o "chu" e o "ko" ficaram absolutos, sem direito formal à rebelião nem à desobediência civil (que já no confucionismo original chinês).
          No caso do Ko, os pais (na época em que o livro foi escrito, pelo menos) podiam não só escolher uma esposa para o filho, como depois de alguns anos, justo quando ele já estava acostumado com ela, e já tinha afeto com ela, podiam obrigá-lo a se divorciar dela, geralmente por maldade das mãe do rapaz, sogra da esposa (pois também havia isso, pelo menos na época em que o livro foi escrito, as sogras eram tenebrosas e em se tratando do filho mais velho, ele e sua esposa viviam com os pais do rapaz) e a esposa tinha como dever agradar à sua sogra em tudo. Os filhos também têm (ou tinham) o dever de não denunciar os país por nada, mesmo que isso signifique em certos casos, aceitar a culpa de uma crime feito pelos pais e sofrer a pena no lugar deles, além do dever de ser cúmplice e omisso ante crimes que os pais ainda estão fazendo e obedecer a ordens criminosas dadas pelos pais.
           Já a noção de "chu" é o dever de aceitar qualquer ordem e política de governo, mesmo que o governo mude de uma hora para outra, fazendo sem dar explicações uma política totalmente contrária à anterior, mesmo que de um giro de 180ª. A autora considerou isso como totalmente diferente do ocidente, como uma coisa sem exemplo entre nós. Eu não achei isso, me pareceu bastante parecido com o stalinismo e o maoismo (em relação ao "chu" não em relação ao "ko" evidentemente), está certo que a Rússia não é totalmente ocidente, mas ainda assim....
            Ela falou dos enredos de teatro e cinema e de alguns casos reais e aos idéias do que é certo que há neles, e também considerou algumas dessas coisas, totalmente diferentes do ocidente, mas eu também não concordei, e só em relação a mentalidade anglo-saxônica que esses ideias e visões japoneses de quem está certo não tem nada a ver, em relação à mentalidade latina , julguei que a algumas coisas mais parecidas com o Japão. Seus enredos são meio estilo "Dama das camelias", admirando o sacrifício, inclusive com a auto-calúnia para cumprir com suas dívidas, de seguir as regras do "ko", "chu" e os "giris". Outra coisa que eles exploram (ou exploravam) muito nessas dramaturgias é a contradição que acaba havendo em certas ocasiões entre o "chu" o "ko" e certos "giris" e como o protagonista faz enorme esforços e sacrifícios para cumprir com todos, o que às vezes só pode ser feito no final, com a morte, como o suicídio.....
            Mas em compensação, o Japão não tem nem nunca teve em toda a época de sua história escrita, em todos esses cerca de 1500 anos, nunca teve preconceitos contra a masturbação, e as mulheres padrões de classe media e alta sempre puderam usar aparatos masturbatórios para compensar o dois pesos e duas medidas entre as regras sexuais para os homens e para as mulheres nas classes media e alta.....e também antes do contato com o ocidente eles não tinham nenhum preconceito contra as práticas homossexuais, se bem que eles tinham a visão de que todos ou quase todos são bissexuais, sem ter a noção de homossexual puro, nem a noção de transexual fora de hermafroditismo.
            Seria interessante que alguém que também leu esse livro, ou alguém que agora leia esse livro no site que eu falei, comente também alguma coisa sobre esse livro.

 

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