Autor Tópico: a Vontade Geral como apologia da tirania  (Lida 431 vezes)

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a Vontade Geral como apologia da tirania
« Online: 28 de Novembro de 2012, 10:04:31 »
Por aplicação, de facto, a diversas ideologias e militantes políticos, estas passagens da obra "A Revolução Francesa" de Pierre Gaxotte merecem leitura e reflexão...

Rousseau... estabelece as bases da sociedade futura, que assegurará aos homens o exercício dos direitos naturais. Tais fundamentos são: a igualdade completa dos associados, a alienação dos direitos de cada uma em proveito da coletividade, a subordinação dos contratantes à vontade geral. Entendamo-nos sobre o sentido desta expressão. A vontade geral não é a vontade do maior número, mas sim a voz profunda da consciência humana, tal como ela deveria falar em cada um de nós e tal como ela se exprime pela boca dos cidadãos mais virtuosos e mais esclarecidos.
Em resumo: a vontade geral define-se, portanto, pela conformidade com um sistema filosófico...
(...)
A propriedade, a família, a corporação, a cidade, a província, a pátria e a igreja são outros tantos obstáculos a abater. Objetar-se-á que a maior parte dos cidadãos os respeitam, sentem-se bem com eles e ali encontram a sua felicidade e paz de alma, mas isso pouco importa: não há liberdade contra a liberdade. Se a vontade geral não fala dentro deles, é porque são pervertidos e degradados, e é um dever, para os cidadãos conscientes, tratar de os emancipar mesmo contra a sua vontade. pg 49
(...)
Por trás das agitações, há a pequena congregação dos fiéis e dos iluminados. São eles quem detém a verdade e que juraram entre si estabelecer o seu império. Eles é que são a vontade geral. Quanto aos adversários, qualquer que seja o seu número, o seu respeito pelo sufrágio universal e a sua devoção pela forma republicana, eles nunca passarão de aristocratas, de reacionários, de herejes e, na ocasião oportuna, de usurpadores, pois, da mesma forma que há um rei legítimo, há um povo legítimo.
Contra eles, todos os meios são permitidos: a fraude eleitoral, assim como a guilhotina. pg 50
(...)
Quanto àqueles que objetarem que os revolucionários não são, de forma alguma, a comunidade, Saint-Just responder-lhes-á que a vontade geral não é a vontade do maior número, mas sim a vontade dos puros, que são os encarregados de elucidar a nação sobre os seus verdadeiros desejos e a sua verdadeira felicidade. pg 277   
« Última modificação: 28 de Novembro de 2012, 10:08:11 por Sérgio Sodré »
Nenhuma argumentação racional exerce efeitos racionais sobre um indivíduo que não deseje adotar uma atitude racional. - K.Popper

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Re:a Vontade Geral como apologia da tirania
« Resposta #1 Online: 30 de Abril de 2013, 07:42:33 »
Li hoje... e venho partilhar.

Carlo Costamagna em "Teoria geral do Estado Corporativo", 1933, escreveu:

"... o Fascismo aceita do liberalismo o princípio da vontade geral como fundamento da soberania do Estado... Para o Fascismo, a vontade geral não é expressa por cada cidadão, é identificada com a tradição popular e, como irei explicar a seguir, entende que a sua expressão é veiculada pelos melhores cidadãos...".
Nenhuma argumentação racional exerce efeitos racionais sobre um indivíduo que não deseje adotar uma atitude racional. - K.Popper

 

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