Autor Tópico: Mutilação genital feminina  (Lida 936 vezes)

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Offline Pasteur

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Mutilação genital feminina
« Online: 06 de Dezembro de 2012, 11:08:20 »

Dados da OMS estimam que mais de 130-140 milhões de mulheres, raparigas e meninas tenham sido já submetidas à MGF/C e que cerca de 3 milhões se encontrem anualmente em risco de vir a sofrer desta prática. O Parlamento Europeu estima que na Europa vivam cerca de 500 mil mulheres e jovens mutiladas e que 180 mil estarão em risco anualmente.
A MGF/C, de acordo com dados conhecidos, é realizada em 28 países do Continente Africano e é praticada pontualmente em alguns países da Península Arábica, como Omã, Iémen, Bahrein e Emiratos Árabes Unidos, assim como em algumas regiões da Indonésia e Malásia. Também na Índia a prática da mutilação é realizada por um pequeno grupo étnico. A MGF/C foi identificada em grupos muçulmanos, cristãos (protestantes, católicos e coptas), judeus, animistas e ateístas. A MGF/C não está incluída em nenhuma forma de ensinamento religioso, sendo a sua associação resultado de interpretações específicas dos textos religiosos e dos seus ensinamentos.
Tradicionalmente a MGF/C integra ou faz parte de um processo ritualizado de passagem ou purificação.


As justificações tanto para a prática como para a manutenção da MGF/C prendem-se com questões socioculturais e económicas, podendo mesmo ter origem num símbolo de herança e identidade dum grupo étnico específico. Estas razões encontram-se intimamente ligadas à desvalorização do estatuto socioeconómico da mulher e ao casamento como garantia de futuro. Assim, e segundo as comunidades são várias as razões que conduzem à prática:

Ajudar a preservar a virgindade da mulher até ao casamento;
Proteger a honra da família garantindo a legitimidade das descendências;
Reduzir o desejo sexual da mulher tornando-a "menos promíscua", pois o clítoris ao ser considerado um órgão masculino (associado ao aumento do desejo sexual, à ―masculinidade‖, a comportamentos agressivos, e aumento do número de parceiros sexuais), a sua remoção acentua a diferença anatómica entre os órgãos genitais femininos e masculinos;
Aumentar o prazer do homem durante o acto sexual;
Aumentar a higiene e estética, uma vez que os órgãos genitais femininos são aqui considerados sujos e inestéticos;
Ser benéfica para a saúde garantido o aumento da fertilidade das mulheres;
Ter por base questões religiosas;
Facilitar o parto;
Promover a coesão social;
Aumentar as oportunidades matrimoniais;
Manter uma boa saúde e prevenir o nascimento de nado-mortos em primíparas;
Prevenir a morte da criança recém-nascida ou então desta sofrer de doenças mentais.

Offline Pasteur

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Re:Mutilação genital feminina
« Resposta #1 Online: 06 de Dezembro de 2012, 11:40:34 »

Consequências físicas e psicológicas

A frequência e o tipo de complicações dependem das condições em que a MGF/C é realizada, nomeadamente das condições de higiene, da experiência da excisadora e do grau de excisão/traumatismo que é infligido durante o procedimento.
Entre as complicações imediatas mais frequentemente descritas encontram-se as queixas urinárias (traumatismo da uretra, infecção urinária e retenção urinária), a hemorragia e as infecciosas (locais ou generalizadas).

Não existe, normalmente, um cuidado na esterilização dos utensílios utilizados, o que aumenta a probabilidade de transmissão de infecções durante o procedimento, de que são exemplo o tétano, a hepatite B e o VIH/SIDA.

As complicações crónicas dependem das alterações anatómicas produzidas e do grau de fibrose subsequente. Têm sido descritas várias alterações, que se podem agrupar em:

Alterações uro-ginecológicas: formação de quistos de inclusão, quelóides (tecido cicatricial hipertrófico), áreas de fibrose e estreitamento vaginal produzindo dispareunia e/ou úlceras de repetição por traumatismo durante as relações sexuais. Nos casos mais severos o estreitamento vaginal pode provocar obstrução ao fluxo menstrual e impossibilidade de penetração vaginal. Está descrita a formação de cálculos justa-uretrais associados à obstrução da uretra na infibulação. As cicatrizes, a infecção e a presença de quistos podem obstruir ou lesar o meato urinário conduzindo à incontinência urinária. Alterações obstétricas: provocar obstrução ao parto e/ou rasgaduras do períneo. A obstrução ao parto pode ser responsável, além disso, por situações de sofrimento fetal intra-parto.

Alterações sexuais: dispareunia e disfunção sexual feminina. É importante salientar que para além da sexualidade feminina, se encontram alterações relacionais ou mesmo da sexualidade masculina. Existem estudos que referem que homens casados com mulheres excisadas procuram, fora do contexto do casamento, mulheres não excisadas que descrevem como ―completas e ―quentes.

Alterações psicológicas: Muito embora as consequências do corte dos genitais ao nível do foro psicológico sejam mais difíceis de investigar do que as físicas, os relatos das crianças e mulheres sujeitas à prática revelam a existência de sentimentos de ansiedade, terror, humilhação e traição. Existem também referências de stress pós - traumático, depressão e perda de memória.

Skorpios

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Re:Mutilação genital feminina
« Resposta #2 Online: 06 de Dezembro de 2012, 11:46:46 »
Me lembrou o filme Flor do Deserto. Muito bom.

Offline Pasteur

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Re:Mutilação genital feminina
« Resposta #3 Online: 06 de Dezembro de 2012, 11:56:25 »
<a href="http://www.youtube.com/v/BrZEvSrGUpQ" target="_blank" class="new_win">http://www.youtube.com/v/BrZEvSrGUpQ</a>

Offline Pasteur

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Re:Mutilação genital feminina
« Resposta #4 Online: 07 de Dezembro de 2012, 08:42:08 »
Skorpios, verdade, muito bom filme!  :ok:

Offline NandoR

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Re:Mutilação genital feminina
« Resposta #5 Online: 07 de Dezembro de 2012, 15:56:20 »
Esse é realmente um problema lamentável e muito preocupante... :(

Não conhecia esse filme, obrigado pela dica!!
Sou jovem! Sou cetico! E adoro jogar nas slots!

Offline Osler

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Re:Mutilação genital feminina
« Resposta #6 Online: 07 de Dezembro de 2012, 16:09:15 »
Pra quem quiser saber os detalhes médico o New England Journal of Medicine (resvista mais conceituada de clinica medica no mundo) tem um artigo sobre o tema, do ano de 1994
http://www.nejm.org/doi/full/10.1056/NEJM199409153311106
“Como as massas são inconstantes, presas de desejos rebeldes, apaixonadas e sem temor pelas conseqüências, é preciso incutir-lhes medo para que se mantenham em ordem. Por isso, os antigos fizeram muito bem ao inventar os deuses e a crença no castigo depois da morte”. – Políbio

Offline Buckaroo Banzai

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Re:Mutilação genital feminina
« Resposta #7 Online: 19 de Dezembro de 2012, 00:46:57 »



Uma mulher muçulmana que passou por esses procedimentos fala sobre o assunto:

http://worldpulse.com/node/12114

Offline AleYsatis

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Re:Mutilação genital feminina
« Resposta #8 Online: 19 de Dezembro de 2012, 02:53:44 »
E há quem diga que feminismo é coisa velha...  :hmph:
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Offline Buckaroo Banzai

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Re:Mutilação genital feminina
« Resposta #9 Online: 19 de Dezembro de 2012, 15:23:41 »
Eu achei isso num blog onde a autora "feminista" defendia a prática e dizia que ser contra era uma postura patriarcal/imperialista...

Offline AleYsatis

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Re:Mutilação genital feminina
« Resposta #10 Online: 19 de Dezembro de 2012, 18:23:13 »
Eu achei isso num blog onde a autora "feminista" defendia a prática e dizia que ser contra era uma postura patriarcal/imperialista...
Que importância tem que essa idiota se diga feminista? Feminista ou não, ela disse merda, concorde ela pessoalmente ou não com a pratica reforço o que disse: "E tem pessoa que ainda acham que feminismo é coisa velha... " Alias, se uma pretensa feminista diz uma coisa dessas é sinal de que precisamos mais ainda do feminismo de verdade...
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